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domingo, 28 de agosto de 2011

Dogajolo Toscano Rosso - Dica de vinho italiano

O blog já está em reta final de transição e nos próximos dias volta com tudo. Por ora, mantemos a linha devagar e sempre dos posts, trazendo dica de um vinho fantástico que descobri ontem e, acreditem, em termos de relação preço/qualidade, é tão bom quanto o californiano da semana passada.

Estou falando do Dogajolo Toscano Rosso I.G.T., da Carpineto, um "jovem Supertoscano" que traz um bouquezão de flores no nariz, explosão de frutas vermelhas na boca, corpo médio, certa complexidade e uma textura aveludada que é e-p-e-t-a-c-u-l-a-r!


Sabendo que eu faria um nhoque para uns amigos, à tarde passei no meu local bottle shop atrás de um italiano ou um australiano com alguma uva da Itália, e fui atraído pelo rótulo.

Quando vi o preço, $15, desconfiei, pois italiano barato em geral é fria por aqui. Mas ao ler o verso e ver que tratava-se de um "jovem Supertoscano", categoria que não é qualquer vinho que pode se enquadrar, pus na sacola.


Supertoscano vem de Super-Tuscan, termo que um jornalista, beberrão ou jornalista beberrão anglo-saxão criou nos anos 1970 para designar vinhos fantásticos da região italiana da Toscana que são produzidos com algumas uvas que fogem das tradições/legislações locais. Não podendo ser enquadrados com as denominações que atestam suas origens e modo de praparo, criou-se este termo que logo virou referência.

E poder comprar um exemplar que faz jus à fama dos Supertoscanos por apenas $15 chega a ser piada. Sério! Me arrependi de não ter comprado mais.



Na próxima vez que você fizer uma massa na sua casa ou for a um restaurante italiano BYO, principalmente o Bar Reggio, em Darlinghurst, não deixe de levá-lo. Ele está à venda na rede BWS.

Para ler mais sobre vinho, clique na imagem abaixo e dê uma olhada no Guia do blog.


Quanto ao jantar, maravilhoso na casa da Lola, obviamente acabou com os mestres tocando MPB.



*************Patrocinadores do Guia***************

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O Último Jantar (for now)

Hoje, dia em que o Alex Atala apareceu na capa do Sydney Morning Herald, é o dia que eu havia programado para postar o texto de despedida do Tercio Raddatz, Chef que amanhã embarca para o Brasil após mais de 8 anos de Austrália.


A ida do Chef, conforme escrevi no post derradeiro do Mau, há uns meses, é daquelas irreparáveis. E ontem, na casa do Alê, a saideira foi da maneira como sempre fizemos por aqui: comendo e bebendo bem.

Quem já jantou na casa do Tercio, teve o privilégio de comer a barriga de porco que ele prepara no Natal ou simplesmente experimentou uma carne feita por ele em algum churrasco nos Eastern Suburbs, sabe que o cara é um craque.


Gaúcho de Ijuí que cresceu em fazenda, antes de se mudar para o litoral de Santa Catarina; apaixonado por gastronomia que estudou e aprendeu os fundamentos da cozinha; e tendo se adaptado como poucos ao estilo de vida de Bondi Beach, ele tem o dom de expressar seu background em cada prato que cria ou executa.

Nestes anos de Austrália, tive o privilégio de virar amigo do Chef, além de parceiro enogastronômico, o que resultou em inúmeras receitas para o blog e para a Radar Magazine, além de fanfarras em pubs, bares, cafés e restaurantes. Entre elas:

No cardápio de ontem, o Chef foi na simplicidade: vegetais e mais vegetais no forno, arroz branco e perna de lamb (carneiro), que marinou na véspera com pouquíssimos ingredientes e começou a ser assado às 4 da tarde, em baixa temperatura, para ser servido às 8 da noite.


O lamb na Austrália, ao contrário do Brasil, é uma carne do dia a dia encontrada facilmente em qualquer supermercado e presente em 9 entre 10 churrascos australianos, assim como em diversas cozinhas populares daqui, como as asiáticas e mediterrâneas. Ou seja, comemos muito.

E ontem, não sei se pela simplicidade do preparo, que não mascarou o sabor, pelos canhõezinhos Penfolds Bin 28 Kalimna Shiraz 2002 e Montes Toscanini Reserva Familiar 2009 (Uruguai), que realçaram o sabor, ou pelo emocional do contexto, aquele foi o lamb mais saboroso que comi na Austrália. Na verdade, que comemos, pois todos fomos unânimes.


Amanhã o Tercio embarca e na própria quarta, horário de Brasília, reencontrará a Jana e o Enzo. Desejo toda a sorte do mundo para a família com a certeza de que do mesmo modo que ele passou tranquilamente pelo teste para trabalhar no Tetsuaya's, à época o grande restaurante da Austrália, no Brasil não vai ser diferente.

Saúde, meu amigo!


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domingo, 21 de agosto de 2011

Comida mexicana com música cubana

Para quem gosta de comida mexicana de verdade e música cubana, hoje à noite tem especial no El Cuervo Cantina, em Enmore (ao lado de Newtown).



"De verdade" porque Julio Cienfuegos, o chef e proprietário, é um mexicano defensor da culinária de seu país que tenta, na medida em que os ingredientes permitem, fazer uma cozinha o mais fiel possível ao que se come no México.

O esquema vai ser paga-se $37.50 e come-se taco à vontade, imagino que também terá o a la carte, que é bem em conta, e para beber, clássicos como:


- Santiago de Cuba Rum Mojitos $7.50

- Cuervo Especial Margaritas $7.50

- El Jimador, 100% agave azul tequila $5.50

- Tecate, Mexican beer, La original de bote $5.50

- Sangria Jug $13.50

O som fica por conta de Armandito & Trovason Trio, cubanos que vivem por aqui, e a fanfarra acontece das 17h às 21h30.


200 Enmore Rd, Enmore
(02) 95 654 535

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Fotos de Guilherme Infante, la merricana!!!

sábado, 6 de agosto de 2011

Alex Atala em Sydney

Quando ele veio para o Melbourne International Food Festival, em março de 2010, seu restaurante figurava na posição 18 da lista dos 50 melhores do mundo da S.Pellegrino.


Daqui a dois meses, em outubro, o homem volta à Austrália para participar do Crave Sydney Food Festival, agora com o restaurante ranqueado na posição 7 da mesma lista.

Com isso, e a tal da progressão geométrica em mente (ou seria a aritmética?), pergunto: se vier em 2012, o homem estará no topo a lista? Tratando-se do talento e do comprometimento que tem com a gastronomia e a cozinha brasileira, não duvido!


Estou falando do chef Alex Atala, proprietário do D.O.M., o melhor restaurante do Hemisfério Sul, e do Dalva e Dito, ambos em São Paulo.

Atala é uma das atrações do Crave, que acontece nos dias 1 e 2 de outubro, no Hilton Hotel, e se apresenta na sessão matinal de sábado, ao lado de craques como Martin Benn, do Sepia (Sydney), Tony Bilson, do lendário Bilson's (Sydney), e Andrea Petrini, do Cook it Raw (França). Na boa, quem gosta de gastronomia e não for, não vai para o Céu. Sério!

Ano passado, entrevistei o chef antes dele vir para a Austrália, e o texto está aqui. Se quiser saber como foi o jantar que fez no festival de Melbourne, clique aqui.

Aproveitando que o assunto é gastronomia, que o final de semana está aí e estamos vivendo dias atípicos de primavera em pleno inverno, segue uma dica de vinho direto do Guia de Vinho do blog deste ano.


É o Mornington Estate Pinot Noir 2008 ($19), que reúne uma combinação rara de atributos para um Pinot como ser bom, ter preço razoável e estar pronto para beber. Isso mesmo! Redondo e delicado, o Mornington Estate traz as frutas e o caramelo de sempre e é perfeito para esses dias que não estão nem quentes, nem frios, nem invernais, nem primaverais, enfim... experimente!

Para ver mais vinhos do Guia 2011, clique aqui.

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sábado, 30 de julho de 2011

Paladar - Cozinha do Brasil

Paladar, para quem não sabe, é o caderno de gastronomia do jornal O Estado de São Paulo - disparado, o melhor suplemento do gênero no país, batendo inclusive o de terça do Sidney Morning Herald, da Austrália.


Em 2008, eles realizaram o Paladar - Cozinha do Brasil, evento que contou com os chefs Alex Atala, Mara Salles e Edinho Engel, e tinha como intuito começar a dar uma cara para a gastronomia brasileira. Foi praticamente um laboratório, que deu certo, cresceu e agora está na quarta edição, reunindo mais de 60 especialistas entre chefs, jornalistas, fotógrafos, escritores, sommeliers e entusiastas.


Hoje pela manhã, fui na aula inaugural do Edinho Engel, chef por quem tenho, além de uma profunda admiração profissional e pessoal, um carinho muito grande, pois foi numa tarde de junho de 2005, no restaurante dele do Litoral Norte de São Paulo, o Manacá, que após tomar um vinho do Porto com o próprio e o amigo e chef Paulinho Martins, decidi que precisava aprender sobre vinho e comecei a fazer cursos, participar de degustações e, obviamente, beber mais e mais botejas.

Coincidentemente, hoje também é o meu último dia no Brasil, já que amanhã volto para a Austrália. Mais do que isso, como a viagem teve um mesopotâmico foco gastronômico e etílico, foi um fechamento de ouro, uma vez que a aula do mestre foi sobre... feijão.


Sim, meus amigos, este grão tão comum por aqui e muitas vezes desprezado, como bem disse o chef, na Austrália é motivo de reverência, já que não faz parte da dieta local. Mais! Quando algum amigo faz um panelaço de feijão, sempre chama os outros para comer. Sonia, minha sogra, foi em março pra lá e até hoje comemos o feijão preto que ela deixou no freezer. Uma exxxplosão de sabores - como ela diria. Ou seja, feijão na Austrália é quase commodity.


Esta pesquisa do Edinho sobre feijões começou em 2007, na Bahia, com o Paulinho, e o resultado foi apresentado hoje. Edinho mostrou 11 tipos e criou um prato para cada.


Ele começou a aula falando de cada tipo, enquanto experimentávamos (o feijão mangalô que já vem com gosto de peixe foi a grande surpresa pra mim). Depois, serviu, um a um, as onze criações, transformando o nosso prato em um verdadeiro mapa do feijão no Brasil. Fantástico.



Para terem uma ideia, tivemos, entre outros, Bacalhau com feijão mangalô, Creme de feijão branco e frutos do mar, Moqueca de ovo e feijão mulatinho, Bolo e renda de feijão com calda de figo seco, Salada de feijão verde, polvo e maxixe e Cozido de feijão fradinho com paleta de queixada - queixada, por sinal, fornecida pelo amigo de aldeia xavante Gonzalo Barqueiro, que eu não via há 8 anos.

O evento está apenas começando e é um programaço para quem estiver em São Paulo neste final de semana. Comprando ingresso, é possível participar de aulas e palestras de nomes como Alex Atala, Eduardo Maya, Helena Rizzo, Maurizio Remmert, Paulinho Martins, Roberta Sudbrack, Salvatore Loi, Manoel Beato, Ignácio de Loyola Brandão, Pedro Martinelli e Luiz Fernando Veríssimo (que por sinal, estava na aula do Edinho).


Aproveitando, quero agradecer a todos os amigos e familiares pelas três semanas e-p-e-t-a-c-u-l-a-r-e-s que tive em São Paulo, e, como de praxe às sextas, disponibilizar o botão de emergência (abaixo), que leva direto ao pdf do Guia de Vinho do blog. Afinal, o final de semana está aí!


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terça-feira, 26 de julho de 2011

Xopotó - Cozinha Mineira

Xopotó é um rio em Minas Gerais que nasce na Serra da Mantiqueira e banha a Zona da Mata do estado.


Em São Paulo, é um restaurante mineiro localizado há doze anos na Vila Olímpia. E dos bons!


Hoje, saindo da terapeuta (sim, após três anos, nada como uma sessãozinha), passei lá. Era pra ser um almoço rápido de segunda-feira. Fiquei horas.


Não só pela ótima comida, bem caseira, muito saborosa e nada pesada, como também por um atrativo da casa apresentado pelo dono: a cachaça.


Com dez anos de São Paulo, o mineiro Ben-Hur, atual dono, simplesmente deu uma aula. Só de cachaças mineiras são 54. Fora as outras. Não dá vontade de ir embora.


O restaurante abre todos os dias, tem especiais de almoço de segunda a sexta, mas recomendo ir no final de semana ou dia de semana à noite, sem pressa para voltar à labuta. Principalmente se estiver um dia quente e a parte externa do restaurante aberta. Sério, é no coração da Vila Olímpia e nem parece São Paulo.


Entre os pratos, o carro-chefe é o Mexido Mineiro, tradicionalíssimo, que traz lombo, carne seca, ovo, arroz, tutu, queijo, couve e torresmo. Logo em seguida vem a feijoada, servida todos os dias. Entre as cachaças, Tabaroa é imbatível! E olha que lá tem a rainha, Havana Anísio Santiago.


Quanto aos causos contados pelo Ben-Hur, teve um sobre o autor do quadro acima, um excêntrico mineiro que só pintava à noite e levou 40 dias para fazê-lo. Ao término, havia num canto do restaurante, junto ao material de trabalho, 40 garrafas vazias de cachaça. O que dá uma média de...

Xopotó
Rua Dr Fadlo Haidar, 136 (próximo à Fiandeiras e Clodomiro Amazonas)
Vila Olímpia - São Paulo
11 3849 1267


sábado, 23 de julho de 2011

Profissão: sommelier Paixão: vinho

Matéria publicada na edição 16 da Radar Magazine, na Austrália. Fotos de Guilherme Infante.

Nascido e criado em Sydney, Dennys Roman mudou-se com a família para Santiago, quando ainda era criança, em 1992, retornando para a Austrália em 2007. No Chile, apaixonou-se por vinho, o que o levou a trabalhar na vinícola Concha y Toro. De volta a Sydney, vem trabalhando para o grupo Merivale, onde é head sommelier do restaurante Uccello. Pertencente a um seleto grupo de sommeliers certificados pela Court of Master Sommeliers, Dennys fala sobre a profissão, vinhos, mercado e, no final, indica um vinho que foi harmonizado com um prato de autoria do chef Tercio Raddatz, sous-chef do Mad Cow, restaurante do mesmo grupo.


O que faz o sommelier?
Basicamente, o sommelier é um administrador de vinhos, ele está totalmente ligado ao serviço do vinho.

Como é o trabalho do sommelier no restaurante?
O trabalho consiste em conhecer a carta de vinhos, preferencialmente ter degustado todos eles, ou pelo menos ter uma retaguarda teórica. Uma vez que você controla isso, você deve olhar o restaurante como um todo para ter certeza de que tudo está sendo feito dentro dos padrões. E sei que não soa bem, mas tem também um papel de vendas. Se você vê que o cliente passa rapidamente pela carta de vinhos, ou se ainda nem abriu e a conversa está se estendendo demais, é sua hora de agir, pois às vezes a conversa vai longe, ele esquece de pedir o vinho e quando vai ver, a comida já está na mesa.

Como funciona essa abordagem?
Uma vez que você faz o primeiro contato com o cliente, descobre quem é o anfitrião da mesa, quem escolherá o vinho, você cria a ocasião. Isso é algo que deve ser feito em segundos, e o resultado vir nos segundos seguintes. Você deve estar ligado no que acontece nas outras mesas, naquela mesa, se eles ainda estão tomando o aperitivo, se estão vendo o cardápio de comida. Cada pessoa que vai pedir o vinho, é uma ocasião diferente, portanto, é preciso ser muito observador para saber qual é o momento certo.

Fale sobre o outro lado da profssão de sommelier.
Esse é o lado chato (risos), nós precisamos viajar, visitar regiões vinícolas, degustar vinhos, fazer contatos, é uma vida muito movimentada antes e depois do horário do restaurante. Nessa busca, tento preencher as lacunas da carta de vinhos levando em consideração preço, origem e estilo, e também preciso identifcar vinhos que não estão saindo muito ou que estão com poucas garrafas no estoque. Fazemos também muito treinamento através de degustação às cegas, sem ver o rótulo.

Como você iniciou no vinho?
Comecei a estudar hospitality no final dos anos 1990, no Chile, fiz alguns trabalhos casuais, até que fui para uma loja especializada e me apaixonei. Mais tarde, fiz o curso de sommelier e fui trabalhar na Concha y Toro. Comecei como guia e depois de três meses fui convidado para cuidar de todas as degustações vips, lidando com jornalistas e grandes compradores. Também virei uma espécie de mão direita dos enólgos, pois degustava tudo e fui ganhando a confiança deles. Foram cinco anos na companhia.

Como você vê a indústria de vinho no Chile?
Um dos projetos de maior sucesso dos últimos anos iniciou quando a Concha y Toro comprou uma vinícola no norte, no Valle del Limarí. Não somente ela, mas outras companhias chilenas foram pra lá e começaram a experimentar essa região de clima frio produzindo Chardonnay e Syrah. Os tintos já receberam alguns prêmios importantes e são grandes promessas.

Fale um pouco sobre a uva Carmenère, a grande estrela do Chile.
Pra mim, a Carmenère é uma espécie de bênção para o Chile. Ela estava há cerca de 150 anos no Chile, mas plantada e produzida como Metlot. Até que em 1994, um francês notou diferenças entre o tamanho das folhas, as cores e, após exames de DNA, constatou que nas vinhas de Merlot também estavam plantadas Carmenère. A partir daí, o trabalho foi intenso para descobrir como funcionava.

Como foi esse processo?
A partir de 1996, foram lançados os primeiros Carmenères, sendo que o primeiríssimo foi o Carmen Grand Vidure. Levou-se um bom tempo para aprender, não só por ser uma nova variedade, como também por ser uma uva difícil, de lento amadurecimento. As primeiras safras foram um pouco criticadas, mas no começo de 2000 começamos a ver complexos e maduros exemplares passados por carvalho com bom potencial de envelhecimento. Temos um dito no Chile sobre a Carmenère que diz “Francesa de origem e chilena de coração”. Assim como a Austrália tem a Shiraz e a Argentina a Malbec, o Chile finalmente tem a sua varietal.

Além dela, quais são as melhores uvas do Chile?
A Sauvignon Blanc está a caminho, a Cabernet Sauvignon é algo que certamente só ficará melhor e, como eu disse, há um grande potencial nessa nova região ao norte, especialmente com a Chardonnay, que pelo o que ouvi se aproxima do estilo do Chablis.

E o que mais você destaca na América do Sul?
Certamente, a Malbec da região de Mendonza, na Argentina, e a Torrontés de Salta, também na Argentina. Não tenho muito contato com a Tannat do Uruguai, mas quero conhecer mais. Quanto ao Brasil, tenho boas lembranças de bons espumantes.

E os vinhos australianos, como você os vê?
Tenho me divertido muito desde que voltei e descoberto algumas regiões muito bacanas, como Mornington Peninsula, em Victoria, e um pouco mais pro interior, a Grampians. Também gosto do Cabernet Sauvignon e do Chardonnay de Margaret River, e de alguns Shiraz de clima frio que trazem uma característica de especiarias, diferente das regiões mais quentes.

Qual vinho você escolheu para harmonizar? Por que?
Escolhi um Carmenère chileno produzido pela William Cole, que representa bem esta variedade. Tive uma rápida conversa com o chef Tercio sobre a harmonização e entendemos que esse vinho merece textura e um certo nível de riqueza de proteína. Por ter um toque de chocolate, ameixas maduras e frutas negras, e um caráter distinto de vegetais doces, optamos pelo lombo de porco com nuances de doces e vegetais.

Harmonização
Vinho
William Cole Carmenere 2007
Colchagua Valley - Chile
Preço $ 34.90 no The Bottle Shop – ivy

Lombo de porco recheado com frutas secas, nozes e sálvia



Ingredientes
1.5kg de lombo de porco com pele
Sal e pimenta do reino branca a gosto
50ml de azeite de oliva
2 dentes de alho fatiados
1 maço de sálvia
50g de figos secos picados bem pequenos
50g de damascos secos picados bem pequenos
50g de ameixas pretas secas picadas brunoise
50g de nozes
Barbante de cozinha

Preparo
Faça cortes no lombo de aproximadamente um centimetro de espessura na parte da pele, sentido vertical e horizontal. Nos cortes verticais, faça-os da espessura que você fatiará o lombo. Isso ajudará a pele a ficar crocante e servirá de parâmetro na hora de fatiar. Vire-o. Faça um corte longitudinal no centro do lombo, sem separar as partes, deixando a pele para baixo. Vai ficar parecido com um livro aberto. Tempere o interior do lombo com sal, pimenta e azeite a gosto. Espalhe o alho, a sálvia, as frutas secas e as nozes nesta sequência. Feche o lombo juntando suas partes. Com o barbante de cozinha, amarre o lombo três vezes, começando pelas pontas e terminando no meio. Esfregue na parte de fora um pouco mais de sal, de pimenta e azeite de oliva. Salgue a pele (ajuda a desidratar e a ficar crocante). Leve ao forno pré-aquecido por 1h15 a 200ºC. Retire do forno e deixe descansar por 20 minutos. Volte ao forno por mais uns 5 minutos para reaquecer e sirva fatiado.

Para servir
Servimos o lombo com 3 texturas de mini-vegetais (purê de mini-beterraba; mini-cenouras amarelas e roxas cozidas caramelizadas na frigideira; e beterraba ouro torneada e cozida).

***

Aproveitando o final de semana, aperte o botão de emergência abaixo e veja o Guia de Vinho 2011 do blog.



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domingo, 10 de julho de 2011

Vatapá com Shiraz - Fondue

Vatapá com Shiraz, para quem não conhece, é a coluna que escrevo junto com o amigo Paulinho Martins, chef paulistano radicado na Bahia (aquela mesma, de todos os santos).

Paulinho,

Querendo ou não, inverno é época de fondue. Principalmente em países quentes como o Brasil e a Austrália que, quando dá qualquer esfriada, as pessoas já tiram correndo do armário o cachecol, as luvas e se fantasiam de boneco de neve para comer foundue.

Sexta passada fizemos uma sessão na casa do Tercio Raddatz, chef gaúcho que mora na Austrália há uns 8 anos e volta para o Brasil em definitivo em agosto. Vou colocá-los em contato pois o homem é craque, perceiraço por estas bandas e vai para SP.

De queijo, fomos nos tradicionais gruyere, emmental e blue cheese, o nosso gorgonzola. Perfeitos! O que talvez faça a diferença por aqui sejam os pães, pois as bakeries são simplesmente fantásticas. Se por um lado não temos as maravilhosas padarias dos portugueses que temos no Brasil, por outro somos felizes com as bakeries.

O pão que o Tercio usou é de uma famosa loja chamada Sonoma, que produz um sourdough e-t-u-p-e-n-d-o, como diria aquele nosso amigo uruguayo. Crocante e caramelizado por fora, macio por dentro, pelo formato até parece uma nave espacial. Ele praticamente abduziu os queijos, fazendo toda a diferença. E para quebrar absolutamente tudo, o chef ainda serviu com lascas de trufas de South Australia, que podem não ser como as piemontesas, mas deram um sabor especial.



Acompanhando, começamos com um Chardonnazaço da Penfolds, o Bin 311, time grande que tinha estrutura de sobra para segurar os queijos. Na sequência passamos para o Merlotzão que sugeri no Guia de Vinho do blog, o Grant Burge Hillcot 2009, redondíssimo que não passa de $20 por aqui. Casamento perfeito!

E na Bahia, que não tem inverno, vocês comem fondue? Algum baiano já comeu fondue na Bahia? Com algumas adaptações, é possível fazer um fondue baiano? Tem clima e demanda pra isso? O que você recomenda de vinho?

Acabo de chegar no Brasil, nos vemos em poucas semanas!

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Nacer,

O inverno aqui está frio e doloroso. Ontem estava 31 graus, mas já teve dias de fazer 16. Clima polar para nós.

Frio aqui é impossível, e na verdade, esse é um dos motivos de eu estar aqui. Mas em dia de chuva, nos meses de junho e dentro do ar-condicionado, conseguimos fazer uma simulação de inverno.

Mas a verdade é que: terra que não faz frio, quando dá uma esfriadinha, todos já usam os velhos clichês de inverno. E o Fondue é o mais emblemático (e saboroso) deles. O que beber com eles, é um dilema complexo e tema para debate, ao menos na Bahia. Não que tenha algum segredo, mas na minha opinião o fondue combina mais com vinho branco do que com tinto. A sensação do salgado do queijo e sua acidez casam muito bem com os brancos cheios e mais potentes.



Me lembrei de uma vez que fizemos fondue com um vinho chamado Show Reserve Chardonnay. Um australiano que vendíamos no Manacá há uns anos. Brancão! A madeira e a maloláctica estava na cara do gol. Casou muito bem com o clichê-mor. Alias, esse Bin 311 que você citou é demais. Já provei e é a minha cara! Realmente deve ter ficado interessante.

O problema é que aqui na Bahia o povo não toma vinho branco nem no verão. Todo mundo é tinto. Na minha opinião, o importante é ser pouco tânico e, de preferência, que os taninos sejam macios. Merlot e Pinot Noir acho que vão bem.



Casa Lapostolle Merlot é uma boa. Para que quiser ousar tente o Gammay da Miolo. Excelente para beber na praia, um pouco mais fresco. Ele tem uma acidez bem legal, talvez case bem com o queijo.

O fondue original (que vem de fundido, ou derretido) é de queijo. Tradicionalmente com gruyere e emmental ralado. Esfrega-se um dente de alho no fundo da panela e derrete-se o queijo no vinho branco. Depois, um pouco de nós-moscada e um pouco de kirch.

As variações já são antigas. De carne é a mais pedida. A de chocolate (que para mim não faz muito sentido) já é consagrada como o fondue doce. Mas é claro que nessa vida você vê de tudo. Camarão, frango, carne seca.... Tem uma hora que é igual pizzaria. Eu sou mais tradicional. Gosto de queijo.

O diferencial da sua noite foram as lasquinhas de trufas. Excelente ideia. Vou usar por aqui.

Nos encontramos em Sampa. Chego dia 20. Minha aula no Paladar é dia 31. Tomaremos uns copos juntos.

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sábado, 4 de junho de 2011

Garage Sale e Manly Food and Wine Festival

Hoje, depois de passar no garage sale em prol da Dione Schaaf, que acontece até às 16h, em Bondi (50, Glasgow Ave), a dica é atravessar a Sydney Harbour e, a exemplo do Captain John Hunter, em 1788, aportar em Manly.


Garage sale, agora a pouco.

Motivo? Neste sábado e domingo, das 11h30 às 17h, rola o Manly Food and Wine Festival, evento que reúne dezenas de vinícolas de New South Wales, dezenas de barracas de comidas de tudo quanto é país e é simplesmente e-p-e-t-a-c-u-l-a-r.



A entrada é grátis, paga-se somente o que consumir.