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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Double Decker Days - A cara da Austrália

Hoje faz quatro anos que deixei o Brasil para viver na Austrália. Por conta disso, vale uma reflexão.

Talvez o que mais me atrai no país, principalmente em Sydney, seja o estilo de vida. Esta combinação entre a ordem anglo-saxã com a despretensão dos trópicos e a ligação intrínseca com o mar e a natureza fazem daqui um lugar único.


Na Austrália, tem-se a liberdade de ser o que quer, e não o que os outros esperam. O encanador, por exemplo, tem o mesmo valor da primeira-ministra, com a diferença de que ele é muito mais feliz do que ela. Aliás, tenho dois bons amigos encanadores, um deles grande comprador de vinhos.

Aqui, nunca é tarde para começar, recomeçar ou mudar de vida, pois experiência é algo valorizado e não sinônimo de idade. É fácil? Claro que não, mas extremamente viável. Depende de cada um.

Dito isso, quero apresentar aos leitores do blog a australiana Crystal Thomas, uma mulher excentricamente apaixonada por interiores, que cresceu em Bacchus Marsh, Victoria, e recentemente comprou um Layland Double Decker, ônibus de dois andares da década de 1970.


O objetivo? Dar um tapa e transformá-lo no meio de transporte/casa para os finais de semana. Nada mais australiano! A missão já está no dia 47 e, com a ajuda dos filhos, do namorado, demais familiares e amigos, segue de vento e popa.


E aproveitado as facilidades da era digital, podemos acompanhar o dia-a-dia da empreitada através do Double Decker Days, site que ela mantém atualizado com um diário de bordo e ótimas fotos.


Quando terminar, Thomas pode voltar a trabalhar em uma empresa de design de interiores, passar um ano viajando no ônibus com o namorado, vendê-lo e abrir um café, não importa. O fato de ter parado para se dedicar a algo tão peculiar é maravilhoso, e como todas as coisas boas da Austrália, já virou fanfarra.






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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O ladrão mais estúpido de Melbourne

Ned Kelly (1855 - 1880), o maior fora-da-lei daquelas bandas, deve estar se remexendo no túmulo.

Nas primeiras horas de 27 de dezembro do ano passado, um aprendiz de ladrão que já está sendo chamado de o criminoso mais estúpido de Melbourne, resolveu assaltar uma bakery.



O cara entrou pelo teto e caiu dentro da dispensa, que para o seu azar, estava trancada. Ned Kelly, com seu capacete de ferro, teria arrombado a porta na cabeçada e fugido por ali, ou então, daria um jeito de sair por onde entrou, pêgo um cavalo e zarpado para a floresta.



Já o ladrão de galinhas do dia 27, tentou de todas as maneiras empilhar cadeiras, baldes, lixos e o que mais havia pela frente para escalar até o teto. Mas o máximo que conseguiu, além de obstruir a porta - a opção número um de Ned - foi sofrer pelo menos cinco quedas e machucado a cabeça, enquanto era filmado pela câmera da bakery, que registrou meia-hora de lambanças.

O princeso do dia 27 conseguiu escapar, mas com essas fotos, vídeos e o tal do Youtube, não vai durar muito nas ruas. Vejam abaixo!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Queensland e Rio de Janeiro - Lições para o Brasil

Se tem algo que muitas vezes atrapalha na vida é a expectativa. Quem nunca foi assistir a um filme com uma expectativa tão alta que, mesmo tendo sido bom, saiu decepcionado, já que esperava mais? O mesmo acontece em um show, uma partida de futebol, uma festa, um encontro, enfim, quanto maior a expectativa, maior a chance de frustração. Mas ela também pode ser uma boa aliada.

Há dois verões, quando o estado de Victoria, sul da Austrália, se tornou um verdadeiro inferno com incêndios se espalhando por várias cidades e deixando 173 mortos e 414 feridos, os maiores índices já registrados nos chamados bushfires por aqui, o país aprendeu algumas importantes lições, entre elas que a natureza é imensuravelmente maior e mais poderosa do que os seres humanos. Portanto, é preciso:

1. Respeitá-la.
2. Na medida do possível, tentar entendê-la.
3. Estar sempre preparado para o pior.

No verão passado, o estado esteve em alerta máximo durante toda a temporada, a população recebeu cartilha sobre tudo o que precisava saber sobre os incêndios, como proceder etc e, felizmente, a natureza não foi tão cruel.

No final de novembro de 2010, em algumas regiões do estado de Queensland, norte da Austrália, a população recebeu via SMS alerta dizendo que o verão poderia ser um dos mais chuvosos dos últimos anos.

Conforme dezembro avançou, a certeza de que a estação traria muitos problemas crescia na mesma medida em que o governo, especialmente o estadual, começava a se mobilizar. Na noite de Natal, quando choveu torrencialmente e a água subiu em algumas áreas, medidas já haviam sido tomadas e, mais importante, o alerta da natureza foi rapidamente compreendido. Queensland se preparou para o pior.

Não preciso dizer como foram os dias seguintes, pois o mundo inteiro viu, mas o simples fato de ter uma área maior do que a França e a Alemanha juntas debaixo d'água e somente 20 pessoas mortas, é fruto de um esforço político astronomicamente grande. Sempre aguardando pelo pior, todas as esferas do governo trabalharam juntas com o mais calamitoso dos cenários, e como resultado pouparam dezenas ou centenas de vidas através das evacuações, orientando, auxiliando no preparo para enfrentar as enxurradas, na mobilização para doação, na liberação emergencial de verbas e no próprio salvamento. Agora, 12 mil voluntários estão em Queensland ajudando na limpeza por livre e espontânea vontade, enquanto o governo se prepara para reconstruir as cidades afetadas.

O espírito de solidariedade demonstrado pelo povo australiano tem sido fantástico e certamente o brasileiro possui o mesmo. Sei também que são duas tragédias diferentes, ocorridas em espaços geográficos totalmente diferentes e em períodos de tempo diferentes. E é por isso que a tristeza e a revolta com o ocorrido no Brasil é enorme, pois se na Austrália o governo cumpriu seu papel salvando muitas vidas, no Brasil já se foram mais de 644 pessoas e a grande maioria vítima do descaso e da imcompetência de gerações de políticos que deixaram o país crescer de forma tão desordenada e precária, além do total despreparo para antever e lidar com esse tipo de situação.

Em Areal, no Rio de Janeiro, apesar de quase 1/10 dos 10 mil habitantes estar desabrigado, ninguém morreu. Motivo? Dias antes da tragédia, o prefeito Laerte Calil saiu pelas ruas no carro de uma rádio comunitária alertando os moradores das áreas próximas a rios que evacuassem a cidade. Talvez, se mandasse mensagem de SMS como fez o governo de Queensland, muita gente não receberia ou não entenderia, mas ele deu um jeito de avisá-los e salvou muitas vidas, cumprindo seu papel de homem público. Já os Alckmins e Kassabs da vida, que não estão em seus primeiros mandatos, nada fizeram e no dia seguinte dos alagamentos de São Paulo ainda culparam a chuva. Os dois e toda a classe política do Brasil têm muitas lições para aprender com os episódios do Rio e de Queensland. Mas será que querem?

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Cerveja espacial - A cara da Austrália!

Essa é, seguramente, a melhor e mais espacial notícia de todos os tempos da última semana. E é a cara da Austrália!

Poucas coisas representam tanto o país quanto o canguru, a Opera House, o Crocodilo Dundee, o cabelo vermelho da nossa primeira-ministra e o Surf Life Saving Australia, o popular SLSA.



Pausa para serviço de utilidade pública com apoio do SLSA:
a Austrália ama tanto praia e sol que, além de ser o país mais afetado pelo buraco na camada de ozônio, provavelmente é o único em que o horário de verão dura 6 meses.

Isso mesmo, 6 fanfarrões meses que começam na madrugada deste sábado para domingo, às duas horas, e vai até o primeiro domingo de abril de 2011. Portanto, se você mora em NSW, VIC, SA, TAS e ACT, adiante o ponteiro uma hora e vá torrar no sol.

Despausa!

A Austrália também é conhecida por ser uma terra de grandes bebedores de cerveja. A explicação, pra mim, é simples: o que esperar de uma imensa e desértica ilha colonizada por britânicos? Respondo: VB!

Sendo assim, não foi nenhuma surpresa ao saber que uma cervejaria de Manly, a 4 Pines, em parceria com a Saber Astronautics Australia, criou uma nova companhia, a Vostok.

O objetivo? Produzir cerveja para ser consumida no espaço, sem gravidade nenhuma. Detalhe: o governo australiano ainda nem tem programa espacial.


Happy hour da Vostok.

De olho no mercado de turismo espacial que vem com tudo nos próximos anos - um oferecimento Richard Branson -, Jaron Mitchell, dono da 4 Pines, desenvolveu uma cerveja para se bebida lá em cima.

Como sabem, as dificuldades e problemas para ingerirmos álcool em ambientes sem gravidade são grandes. Não me perguntem quais são, pois:

1. Não sou cientista
2. Só terminei a escola sem repetir em física e química porque fiz o colegial no Objetivo
3. Sou beberrão

Mas se já sentimos alterações quando tomamos alguns drinks em avião, imaginem num boteco em Marte?

Sendo assim, a Vostok contratou os serviços da empresa de pesquisas espaciais Astronauts4Hire, que em novembro embarca para testar a cerveja produzida pelo nosso amigo de Manly.

Eu, que já estive na infância da humanidade quando convivi com os índios xavantes, e agora estava preocupado com a possibilidade de embarcar para o futuro e não poder tomar umas geladas lá em cima, só tenho a agradecer a iniciativa do grande Jaron Mitchell (se der certo merece ser canonizado) e desejar toda a sorte do mundo, na verdade, do universo para os astronautas da Astronauts4Hire. Se precisarem de cobaia, estou à disposição! Que a força estejam com vocês, senhores.



Cheers!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ned Kelly - Meu novo ídolo local

O brasileiro que vive na Austrália pode ser dividido em 3 grupos:

- O que sabe quem foi Ned Kelly (1.4%)
- O que já ouviu falar em Ned Kelly mas não sabe quem foi (7.1%)
- O que jamais ouviu falar em Ned Kelly (90.4%)

Como estamos em época de eleições, brancos e nulos ficam em 1.1%.



Até terça à noite, às 21h, Ned Kelly, pra mim, era o bandido mais famoso da Austrália, que atuava nos arredores de Melbourne por volta de 1870 e tinha algo relacionado com uma máscara.

A partir das 22h50 da mesma terça, Ned Kelly, pra mim, passou a ser o mais famoso fora-da-lei da Austrália, além do mais novo ídolo do terceiro continente à sua escolha (ao lado de Ricky "The Skipper" Ponting e Todd Farrawell).

O que aconteceu entre às 21h e às 22h50?



Sim, é ele mesmo, o ator australiano Heath Ledger, morto em 2008, em excelente filme de 2003 que tem no elenco Orlando Bloom, Geoffrey Rush, Naomi Watts e Rachel Griffiths, entre outros.

Achando que Ned Kelly não passava de um bandido, no início me irritei com o DVD que o pintava como uma espécie de Robin Hood down under de origem irish. Conforme a história se desenrolou e conhecendo um pouco do contexto da época (interior de Victoria, em plena corrida do ouro, ingleses e irlandeses não se davam por aqui - especialmente os ingleses da lei contra os irlandeses pobres e beberrões), o lado Robin Hood passou a não me irritar mais.

A relação de Ned, sua família e amigos com as "otoridades" chega a ponto em que não há mais volta, a partir dali tudo vira uma bola de neve e Ned Kelly, até fisicamente, ganha ares de Che Guevara, porém não tão político. Respirei fundo, já que achei um pouco demais, e fui até o fim.



Em todo filme, a pergunta que deve ser feita é quem o produziu. É preciso saber quem estava por trás para descobrir qual era a verdadeira intenção. Principalmente em biografias e histórias reais, já que cada um retrata o que quiser como bem entender. Por isso, é importante que a audiência tenha o mínimo de dicernimento para acreditar e aceitar, ou não.

Assim que terminou o filme, conversei com duas amigas australianas (sendo uma nascida em Melbourne), corri para a nave-mãe (Google) e parece que o retrato que fizeram de Ned Kelly foi bem fiel à realidade.

Eu, agora, tenho 3 missões: pegar alguns livros na biblioteca, visitar o Old Melbourne Gaol quando for à Melbourne, onde ele foi enforcado em 1880 aos 25 anos (sim, ele foi enforcado), além de alugar mais filmes sobre. Parece que existem pelo menos 11, sendo um de 1970 com niguém menos do que Mick Jagger no papel principal.



I know it's only rock n' roll (but I like it)!


RECOMENDO!!!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Surfari na costa leste – Seguindo a trilha dos pioneiros

Texto publicado na edição 2010/11 da Student Planet Magazine, revista da Ozzy Study Brazil.

O surfe na Austrália tem data e local de nascimento: 5 de janeiro de 1915, praia de Freshwater. O pai? Duke Kahanamoku, nadador campeão olímpico que veio a Sydney fazer uma exibição. Aproveitando a oportunidade, Duke trouxe algumas pranchas e caiu na água. A partir daquele dia, a cultura de praia na Austrália nunca mais foi a mesma.



Freshwater faz parte das Northern Beaches, sequência de 15 praias que se estendem ao norte de Sydney, entre Manly e Palm Beach. De lá sairam lendas como Midget Farrelly, Nat Young e Tom Carroll. Bicampeão mundial em 1983/84, Carroll é natural de Newport, praia com boa variação de ondas, em especial em The Peak, ao norte. Um pouco acima, Avalon funciona bem com swells de norte e sul. Dee Why e Curl Curl, passando Manly, são bem conhecidas dos estudantes brasileiros, enquanto Narrabeen, sede do famoso World Junior Championships, chega a produzir ondas perfeitas.

Foto de Guilherme Jorge - Bondi Beach


O surfe foi rapidamente absorvido nos Eastern Suburbs de Sydney, tornando-se popular entre os jovens. Bondi, Bronte e Maroubra têm as melhores formações, em especial no inverno. MacKenzies e Tamarama não são tão costantes mas vale ficar de olho. Ainda na região metropolitana, ao sul de Botany Bay está Cronulla Beach, a única da cidade com acesso de trem.



A partir dos anos 1950, os surfistas de Sydney passaram a desbravar a costa leste atrás de novas praias, fazendo os chamados “surfaris”. Os destinos preferidos eram o norte, subindo para Byron Bay e indo até Noosa, em Queensland; e o litoral sul de New South Wales, seguindo até Victoria.

Para o sul, a 15 km de Cronulla, está Garie Beach, ideal para quem deseja fugir da cidade sem rodar muito. Descendo a costa tem Sandon Point, um dos melhores breaks do estado com ondas que podem chegar a mais de 4 metros, e Woonoona, já em Wollongong, com boas paredes de esquerda. Dali em diante a brincadeira fica séria. Windang Island possui grandes esquerdas e, um pouco ao sul de Jervis Bay, Aussie Pipe tem ondas que podem alcançar 3,5 metros.



Em dezembro de 1956, Torquay (foto acima), em Victoria, entrou no mapa do surfe mundial quando surfistas australianos receberam a visita de norte-americanos para o International Surf Carnival. A apenas duas horas de Melbourne, é lá que está Bells Beach, um dos templos sagrados do esporte, local do Rip Curl Pro, a etapa mais antiga do circuito mundial profissional. Ao lado, Winki Pop impressiona com algumas das paredes mais longas de Victoria.

Rumo à Queensland
Pela proximidade com Sydney, as regiões de Central Coast e Newcastle, ao norte, já eram bem familiares para os surfistas nos anos 1950. Forresters, com algumas das maiores ondas da costa leste, e Terrigal Haven, com sólidas direitas, estão entre as preferidas. Continuando ao norte, eles elegeram Crescent Head, praia com paredes de 300 a 400 metros de puro deleite, como parada oficial. Para quem é muito experiente, Angourie tem uma direita violenta. E a mítica Byron Bay, escolhida por muitos desses surfistas para viver, se tornou ponto da contra-cultura dos anos 1960/70, sendo influenciada até hoje pelo movimento.



Tweed Heads divide o surfe de New South Wales com o de Queensland. E a primeira sequência de praias é a Gold Coast, que abriga alguns dos melhores point breaks do planeta em apenas 40 km de costa, além da outra etapa australiana do circuito mundial profissional. Na sequência tem praias como Snapper Rocks, famosa por sua bancada, Rainbow Bay, ideal para quem está aprendendo, Kirra, simplesmente fantástica, Burleihgh Heads, com ondas que chegam a 3 metros, e Spit, em Southport, a alternativa para fugir do crowd sem perder a qualidade. Pouco acima, já na Sunshine Coast, Nossa Heads, com seu fenomenal point break de direita, sempre foi uma espécie de premiação que fecha qualquer “surfari” com chave de ouro.



Este e muitos outros textos estão na revista, que é grátis e está disponível em todas as agências da Ozzy na Austrália e no Brasil. É só passa e pegar!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Nas águas da Austrália fechando a circunavegação

Enquanto o navio chinês Shen Neng 1 continua seu rastro de destruição na Grande Barreira de Corais, iniciado em 3 de abril; e a Austrália suspende por tempo determinado os pedidos de asilo do Afeganistão e Sri Lanka, após a marinha ter interceptado mais um barco tentando entrar ilegalmente por essas bandas; Jessica Watson, a versão adolescente e de saia do Amyr Klink, já navega em águas australianas. É verdade!


Canal de óleo de 3 km. Well done Shen Neng 1!

Ela, que está prestes a se tornar a pessoa mais jovem do mundo a circunavegar o planeta sozinha e sem assistência, na segunda-feira completou 20 mil milhas náuticas, o dobro que havia navegado em toda vida.

Jessica, 16 anos, partiu da Sydney Harbour em 18 de outubro de 2009 a bordo do Ella's Pink Lady, em 13 de janeiro deixou para traz o Cabo Horn, na América do Sul, em 24 de fevereiro foi a vez do Cabo da Boa Esperança, na África, e na última segunda o Cabo Leewuin, no extremo oeste da Austrália (clique aqui para ver onde ela está).


Em meio a tanto enlatado, uma lulinha fresca que pulou no deck.

Agora, conforme informou em seu blog, em vez de seguir pela Great Australian Bight, entre os estados de Western Australia e South Australia, e depois atravessar o Bass Strait entre Victoria e Tasmania, Jessica deverá se afastar da costa e passar ao sul da Tasmania para evitar o Bass Strait, que é cheio de barcos e ilhas (o que significa poucas horas de sono) e também porque a previsão de vento não é das melhores.

Restam aproximadamente 2500 milhas náuticas e pelo que tudo indica o desembarque histórico em Sydney deverá acontecer nos primeiros dias de maio. Como já disse anteriormente, sou um entusiasta dela e se puder, irei.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Miss Cougar Australia



Eu, ex-frequentador assíduo de clássicos balzaquianos de São Paulo como Charles Edward, Miller & Goddard e o imbatível Metrópoles, o popular "Necrópoles", saúdo as coroas locais, por aqui chamadas de cougars, que esta semana realizaram a I Convenção das Cougars da Austrália.

O evento, que aconteceu no RSL de Burwood, em Sydney, reuniu cerca de 200 jovens madames. Julie d'Aiglemont estaria orgulhosa das companheiras australianas, principalmente ao saber que amanhã, 20 de fevereiro, haverá convenção também em Melbourne e, em 5 de junho, na Sunshine Coast, será coroada (sem trocadilhos) a primeira Miss Cougar Australia.



Essa da foto, uma espécie de Cicciolina aussie, é Helen Razer, escritora e habitué da mídia local que irá à convenção em Melbourne, à paisana, cobrir para a revista Rolling Stones.

Falando em Melbourne, má notícia para os garotões, os chamados cubs, que frequentam os pubs e baladas atrás das cougars.

Foi aprovada uma lei no estado de Victoria que obriga os pubs, nightclubs e afins a fornecerem água grátis para os clientes. Não estou falando de copo com água da torneira, como já acontece em New South Wales (importante: aqui a água da torneira é potável).

E sim uma garrafinha de plástico, dessas que pagamos $1.30, $1.80, $2.40, $3.20, $4, dependendo do lugar. O estabelecimento que não cumprir será multado em mais de $6 mil.



Ou seja, se sair acompanhado de uma cougar da idade da própria mãe - ou um pouco mais velha -, o excesso de álcool não poderá mais ser usado como desculpa (em tom de mea culpa).

Freud explica!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Horário de verão (daylight saving), de primavera, de outono...



Às duas horas da madrugada do próximo sábado pra domingo, 4 de outubro, começa o horário de verão na Austrália. Bem, em quase toda a Austrália...

Se você mora em Canberra (ACT), New South Wales, South Australia, Victoria ou Tasmania, adiante o seu relógio uma hora e aproveite os próximos 6 meses, pois o daylight saving vai até 4 de abril de 2010.

Isso mesmo! Nesses estados e no Distrito Federal (ops, no Australian Capital Territory), o horário começa na primavera, atravessa o verão e termina no outuno. Parece coisa do Brasil!




Caso você viva em Western Australia, o horário de verão começa somente em 25 de outubro (não me pergunte porquê), também às duas da manhã, e termina em 28 de março de 2010.

Se você vive em Queensland, não se preocupe, pois aí não tem horário de verão.

E se você vive em Northern Territory, onde também não há daylight saving, pergunto: o que você está fazendo aí, no meio de tanto crocodilo gigante de água salgada?


Crocodilo de 5.5 m capturado em 18/set, em Darwin

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Veredito: Ms Naggs é inocente (bem, não tão inocente assim)!

Um dia depois da polícia ter prendido 5 suspeitos que estariam preparando o maior ataque terrorista da história da Austrália, os principais jornais deram destaque para o seguinte assunto.



No início da tarde de hoje, Linda Maree Naggs, esta loira de 40 anos, foi inocentada em uma corte de Melbourne. A acusação?

Violação acidental do ânus de um padrinho de casamento. Parece brincadeira, mas não é.

Em 24 de setembro de 2007, alguns amigos realizaram uma despedida de solteiro em uma casa na cidade de Mornington (VIC). Os caras ligaram para uma agência e contrataram duas strippers, uma delas a Sra. Naggs, mãe, dançarina profissional e stripper nas horas vagas que atende pelo nome de Tiffany.

A festa estava rolando solta, até que chegou a hora do noivo "dançar" com a profissional. Acontece que ele não quis, e mandou o padrinho no lugar, o popular best man. Sabem como é, o princesão sentou na cadeira e ela dançou no colo dele, passou os seios na cara, fez aquela graça toda e depois interagiu com o vibrador. Mas nela mesma (até aí, tudo dentro do script).

O problema é que a moça se empolgou, fez o cara ir para o chão e ficar de quatro com as calças arriadas. Ele pediu pra ela nem chegar perto do ânus com o maldito vibrador, e a Tiffany, na base da brincadeira, falou pra ele relaxar, que não faria nada. Mas de repente...

...deu-lhe uma tremenda “esxxpetada” (com sotaque carioca).



O cara não só a xingou de tudo quanto é nome, como expulsou a Sra. Nádegas (ops, Sra. Naggs) da casa, foi à polícia no dia seguinte, prestou queixa e, pra fechar o pesadelo, acabou brigando com o noivo, já que no dia do casamento ele fez comentários sobre o ocorrido durante o tradicional discurso. A vergonha do cara é tanta que ele nem compareceu à corte hoje, e o nome também não foi divulgado.

A alegação do advogado de defesa que convenceu o júri foi que se houve penetração, foi acidental. “Este é um caso, se vocês preferem, de violação acidental”, disse ele.

Violação acidental no dos outros é refresco, caríssimos membros do júri. E caso encerrado!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Comprando vinho (australiano) na Austrália

Matéria minha publicada na edição 4 da Radar Magazine, disponível aqui em Sydney, na Gold Coast e em Brisbane.



Se você, toda vez que vai comprar um vinho, fica horas olhando para aquela infinidade de garrafas e acaba levando o mesmo de sempre por receio de escolher um desconhecido que não agrade, aqui vai um mini-roteiro para facilitar a sua próxima ida a um bottleshop ou loja especializada.

A Austrália conquistou o seu espaço no cenário mundial produzindo vinhos de qualidade com preços acessíveis. Claro, tem os “canhões” que custam $100, $200, $1000, e são espetaculares, assim como as “bombas”, que são baratíssimas e proporcionam grandes dores de cabeça. Mas a partir de $8, $10, é possível achar vinhos honestos, que são bons e fáceis de serem bebidos; desembolsando $15, $19, há vinhos muito bons; entre $20 e $25, há ótimos vinhos; e, acima disso, você corre o risco de encontrar a felicidade engarrafada.



Branco ou tinto?
Se entrar na loja sem a menor idéia do que quer, o primeiro passo é definir entre branco e tinto. Existem outros tipos como rosé, espumante, fortificado e de sobremesa, mas não vamos complicar. O branco é ideal para dias quentes, enquanto o tinto é perfeito para épocas mais amenas ou frias (tintos leves na primavera e outono, e tintos mais encorpados no inverno). Uma vez difinido o tipo, é hora de escolher a uva. Entre as que se deram melhor nos solos australianos, destaquemos 3 brancas e 3 tintas.

UVAS BRANCAS

Chardonnay

Branca mais popular do mundo, ela varia bastante de acordo com o clima. Nas regiões mais frias da Austrália produz vinhos leves e frescos, nas quentes vinhos complexos e untosos. Os aromas e sabores variam de frutas cítricas e tropicais como pêssego, melão, pêra e abacaxi, a toques amadeiradas e amanteigadas. Melhores regiões: Adelaide Hills, Yarra Valley e Mornington Peninsula (frias), Hunter Valley e Margaret River (quentes). Experimente: Brookland Verse 1 Margareth River 2006.



Semillon

Semillon na Austrália é sinônimo de Hunter Valley. Ou seria o contrário? Quando jovem, ele é um vinho fresco e vibrante, com sabores e aromas herbáceos e de frutas como lima, manga e pêssego. Com o tempo, envelhece muito bem e adquire características mais complexas de tostado e mel. Tem Semillon que só chega ao seu auge após 10 anos na garrafa, o que não é comum entre os brancos do dia-a-dia. As regiões de Margareth River e Barossa também produzem ótimos exemplares. Experimente: Brokenwood Hunter Valley 2007.



Riesling
Uva que encontrou o seu lar perfeito nas regiões frias da Alemanha e no norte da França (Alsácia), por aqui a Riesling se deu bem em South Australia, nas regiões do Eden Valley e, principalmente, Clare Valley. Vinho para ser tomado jovem, quando é bastante fresco, cítrico e elegante, trazendo lima, maracujá e maça-verde na cara do gol, além de aromas florais. Ele não envelhece tão bem e por tanto tempo quanto a Semillon, mas segura alguns anos na garrafa ganhando complexidade e evocando notas de tostado e mineral. Experimente: Leo Buring Eden Valley 2007.



Outras brancas de destaque: Sauvignon Blanc e Viognier.

UVAS TINTAS

Shyraz
Em poucos lugares do mundo a Shiraz encontrou um lar tão perfeito quanto na Austrália. Conhecida como Syrah no resto do planeta, ela é a tinta mais plantada e facilmente encontrada no país. Penfolds Grange e Henschke Hill of Grace são os dois melhores vinhos já produzidos em terras australianas. Ambos são feitos com a Shiraz e em Barossa (SA), onde os vinhos são ricos e encorpados, com textura aveludada e forte presença de frutas vermelhas maduras e frutas negras. Também apresentam toques herbáceos, de chocolate e menta. Outra espetacular região é o McLaren Valley. Experimente: Grant Burge Miamba 2006.



Cabernet Sauvignon
Se a Chardonnay é a branca mais popular do mundo, a Cabernet Sauvignon é a tinta. Uva que se adapta fácil a diferentes lugares, ela proporciona vinhos encorpados e elegantes que trazem frutas maduras, toques de chocolate, tabaco e madeira, algo herbáceo e uma pimentinha característica ou hortelã. As duas melhores regiões são Coonawara (SA) e Margareth River. Os Cabernets são vinhos que podem ser bebidos jovens, mas tem estrutura de sobra para envelhecer por muitos anos, tornando-se mais macios e complexos. Experimente: Flint’s of Coonawara Gammon’s Crossing 2005.





Pinot Noir
Uva clássica da região da Borgonha (França), é responsável por alguns dos melhores e mais caros vinhos do planeta como o mítico Romanée-Conti. A Pinot Noir é uma uva difícil, não se adapta a qualquer solo ou clima, mas quando isso acontece, faz vinhos delicados, elegantes, ricos, com forte presença de frutas vermelhas, muitas vezes negras, notas florais (violeta) e amadeiradas, algo de baunilha, caramelo, eucalipto e até uma pimentinha. Tão difícil quanto plantá-la, é comprar um Pinot com bom preço e pronto para ser tomado. Isso porque ele precisa envelhecer alguns anos para que seus aromas e sabores se revelem. Tente um do Yarra Valley ou de Mornington Peninsula da ótima safra 2004, ou da Tasmania 2005, as melhores regiões. Experimente: De Bortoli Gulf Station Yarra Valley 2007.




Outras tintas de destaque: Grenache e Merlot.

domingo, 15 de março de 2009

Eles voltaram (mas só por algumas horas e uma boa causa)!



Perter Garret, nosso ministro do meio ambiente que lembra muito um boneco de Olinda versão Outback, reuniu o Midnight Oil para se apresentar no Sound Relief, festival que rolou simultaneamente em Melbourne e Sydney, no último sábado, em prol das vítimas dos incêndios de Victoria.

O Midnight Oil, grande banda australiana dos anos 80 e 90, terminou oficialmente em 2002, e o último show havia sido em 2005, quando voltaram a tocar ao vivo por outra boa causa: ajudar as vítimas do Tsunami de 2004.



Peter Garret nem precisou de autorização do nosso primeiro-minstro para tocar. Apenas consultou alguns colegas de governo, ligou para os outros ex-integrantes da banda, deixou a fantasia de ministro no armário e agitou um público recorde de 80 mil pessoas, que contribuiu para arrecadar AU$ 5 milhões.

Antes da apresentação em Melbourne, o Midnight Oil havia feito dois shows no Canberra's Royal Theatre para desenferrujar. Os fãs gostaram!



Eu não fui ao Sound Relief, mas em breve farei a minha parte. E da melhor maneira possível: bebendo vinho.

Sim! Dia 8 de abril vai rolar uma degustação de Pinot Noir com arrecadação revertida para os vinicultores de Victoria atingidos pelos incêndios. Serão mais de 100 tipos diferentes pinots. Eu não perderei por nada (mas tudo por uma boa causa, claro!).