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domingo, 28 de agosto de 2011

Dogajolo Toscano Rosso - Dica de vinho italiano

O blog já está em reta final de transição e nos próximos dias volta com tudo. Por ora, mantemos a linha devagar e sempre dos posts, trazendo dica de um vinho fantástico que descobri ontem e, acreditem, em termos de relação preço/qualidade, é tão bom quanto o californiano da semana passada.

Estou falando do Dogajolo Toscano Rosso I.G.T., da Carpineto, um "jovem Supertoscano" que traz um bouquezão de flores no nariz, explosão de frutas vermelhas na boca, corpo médio, certa complexidade e uma textura aveludada que é e-p-e-t-a-c-u-l-a-r!


Sabendo que eu faria um nhoque para uns amigos, à tarde passei no meu local bottle shop atrás de um italiano ou um australiano com alguma uva da Itália, e fui atraído pelo rótulo.

Quando vi o preço, $15, desconfiei, pois italiano barato em geral é fria por aqui. Mas ao ler o verso e ver que tratava-se de um "jovem Supertoscano", categoria que não é qualquer vinho que pode se enquadrar, pus na sacola.


Supertoscano vem de Super-Tuscan, termo que um jornalista, beberrão ou jornalista beberrão anglo-saxão criou nos anos 1970 para designar vinhos fantásticos da região italiana da Toscana que são produzidos com algumas uvas que fogem das tradições/legislações locais. Não podendo ser enquadrados com as denominações que atestam suas origens e modo de praparo, criou-se este termo que logo virou referência.

E poder comprar um exemplar que faz jus à fama dos Supertoscanos por apenas $15 chega a ser piada. Sério! Me arrependi de não ter comprado mais.



Na próxima vez que você fizer uma massa na sua casa ou for a um restaurante italiano BYO, principalmente o Bar Reggio, em Darlinghurst, não deixe de levá-lo. Ele está à venda na rede BWS.

Para ler mais sobre vinho, clique na imagem abaixo e dê uma olhada no Guia do blog.


Quanto ao jantar, maravilhoso na casa da Lola, obviamente acabou com os mestres tocando MPB.



*************Patrocinadores do Guia***************

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Lançamento de CD e vinho em Bondi

Semana começando com Kadafi caindo. Vai tarde! Até o momento, a capital da Líbia, Trípoli, está totalmente dominada pelos rebeldes, exceto o quartel onde Muammar Kadafi aguarda suas últimas horas no "puder" - como diria aquele coronel pernambucano. Depois de Tunísia e Egito, chegou a vez da Líbia se livrar de décadas de tirania. O povo agradece!


Já que o assunto é liberdade - e agora falo de liberdade para o espírito -, recebi neste final de semana o CD/DVD Artur Cimirro Plays Stuart & Sons in Terra Australis. Simplesmente e-p-e-t-a-c-u-l-a-r!

Para quem não se lembra, este pianista e compositor gaúcho esteve na Austrália em maio a convite da fábrica de pianos Stuart & Sons para, entre outros compromissos, testar e gravar o piano com o teclado mais extenso jamais produzido (102 teclas e 4 pedais - é quase uma nave).


Tive a honra de assistir ao concerto em North Sydney, que teve de Liszt a Noel Rosa, e o cara é realmente um monstro. Em pouquíssimos dias e com um tremendo jet lag, ele rapidamente entendeu o funcionamento do piano e adaptou os temas para executá-los.

Quanto ao CD, Cimirro simplesmente abriu mão de qualquer edição no material gravado e prensou o álbum sem alterar uma nota, mantendo o registro original sem o tradicional tapa no estúdio. Fantástico!


Entre as faixas, há duas compostas por Cimirro exclusivamente para este piano. O CD/DVD pode ser adquirido através do email sales@stuartandsons.com.


Nesta semana, acontece em Bondi Beach o Taste of Orange. Ao contrário do que possa parecer, não é uma chatíssima degustação de laranja, e sim de vinho, uma vez que Orange é uma região vinícola, digamos, nota 6,5, que melhora a cada ano. Neste ano, acredito que alcance a nota 7, deixando as recuperações para trás.


Orange está localizada na região central de New South Wales, a oeste do grande paredão de montanhas que atravessa o estado (Great Dividing Range). Ela é uma região alta (montanhas a partir de 600 metros) e bem fria, o que resulta em Chardonnays interessantes e até alguns Pinots e Merlots.

De hoje a domingo, os principais produtores estarão espalhados por 25 lugares de Bondi e arredores incluindo Swell Restaurant, The Flying Squirrel, Icebergs, Bondi Social, Ravesis, Blue Orange, Bondi, Brown Sugar, Sean’s Panorama, Depot e North Bondi Italian.


No sábado, eles estarão no Beach Road, em evento com entrada grástis e som ao vivo, e no domingo todas as vinícolas participantes vão aportar no Bondi Pavilion para degustação das 11h às 17h. Entrada também grátis. Para mais informações, clique aqui.


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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Redação aberta com Qantas, DiCaprio, Marisa Monte e Snoop Dogg

Redação aberta logo cedo, vamos a uma geral.


Terça-feira, escrevi no Facebook que a tão sonhada rota Sydney-São Paulo da Qantas não vai rolar. Pelo menos agora. No pacotão de medidas lançado pela empresa, a rota Sydney-Buenos Aires foi transferida para Santiago, e não para o maior centro da América Latina. Ziero punto!

No mesmo pacotão - e este tem sido motivo de muita polêmica, "The Spirit of Australia", como a companhia se auto-denomina, demitirá 1.000 funcionários, entre eles 180 pilotos.

Um dos sinais de fumaça de que isso ocorreria foi a retirada do vídeo de segurança que a Qantas exibia a bordo com o ator/piloto/missionário da Cientologia/garoto propaganda da empresa, John Travolta, que falava sobre a segurança de viajar com os pilotos da companhia. Vejam!



Já o milionário-fanfarrão Richard Branson, dono da Virgin Australia, está com plano de resgatar os 1.000 funcionários da Qantas, conquistar a Ásia, a América do Sul e o terceiro continente à sua escolha, tornando-se "The New Spirit of Australia". Mestre!

Falando em Hollywood, Leonardo DiCaprio desembarca esta semana em Sydney, onde vai alugar uma casa para viver nos próximos quatro meses (é verdade, mulherada, mas não se animem pois ele não está pensando em share accommodation).


Jack Dawson, o ex-da Rose, vem rodar The Great Gatsby, na Fox Studios, remake do romance de F Scott Fitzgerald que será dirigido pelo australiano Baz Luhrmann, com quem trabalhou em Romeo and Juliet (1996).

Também farão parte do elenco os atores Carey Mulligan, Tobey McGuire e a aussie Isla Fisher. Este será o primeiro filme de ação rodado em 3D em New South Wales. Aguentem a LeoMania na imprensa!

Já que este post está uma viadagem total, também informo que David Beckham deve vir com o timeco LA Galaxy jogar contra o Melbourne Victory, Sydney FC ou Perth Glory no final do ano. Sério, se o time norte-americano do inglês passasse um domingo no Centennial Park, meu palpite seria 3 a 1 para os Canarinhos (com gol de cabeça do Gel e um de bicicleta do Banana-Lieds, que faz aniversário na segunda).

Falando em final de ano, conforme também escrevi no Facebook, o grande nome da tradicional festa de Ano Novo de Bondi Beach será ninguém menos do que Snoop Dogg, comparsa do Kid Mac, o filho do Seu Macário. Ingressos à venda a partir de 29 de agosto. Mais informações, por aqui.


Já que finalmente o assunto é música, após 5 anos sem lançar álbum novo, Marisa Monte deixou ontem, no seu site, o seguinte recado:

"Como alguns de vocês já devem ter ouvido falar, até o final do ano vou lançar um novo trabalho. Além do álbum, estou preparando um novo site, meu primeiro app e uma série de shows. Para isso, estou trabalhando com músicos, compositores, arranjadores, videomakers, fotógrafos, engenheiros de som, de programação e especialistas em cultura digital. Vou estar em contato direto com vocês e, através das plataformas digitais, comunicar meus movimentos conforme eles forem acontecendo. Você é fundamental nesse diálogo e este será nosso ponto de encontro."

Vejam o primeiro vídeo das gravações postado pela cantora.


Por último, mas não menos importante, aproveitando que o final de semana está aí, vamos a uma dica de vinho.

No Guia lançado este ano aqui no blog, categoria "Noites de sexta e sábado", recomendei o californiano Wente Beyer Ranch Zinfandel 2008 e escrevi o seguinte comentário:


"Uma vez que descobrir este vinho, você vai querer tomá-lo não apenas na sexta ou no sábado à noite, como também no domingo, na segunda, na terça, quarta, quinta... ou seja, cuidado!"

Eu já havia adorado quando o conheci na feira da Vintage Cellars, em março. E agora, de passagem pelo Brasil, passei a venerá-lo ao descobrir que por lá ele custa a bagatela média de R$ 114, enquanto que aqui não passa de $20. Isso mesmo, vinte doletas australianos. Eno-bar-ga-nha!

Sério, aproveitem que o tempo ainda está pedindo tintos encorpados, experimentem este, que é bem perfumado, e tenhm um ótimo final de semana. Para ler mais sobre ele e conhecer outros vinhos do Guia, clique aqui.

E não esqueçam da festa em prol da Dione, no domingo, onde celebraremos Dione 10 x 0 Câncer. Todos os detalhes, aqui.

****************Patrocinadores do Guia***************

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sábado, 13 de agosto de 2011

Vinho do AC/DC

Mantendo a linha etílica, fanfarrona e aussie aussie aussie oi oi oi do último post, segue uma novidade em primeiríssima mão que chegou esta manhã em alguns bottle shops da Austrália.


Isso mesmo! As caixas estavam no carrinho quando o meu, digamos, contato no local bottle shop me avisou que Angus Young estava na área.

É verdade! A vinícola Warburn Estate, de Riverina (NSW), pegou a Shiraz, a uva mais emblemática da Austrália, colocou o AC/DC no rótulo, a maior banda da história do país, e criou o AC/DC Back in Black Shiraz 2010, o mais novo petardo australiano.


Ainda não abri, pois acabei de acordar, mas assim que o fizer, escreverei no blog.

Esta primeira linha também traz os vinhos Highway to Hell Cabernet Sauvignon, Hells Bells Sauvignon Blanc e You Shook Me All Night Long Moscato, e estará disponível nacionalmente no próximo dia 18 de agosto, nas redes Dan Murphy’s, BWS e Woolworths Liquor. Preço: entre $15 e $20


Enquanto isso, aproveite o clima ainda invernal querendo ser primaveril e experimente algumas botejas do Guia do blog deste ano. Basta clicar na imagem abaixo e aproveitar. Se preferir, imprima a versão em pdf.

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sábado, 6 de agosto de 2011

Alex Atala em Sydney

Quando ele veio para o Melbourne International Food Festival, em março de 2010, seu restaurante figurava na posição 18 da lista dos 50 melhores do mundo da S.Pellegrino.


Daqui a dois meses, em outubro, o homem volta à Austrália para participar do Crave Sydney Food Festival, agora com o restaurante ranqueado na posição 7 da mesma lista.

Com isso, e a tal da progressão geométrica em mente (ou seria a aritmética?), pergunto: se vier em 2012, o homem estará no topo a lista? Tratando-se do talento e do comprometimento que tem com a gastronomia e a cozinha brasileira, não duvido!


Estou falando do chef Alex Atala, proprietário do D.O.M., o melhor restaurante do Hemisfério Sul, e do Dalva e Dito, ambos em São Paulo.

Atala é uma das atrações do Crave, que acontece nos dias 1 e 2 de outubro, no Hilton Hotel, e se apresenta na sessão matinal de sábado, ao lado de craques como Martin Benn, do Sepia (Sydney), Tony Bilson, do lendário Bilson's (Sydney), e Andrea Petrini, do Cook it Raw (França). Na boa, quem gosta de gastronomia e não for, não vai para o Céu. Sério!

Ano passado, entrevistei o chef antes dele vir para a Austrália, e o texto está aqui. Se quiser saber como foi o jantar que fez no festival de Melbourne, clique aqui.

Aproveitando que o assunto é gastronomia, que o final de semana está aí e estamos vivendo dias atípicos de primavera em pleno inverno, segue uma dica de vinho direto do Guia de Vinho do blog deste ano.


É o Mornington Estate Pinot Noir 2008 ($19), que reúne uma combinação rara de atributos para um Pinot como ser bom, ter preço razoável e estar pronto para beber. Isso mesmo! Redondo e delicado, o Mornington Estate traz as frutas e o caramelo de sempre e é perfeito para esses dias que não estão nem quentes, nem frios, nem invernais, nem primaverais, enfim... experimente!

Para ver mais vinhos do Guia 2011, clique aqui.

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sábado, 30 de julho de 2011

Paladar - Cozinha do Brasil

Paladar, para quem não sabe, é o caderno de gastronomia do jornal O Estado de São Paulo - disparado, o melhor suplemento do gênero no país, batendo inclusive o de terça do Sidney Morning Herald, da Austrália.


Em 2008, eles realizaram o Paladar - Cozinha do Brasil, evento que contou com os chefs Alex Atala, Mara Salles e Edinho Engel, e tinha como intuito começar a dar uma cara para a gastronomia brasileira. Foi praticamente um laboratório, que deu certo, cresceu e agora está na quarta edição, reunindo mais de 60 especialistas entre chefs, jornalistas, fotógrafos, escritores, sommeliers e entusiastas.


Hoje pela manhã, fui na aula inaugural do Edinho Engel, chef por quem tenho, além de uma profunda admiração profissional e pessoal, um carinho muito grande, pois foi numa tarde de junho de 2005, no restaurante dele do Litoral Norte de São Paulo, o Manacá, que após tomar um vinho do Porto com o próprio e o amigo e chef Paulinho Martins, decidi que precisava aprender sobre vinho e comecei a fazer cursos, participar de degustações e, obviamente, beber mais e mais botejas.

Coincidentemente, hoje também é o meu último dia no Brasil, já que amanhã volto para a Austrália. Mais do que isso, como a viagem teve um mesopotâmico foco gastronômico e etílico, foi um fechamento de ouro, uma vez que a aula do mestre foi sobre... feijão.


Sim, meus amigos, este grão tão comum por aqui e muitas vezes desprezado, como bem disse o chef, na Austrália é motivo de reverência, já que não faz parte da dieta local. Mais! Quando algum amigo faz um panelaço de feijão, sempre chama os outros para comer. Sonia, minha sogra, foi em março pra lá e até hoje comemos o feijão preto que ela deixou no freezer. Uma exxxplosão de sabores - como ela diria. Ou seja, feijão na Austrália é quase commodity.


Esta pesquisa do Edinho sobre feijões começou em 2007, na Bahia, com o Paulinho, e o resultado foi apresentado hoje. Edinho mostrou 11 tipos e criou um prato para cada.


Ele começou a aula falando de cada tipo, enquanto experimentávamos (o feijão mangalô que já vem com gosto de peixe foi a grande surpresa pra mim). Depois, serviu, um a um, as onze criações, transformando o nosso prato em um verdadeiro mapa do feijão no Brasil. Fantástico.



Para terem uma ideia, tivemos, entre outros, Bacalhau com feijão mangalô, Creme de feijão branco e frutos do mar, Moqueca de ovo e feijão mulatinho, Bolo e renda de feijão com calda de figo seco, Salada de feijão verde, polvo e maxixe e Cozido de feijão fradinho com paleta de queixada - queixada, por sinal, fornecida pelo amigo de aldeia xavante Gonzalo Barqueiro, que eu não via há 8 anos.

O evento está apenas começando e é um programaço para quem estiver em São Paulo neste final de semana. Comprando ingresso, é possível participar de aulas e palestras de nomes como Alex Atala, Eduardo Maya, Helena Rizzo, Maurizio Remmert, Paulinho Martins, Roberta Sudbrack, Salvatore Loi, Manoel Beato, Ignácio de Loyola Brandão, Pedro Martinelli e Luiz Fernando Veríssimo (que por sinal, estava na aula do Edinho).


Aproveitando, quero agradecer a todos os amigos e familiares pelas três semanas e-p-e-t-a-c-u-l-a-r-e-s que tive em São Paulo, e, como de praxe às sextas, disponibilizar o botão de emergência (abaixo), que leva direto ao pdf do Guia de Vinho do blog. Afinal, o final de semana está aí!


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sábado, 23 de julho de 2011

Profissão: sommelier Paixão: vinho

Matéria publicada na edição 16 da Radar Magazine, na Austrália. Fotos de Guilherme Infante.

Nascido e criado em Sydney, Dennys Roman mudou-se com a família para Santiago, quando ainda era criança, em 1992, retornando para a Austrália em 2007. No Chile, apaixonou-se por vinho, o que o levou a trabalhar na vinícola Concha y Toro. De volta a Sydney, vem trabalhando para o grupo Merivale, onde é head sommelier do restaurante Uccello. Pertencente a um seleto grupo de sommeliers certificados pela Court of Master Sommeliers, Dennys fala sobre a profissão, vinhos, mercado e, no final, indica um vinho que foi harmonizado com um prato de autoria do chef Tercio Raddatz, sous-chef do Mad Cow, restaurante do mesmo grupo.


O que faz o sommelier?
Basicamente, o sommelier é um administrador de vinhos, ele está totalmente ligado ao serviço do vinho.

Como é o trabalho do sommelier no restaurante?
O trabalho consiste em conhecer a carta de vinhos, preferencialmente ter degustado todos eles, ou pelo menos ter uma retaguarda teórica. Uma vez que você controla isso, você deve olhar o restaurante como um todo para ter certeza de que tudo está sendo feito dentro dos padrões. E sei que não soa bem, mas tem também um papel de vendas. Se você vê que o cliente passa rapidamente pela carta de vinhos, ou se ainda nem abriu e a conversa está se estendendo demais, é sua hora de agir, pois às vezes a conversa vai longe, ele esquece de pedir o vinho e quando vai ver, a comida já está na mesa.

Como funciona essa abordagem?
Uma vez que você faz o primeiro contato com o cliente, descobre quem é o anfitrião da mesa, quem escolherá o vinho, você cria a ocasião. Isso é algo que deve ser feito em segundos, e o resultado vir nos segundos seguintes. Você deve estar ligado no que acontece nas outras mesas, naquela mesa, se eles ainda estão tomando o aperitivo, se estão vendo o cardápio de comida. Cada pessoa que vai pedir o vinho, é uma ocasião diferente, portanto, é preciso ser muito observador para saber qual é o momento certo.

Fale sobre o outro lado da profssão de sommelier.
Esse é o lado chato (risos), nós precisamos viajar, visitar regiões vinícolas, degustar vinhos, fazer contatos, é uma vida muito movimentada antes e depois do horário do restaurante. Nessa busca, tento preencher as lacunas da carta de vinhos levando em consideração preço, origem e estilo, e também preciso identifcar vinhos que não estão saindo muito ou que estão com poucas garrafas no estoque. Fazemos também muito treinamento através de degustação às cegas, sem ver o rótulo.

Como você iniciou no vinho?
Comecei a estudar hospitality no final dos anos 1990, no Chile, fiz alguns trabalhos casuais, até que fui para uma loja especializada e me apaixonei. Mais tarde, fiz o curso de sommelier e fui trabalhar na Concha y Toro. Comecei como guia e depois de três meses fui convidado para cuidar de todas as degustações vips, lidando com jornalistas e grandes compradores. Também virei uma espécie de mão direita dos enólgos, pois degustava tudo e fui ganhando a confiança deles. Foram cinco anos na companhia.

Como você vê a indústria de vinho no Chile?
Um dos projetos de maior sucesso dos últimos anos iniciou quando a Concha y Toro comprou uma vinícola no norte, no Valle del Limarí. Não somente ela, mas outras companhias chilenas foram pra lá e começaram a experimentar essa região de clima frio produzindo Chardonnay e Syrah. Os tintos já receberam alguns prêmios importantes e são grandes promessas.

Fale um pouco sobre a uva Carmenère, a grande estrela do Chile.
Pra mim, a Carmenère é uma espécie de bênção para o Chile. Ela estava há cerca de 150 anos no Chile, mas plantada e produzida como Metlot. Até que em 1994, um francês notou diferenças entre o tamanho das folhas, as cores e, após exames de DNA, constatou que nas vinhas de Merlot também estavam plantadas Carmenère. A partir daí, o trabalho foi intenso para descobrir como funcionava.

Como foi esse processo?
A partir de 1996, foram lançados os primeiros Carmenères, sendo que o primeiríssimo foi o Carmen Grand Vidure. Levou-se um bom tempo para aprender, não só por ser uma nova variedade, como também por ser uma uva difícil, de lento amadurecimento. As primeiras safras foram um pouco criticadas, mas no começo de 2000 começamos a ver complexos e maduros exemplares passados por carvalho com bom potencial de envelhecimento. Temos um dito no Chile sobre a Carmenère que diz “Francesa de origem e chilena de coração”. Assim como a Austrália tem a Shiraz e a Argentina a Malbec, o Chile finalmente tem a sua varietal.

Além dela, quais são as melhores uvas do Chile?
A Sauvignon Blanc está a caminho, a Cabernet Sauvignon é algo que certamente só ficará melhor e, como eu disse, há um grande potencial nessa nova região ao norte, especialmente com a Chardonnay, que pelo o que ouvi se aproxima do estilo do Chablis.

E o que mais você destaca na América do Sul?
Certamente, a Malbec da região de Mendonza, na Argentina, e a Torrontés de Salta, também na Argentina. Não tenho muito contato com a Tannat do Uruguai, mas quero conhecer mais. Quanto ao Brasil, tenho boas lembranças de bons espumantes.

E os vinhos australianos, como você os vê?
Tenho me divertido muito desde que voltei e descoberto algumas regiões muito bacanas, como Mornington Peninsula, em Victoria, e um pouco mais pro interior, a Grampians. Também gosto do Cabernet Sauvignon e do Chardonnay de Margaret River, e de alguns Shiraz de clima frio que trazem uma característica de especiarias, diferente das regiões mais quentes.

Qual vinho você escolheu para harmonizar? Por que?
Escolhi um Carmenère chileno produzido pela William Cole, que representa bem esta variedade. Tive uma rápida conversa com o chef Tercio sobre a harmonização e entendemos que esse vinho merece textura e um certo nível de riqueza de proteína. Por ter um toque de chocolate, ameixas maduras e frutas negras, e um caráter distinto de vegetais doces, optamos pelo lombo de porco com nuances de doces e vegetais.

Harmonização
Vinho
William Cole Carmenere 2007
Colchagua Valley - Chile
Preço $ 34.90 no The Bottle Shop – ivy

Lombo de porco recheado com frutas secas, nozes e sálvia



Ingredientes
1.5kg de lombo de porco com pele
Sal e pimenta do reino branca a gosto
50ml de azeite de oliva
2 dentes de alho fatiados
1 maço de sálvia
50g de figos secos picados bem pequenos
50g de damascos secos picados bem pequenos
50g de ameixas pretas secas picadas brunoise
50g de nozes
Barbante de cozinha

Preparo
Faça cortes no lombo de aproximadamente um centimetro de espessura na parte da pele, sentido vertical e horizontal. Nos cortes verticais, faça-os da espessura que você fatiará o lombo. Isso ajudará a pele a ficar crocante e servirá de parâmetro na hora de fatiar. Vire-o. Faça um corte longitudinal no centro do lombo, sem separar as partes, deixando a pele para baixo. Vai ficar parecido com um livro aberto. Tempere o interior do lombo com sal, pimenta e azeite a gosto. Espalhe o alho, a sálvia, as frutas secas e as nozes nesta sequência. Feche o lombo juntando suas partes. Com o barbante de cozinha, amarre o lombo três vezes, começando pelas pontas e terminando no meio. Esfregue na parte de fora um pouco mais de sal, de pimenta e azeite de oliva. Salgue a pele (ajuda a desidratar e a ficar crocante). Leve ao forno pré-aquecido por 1h15 a 200ºC. Retire do forno e deixe descansar por 20 minutos. Volte ao forno por mais uns 5 minutos para reaquecer e sirva fatiado.

Para servir
Servimos o lombo com 3 texturas de mini-vegetais (purê de mini-beterraba; mini-cenouras amarelas e roxas cozidas caramelizadas na frigideira; e beterraba ouro torneada e cozida).

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Aproveitando o final de semana, aperte o botão de emergência abaixo e veja o Guia de Vinho 2011 do blog.



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sábado, 16 de julho de 2011

The Footbolt - Shiraz

Lendo a boa e velha Gula, edição 220, "Especial - 100 Rótulos que valem a pena beber", dei uma olhada nas botejas disponíveis no mercado brasileiro que estão em alta (pelo menos para os degustadores da revista), com foco, é claro, nos australianos, para saber o que chega aqui e por quanto.

Dos cem, encontrei seis aussies, o que para um país distante como a Austrália (leia-se alto custo com transporte e impostos), está bom.


Dos seis, dois produtores entraram no Guia 2011 deste blog, entre eles o d'Arenberg, ícone do McLaren Vale, região no estado de South Australia.

Eles têm uma linha chamada The Musketeers Red, referência aos três mosqueteiros, cujo rótulo, praticamente uma eno-leitura do uniforme do River Plate, é extremamente popular na Austrália.

Originalmente, os três mosqueteiros respondiam pelo d'Arry's Original, corte de Shiraz com Grenache, The High Trellis, Cabernet Sauvignon, e The Footbolt, Shiraz (hoje, a linha ganhou mais dois rótulos).

E foi justamente o The Footbolt 2007 que entrou no ranking da Gula (leiam descrição abaixo).


No Brasil, ele custa R$80, enquanto que na Austrália não passa de AU$20. Numa rápida conversão com o câmbio de hoje, seria R$33.74. Mas, claro, é preciso calcular taxas, transporte, luz, água, cafezinho, staff, impostos, lucro... o que eleva o preço duas vezes e meia.

Independentemente, recomendo que experimentem por aqui, pois é um vinho absolutamente fiel à sua região, e na Austrália idem, pois a AU$20 é fantástico.

Principalmente o mosqueteiro Cabernet The High Trellis, que indiquei no Guia para ser combinado com canguru. Aliás, aproveitando este final de semana gelado aí na Austrália, é uma excelente pedida, já que combina com várias outras carnes.

No Brasil, à venda na Zahil.
Na Austrália, em quase todo bottle shop.


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