Final de semana chegando, vamos com alguns shows que rolarão neste lado do Pacífico.
Nesta sexta-feira, o Abuka Duo se apresenta no The Berkelouw Wine Bar (Berkelouw Books L1 70 Norton Street), em Leichhardt, das 20h às 23h.
Tiago e Sandro, por sinal, em breve vêm com petardo na praça. Sugestão: tirem as crianças da sala e aguardem...
Também na sexta, mas do outro lado da harbour, em Manly, Marcelo d'Avila e Tiago Passos, da Neandertown, recrutaram um timaço de músicos que inclui Fernando Aragones, Eddie Brasil e Shannon Stitt para jam session das 21h às 23h no Sugar Lounge (42 N Steyne).
Importante: se você está em Sydney, vale a pena pegar o simpático barquinho que os locais chamam de ferry, atravessar a harbour e assistir. Caso esteja do outro lado, é obrigação aparecer. Sério!
Já no sábado, o Samba Australia volta ao Seven 8 (antigo BB's - 78 Campbell Parade), em Bondi Beach, para colocar todo mundo pra sambar (ou pagodear, se preferir).
Imagino que o show comece entre 20h e 21h, mas das 19h às 21h rolará preço especial de happy hour com Carlton a $4, Daiquiri a $5 e Corona a $6.
Ou seja, aproveite que você não terá absolutamente nada para fazer e chegue cedo. O Banana eu sei que vai. A entrada é grátis e já deixo o parabéns pro Thiagão, que fez aniversário ontem e vai comemorar lá.
Dica: se você quer que o seu filho seja músico, batize ele de T(h)iago.
Criado em 2009 para preencher lacuna na programação cultural da cidade entre o outono e o inverno, ao mesmo tempo em que posiciona Sydney como polo de ideias da região da Ásia-Pacífico, o festival chega a sua terceira edição mais iluminado, musical e criativo do que nunca.
Hoje, às 18, as luzes serão acesas na Opera House marcando a abertura oficial, e permanecerão nas próximas três semanas nos arredores da Circular Quay e The Rocks. Até lá, todos os dias, muitos eventos acontecerão das 18h às 23h59, incluindo shows, pirotecnia na harbour, instalações ao ar livre, debates e muito mais.
O meu destaque são os shows que o The Cure (eles mesmos) fará nos dias 31 de maio e 1 de junho, na Opera House. Contando com membros das formações antigas e da atual, a banda simplesmente tocará seus três primeiros álbuns na íntegra (Three Imaginary Boys, Seventeen Seconds e Faith, de 1979, 80 e 81, respectivamente). Só não vou falar que é imperdível pois os ingressos já estão esgotados desde o dia em que cogitaram trazê-los.
Para quem não vai muito para a City à noite, vale a pena marcar uma cerveja de final de tarde em The Rocks (The Australian Hotel pode ser um bom começo), seguida por uma volta no bairro onde várias instalações estão espalhadas, depois um pulo na Circular Quay via Museum of Contemporary Art para ver a Opera House e a Customs House, além dos fogos na baía. No final, claro, o pabão (aumentativo de pub) de sua preferência.
Se você ainda não se convenceu, veja o vídeo abaixo! Mas antes, compre o Daily Telegraphic de hoje para ganhar uma surpresinha que pode lhe render um balão dourado. FOR WHAT???? Veja lá!
Que dia! Ontem, sexta-feira 13 com 4 planetas alinhados (para não dizer em rota de colisão) e há apenas alguns meses de 2012, tinha tudo para ser astrologicamente caótica, mentalmente pertubadora, fisicamente massacrante e emocionalmente avassaladora. Se alguém passou por algo parecido, seja bem-vindo ao clube.
Por sorte, descobri cedo que o dia seria assim, o que me permitiu apertar o muitas vezes necessário botão do fod$-%& e continuar a jornada igual a cavalo em desfile de 7 de setembro (literalmente, cagan*# e andando).
Com Mercúrio, Vênus, Júpiter e Marte alinhados pela primeira vez desde 1910 (exatamente o tempo que o Corinthians não conquista uma Libertadores) e perfeitamente visível aqui na Austrália, fui tirado da cama por volta das 5 e pouco da manhã. Não pela curiosidade jornalística ou pela paixão galiléica, mas pela própria força da conjunção, já que a cabeça estava um turbilhão.
Ao ligar o rádio e lembrar que o fenômeno estava acontecendo, peguei a câmera fotográfica e corri para o campo de golfe em frente a minha casa. Quando cheguei no topo, com o oceano de um lado, a Harbour Bridge do outro e o céu mais parecendo o planetário, em SP, não consegui fotografar nada, pois acabara a bateria.
Irritado e morrendo de frio, corri para casa, peguei a outra câmera e, ao retornar ao campo, o sol já dava o ar gélido de sua graça, o que significa que as estrelas e o fenômeno já haviam se retirado. Frustração total e nariz escorrendo!
Chegando em casa, ouvi que a referida Harbour Bridge estava fechada em função do protesto de um cara, um único cara, e o tráfego começara a ficar insuportável. Ainda mais sendo sexta-feira. E 13!
Sem sono, corri para o computador (após passar um cafezinho, claro) e tentei acessar o Blogger, a plataforma que uso para atualizar este blog. A ideia era avisar os amigos e leitores de Sydney para evitarem as imediações da ponte e fornecer algumas rotas alternativas (afinal, àquela altura o quarto/redação já funcionava a pleno vapor). Porém, durante o dia inteiro – não esqueçam, estamos falando de sexta-feira 13 –, o Blogger ficou em manutenção e o máximo que consegui foi colocar um recado no Facebook.
Tudo isso na semana em que veio a notícia de que dois brasileiros, na Austrália, foram presos por um dos motivos mais cretinos que li na vida. Sem absolutamente nada para fazer, e munidos de um laser verde, os dois “princesos de Jedi” (pronuncia-se Jé-dai), 21 e 27 anos, foram denunciados por um piloto de aviação comercial que teve a visão atrapalhada durante decolagem no aeroporto de Sydney, quando a dupla apontou o laser na cara dele. Sério!
Segundo uma amiga virtual, eles foram entrevistados na TV, na terça-feira, e disseram não saber que tratava-se de uma ofensa penal (obviamente sem usar estes termos), pois no Brasil isso é normal. Re-pe-tin-do: "no Brasil isso é normal"! É de brasileiros assim que precisamos. Os dois continuam presos e vão à julgamento em duas semanas.
Se foi realmente isso, que a força esteja com a lei!
Bem, agora que eu falei, já não é tão secreto assim. Mas ainda é!
O negócio é o seguinte, nesta quinta-feira, 24 de março de 2011 (neste caso, é importante frisar o dois mil e onze), assim que o sol se pôr, o Foo Fighters, uma das maores bandas de rock do planeta, se apresentará na Sydney Harbour.
Sabendo que a referida baía é grande e inclui lugares como Opera House, Harbour Bridge, Luna Park e até mesmo ferries para Manly, a pergunta que não quer se calar é onde extamente será o show.
E é aí que mora o segredo, já que só sabe quem tem o convite - o que nos leva a inevitável indagação onde eu compro. Sem pestanejar, respondo que você não compra, pois não está à venda, o que não significa que você não tenha 1.2% de chance de ir. Como?
No melhor estilo não dou o peixe, mas ensino a pescar, segue o caminho das pedras (hummm pedras, será que é em The Rocks?): clique neste link, dê um like onde deve ser dado, faça o seu comentário onde deve ser feito e torça para que você seja o escolhido entre centezas de pessoas.
Importante: o prazo termina hoje, às 17h, portanto corra!
Toda essa algazarra deve-se ao fato de ser a apresentação mundial do material de Wasting Light, o novo álbum da banda. Quem não puder ir, terá a oportunidade de assistir ao show no Channel V, em 2 de abril. Wasting Light chega às lojas em 8 de abril.
Os aluguéis podem estar caros, o trânsito aumentando nos horários de pico, os ônibus mais cheios por conta da proximidade do verão, blá, blá, blá, mas qual cidade no planeta proporciona imagens como essa?
Detalhe: mãe e filha não estão em alto-mar, mas dentro da Sydney Harbour, entre a City e Manly, e puderam ser vistas pelas pessoas que iam para o trabalho de ferry essa manhã.
E a partir de hoje até 14 de novembro, entre Bondi Beach e Tamarama (ou seria entre Tamarama e Bondi Beach?), quem andar pelo caminho da costa vai se deparar com mais de 100 esculturas, que fazem parte Sculptures by the Sea, exibição ao ar livre que acontece desde 1997. É pegar uma garrafinha d'água, uma câmera e correr pra lá (clique aqui para ver fotos da Sculptures by the Sea 2008).
Pergunto: qual cidade possui uma costa com praias como Bondi e Tamarama, estendendo-se para Coogee e Maroubra ao sul, passando por Bronte, Clovelly e Gordons Bay?
Como diria o grande Tim Maia:
De Maroubra a Bondi, não há nada igual! Pa ra papaaaaa para
Agora é oficial: após quase 7 meses desde que partiu, em 18 de outubro de 2009, Jessica Watson vai tomar seu primeiro banho quente.
Muita coisa pode acontecer, é verdade, afinal estamos falando de uma adolescente de 16 anos navegando sozinha no mar, mas para quem já atravessou praticamente todos os meridianos do globo, a previsão de que chegará nas águas da Sydney Harbour neste sábado, por volta das 11h30, é totalmente viável.
As "otoridades", que esperam cerca de 50 mil pessoas, estão tratando a chegada como class one, ou seja, evento no mesmo nível do Ano Novo e Mardi Grass - porém sem tanta boiolagem. Isso significa que ruas serão fechadas e trânsito desvaviado, especialmente na City, próximo à Circular Quay, e nas baías onde ela poderá ser vista como Double Bay, Mosman e Watsons Bay. Portanto, programe-se caso tenha que se deslocar.
Eu, entusiasta da Amyr Klink de saias, estarei lá. Tentarei, se possível, tirar algumas chapas para o blog, e depois celebrarei o feito durante toda a tarde em algum pub com temática marítima, como o Lord Nelson ou o Captain Cook. Talvez até faça uma tour em homenagem, a Jess Pub Tour. Se ela navegou around the world, por que não posso fazer o mesmo around the pubs? Aliás, já fiz no final de 2008 para a Radar Magazine, que ficou conhecida como The Rocks to Bondi - A Maratona dos Pubs. Estão todos convidados.
Que Jess chegue com total segurança e protegida por Netuno!
As condições climáticas não estavam tão ruins quanto se esperava, apesar das rajadas de vento de aproximadamente 40 nós. Com isso, Jessica Watson, nossa Amyr Klink de saias, conseguiu contornar o último cabo da jornada, o Cape of Tasmania (ou seja, passou por todos do hemisfério sul), e agora, com ventos de 25 nós e ondas cada vez menores, sobe serelepe a costa da Tasmania rumo a Sydney.
Já são mais de meio ano desde que partiu da Sydney Harbour, em outubro do ano passado, e o feito nunca esteve tão próximo. Principalmente agora que navega em "águas familiares", segundo escreveu no blog.
A mil milhas náuticas de casa, o negócio é manter a concentração, segurar a ansiedade por um banho quente e torcer por condições cada vez melhores de navegação. O resto é história!
Esses dias, visitando o ótimo blog que o amigo Rafael Cury tem com outros 6 escribas, 0 7 Cronistas Crônicos , li o primeiro parágrafo de um texto que não apenas traduz o que tenho como ideal de vida (na verdade, o oposto disso), como também a imensa admiração que sinto pela Jessica Watson.
O parágrafo foi extraído do texto Menos um, de Leandro Afonso Guimarães.
Uma boa parte (ou talvez até a maioria) das pessoas que conheço faz basicamente duas coisas: sair de casa, trabalhar, voltar para casa e dormir. Nos finais de semana e feriados, na maior parte deles, elas descansam, cada uma à sua maneira – e, se sobrar tempo, se entregam a algum tipo de repouso. A desculpa é o cansaço. Investem no sono e na rentável ocupação de oito ou mais horas diárias não para (sobre)viver, mas porque não fariam nada de interessante caso tivessem mais tempo. Não sei se sou privilegiado por conhecer pessoas tão sedutoras em escala industrial, mas acho no mínimo interessante a maneira como elas lidam com a existência.
Enquanto o navio chinês Shen Neng 1 continua seu rastro de destruição na Grande Barreira de Corais, iniciado em 3 de abril; e a Austrália suspende por tempo determinado os pedidos de asilo do Afeganistão e Sri Lanka, após a marinha ter interceptado mais um barco tentando entrar ilegalmente por essas bandas; Jessica Watson, a versão adolescente e de saia do Amyr Klink, já navega em águas australianas. É verdade!
Canal de óleo de 3 km. Well done Shen Neng 1!
Ela, que está prestes a se tornar a pessoa mais jovem do mundo a circunavegar o planeta sozinha e sem assistência, na segunda-feira completou 20 mil milhas náuticas, o dobro que havia navegado em toda vida.
Jessica, 16 anos, partiu da Sydney Harbour em 18 de outubro de 2009 a bordo do Ella's Pink Lady, em 13 de janeiro deixou para traz o Cabo Horn, na América do Sul, em 24 de fevereiro foi a vez do Cabo da Boa Esperança, na África, e na última segunda o Cabo Leewuin, no extremo oeste da Austrália (clique aqui para ver onde ela está).
Em meio a tanto enlatado, uma lulinha fresca que pulou no deck.
Agora, conforme informou em seu blog, em vez de seguir pela Great Australian Bight, entre os estados de Western Australia e South Australia, e depois atravessar o Bass Strait entre Victoria e Tasmania, Jessica deverá se afastar da costa e passar ao sul da Tasmania para evitar o Bass Strait, que é cheio de barcos e ilhas (o que significa poucas horas de sono) e também porque a previsão de vento não é das melhores.
Restam aproximadamente 2500 milhas náuticas e pelo que tudo indica o desembarque histórico em Sydney deverá acontecer nos primeiros dias de maio. Como já disse anteriormente, sou um entusiasta dela e se puder, irei.
São quase 9 horas da manhã e daqui a pouco vou abrir o bar. Na verdade, a adega! Mas antes que liguem para o AAA, explico.
A partir das 11 horas, no Overseas Passenger Terminal, lá na Circular Quay, lado oeste (The Rocks), vai começar o segundo e último dia da International Wine Fair, feira de vinho promovida pela Vintage Cellars, um dos meus "suppliers" oficiais.
International Fair porque em vez de vinhos australianos, nesta feira eles reúnem a grande maioria dos produtores estrangeiros que representam e mostram as novas safras, além de alguns canhõezinhos mais antigos que já estão na hora de serem abertos.
A Vintage Cellars está espalhada por todos os estados e territórios da Austrália, portanto, aonde você estiver, haverá uma loja por perto. E esse é justamente o bacana da feira, pois por apenas $25 (isso mesmo, vinte e cinco doletas), você experimenta praticamente todos os vinhos importados que estarão à venda este ano, podendo marcar o que gosta, o que não gosta, qual não é tão bom mas vale pelo preço, qual jamais comprará etc.
E na pior das hipóteses, mesmo que não saiba absolutamente nada de vinho e chame todo espumante de champagne, no mínimo, você tomará quantidade e diversidade que jamais tomou na vida, além de conhecer o Overseas Passenger Terminal, que tem bela vista para a harbour, para a ponte e Opera House. Ainda mais neste domingão ensolarado!
A feira vai das 11h às 17h e os ingressos podem ser comprados na porta. Veja os principais produtores:
França Cattier Chablisienne Gratien & Meyer Les Nuages Maison Champy Pommery Saint Cosme Vidal Fleury
Por razões geográficas e históricas, a influência japonesa na Austrália é imensa. Começando pela cozinha. Tetsuya, o melhor restaurante do país, pertence ao chef Tetsuya Wakuda , japonês radicado há 27 anos por essas bandas. Em março, Alex Atala, o grande nome da gastronomia brasileira, vem para o Melbourne Food and Wine Festival, e os dois vão se encontrar. Sai de baixo!
Já no espírito do festival, uma vez que iremos pra lá, e sem absolutamente nada para fazer, em função das chuvas que jamais vão parar de cair no hemisfério sul, ontem fomos em uma da 14 lojinhas japonesas que tem no bairro, compramos alguns peixes, algas e fizemos a I Sushisada Caseira do Château Elle Macpherson (nossa casa). O resultado está abaixo!
O japonês, pelo menos o que está em Sydney, é sem dúvida o povo mais educado do mundo. E tímido! Não sei se são educados por serem tímidos, tímidos por serem educados ou se uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas que são de um respeito fora do comum eles são. A regra só não se aplica aos pescadores de baleia.
Ao mesmo tempo que o Japão é um dos principais parceiros comerciais da Austrália, a relação entre os dois governos tem um tendão de aquiles, que chama-se baleeiras japonesas.
Alegando fins científicos, as baleeiras japonesas fazem verdadeiras carnificinas nas águas australianas e estão constantemente em guerra com embarcações ambientalistas.
Ontem sobrou para o navio norte-americano da Sea Shepherd Conservation Society, que foi atacado. Há cerca de um mês, uma lancha do mesmo grupo afundou após ser praticamente atropelada por outra baleeira nipônica, como podem ver nos dois vídeos abaixos, em diferentes ângulos (tipo câmera exclusiva da Globo).
A Austrália não é uma nação bélica, muito menos uma entusiasta dos conflitos armados, mas possui algumas passagens de guerra bem interessantes que marcaram a história do país. Uma delas aconteceu em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, quando os japoneses bombardearam as cidades de Darwin, Broome e Townsville, no norte.
O que pouca gente sabe é que no mesmo ano três submarinos japoneses entraram na Baía de Sydney - essa mesmo onde atualmente está a Opera House e a Harbour Bridge - e dispararam dois torpedos, afundando a ferry Kattabul (dessas que vão e voltam pra Manly todo dia), o que resultou na morte de 19 militares (ela era usada para defesa). Abaixo, 3 simpáticos sobreviventes.
Por último, mas não menos importante, vale o registro: o sakê que regou nossa sushisada caseira ontem foi o Gekkeikan, que não é nenhuma maravilha mas pelo preço apresenta ótima relação preço/qualidade.
Aproveitando que o verão está aí, e que moro numa cidade localizada entre uma imensa baía e o oceano (na verdade, o Mar da Tasmânia), continuarei com os posts "pé na areia".
Agora há pouco, fui até Nielsen Park, ao lado de Vaucluse, para acompanhar de perto o SOLAS Big Boat Challenge, espécie de aquecimento para a Rolex Sydney Hobart Yacht Race, uma das regatas mais tradicionais do hemisfério sul.
Cheguei no meio da competição, e a disputa já estava bem definida entre o sempre favorito Wild Oats XI (acima, com o logo do Channel 7), campeão das últimas 3 edições da Sydney Hobart, e o Alfa Romeo, barco da vizinha Nova Zelândia (acima, com a vela branca).
Como não poderia ser diferente, o Wild Oats XI é o meu barco favorito por estas bandas, já que o seu proprietário é ninguém menos do que o grande Robert Oatley, proprietário da Robert Oatley Vineyards, vinícola com bases em Mudgee (NSW) e Western Australia que faz verdadeiros canhãozinhos.
Bem, mas voltando à Sydney Harbour, hoje não foi um grande dia para o barco do nosso Bob Oatley. Quando cheguei, o Wild Oats XI estava tranquilo e infalível como Bruce Lee na liderança, seguido pelo Alfa Romeo.
Parecia que venceria com facilidade e abriria caminho para o tetra na Sydney Hobart, uma vez que reza a lenda que o vencedor dessa regata tradicionalmente leva a Sydney Hobart na sequência.
Porém, a sorte começou a mudar, o vento a aumentar e, como podem ver abaixo, algo aconteceu com a vela do Wild Oats XI.
Eles não conseguiram arrumar, o barco perdeu velocidade e, numa verdadeira aula de como perder uma regata, assistiram ao Alfa Romeo fazer uma grande ultrapassagem e vencer!
Com 245 metros de comprimento, pouco mais de 70 mil toneladas, 11 decks e capacidade para 1950 fanfarrões (ops, passageiros), o Pacific Jewel da P&O Cruises Australia chegou na Sydney Harbour na última quinta-feira, por volta as 5h45 da manhã.
O navio passou o final de semana atracado em frente ao terminal de passageiros internacionais, atraindo milhares de pessoas. Eu, claro, fui dar uma olhada e é realmente impressionante. Basta ver que deixou a Harbour Bridge e a Opera House pequenos.
E como tudo na Austrália acaba em function, no sábado à noite o navio foi palco de uma grande festa aberta ao público. Não que o povo pudesse entrar, se debruçar na proa e gritar "I'm the king of the world", longe disso, mas montaram uma pequena e natalina área vip do lado de fora onde exibiram num telão as atrações que rolavam lá dentro.
Function, para quem não sabe, é todo e qualquer evento em que são servidos comes e bebes. Casamento é function, festa de formatura é function, jantar de premiação é function, enfim, func significa "fan", e tion "farra". Logo: function nada mais é do que uma fanfarra.
Brasileiro na Austrália adora function. Primeiro porque somos fanfarrões por natureza. E segundo porque raríssimos são os brasileiros que nunca trabalharam numa function por aqui. Principalmente na chegada, quando o inglês ainda é the book is on the table e servir 4 pratos de uma vez é uma das poucas alternativas para fazer um dinheiro (em geral pagam bem - tchu-tchin!).
Trabalhei em duas functions, e foi o suficiente para nunca mais voltar. Eu tinha uns 2 a 3 meses de Austrália e a experiência foi péssima. Quase traumática! Mas foi uma base importante para eu trabalhar durante um ano como garçom num restaurante mexicano, quando eu era, seguramente, um dos piores do mundo.
Na verdade, cheguei a trabalhar num aniversário de 40 anos realizado na terceira mansão mais cara de Sydney, o que não deixa de ser uma function. O resultado, claro, foi um tremendo desastre, como podem ver aqui e aqui!
Bem, mas o importante é que o Pacific Jewel está partindo, muitos brasileiros chegando e, de um jeito ou de outro, na Austrália, tudo acaba em function (ou na function)!
Eu, que não suporto aqueles seres espinhudos e barulhentos conhecidos como adolescentes, jamais imaginei que, prestes a completar 33 anos, iria adimirar uma de 16 anos.
Não, não estou apaixonada por uma teenager (pelo menos não no sentido de "namorico" - apesar dela ser uma gata). Mas, sim, estou absolutamente fascinado por Jessica Watson, a australiana que há um mês deixou Sydney para fazer história no seu Ella's Pink Lady.
Jess (o apelido dela) quer ser a velejadora mais jovem do planeta a dar uma volta ao mundo sozinha, sem assistência e sem paradas. Para legitimar o feito, precisa atingir algumas metas.
E ontem, quinta-feira (horário de Melbourne), Jessica alcançou a primeira delas, que era cruzar pelo menos uma vez a linha do Equador. Aí está!
Obviamente vocês não estão vendo, tampouco ela, mas é o que mostra o traçado da carta naútica do Ella's Pink Lady, a caminho de Kiribati Island.
Cumprida a parte 1 da jornada, agora Jessica segue para a 2, que é descer sul para o Cabo Horn, fazendo a passagem entre os oceanos Pacífico e Atlântico entre a Argentina e a Antártida.
Jessica pertence a um grupo raro que inclui Amyr Klink, coronel Fawcett e Christopher McCandless, entre outros poucos. São pessoas que não deixaram a revolução industrial e a vida moderna sufocarem por completo a natureza nômade que cada ser humano traz dentro de si (sim, trazemos!).
E o resultado são feitos fantásticos e grandes histórias que, mesmo com finais trágicos, como ocorreram com Fawcett no Brasil e McCandless (ou simplesmente Alexander Supertramp) no Alasca, são movidos por uma necessidade muito maior do que a de simplesmente estar vivo.
Desde que partiu, Jessica tem alimentando um blog quase todos os dias. Em alguns posts ela fala sobre a navegação, em outros dá detalhes técnicos, e muitas vezes fala o que está pensando e sentindo, dando valor a coisas tão simples e banais que nos faz lembrar o quão simples e banal é a vida, especialmente em terra firme. Basta ver a alegria ao assar alguns bolinhos de chocolate.
Hoje é o blog mais acessado da Austrália, e eu o acompanho diariamente. Re-co-men-do!
Go Jess!
Tradicional celebração de quando se cruza o Equador pela primeira vez na viagem.