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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Censo 2011 - Brasileiros na Austrália

Quantos brasileiros vivem na Austrália?

Sempre achei que fôssemos entre 16 e 20 mil, incluindo residentes permanentes, temporários, estudantes, turistas, engenheiros e ilegais, até que uma amiga das antigas garantiu que chegavávamos a 30 mil. Achei muito! Já me falaram também que residentes permanentes não passam de 5 mil.

Acredito que, no total, temos aproximadamente 17.892 (ops, 17.898, já que recentemente chegaram a Gabi, o Francisco, o Jan-Antônio, o Enzo, o Bambam e a Yana), mas o fato é que talvez nem o governo australiano saiba ao certo, no máximo tenha uma boa ideia com base na quantidade de pousos e decolagens aqui na ilha.

Mas isso pode mudar.

Em 9 de agosto, a Austrália fará o Censo 2011, que obrigatoriamente deverá ser respondido por todas as pessoas que se encontrarem no país nesta noite, incluindo quem estiver em hospitais, hotéis, acampando ou mesmo em viagem de negócios de apenas um dia.

Mas porque cargas d'água devemos participar do Censo?

Primeiro porque querendo ou não, somos estatística, vivemos aqui, trabalhamos, estudamos, enfim, independentemente do caso, estamos na Austrália.

Segundo porque pode ser uma boa oportunidade para começarmos a ter um pouco mais de reconhecimento e representatividade, pois comparados a outras nacionalidades, nossa força é pífia.

Por que?

1. Somos em pouco número (será?).
2. Não temos uma comunidade organizada.

Mas como disse acima, isso pode mudar!

Uma vez que soubermos quantos somos e termos ideia do nosso tamanho, isso pode nos dar um impulso em termos de comunidade, ao mesmo tempo em que fortalece a nossa representatividade diante dos governos australiano e brasileiro. E a partir daí, quem sabe a gente possa ser uma comunidade de verdade, unida, coesa, com cada vez mais voz e recebendo mais serviços, fundos e programas.

Temos um núcleo em português na rádio SBS, um programa semanal de música brasileira na Eastside FM, um evento mensal cult de cinema em Melbourne, um festival anual de cinema, outro que marca o Brazilian Day, temos duas revistas, uma escola de capoeira que proporciona visto, outra que alfabetiza crianças em inglês-português, temos brasileiros fazendo gols todo domingo há quase 40 anos, temos um mega carnaval, nomes consagrados da música vindo todo ano, inúmeros talentos seja na música, nas artes em geral e em vários outros setores, já demostramos que somos solidários e fazemos a coisa acontecer quando brasileiros como o Leandro e o Dione precisam, mas ainda podemos muito mais!

Para participar do Censo

Basta preencher o formulário que os funcionários do Censo começarão a distribuir em todas as residências, a partir de 29 de julho. Se preferir, você pode preencher online através do eCensus com o número do seu formulário.

O sistema é fácil, seguro, rápido e mantém todas as informações confidenciais. Se usar o eCensus, os funcionários não voltarão à sua casa. Se preencher os formulários de papel, eles irão coletá-los a partir de 10 de agosto.

Mesmo quem estiver somente de passagem ou indo embora em definitivo, dê essa forcinha para os que ficam. Com raríssimas exceções, nossa imigração pra cá não tem mais de 40 anos, portanto, ainda somos jovens e temos tempo para nos organizarmos e nos tornarmos gente grande na sociedade australiana.

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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Ceviche e o chef nômade

Matéria publicada na edição 15 da Radar Magazine com fotos de Guilherme Infante.

Para a primeira receita desta nova fase da Radar, queríamos um prato que representasse bem a América do Sul, tivesse características marcantes e pudesse ser feito ou encontrado na Austrália. Não foi difícil optar pelo ceviche, o carro-chefe da culinária peruana, que une tradição e modernidade.

Por aqui, ninguém melhor do que o chef peruano Alejandro Saravia, formado na única Le Cordon Bleu da América do Sul, em Lima, para falar sobre o ceviche. Alejandro vive na Austrália desde dezembro de 2006 e já trabalhou em restaurantes em Nova York e na Europa, incluindo o londrino The Fat Duck, que ostenta três estrelas Michelin. Em Sydney, passou pelo El Bulli e atualmente é sous-chef do Sails Restaurant, em Lavender Bay (North Sydney), além de proprietário do Taste of Peru, empresa que realiza eventos em diferentes localidades da Austrália, sempre levando a gastronomia peruana e sulamericana.

Simplificando ao máximo, o ceviche é um prato à base de peixe cru marinado no limão e acompanhado de ají amarelo (pimenta peruana) e cebola. Além disso, também é um método de cozimento, conforme o chef explica: “Até o século XVI, os nativos que viviam na costa do Perú tinham o hábito de comer peixe cru, pois desconheciam qualquer maneira de prepará-lo. Com a chegada dos espanhois, eles passaram a usar o suco do limão e de outros cítricos como laranja para cozinhar o peixe.”

Popular também em países como Chile, Colômbia e Equador, não é possível apontar um povoado específico ou data exata de quando o ceviche surgiu. Porém, não há dúvida sobre qual é o mais tradicional: “Podemos dizer que o ceviche peruano é o pai de todos os ceviches, pois usa o método mais autêntico, tendo sabor perfeitamente equilibrado entre todos os ingredientes, sem que nenhum se sobreponha a outro. As variações nos demais países são em função dos ingredientes encontrados em cada um”, explica.

Um dos segredos do ceviche é a qualidade dos produtos, que devem ser frescos. “Você não pode esquecer que são peixes crus”, alerta o chef. “Na Austrália, os melhores disponíveis no mercado são o snapper e o blue eye trevalla, que não têm gosto forte de peixe e também não são muito duros, o que facilita para cortar em cubos”.

De dentro para fora
A cozinha peruana esteve adormecida durante séculos, até que despertou nos últimos dez anos. No início, em função da globalização e o acesso que ela proporciona, depois pela redescoberta do próprio país. “Os chefs passaram a ficar mais curiosos, a ousar mais e também a olhar menos para fora e mais para dentro, tentando descobrir novos ingredientes. No Perú, por exemplo, temos mais de 5 mil tipos de batata. A quinoa fazia parte da alimentação diária dos incas e ninguém nunca viu seu potencial. Hoje, na Austrália, faz um grande sucesso.”

Essas novas gerações de chefs peruanos uniram o conhecimento técnico aos ingredientes locais, preservando a alma da culinária peruana e transformando-a em uma cozinha moderna ao mesmo tempo em que é tradicional. “Tivemos uma primeira leva de bons chefs indo trabalhar ou abrir seus restaurantes nos países vizinhos como Chile, Argentina e Colômbia, depois indo para os Estados Unidos em cidades como Chicago, São Francisco, Nova York e Miami, e nos últimos anos para a Europa em capitais gastronômicas como Madri, Londres e Paris. Agora, chegou a vez da Austrália e é isso o que temos feito através do Taste of Peru,” conta o chef.

O conceito do Taste of Peru é justamente apresentar diferentes estilos da cozinha peruana e sulamericana para o público da Austrália. Por não ter restaurante fixo, Alejandro é chamado de chef nômade, pois realiza cada evento em um lugar diferente, sempre trocando o menu e oferecendo uma nova experiência. Para a Radar Magazine, Alejandro preparou o ceviche da maneira tradicional, diferente da versão contemporânea que costuma fazer. Para acompanhar, fez ostras à chica de jora (bebida inca também usada como molho) e tiradito, uma espécie de irmão mais novo do ceviche, mas de pai japonês e mãe peruana, aos molhos de salsão, ají amarelo e rocoto (pimenta vermelha forte). Os produtos peruanos podem ser encontrados na loja Tierras Latinas, em Fairfield. Para quem deseja comer um bom ceviche sem precisar preparar, Alejandro recomenda os restaurantes The Sardine Room, em Potts Point, e Bentley Restaurant & Bar, em Surry Hills (ambos em Sydney).

Nikkei
Do mesmo modo que a culinária australiana é muito influenciada pela asiática, a peruana também recebeu a sua cota. Pratos tradicionais como o tiradito, que passa basicamente pelo mesmo processo do ceviche, mas é cortado em tiras, pode ser facilmente confundido com sashimi. “No início dos anos 1950, o Perú recebeu sua primeira onda migratória de japoneses, que foram trabalhar na construção de estradas, ferrovias e nas fazendas de algodão e açúcar. Sem conseguirem se adaptar aos Andes, eles ficaram na costa. Acostumados com o Oceano Pacífico, não tardou para assimilarem a cultura local e misturarem com a deles, resultando na hoje mundialmente famosa cozinha nikkei. Eles viram como se fazia o ceviche, o tiradito e o chupe de camarão, trouxeram seus ingredientes, como o molho de soja, e criaram o próprio estilo, que é essa fusão”, explica.

Tirando o chef do sério
Para tirar Alejandro do sério, basta dizer que vai comer tapas de comida peruana: “Vamos chamar as coisas pelo nome correto. Não são tapas, são piqueos. Tapas são pratos da Espanha para serem compartilhados. Não é o conceito. A Itália tem o antepasto, o Brasil as porções e o Perú os piqueos. Por que falar tapas japoneses, só porque a palavra tapas se vende? Vamos começar a apreciar mais o que a gente tem, da meneira como a gente chama.”

Ceviche de snapper
Ingredientes para 4 pessoas
800g de filé de snapper
1 xícara de limão/lima espremido (50% cada)
Ají amarela
1/2 cebola espanhola cortada fina
Caldo de peixe
Sal
Coentro

Acompanhamento:
1 batata doce
1 xícara de suco de laranja
1 pitada de canela
100g de açúcar (raw sugar)

Preparo
Limpe os filés de snapper, corte em pequenos cubos e reserve.

Para a marinada (também conhecida como leite de tigre)
Misture a cebola e o ají amarelo com o caldo de peixe, adicione o sal, o coentro, a mistura do limão/ lima, mexa e reserve na geladeira.

Acompanhamento
Corte a batata doce em pedaços e corte novamente com um molde redondo. Coloque em uma tigela e misture com o suco de laranja, a canela e o açúcar até ficar macio.

Para finalizar
Coloque o peixe em uma tigela redonda de vidro, adicione o leite de tigre e mexa por inteiro, de modo que tanto a batata doce quanto a cebola sejam envolvidas.

Onde comer em Sydney

The Sardine Room
2/31-35 Challis Avenue
Potts Point
(02) 9357 7444
www.thesardineroom.com.au

Bentley Restaurant & Bar
320 Crown St
Surry Hills
(02) 9332 2344
www.thebentley.com.au

Onde comprar os produtos

Tierras Latinas
57 Smart Street
Fairfield
(02) 9723 4446
www.tierraslatinasenaustralia.com


segunda-feira, 21 de março de 2011

Patrocinadores

Radação aberta, a semana promete!

Começando com agradecimento especial a All Tax, que renovou mais uma vez com o blog e em junho completa um ano de parceria. Eles se juntaram no ano passado para viabilizar o Guia de Vinhos que lançamos para o brasileiro tomar no inverno. Foi sucesso total e esse ano tem mais. Vivi, Antonio e Luiz, muito obrigrado!



Também gostaria de agradecer a AcademiesAustralasia através do amigo e gerente de marketing Erick Paixão, que renovou pela segunda vez e hoje é uma das empresas que mais apoia as iniciativas brasileiras em Sydney. Não por acaso será o meu time no campeonato de futebol que acontece no próximo domingo com verba revertida para o Leandro Barata (trago todas as informações ao longo da semana).



Não posso deixar de agradecer o Braza, que apesar de ter dado um tempo do blog, foi muito importante nos últimos meses, principalmente para o já citado Guia de Vinhos do ano passado. Birão, muito obrigado!

Com isso, abre-se um espaço para anunciar no PablitoAustralia. Se a sua empresa não é concorrente da All Tax, da AcademiesAustralasia, nem mesmo da Ozzy Study Brazil ou da Radar Magazine, e você tem interesse em estampar o seu logotipo com link direto para o seu website no alto à direita desta home, entre em contato comigo.

Segundo os recentes números do Google Analytics, no último mês o blog teve mais de 2.900 visitas e mais de 4000 pageviews.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Fernanda Takai em Sydney

Fernanda Takai, para quem não sabe, é a vocalista do Pato Fu, banda mineira que está longe de ser unanimidade. O que é bom!



Ela se apresenta no The Basement, a melhor casa de show de Sydney, em 20 de abril, quarta-feira, acompanhada do guitarrista John Ulhoa e do tecladista Lulu Camargo, ambos do Pato Fu, além de Mariá Portugal na bateria e Thiago Braga no baixo.

Apesar da presença de 60% do Pato Fu, o show não será focado no repertório da banda, mas em compositores como Chico Buarque, Zé Kéti, Roberto e Erasmo Carlos, Caetano Veloso, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Annie Lennox e John Taylor. Ou seja, MPB e Bossa Nova em estado bruto, com pitadas do hemisfério norte. Parece bem interessante!

Ingressos a $35 à venda aqui ou através do telefone 02 9251 2797.

O show é uma iniciativa da Frank Madrid Arts Consulting com a Diaspora e a Radar Magazine.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Vatapá com Shiraz - Estreia da coluna

Paulinho Martins, amigo paulistano de mais de 20 anos, grande chef de cozinha e de um tempo pra cá blogueiro, há alguns anos decidiu fixar residência na Bahia. Durante bom tempo, ele foi o responsável pela cozinha do Txai Resort, em Itacarezinho, e ultimamente tem se dedicado à Panela Brasil, sua empresa de consultoria para restaurantes, hotéis e afins.



Paulinho viaja constantemente pelo Brasil, mas elegeu Ilhéus, a cidade romance, como base. Ele responde pelo vatapá! Eu, que acabo de completar 3 anos e meio de Austrália, respondo pelo Shiraz. Para quem não etendeu, o negócio é o seguinte.

A partir de agora, nasce oficialmente nossa nova coluna sobre vinho e gastronomia, a Vatapá com Shiraz, espécie de conexão enogastronômica Bahia-Austrália com o intuito de levantar assuntos e abordá-los a partir dos dois continentes (sim, a Bahia também é um continente).


Itacaré - BA

A ideia nasceu de um antigo blog que tínhamos com o amigo Rafael Cury, o Vamos Bebendo. Desta vez, os textos estarão tanto aqui quanto no blog do Paulinho, cujo endereço é http://paulinhomartinscsg.blogspot.com/.

Para a primeira coluna, peguei um texto meu publicado na edição 13 da Radar Magazine - cuja proprietária é baiana -, e mandei pra ele, que já enviou outro de volta. E é assim que a coluna funcionará, um levanta um assunto e o outro devolve.

Esta começa com o texto da Radar, passa para o do Paulinho e depois fecha com a receita originalmente criada pelo chef Rafael Tonon. As fotos em Sydney são de Guilherme Infante.

Fish Market e os Mexilhões da estação
Pablo Nacer

O sol ainda não nasceu e mais de uma centena de pessoas entre chefs, cozinheiros e atacadistas já se preparam para tentar arrematar lotes e caixas de peixes e frutos do mar recém-chegados. O leilão acontece religiosamente de segunda a sexta-feira, às 5h30 da manhã, no Fish Market de Sydney, o maior mercado do gênero do Hemisfério Sul, onde são vendidos cerca de 14 mil toneladas por ano (sendo 20 mil quilos por hora durante o leilão). Mas, claro, você não precisa madrugar para comprar os seus pescados frescos.



Aberto ao público de segunda a segunda, das 7h às 16h (só não abre no Natal), o Fish Market é um lugar único, seja para comprar ou comer. O mercado está localizado em Blackwattle Bay, Pyrmont, desde 1966, e para quem gosta dos sabores do mar é o paraíso. Não em termos de instalações, pois é um típico mercadão de peixes como qualquer outro do planeta, mas pela diversidade de produtos, qualidade e preço – bem abaixo da média praticada na cidade.

Sabe aquele jantar com os amigos ou aquelas ostras mal intencionadas para a namorada? O Fish Market tem seis lojas para você comprar o seu peixe, molusco ou crustáceo fresco e levar para casa. Se preferir almoçar por lá, nas mesinhas internas ou do lado de fora à beira da baía, há várias opções de restaurantes que servem de espetinho de camarão a pizza, passando por sushi, fish and chips e até mesmo lagosta viva para escolher e comer na hora. Se quiser um vinho, cerveja ou refrigerante para acompanhar, também tem bottle shop.



Com a ideia de fazer uma receita que traduzisse bem o lugar e tivesse a ver com a estação, fui ao Fish Market com o chef brasileiro Rafael Tonon, do Hugo’s Bar Pizza. Rafael, que trabalha há 7 anos em cozinha na Austrália e vai com frequência ao mercado, não teve dúvida: “Vamos fazer os mexilhões que sirvo para os amigos e acabou entrando no cardápio do restuarante. Um dia soltei o prato sem ainda estar no menu, os clientes adoraram e não tiramos mais”, conta Rafael. Esta é uma receita fácil de fazer, rápida e custa menos de $10, já que o quilo dos mexilhões (mussels por aqui) sai por volta de $6. Um vinho legal para acompanhar e usar no preparo é o Robinsons Wairau River Vineyard Pinot Gris 2009, que não passa de $15.


Sydney Fish Market

Lambreta
Paulinho Martins

Como cozinheiro brasileiro/baiano, os mercados são o que eu mais invejo de vocês que moram fora.

Aqui, ainda estamos no primeiro processo em termos de mercado. Sempre disse que o mercado é um tipo de retrato de como cada cultura trata sua gastronomia. E ainda tratamos a nossa maior expressão gastronômica desta forma.


Porto do Malhado, Ilhéus-BA

Em ilhéus temos problemas graves com estrutura. Mas os produtos não tem nada a ver com isso. Eu cofio em alguns fornecedores. Tenho contato direto com eles. Muitas vezes vou até o pequeno produtor. Então em homenagem a você e meu colega de profissão Rafael Tonon dou minha dica de molusco da estação: nossa queridíssima lambreta.

Pessoal da Austrália, não confundam com a moto vespa ou ganhar de zero no truco, lambreta é um bichinho bem baiano. Uma espécie de vongole, um pouco maior, mas também com a mesma forma de cozimento. A lambreta tem um sabor picante e um caldo saboroso e rico.


Ilhéus-BA

Estou cada vez mais usando a filosofia do menos é mais na comida, então ando fazendo apenas com manteiga, cebola, lambreta e Chardonnay.

Lavamos bem com uma escovinha e colocamos em uma panela com a cebola refogada na manteiga e o vinho. No final, eu coloco uma ponta de colher de roux (mistura de manteiga e farinha que serve como espessante). Aqui na Bahia sirvo com torradas e salsinha, que eu corto com a mão para ficar bem grosseiro.

E para beber? Humm... Chardonnay novo com pouca madeira. Quase nada. Acho legal o Casa Silva Collecion Chardonnay 2010. Lambreta simples, vinho simples. Estou evoluindo meu processo de harmonização. Poderia iniciar uma balela dizendo que a acidez da varietal junto com o frutado levemente cítrico do vinho se ajustaria perfeitamente com o marinho e o picante da lambreta. Mas, sinceramente, apenas acho que a lambreta merece um vinho branco decente, gelado e mais nada!

Enfim, nesse intercâmbio Bahia/Austrália, não importa se usamos coisas daí ou daqui. O que importa é a diversão de se degustar! Esse ato secular de se sentar à mesa para comer e beber. Sem frescuras, sem a obrigatoriedade das grandes mesas e dos grandes vinhos. Simples! Vamos bebendo!

Mexilhões da estação
Receita de Rafael Tonon



Para 5 a 6 pessoas

3 colheres (sopa) de óleo1/2 cebola roxa grande ou 1 pequena
1 pimenta dedo-de-moça sem sementes cortada picadinha
3 cebolinhas picadinhas
3 dentes de alho picadinhos
1kg de mexilhões*
3 colheres (sopa) de vinho branco
3 tomates picadinhos
75g de manteiga cortada em cubos
Pimenta do reino a gosto
Sal a gosto (se necessário, tome cuidado)
1/2 xícara de salsinha picadinha
*Boston Bay Mussels é o melhor pois já vem limpo, embalado à vácuo e pronto para cozinhar. É só colocar na panela. Se comprar à granel, é preciso lavá-los em água corrente e esfregá-los com uma escova para retirar eventuais sujeiras.

Preparo
Em fogo alto, refogue no óleo a cebola, a pimenta dedo-de-moça e a cebolinha até ficarem transparentes. Acrescente o alho e refogue por mais um minuto. Despeje os mexilhões no refogado e misture. Acrescente o vinho branco. Tampe por um minuto. Acrescente o tomate, a manteiga e a pimenta do reino. Mexa um pouco e tampe. Volte a mexer, de vez em quando, para dar espaço para as conchas abrirem. Quando todas estiverem abertas e a manteiga totalmente derretida, está pronto. Descarte os mexilhões que não abrirem e finalize com o sal, se necessário, e a salsinha.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Photos by Guilherme Infante

Desde que cheguei na Austrália, tenho trabalhado com ótimos fotógrafos. Entre eles, o amigo Guilherme Infante, discípulo de São Jorge, craque que tem sido grande parceiro aqui no blog, e também na Ozzy Study Brazil e, mais recentemente, na Radar Magazine.

Como hoje é o aniversário do cara e aproveitando que tenho muitas chapas tiradas por ele, segue uma pequena seleção em homenagem.


Algum lugar do Brasil...


Hugo's


Fashion Rio


Hugo's


Australia Day - Jan/10


Boost in Bondi - Fev/10


Aragones e Ziggy em Dee Why para Ozzy Study Brazil - Dez/09


Exposição do blog Julho em Sydney - Jul/10>>>


Exposição do blog Julho em Sydney - Jul/10>>>


Exposição do blog Julho em Sydney - Jul/10>>>


Entrevista Geleia para o blog - Jul/10>>>


Entrevista Geleia para o blog - Jul/10>>>


Quitutes da Dona Eliete para o blog - Set/10 >>>


Mexilhões da estação para Radar - Out/10


Mexilhões da estação para Radar - Out/10


Mexilhões da estação para Radar - Out/10


Para a Octopus Garden (ex-Primavera na Austrália), em junho...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Inspiração, redação e geral no Australian Open

O escritor Ignácio de Loyola Brandão, certa vez disse que a inspiração é o prazo. Uma das frases mais perfeitas que já li.

Desde que o ano começou, o dia 14 de janeiro vinha sendo a minha grande inspiração. A quantidades de textos, entrevistas, piadinhas e reportagens para entregar no dia 14, sexta passada, era descomunal. E, mesmo que acordasse com o pé esquerdo, não haveria tempo para não estar inspirado, pois o prazo era a inspiração. Acordar de ressaca, então, era um luxo que eu não pude me permitir (exceto aos sábados e domingos, claro).

Com o Australian Open se aproximando, The Ashes de cricket acabando e a prova do IELTS logo ali na esquina, precisei tomar medidas extremas e adquirir alguns equipamentos como tv, rádio, dvd, frigobar e uma cafeteira nova, promovendo o meu quarto do posto de escritório para o de redação.

Sim, meu amigos e amigas, agora vivo literalmente dentro de uma redação, com informação chegando 24 horas por dia, além de cafeteira para me manter acordado e frigobar para receber visitas (não podemos esquecer que ainda é um quarto).

Com isso, enquanto tiro um texto para a Radar, outro para a Ozzy, coloco uma piadinha no Facebook, escrevo esse post, marco duas reuniões para o meio da semana, passo o terceiro cafezinho do dia, reponho o six-pack de Tooheys no frigo, espio o livro do IELTS, começo a pensar com os Canários em um evento para angariar fundos para Queensland/Rio de Janeiro, dou um tapa no samba enredo do CarnaCoogee 2011 e sou obrigado e comer chocolates da flatmate finlandesa, acompanho o primeiro dia do Australian Open no monitor número três. E gostei do que vi!

Aos urubus de plantão: estou de férias da escola, posso trabalhar o máximo que consigo.

Sharapova, a deusa russa, passou tranquilamente pela tailandesa Tanasugar, que enquanto tenista não passa de uma grande comedora de panang. Parciais de 6-1 / 6-3 com os gemidos de sempre (coisa de deusa russa). Caroline Wozniacki, dinamarquesa número um do mundo que entrou na quadra sob pressão e também é um e-p-e-t-á-c-u-l-o, sapecou 6-3 / 6-4 pra cima da argentina Gisela Dulko e respirou aliviada. Fechando os jogos da tarde na Rod Laver Arena, a principal, Roger Federer jogou muito, está voando e passou sem dificuldades pelo eslovaco Lukas Lacko, parciais de 6-1 / 6-1 / 6-3 (acho que não vai ter pra ele).

Porém, o grande jogo da sessão vespertina foi entre o francês Gael Monfils e o holandês Thiemo de Bakker. Monfils começou o primeiro set com tudo e acabou perdendo no tie-brake. O holandês passeou no segundo, chegou a sacar para fechar a partida no terceiro, mas teve o saque quebrado pelo francês, que renasceu das cinzas, ganhou o terceiro set no tie-brake e atropelou como um trator nos dois sets seguintes, fechando a partida em 3 a 2, parciais de 6-7(5) / 2-6 / 7-5 / 6-2 / 6-1 . O norte-americano Andy Rodick acaba de vencer o checo Jan Hajek por 3 a 0 (6-1 / 6-2 / 6-2) e nas próximas rodadas certamente jogará como nunca e perderá como sempre. Venus Williams, a deusa negra do Lecão, é a próxima a entrar nessa quadra e depois será a vez da belga Justine Henin, aquela mesma que é a cara do Juninho Paulista. Neste exato momento, a australiana nascida na Sérvia que vive atormentada pelo pai maluco, Jelena Dokic, tenta repetir o conto de fadas de 2009, iniciando a participação contra a checa Ondraskova. A torcida está apoiando em peso e em clima de Copa Davis.

Entre os jogos da noite, destaque para o sérvio Novak Djokovic, campeão em 2008, que enfrenta o espanhol Marcel Granollers, ao vivo no Channel Seven. E amanhã, o brasileiro Marcos Daniel terá a ingrata missão de estrear contra o apache Rafael Nadal, número um do mundo que mesmo com os joelhos zoados, vai longe.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Nova Radar, Galinha na Cerveja e Samba Mundi



A nova Radar Magazine já está nas bancas (ops, nas ruas - veja os pontos de distribuição). Nessa edição, recrutei a amiga Cintia Pannebecker, gaúcha formada no Le Cordon Bleu e chef do Speakeasy, aqui de Bondi, e fizemos uma Galinha na cerveja preta. Simplesmente e-p-e-t-a-c-u-l-a-r!

Não sou um grande entusiasta do frango e da galinha, apenas gosto. Porém, essa receita quebrou absolutamente tudo. Simples de fazer, baixo custo e deliciosa. Claro, qualquer coisa no planeta que recebe cerveja Guinness fica boa, mas essa galinha passou dos limites.

Eduardo Castro, o chef/fotógrafo que refaz as receitas e fotografa para a revista, me confidenciou guri, foi a melhor galinha que já comi na vida. Acreditei! Principalmente servida com aipim cozido e temperado com sal e manteiga, e farofa por cima do aipim, como a Cintia fez.

Priscilla Souza


E por que cozinhamos a galinha na Guinness? Porque a matéria dessa edição foi sobre cerveja artesanal, ou seja, os pubs que produzem cerveja no próprio estabelecimento. Visitei quatro, sendo que dois deles acompanhado da amiga fotógrafa Priscilla Souza.

Priscilla Souza


O que posso adiantar é que as cervejas são bem acima da média e, propositalmente, escolhi pubs com características bem diferentes, um especializado em harmonização com comida, outro com tradição de 150 anos e um que traz uma das melhores programações musicais da cidade, o nosso glorioso Macquarie Hotel (Mac para os íntimos).

É lá que hoje, à meia-noite da quinta para a sexta, o Samba Mundi se apresenta. Sandro Bueno e companhia vêm com tudo para mostrar o melhor do latin-jazz-samba-whatever. É sempre showzaço, a entrada é grátis e as cervejas... Leia a Radar e, antes de pedir a primeira, saiba qual é qual e a melhor sequência para tomar.

Priscilla Souza


Cheers!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Semana musical - Redemption "Paulst"

A semana musical começa basicamente assim:

Hoje à noite tem Caribbean Soul no Paddy's, lá na George St. Uma passadinha é obrigatória já que Sandro Bueno, percussionista do Samba Mundi e Abuka, vai comemorar aniversário.

Quem não puder curtir o reggae hoje, afinal, estamos falando de uma segunda-feira após um final de semana gigante, a opção é ir ao Cock n' Bull amanhã, em Bondi Junction, onde o mesmo Caribbean Soul se apresenta no projeto Tropical Heat, da Fibra Entertainment com a Ozzy Study Brazil. Detalhe: Toohey's New a $3 - não preciso dizer mais nada!

A mesma Fibra traz para a Austrália o DJ Cia, uma espécie de monstro do Hip Hop brasileiro eleito o melhor do gênero da década. Ele se apresenta em Sydney e na Gold Coast dentro do Gheto Sounds, que também terá a participação do DJ VHS. Ingressos à venda na... Ozzy Study Brazil.

Lembram do Sandro, do segundo parágrafo? Então, na quinta, ele se apresenta com o Samba Mundi no Macquarie Hotel, o meu pub preferido para ver bandas ao vivo. Além da entrada ser grátis e do Samba Mundi quebrar absolutamente tudo, o Mac, como nós, os mais íntimos, chamamos, produz a própria cerveja e no próprio pub, o que torna o lugar praticamente espacial.

Enquanto isso, é bom também agilizar para garantir ingressos para os shows dos Mutantes, que chegam em março trazidos pela Popfrenzy Records com a Radar Magazine. Nomes como Bob Dylan, B.B. King, Joe Cocker, Elvis Cotello também estão a caminho.

Voltando ao reggae, Jimmy Cliff vem para o verão. Ele canta ao lado de nomes como Maxi Priest, Mary J. Blige e The Original Wailers no Ragga Muffin. Reggae night e Jamaica em estado bruto!

E o que pouca gente sabe é que ainda há ingressos para o show do U2 do dia 14 de dezembro, e eles estão a partir de incríveis $39.90. Barganha!

Estou escrevendo tudo isso porque neste exato momento sinto uma mesopotâmica inveja (a inveja boa, claro) dos meus conterrâneos paulistanos, que foram abençoados por Sir Paul McCartney tocando no maior particular do mundo. Tenho uma tese de que todo ser humano ocidental precisa, obrigatoriamente, ter um Beatle preferido. O meu é o George e sou um beatlemaníaco (mas sem aquelas coisas chatas, claro). Portanto, este é um paulst para aliviar a minha dor!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Com a cara de Sydney

O final de semana está aí e com a cara de Sydney. Só espero que São Pedro ajude, o que pelo andar da carruagem, não dá para ter muita certeza. Era para estarmos com céu azul e Havaianas part-time, porém, desde o início da primavera o clima teima em fugir à regra e o verão promete ir pelo mesmo caminho.


Sculptures by the Sea 2008.

De qualquer maneira, se não chover, vale uma visita à Sculptures by the Sea, exposição (citada no post anterior) ao ar livre, à beira mar e cultural que vai até 14 de novembro e é a cara da cidade. Se você for, fotografar e quiser ver uma chapa sua publicada no site da Radar Magazine, clique aqui para saber como.

No sábado, do meio-dia às 17h, todos os caminhos levam ao Hyde Park, na City, onde rola a vigésima edição do Sydney Food & Wine Fair, evento que reúne alguns dos melhores restaurantes e cafés da cidade, além de dezenas de produtores de vinho do país. É sentar na grama ou nas mesinhas e tomar umas botejas ouvindo música ao vivo. Imperdível e, mais uma vez, a cara da cidade! Ah, ambos têm entrada grátis.



Já no sábado à noite, a partir das 21h, no The Basement, a melhor casa de shows de Sydney, Fernando Aragones sobe ao palco com o seu Costa Rae (ex-Dubbly) para participar do lançamento do novo álbum do Botanics. Caso não conheça o Botanics, clique aqui. Se nunca ouviu o Costa Rae, por aqui. Aliás, banda formada por dois australianos e um brasileiro na bateria, é a cara dos bairros praianos de Sydney. Ingresso a $15!

Também no sábado, no Macquarie Hotel, o Samba Mundi se apresenta a partir das 22h. A banda, que tem na formação brasileiros, peruano, japonês e australianos, e faz uma sonzeira com latin jazz, música brasileira e muito mais, é um caldeirão de ritmos que também é a cara de... Entrada grátis!



E domingão é dia de fazer a barba, o bigode e começar com tudo o Movember 2010, juntando-se aos Rivelinos & Rivelinas. Trago mais informações e a convocação oficial em breve, mas clique aqui para saber do que se trata e como participar. Evento com bigode, caridade e fanfarra, é a cara da Austrália. Ready, Steady, Mo!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O prazer do trabalho e os salgados da Dona Eliete



No mundo, podemos dividir as pessoas em 3 grupos:

a) As que gostam do que fazem.
b) As que não gostam do que fazem.
c) As que não fazem.

Em muitos casos, a pessoa pode estar tanto no grupo das que não gostam do que fazem quanto no grupo das que não fazem. Eu, felizmente, estou no grupo das que gostam. De fato, das que amam o que fazem.

Esses dias, adiantei tudo o que era possível na quarta-feira, joguei tudo o que não era possível para a sexta-feira, e assim, quinta-feira, pude mergulhar de cabeça em uma das coisas que faz eu amar o que faço.

Na quinta, logo cedo, eu e os amigos Rafael Tonon, chef do Hugo's, e Guilherme Infante, o fotógrafo que mais roubo chapas para o blog, estávamos em um mercado trocando ideias e pensando alguns pratos e ângulos. De lá, fomos para outro mercado e depois outro, incluindo no meio uma passada estratégica no bottle shop.

Às 13h, abrimos a primeira boteja, um Pinot Gris que, de tão bom, vai para o Guia da Primavera que estou preparando com a Izabella para a Mostra Virtual. Taças devidamente abastecidas, começamos a cozinhar. Faz um teste aqui, inventa ali, "o que vai bem com o quê", "como faremos para fotografar isso", "alguém por favor abra a segunda boteja" e por aí foi. Imersão total na cozinha e na fotografia, enquanto tirávamos 3 pratos.

No meio tempo, chegam Dona Eliete e Andrea Tonon, mãe e irmã do Rafa, respectivamente. E elas não estavam sozinhas. Enquanto abríamos a terceira boteja - e já havíamos passado por dois pratos -, Dona Eliete coloca sobre a mesa uma deliciosa bandeja com quitutes e mais quitutes, incluindo coxinhas de frango com requeijão e risoles de queijo, palmito e camarão. Un e-p-e-t-á-c-u-l-o! Diez puntos (leia-se dié púnto)!



Sério, foram os melhores Brazilian finger foods que comi desde que cheguei na Austrália. E não estou falando porque sou amigo da família, mas porque Dona Eliete realmente tem o dom para a coisa e não por acaso o Rafa é um craque com talento natural na cozinha, aperfeiçoado com anos de prática na Austrália. Não posso falar dos outros pratos que ele fez, pois sairá na próxima edição da Radar Magazine e o Danilão da concorrente está de olho no blog, mas o Spaguetti alle vongole que o Rafael tirou, receita do tio, fechou com tudo uma jornada de exageros gastronômicos, etílicos e fotográficos, em plena tarde de quinta-feira.

Gosh, como amo o que faço!



Fotos de Guilherme Infante

Momento merchân
Salgados de Dona Eliete (aliás, ela também faz outros tipos de salgados, além de doces - informações e encomendas: 0433514004 / eliete1512@hotmail.com)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Good Food Guide (um chapéu e uma degola)

Segunda-feira à noite, o Sydney Morning Herald realizou a festa do Good Food Guide Awards 2011, que nada mais é do que uma grande function para apresentar o guia gastronômico mais influente de Sydney e New South Wales através da distribuição de chapéus e da degola de cabeças (o que resulta em perda de chapéus). O ranking do jornal vai de um a três hats.



Vendo a lista completa, fiquei muito feliz com um chapéu recém-adquirido e intrigado com a queda de outro.

Um dos meus melhores amigos desde que cheguei na Austrália atende pelo nome de Tercio Alexandro. Colorado de Ijuí, ele tem a qualidade mais indispensável para qualquer pessoa que trabalha numa cozinha: a paixão para cozinhar.

Tercio é um apaixonado por comida e gastronomia, adora aprender, sabe ensinar e, sobretudo, é craque pra fazer. Resumindo: é o profissional que todo head chef quer ter por perto.

Seja para a Radar Magazine, para este blog ou por pura diversão etílica, temos desenvolvido algumas coisas bem bacanas. Claro, ele com a mão na massa e eu cornetando com a mão na taça. O último prato publicado foi o Estrogonofe de canguru com mandioca palha e purê de batata com fundo de palmito, que saiu na edição 12 da Radar; um inesquecível foi o Nhoque de batata doce roxa com ervilhas frescas e presunto (tudo orgânico), da edição 6; para o blog arrebentamos com a inédita Feijoada online e, a mais recente, foi um prato com flores comestíveis que sairá no especial da primavera. Sem contar nos homéricos e suculentos churrascos, famosos em North Bondi e Eastern Suburbs.



Pois bem, Tercio trabalha há 3 anos no Mad Cow, restaurante de alta gastronomia especializado em carnes que acaba de faturar seu primeiro chapéu, entrando numa seleta lista de aproximadamente 30 estabelecimentos. Tenho certeza de que o Chef tem muito mérito nessa conquista, assim como o Dennis, sommelier chileno que dá um coro na maioria dos sommeliers australianos que atuam no mercado.

Parabéns, Tercio e Denis!

Já a citada degola fica por conta da perda de um chapéu do Tetsuya's, que passou de três para dois.

Ainda no Brasil, quando decidi vir para a Austrália, em maio de 2007, e comecei a pesquisar, o único restaurante que eu sabia que existia no terceiro continente à sua escolha era o Tetsuya's.



Depois que cheguei, então, pelo que li e, principalmente, ouvi, a reputação só aumentou. E não estou falando apenas das pessoas que foram jantar, mas também de amigos e conhecidos que passaram por lá - mesmo que para um dia de treinamento - e não pouparam elogios à organização e limpeza da cozinha, à qualidade dos alimentos e, acima de tudo, ao chef-proprietário Tetsuya Wakuda, uma das figuras mais admiradas de Sydney. Para terem uma ideia, quando entrevistei o chef Alex Atala no começo do ano, um dos programas obrigatórios que ele falou que faria quando estivesse em Sydney seria visitar o Tetsuya's.

Eu ainda não fui ao restaurante, portanto não posso falar. Porém, mais do que nunca, vou fazer a minha reserva, esperar alguns dias ou poucas semanas (há dois anos eram seis meses de espera) e tirar a minha própria conclusão. Falo isso porque fui ao est., um dos três restaurantes que possuem três chapéus (ao lado do Marque e do Quay), e acho pouco provável que esteja acima do Tetsuya's.

Uma coisa é verdade. Na Pellegrino World's 50 Best Restaurants List, que hoje é a mais influente do mundo da gastronomia, o Tetsuya's vem caindo. Ele chegou a ser o 4 do mundo e melhor da Australásia, em 2005. Em 2007, estava ranqueado como 5 do mundo e melhor da Australásia. Em 2008, caiu para 9. No ano seguinte, para 17 mas recuperando o posto de melhor da Australásia. E, em 2010, encontra-se em 38. O Quay, 3 chapéus no Good Food Guide deste ano, aparece em 27 no Pellegrino's e como o melhor da Australásia. Ou seja, há uma coerência entre os dois rankings. Já o est. não aparece nem entre os 100 no Pellegrino's (quem sabe na próxima edição).

Pode ser que o Tetsuya's realmente não esteja no melhor da sua forma ou mesmo em decadência. Coincidência ou não, desde que Martin Benn, chef que trabalhou anos com Tetsuya Wakuda deixou o restaurante, em 2007, o Tetsuya's nunca mais foi o mesmo. Detalhe: Martin Benn montou o Sepia, que este ano foi avaliado pela primeira vez pelo Good Food, e não só estreou com dois chapéus como também foi eleito Chef do Ano.

Outro fator. Recentemente, Mr. Wakuda abriu o Waku Ghin, restaurante de 25 lugares em Singapura que tem uma adeguinha com 3 mil botejas. Tamanho empreendimento pode ter desviado o foco, o que particularmente acho difícil para um chef japonês que ralou muito para chegar aonde chegou em quase três décadas de Austrália.

O que me assustou um pouco foi o comentário do co-editor do Good Food Guide, Terry Durack, que na segunda-feira falou que o "Tetsuya em Singapura é demais, deu uma revitalizada nele, mas em Sydney Tetsuya continua fazendo o que ele acha que as pessoas esperam dele." O co-editor completa: "O 'Tets' em Singapura é o 'Tets' que queremos em Sydney. É o 'Tets' que Sydney merece."

Tratando-se de alta gastronomia e da relação chefs/críticos gastronômicos - o que inclui egos mesopotâmicos, ciumeira e politicagem -, essa última frase não caiu bem. Por isso, o melhor a fazer é ir lá e provar pessoalmente, aguardar a nova Pellegrino's para ver se o 'Tets', como eles dizem, está realmente fora dos 50 e, na pior das hipóteses, tentar identificar para onde a alta gastronomia de Sydney caminha (e se o caminho é bom ou não).

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Radar 2 anos - Parabéns!

Já está na rua, na chuva, lá na fazenda e até numa casinha de sapê a nova Radar Magazine, edição especial de 2 anos. E para comemorar a data, ninguém menos do que Gisele Bundchen na capa (ela mesma, aquela modelo do sul). Não fui eu quem a entrevistou, mas se quiserem saber como foi o meu encontro com ela há uns anos numa tarde fria no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, é só clicar aqui.



Bem, essa edição está recheada de matérias boas, como por exemplo a escrita pela Débora Nogueira sobre os brasileiros que estão queimando o filme por aqui. É verdade! Tem muito cara flambando a película por estas bandas e já era hora de alguém escrever sobre isso.

A minha receita dessa edição é um Estrogonofe de Canguru com Mandioca Palha e Purê de Batata com fundo de Palmito. Eu e o meu amigo-chef Tercio Alexandro abrasileiramos o marsupial mais famoso do terceiro continente à sua escolha e o resultado é uma receita deliciosa e fácil de ser feita em qualquer lar da Austrália.

Que venham mais 2 anos de Radar e viva Gisele Bundchen!

Para saber onde encontrar a revista, clique aqui.