terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Queensland e Rio de Janeiro - Lições para o Brasil

Se tem algo que muitas vezes atrapalha na vida é a expectativa. Quem nunca foi assistir a um filme com uma expectativa tão alta que, mesmo tendo sido bom, saiu decepcionado, já que esperava mais? O mesmo acontece em um show, uma partida de futebol, uma festa, um encontro, enfim, quanto maior a expectativa, maior a chance de frustração. Mas ela também pode ser uma boa aliada.

Há dois verões, quando o estado de Victoria, sul da Austrália, se tornou um verdadeiro inferno com incêndios se espalhando por várias cidades e deixando 173 mortos e 414 feridos, os maiores índices já registrados nos chamados bushfires por aqui, o país aprendeu algumas importantes lições, entre elas que a natureza é imensuravelmente maior e mais poderosa do que os seres humanos. Portanto, é preciso:

1. Respeitá-la.
2. Na medida do possível, tentar entendê-la.
3. Estar sempre preparado para o pior.

No verão passado, o estado esteve em alerta máximo durante toda a temporada, a população recebeu cartilha sobre tudo o que precisava saber sobre os incêndios, como proceder etc e, felizmente, a natureza não foi tão cruel.

No final de novembro de 2010, em algumas regiões do estado de Queensland, norte da Austrália, a população recebeu via SMS alerta dizendo que o verão poderia ser um dos mais chuvosos dos últimos anos.

Conforme dezembro avançou, a certeza de que a estação traria muitos problemas crescia na mesma medida em que o governo, especialmente o estadual, começava a se mobilizar. Na noite de Natal, quando choveu torrencialmente e a água subiu em algumas áreas, medidas já haviam sido tomadas e, mais importante, o alerta da natureza foi rapidamente compreendido. Queensland se preparou para o pior.

Não preciso dizer como foram os dias seguintes, pois o mundo inteiro viu, mas o simples fato de ter uma área maior do que a França e a Alemanha juntas debaixo d'água e somente 20 pessoas mortas, é fruto de um esforço político astronomicamente grande. Sempre aguardando pelo pior, todas as esferas do governo trabalharam juntas com o mais calamitoso dos cenários, e como resultado pouparam dezenas ou centenas de vidas através das evacuações, orientando, auxiliando no preparo para enfrentar as enxurradas, na mobilização para doação, na liberação emergencial de verbas e no próprio salvamento. Agora, 12 mil voluntários estão em Queensland ajudando na limpeza por livre e espontânea vontade, enquanto o governo se prepara para reconstruir as cidades afetadas.

O espírito de solidariedade demonstrado pelo povo australiano tem sido fantástico e certamente o brasileiro possui o mesmo. Sei também que são duas tragédias diferentes, ocorridas em espaços geográficos totalmente diferentes e em períodos de tempo diferentes. E é por isso que a tristeza e a revolta com o ocorrido no Brasil é enorme, pois se na Austrália o governo cumpriu seu papel salvando muitas vidas, no Brasil já se foram mais de 644 pessoas e a grande maioria vítima do descaso e da imcompetência de gerações de políticos que deixaram o país crescer de forma tão desordenada e precária, além do total despreparo para antever e lidar com esse tipo de situação.

Em Areal, no Rio de Janeiro, apesar de quase 1/10 dos 10 mil habitantes estar desabrigado, ninguém morreu. Motivo? Dias antes da tragédia, o prefeito Laerte Calil saiu pelas ruas no carro de uma rádio comunitária alertando os moradores das áreas próximas a rios que evacuassem a cidade. Talvez, se mandasse mensagem de SMS como fez o governo de Queensland, muita gente não receberia ou não entenderia, mas ele deu um jeito de avisá-los e salvou muitas vidas, cumprindo seu papel de homem público. Já os Alckmins e Kassabs da vida, que não estão em seus primeiros mandatos, nada fizeram e no dia seguinte dos alagamentos de São Paulo ainda culparam a chuva. Os dois e toda a classe política do Brasil têm muitas lições para aprender com os episódios do Rio e de Queensland. Mas será que querem?

5 comentários:

Anônimo disse...

Kde as licoes p/ o brasil, senhor sabe tudo...Foi so um titulo sensacionalista? Tragedias como essas n existem culpados...o que vc diria sobre o Tsunami que fez varias vitimas ha alguns anos atras!Isso n eh hora de queirer se achar gringo num pais como Australia e sim ser solidario..pq ai, vc n eh menos que um brasileiro puxando saco de gringos, enquanto paga fortuna p viver ai com o visto de business! Seja solidario com quem sobre nesse momento!!!

Pablo Nacer disse...

Cara Anônima, entra verão, sai verão e nada acontece no Brasil. Todo ano é a mesma coisa desde que me lembro por gente e nada fazem. O que será feito para prevenir ou reduzir os números de mortos da próxima chuva?

E só para a sua informação, lançaremos ainda essa semana uma campanha para arrecadar alimentos e produtos de higiene para as vítimas no Brasil, através da Ozzy Study, e também estamos organizando evento de futebol com metade da verba destinada à Queensland e metade para o Rio. Portanto, antes de criticar, tenta entender o que o texto quer dizer, veja o que está sendo feito e, se for perder mais tempo atacando, ao menos se identifique.

Anônimo disse...

Cara anonima, no q se refere a causa da tragedia, somos todos culpados, principalmente no Brasil onde a populaçao nao da prioridade ao meio ambiente e essas tragedias vem como consequencia de aquecimento global, superpopulaçao, superproduçao de lixo. Acredito que o Pablo se referiu ao fato de que no Brasil o governo nao é tao proativo qto na Australia, no sentido de prever tais calamidades, e veja que nao precisa ser Sao Pedro pra saber que isso esta acontecendo todo ano, e aletar a populaçao. Pra aumentar os proprios salarios precisou um dia... Qto tempo vai demorar pra liberar verba pra ajudar as familias afetadas? Minha cara, antes de criticar meu amigo aqui, vc deveria usar toda sua energia pra ajudar a fazer algo pelas pessoas q perderam tudo e usar tua ira contra um governo que na maioria é inerte e age em interesse proprio. Suzane

Unknown disse...

Caro Anonimo!!
Li seu comentario varias vezes...um cursinho de gramatica nao cairia nada mal para voce..e ai quem sabe,em vez de fazer criticas completamente desnecessarias,voce consiga escrever algo com tanto nivel como esse jornalista do blog!Leia mais e lembre-se:
Toda vez que abrir a boca,tenha certeza de que o sair,sera melhor que o silencio!!
Abaixo um trecho de materia publicada no Estado:
Ex-ministra do Meio Ambiente, Marina disse que esses problemas não podem ser tratados ano após ano como se fossem fenômenos naturais. Segundo ela, as pessoas têm sido afetadas pela combinação de eventos extremos com a ausência de planejamento.

Raphael Brasil disse...

Pois é gente a briga continua, mas a comparação dos líderes destes dois países em discussão fica um tanto quanto restrita. Brasil e Austrália possuem contextos governamentais, sociais e econômicos completamente diferentes. A tragédia das enchentes em Brisbane por exemplo, apesar de sensacional mobilização governamental, não deveria estar acontecendo, pois em 1974 eles tiveram enchentes muito piores. A represa de brisbane foi construida depois destas enchentes de 1974 para supostamente ter um controle maior destes descontroles naturais que estamos passando. Isso é mais uma prova do que a mãe natureza nos elimina quando ela quiser. Já no caso do Brasil, todos nós sabemos que estas consequências trágicas como a do Rio, vão continuar acontecendo por causa de um descaso, que me desculpe, já tem mais de 500 anos. Então eu acredito que realmente este debate acaba sendo inútil, pois sempre vamos descordar em algo e o momento gora é de unir o que temos em comum que é a solidariedade (acredito eu),e ajudarmos da maneira que pudermos. Seja doando dinheiro, escrevendo num blog, sei lá. Mas acho que deveríamos parar de achar culpados, pois eles, os caras que nos governanm, só estão lá por causa de nós que votamos, que não votamos, o partidário e o não partidário... se tem algum culpado nesta história de tragédias naturais que vem se alastrando pelo mundo, OS CULPADOS SOMOS NÓS!