Até domingo passado, eu acreditava ser o único que se irritava ao ver a cada 5 minutos algum amigo, conhecido ou desconhecido fazer check-in no Facebook, Twitter ou qualquer outra gracinha moderna.
Não só pelo fato de eu não dar a mínima para onde os outros estão (assim como tenho certeza de que ninguém dá a mínima para onde estou), como também porque é de um exibicionismo sem tamanho.
Qual é a intenção ao dizer que está no restaurante mais badalado de North Bondi, no café mais fancy de Paddington, no cabelereiro mais caro de São Paulo ou na academia que reúne um PIB maior do que o da Nigéria?
Por que ninguém faz check in quando está no banheiro de casa, na estação de trem de Redfern, em alguma biboca do Morro do Piolho ou na PQP, como bem disse o Alê em seu desabafo domenical que resultou nesse post?
Por que ninguém faz check in quando está no banheiro de casa, na estação de trem de Redfern, em alguma biboca do Morro do Piolho ou na PQP, como bem disse o Alê em seu desabafo domenical que resultou nesse post?
Lembro que no começo dos anos 90, no auge dos sequestros no Brasil, mesmo sendo de classe média (na época só sequestravam milionários), éramos instruídos para fazer caminhos diferentes para ir à escola, e nossos pais para ir da casa para o trabalho - e vice-versa.
Na virada dos 90 para os 2000, vivíamos - pelo menos em São Paulo - o auge do sequestro-relâmpago. Diferentemente da modalidade anterior, esse era muito mais abrangente e transformava qualquer pessoa que dirigisse um carro a caminho de casa em uma vítima em potencial. Às vezes, quando havia algum estranho, era necessário dar voltas e mais voltas no quarteirão antes de parar para abrir o portão ou a garagem de casa. Ou seja, em ambos os casos, quanto mais discretos, melhor!
Aqui na Austrália, sei que o risco de avisar aonde está é baixo, e quero muito acreditar que no Brasil também seja. Torço para que a informação de que toda terça-feira, às 10h47, fulano está tomando chá no mesmo lugar, não signifique absolutamente nada para o bandido. E que o tal do check in seja somente para mostrar o quão bacana nós somos.
Mas, independentemente, lanço aqui a Checked in @ PQP - So What?, campanha que atua basicamente em duas frentes: incentivar o check in em toda vez que você estiver em algum lugar não tão, digamos, transado; e proliferar o comentário So what? toda vez que um amigo ou conhecido fizer check in em um lugar bacana, caro ou que esteja infestado de pessoas usando o mesmo aplicativo.
3 comentários:
Muito bom Pablito!
PQP!!
tava demorando para se manifestar com a superficialidade desse mundinho de twitters's and iphones!!
Beta late than neva!!
:)
Ai Pablo ... mas a razao eh que posso estar em um lugar superrrr bacana (sotaque de patricinha paulistana por favor) e se eu avisar meus amigos atraves do Face, quem sabe alguem nao vem me pegar "ops" visitar ... kkkkkk
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