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terça-feira, 23 de agosto de 2011

O Último Jantar (for now)

Hoje, dia em que o Alex Atala apareceu na capa do Sydney Morning Herald, é o dia que eu havia programado para postar o texto de despedida do Tercio Raddatz, Chef que amanhã embarca para o Brasil após mais de 8 anos de Austrália.


A ida do Chef, conforme escrevi no post derradeiro do Mau, há uns meses, é daquelas irreparáveis. E ontem, na casa do Alê, a saideira foi da maneira como sempre fizemos por aqui: comendo e bebendo bem.

Quem já jantou na casa do Tercio, teve o privilégio de comer a barriga de porco que ele prepara no Natal ou simplesmente experimentou uma carne feita por ele em algum churrasco nos Eastern Suburbs, sabe que o cara é um craque.


Gaúcho de Ijuí que cresceu em fazenda, antes de se mudar para o litoral de Santa Catarina; apaixonado por gastronomia que estudou e aprendeu os fundamentos da cozinha; e tendo se adaptado como poucos ao estilo de vida de Bondi Beach, ele tem o dom de expressar seu background em cada prato que cria ou executa.

Nestes anos de Austrália, tive o privilégio de virar amigo do Chef, além de parceiro enogastronômico, o que resultou em inúmeras receitas para o blog e para a Radar Magazine, além de fanfarras em pubs, bares, cafés e restaurantes. Entre elas:

No cardápio de ontem, o Chef foi na simplicidade: vegetais e mais vegetais no forno, arroz branco e perna de lamb (carneiro), que marinou na véspera com pouquíssimos ingredientes e começou a ser assado às 4 da tarde, em baixa temperatura, para ser servido às 8 da noite.


O lamb na Austrália, ao contrário do Brasil, é uma carne do dia a dia encontrada facilmente em qualquer supermercado e presente em 9 entre 10 churrascos australianos, assim como em diversas cozinhas populares daqui, como as asiáticas e mediterrâneas. Ou seja, comemos muito.

E ontem, não sei se pela simplicidade do preparo, que não mascarou o sabor, pelos canhõezinhos Penfolds Bin 28 Kalimna Shiraz 2002 e Montes Toscanini Reserva Familiar 2009 (Uruguai), que realçaram o sabor, ou pelo emocional do contexto, aquele foi o lamb mais saboroso que comi na Austrália. Na verdade, que comemos, pois todos fomos unânimes.


Amanhã o Tercio embarca e na própria quarta, horário de Brasília, reencontrará a Jana e o Enzo. Desejo toda a sorte do mundo para a família com a certeza de que do mesmo modo que ele passou tranquilamente pelo teste para trabalhar no Tetsuaya's, à época o grande restaurante da Austrália, no Brasil não vai ser diferente.

Saúde, meu amigo!


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sábado, 6 de agosto de 2011

Alex Atala em Sydney

Quando ele veio para o Melbourne International Food Festival, em março de 2010, seu restaurante figurava na posição 18 da lista dos 50 melhores do mundo da S.Pellegrino.


Daqui a dois meses, em outubro, o homem volta à Austrália para participar do Crave Sydney Food Festival, agora com o restaurante ranqueado na posição 7 da mesma lista.

Com isso, e a tal da progressão geométrica em mente (ou seria a aritmética?), pergunto: se vier em 2012, o homem estará no topo a lista? Tratando-se do talento e do comprometimento que tem com a gastronomia e a cozinha brasileira, não duvido!


Estou falando do chef Alex Atala, proprietário do D.O.M., o melhor restaurante do Hemisfério Sul, e do Dalva e Dito, ambos em São Paulo.

Atala é uma das atrações do Crave, que acontece nos dias 1 e 2 de outubro, no Hilton Hotel, e se apresenta na sessão matinal de sábado, ao lado de craques como Martin Benn, do Sepia (Sydney), Tony Bilson, do lendário Bilson's (Sydney), e Andrea Petrini, do Cook it Raw (França). Na boa, quem gosta de gastronomia e não for, não vai para o Céu. Sério!

Ano passado, entrevistei o chef antes dele vir para a Austrália, e o texto está aqui. Se quiser saber como foi o jantar que fez no festival de Melbourne, clique aqui.

Aproveitando que o assunto é gastronomia, que o final de semana está aí e estamos vivendo dias atípicos de primavera em pleno inverno, segue uma dica de vinho direto do Guia de Vinho do blog deste ano.


É o Mornington Estate Pinot Noir 2008 ($19), que reúne uma combinação rara de atributos para um Pinot como ser bom, ter preço razoável e estar pronto para beber. Isso mesmo! Redondo e delicado, o Mornington Estate traz as frutas e o caramelo de sempre e é perfeito para esses dias que não estão nem quentes, nem frios, nem invernais, nem primaverais, enfim... experimente!

Para ver mais vinhos do Guia 2011, clique aqui.

.................Patrocinadores do Guia........................

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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Top five 2010

Aproveitando que ninguém quer trabalhar e todo mundo só faz retrospectiva, também fiz a minha. O critério foi simples: os 5 grandes momentos do blog em 2010, seja em termos de audiência, de satisfação pelo trabalho, ou ambos. Para ser justo, separei cronologicamente.

No iníico de 2010, fui pela primeira vez à Melbourne. E amei aquela cidade. Fui com três amigos e quebramos absolutamente tudo. O ponto alto, claro, foi o jantar que o Alex Atala fez no restaurante do Jacques Raymon, durante o Melbourne Food and Wine Festival. Além disso, meses antes tive a oportunidade de entrevistá-lo para a Radar Magazine. A conclusão foi uma só: Alex Atala é o cara! Leiam aqui a entrevista e sobre o jantar.

Em maio, fui convidado pela Beatriz Wagner, produtora executiva da Rádio SBS em português, para ser comentarista dos jogos do Brasil durante a Copa da África do Sul. Esse foi o meu primeiro Mundial e simplesmente amei. Não só trabalhar na transmissão da Copa, mas fazer rádio. Bia, Raphas, Miltão, Lloyd e toda equipe, muito obrigado! Leiam aqui entrevista que fiz com um produtor de vinho português na véspera de Brasil x Portugal. Eno-vuvuzela em estado bruto!

Falando em vinho, em junho, eu e a minha eno-parceira Izabella Rodrigues lançamos o I Guia de Vinho para o brasileiro tomar no inverno australiano. A ideia era simples: vinhos de até $25 encontrados facilmente na Austrália. O Guia foi sucesso total e ano que vem tem mais!

Em julho, realizamos uma exposição de fotos no blog com o tema Inverno em Sydney que foi muito bacana. Convidei 4 fotógrafos e publicamos 25 chapas, 5 cada (eu também particpei), e o resultado pode ser visto aqui. Desta exposição surgiu a Primavera na Austrália, ideia mais abrangente que resultou em cerca de 60 trabalhos entre fotos, vídeos, quadros, música, escultura etc etc etc. A coisa ficou tão grande que adiamos para o final do ano, depois para janeiro e agora mais uma vez para abril ou maio. Difícil, mas sairá. E o evento já tomou forma e agora atende pelo nome de Octopus Garden (saiba mais aqui). A todos vocês que enviaram trabalho, muito obrigado. Em 2011 trago mais informações.

Agora em novembro, recebi a grande notícia de que Os Mutantes, a maior banda de rock da história do Brasil, vem para a Austrália. E com isso terei a oportunidade de rever o amigo Dinho Leme, baterista da formação clássica que vem com Sergio Dias e companhia. Obviamente irei não apenas em Sydney, como também em Melbourne, a minha Melba, onde eles também tocarão. Para saber tudo sobre a vinda dos Mutantes e a minha passagem com eles, clique aqui.

Não posso deixar de fazer uma menção honrosa ao nosso saudoso Geleia e ao fotógrafo Guilherme Infante. Fizemos um trabalho que gerou certa polêmica por aqui, mas no meu ponto de vista - sem falsa modéstia - ficou sensacional. Segue aqui a entrevista com o Geleia e o ensaio fotográfico.

A todos você que acompanharam o blog, apareceram no blog, divulgaram o blog, comentaram no blog, seguem o blog, se informaram no blog, riram no blog e choraram no blog (esse é pra minha mãe), muito obrigado. Ano que vem tem muito mais!

Tenham uma excelente noite hoje e que em 2011 vocês realizem tudo o que desejam.

Feliz 2011!!!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Abrasileirando o canguru

Receita de Estrogonofe de canguru com mandioca palha e purê de batata com fundo de palmito publicada na edição 12 da Radar Magazine.

A ideia inicial era simples. Escolher algum ícone da Austrália e abrasileirá-lo. Tratando-se de comida, não foi difícil, já que poucos animais no planeta representam tanto um país como o simpático canguru. Quando se pensa em abrasileirar um prato, as possibilidades são muitas, uma vez que a nossa terra produz uma gama incontável de frutos, raízes, sementes e demais alimentos. Mas como partimos do princípio que a receita deve ser executada na Austrália e na casa do leitor, sempre buscamos ingredientes fáceis de serem encontrados e feitos através de métodos simples.

Mais uma vez, a receita foi concebida e realizada em parceria com o amigo chef Tercio Alexandro. Após escolhermos o canguru, precisávamos definir a maneira como faríamos. E por sugestão de outra amiga, veio a ideia do estrogonofe, que originalmente é russo, mas ganhou variações em diversos países, incluindo o Brasil, onde faz parte do nosso cardápio diário.


Chef Tercio Alexandro, do Mad Cow.

Em geral, o estrogonofe é servido com arroz e batata palha, sendo mais comum o de carne, mas também podendo ser de frango e até camarão. Na nossa receita, o arroz entra somente como opção de acompanhamento, já que fizemos alguns remanejamentos e ficaria muito carboidrato. Para trazer um sabor bem brasileiro, substituímos a batata palha pela mandioca palha, raíz há séculos cultivada pelos índios no Brasil, e também para homenagear o chef Alex Atala, que tivemos a honra de conhecê-lo no início do ano em uma viagem gastronômica à Melbourne e, entre outros pratos, apresentou uma costela de porco com mandioca palha cortada bem fininha e crocante que estava sensacional. Para não ficarmos sem a batata, fizemos um purê, totalmente familiar a brasileiros e australianos, mas acrescido de palmito, alimento produzido em larga escala no Brasil que, devido ao risco de extinção, nas últimas décadas foi sendo substituído pela pupunha, que tem formato e sabor semelhantes.

A mandioca é encontrada em embalagem congelada no bairro de Petersham, em Sydney, sob o nome de cassava, mas também é possível encontrá-la fresca. Você acha tanto nos açougues e lojas portuguesas como nas brasileiras. O canguru está à venda nas grandes redes de hipermercado. Para o estrogonofe, o corte de canguru mais indicado é o fillet. Já o palmito pode ser encontrado em lojas de bairro e também nos grandes mercados. Em geral são importados de Portugal, não do Brasil. E, uma vez em Petersham, vale uma passada no bottle shop para comprar algum vinho português. Para o nosso estrogonofe, fomos de Vinho da Defesa Tinto 2007, produzido pela Herdade do Esporão na região do Alentejo, que traz corte de Touriga Nacioal com Syrah e Aragonês.



Receita
Para 4 a 5 pessoas

Estrogonofe
2 cebolas médias
3 dentes de alho
1kg de filé de canguru cortado em tiras
1 colher (sopa) de extrato de tomate
1 colher (sopa) rasa de mostarda Dijon
100ml de catchup
1 colher (sopa) de molho inglês
1 lata de cogumelos
2 latas de reduced cream (o mais próximo do creme de leite)
Sal e pimenta a gosto

Purê
4 batatas rosa médias cortadas em 4
5 bastões de palmito cortados em rodela e sem a fibra interna
150ml de thickened cream
100g de manteiga
100ml de leite
Sal e pimenta a gosto

Mandioca palha
200g de mandioca cortada em bastões bem fininhos
Óleo para fritar

Preparo

Estrogonofe
Em uma panela, refogue a cebola e o alho em fogo baixo por alguns minutos ou até a cebola começar a ficar transparente. Já em fogo alto, acrescente a carne e refogue por mais 5 minutos mexendo a cada minuto. Adicione o extrato de tomate à mistura da carne e cozinhe até alcançar consistência cremosa. Acrescente então a mostarda, o catchup, o molho inglês, os cogumelos e, em fogo baixo, cozinhe com a panela tampada por 5 minutos. Por fim, incorpore delicadamente o reduced cream, acerte o sal, a pimenta e reserve.

Purê
Depois que as batatas estiverem cozidas, acrescente os palmitos na mesma água. Deixe ferver por um minuto e escorra. Reserve. Em outra panela, ferva o thickened cream com a manteiga e o leite. Desligue. Amasse bem a batata e o palmito e volte essa mistura para a mesma panela. Acrescente, aos poucos, o creme fervido. Cozinhe em fogo baixo até alcançar a consistência cremosa de purê. Acerte o sal e a pimenta.

Mandioca palha
Por ser mais comum encontrar mandioca congelada na Austrália, deixe-a em papel absorvente após cortá-la em bastões bem fininhos. Cozinhe em água fervente com sal por 30 segundos, não mais do que isso, e escorra. Na sequência, frite em óleo quente (180º C) durante máximo de 2 minutos ou até ficar crocante com coloração amarela-ouro.


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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Good Food Guide (um chapéu e uma degola)

Segunda-feira à noite, o Sydney Morning Herald realizou a festa do Good Food Guide Awards 2011, que nada mais é do que uma grande function para apresentar o guia gastronômico mais influente de Sydney e New South Wales através da distribuição de chapéus e da degola de cabeças (o que resulta em perda de chapéus). O ranking do jornal vai de um a três hats.



Vendo a lista completa, fiquei muito feliz com um chapéu recém-adquirido e intrigado com a queda de outro.

Um dos meus melhores amigos desde que cheguei na Austrália atende pelo nome de Tercio Alexandro. Colorado de Ijuí, ele tem a qualidade mais indispensável para qualquer pessoa que trabalha numa cozinha: a paixão para cozinhar.

Tercio é um apaixonado por comida e gastronomia, adora aprender, sabe ensinar e, sobretudo, é craque pra fazer. Resumindo: é o profissional que todo head chef quer ter por perto.

Seja para a Radar Magazine, para este blog ou por pura diversão etílica, temos desenvolvido algumas coisas bem bacanas. Claro, ele com a mão na massa e eu cornetando com a mão na taça. O último prato publicado foi o Estrogonofe de canguru com mandioca palha e purê de batata com fundo de palmito, que saiu na edição 12 da Radar; um inesquecível foi o Nhoque de batata doce roxa com ervilhas frescas e presunto (tudo orgânico), da edição 6; para o blog arrebentamos com a inédita Feijoada online e, a mais recente, foi um prato com flores comestíveis que sairá no especial da primavera. Sem contar nos homéricos e suculentos churrascos, famosos em North Bondi e Eastern Suburbs.



Pois bem, Tercio trabalha há 3 anos no Mad Cow, restaurante de alta gastronomia especializado em carnes que acaba de faturar seu primeiro chapéu, entrando numa seleta lista de aproximadamente 30 estabelecimentos. Tenho certeza de que o Chef tem muito mérito nessa conquista, assim como o Dennis, sommelier chileno que dá um coro na maioria dos sommeliers australianos que atuam no mercado.

Parabéns, Tercio e Denis!

Já a citada degola fica por conta da perda de um chapéu do Tetsuya's, que passou de três para dois.

Ainda no Brasil, quando decidi vir para a Austrália, em maio de 2007, e comecei a pesquisar, o único restaurante que eu sabia que existia no terceiro continente à sua escolha era o Tetsuya's.



Depois que cheguei, então, pelo que li e, principalmente, ouvi, a reputação só aumentou. E não estou falando apenas das pessoas que foram jantar, mas também de amigos e conhecidos que passaram por lá - mesmo que para um dia de treinamento - e não pouparam elogios à organização e limpeza da cozinha, à qualidade dos alimentos e, acima de tudo, ao chef-proprietário Tetsuya Wakuda, uma das figuras mais admiradas de Sydney. Para terem uma ideia, quando entrevistei o chef Alex Atala no começo do ano, um dos programas obrigatórios que ele falou que faria quando estivesse em Sydney seria visitar o Tetsuya's.

Eu ainda não fui ao restaurante, portanto não posso falar. Porém, mais do que nunca, vou fazer a minha reserva, esperar alguns dias ou poucas semanas (há dois anos eram seis meses de espera) e tirar a minha própria conclusão. Falo isso porque fui ao est., um dos três restaurantes que possuem três chapéus (ao lado do Marque e do Quay), e acho pouco provável que esteja acima do Tetsuya's.

Uma coisa é verdade. Na Pellegrino World's 50 Best Restaurants List, que hoje é a mais influente do mundo da gastronomia, o Tetsuya's vem caindo. Ele chegou a ser o 4 do mundo e melhor da Australásia, em 2005. Em 2007, estava ranqueado como 5 do mundo e melhor da Australásia. Em 2008, caiu para 9. No ano seguinte, para 17 mas recuperando o posto de melhor da Australásia. E, em 2010, encontra-se em 38. O Quay, 3 chapéus no Good Food Guide deste ano, aparece em 27 no Pellegrino's e como o melhor da Australásia. Ou seja, há uma coerência entre os dois rankings. Já o est. não aparece nem entre os 100 no Pellegrino's (quem sabe na próxima edição).

Pode ser que o Tetsuya's realmente não esteja no melhor da sua forma ou mesmo em decadência. Coincidência ou não, desde que Martin Benn, chef que trabalhou anos com Tetsuya Wakuda deixou o restaurante, em 2007, o Tetsuya's nunca mais foi o mesmo. Detalhe: Martin Benn montou o Sepia, que este ano foi avaliado pela primeira vez pelo Good Food, e não só estreou com dois chapéus como também foi eleito Chef do Ano.

Outro fator. Recentemente, Mr. Wakuda abriu o Waku Ghin, restaurante de 25 lugares em Singapura que tem uma adeguinha com 3 mil botejas. Tamanho empreendimento pode ter desviado o foco, o que particularmente acho difícil para um chef japonês que ralou muito para chegar aonde chegou em quase três décadas de Austrália.

O que me assustou um pouco foi o comentário do co-editor do Good Food Guide, Terry Durack, que na segunda-feira falou que o "Tetsuya em Singapura é demais, deu uma revitalizada nele, mas em Sydney Tetsuya continua fazendo o que ele acha que as pessoas esperam dele." O co-editor completa: "O 'Tets' em Singapura é o 'Tets' que queremos em Sydney. É o 'Tets' que Sydney merece."

Tratando-se de alta gastronomia e da relação chefs/críticos gastronômicos - o que inclui egos mesopotâmicos, ciumeira e politicagem -, essa última frase não caiu bem. Por isso, o melhor a fazer é ir lá e provar pessoalmente, aguardar a nova Pellegrino's para ver se o 'Tets', como eles dizem, está realmente fora dos 50 e, na pior das hipóteses, tentar identificar para onde a alta gastronomia de Sydney caminha (e se o caminho é bom ou não).

terça-feira, 27 de abril de 2010

Top 50 dos Restaurantes - 2 Australianos e D.O.M.



A revista inglesa Restaurant Magazine acaba de divulgar a sempre aguardada lista com os 50 melhores restaurantes do mundo (na opinião deles, claro, mas a credibilidade é indiscutível, pois leva em conta o voto de 800 profissionais, entre críticos internacionais, chefs e experts - um dia chego lá!).

A Austrália continua com dois restaurantes no Top 50: o Quay, na Circular Quay, em Sydney, que pulou da 46a posição para 27a, e o Tetsuya's, do mestre Tetsuya Wakuda, também de Sydney, que caiu da 21a para 38a.



Entre os 100 também aparecem o Marque, em Sydney, na 67a, e o Attica, da minha Melbourne (ops), na 73a.

Mas a grande presença mesmo é o D.O.M., do grande Alex Atala, de São Paulo, que desde 2006 figura entre os 50 e, de 2009 para 2010, pulou da 24a para a 18a. Monstro! Não só ele como toda brigada que faz o D.O.M. ser o que é. Até 2012 vai ser top 10!



Caso não tenha visto a entrevista que fiz com o chef no início do ano, clique aqui. Ou se preferir ler sobre o jantar que ele fez na minha Melbourne (ops) - e nós fomos, it's over here!

No topo dos 50, o espanhol El Bulli, do mestre Ferran Adria, caiu para a 2a posição, enquanto o Noma, da Dinamarca, pulou da 3a para 1a posição.

Um viva às dinamarquesas!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Melbourne: parte III - O Jantar (e O Cara)



Os habitantes de New South Wales referem-se aos de Victoria como mexicanos, por estarem ao sul da fronteira. Piadinhas à parte (e essa é boa), a rixa entre os dois estados, principalmente entre as duas capitais, é imensa. E antiga! Uma espécie de Rio-São Paulo down under.

No ano passado, por exemplo, sabendo que o contrato do Australian Open terminaria em 2016, Sydney começou a trabalhar nos bastidores. Melbourne foi mais rápida e prorrogou até dois mil e trinta e pouco. Esse final de semana, New South Wales lançou campanha para tirar a Fórmula 1 de Melbourne e trazer para ser disputada à noite em Sydney. Eles não gostaram! E assim vai ser para sempre.

Mas independentemente das brigas, a certeza é uma só: Melbourne é, de fato, a capital esportiva e gastronômica da Austrália. E não se fala mais nisso!



A razão principal da nossa viagem foi o jantar que aconteceu na segunda-feira passada, 22 de março, no Jacques Reymond, eleito em 2009 o segundo melhor de Victoria pela Australian Gourmet Traveller.

O evento fazia parte da Melbourne Food and Wine Festival, e o convidado mais do que especial da noite era o grande Alex Atala. Grande não só por tudo o que tem feito pela gastronomia brasileira e conquistado, mas pelo que cozinhou (sim, o homem colocou a mão na massa) e pela simplicidade demonstrada. É "O Cara"!



Jacques Reymond é um chef francês radicado há anos na Austrália que, ao lado da mulher e da filha, a sommelier da casa, toca o restaurante. O restaurante, aliás, fica numa casa grande, um casarão aparentemente residencial, se não fosse por uma discreta placa com o nome. Do portão, semi-aberto, passa-se por um belo jardim na frente que termina na varanda. Lá dentro, distribuidos pelas salas, éramos 72 clientes reunidos por uma única razão: Alex Atala.



Fui com dois amigos chefs, um que trabalha no Mad Cow, em Sydney, e outro que é formado, já trabalhou na área, mas não está mais. Sabíamos que seriam 8 pratos e através da entrevista que fiz com o chef para a Radar Magazine, tínhamos uma idéia do que ele apresentaria, mas eu estava realmente curioso para saber como seria a harmonização dos vinhos australianos com os sabores brasileiros. Eles acertaram em cheio!

Como de costume, o jantar foi aberto com uma champa: NV Moet & Chandon Brut Imperial Magnums, que além de dar às boas-vindas, acompanharia as duas primeiras entradas: Sea scallops in coconut milk and aromatic pepper with crunchy mango e Young zucchini and langoustine salad with Brazilian herbs. Ambas perfeitos cartões de visita do que seria o jantar: influência total da cozinha contemporânea espanhola (haja espuma), base francesa e ingredientes brasileiros com toques asiáticos.



Na sequência foi servido Oyster in brioche crust with marinated tapioca com um 2009 Howard Park Riesling, Great Southern (WA). Eu gostaria muito de ter provado a Champagne com essa ostra por conta do sabor do brioche, que é encontrado na champa. Mas, claro, a minha taça já estava vazia.

O quarto prato foi o que mais me chamou a atenção: Liquid coconut risotto with dende oil, mint and nori. Isso mesmo, risoto líquido! A apresentação estava fantástica, parecia uma sopa branca, rasa, sobre duas outras sopas, uma verde quase fosforescente (menta) e a outra laranja avermelhada do dendê. Comia-se de colher, claro, e apesar da consistência líquida, ao fechar os olhos o sabor era 100% de risoto. Fantástico!

Para tomar, 2009 Toolangi "Jacques Reymond Selection" Chardonnay, Yarra Valley Magnum (VIC). Como o próprio nome diz, é uma seleção do próprio restaurante conduzida pela filha do homem (que aliás, estava lá jantando e é uma gata - o melhor "partido" de Melbourne - como diria a minha vó, já que é bonita, sabe tudo de vinho e é herdeira de um dos melhores restaurantes do país).



O Snapper with black curry, snow peas and lemon grass sauce foi uma explosão de sabores e mais espumas. A essa hora nós três já havíamos ido ao banheiro para passar perto da cozinha e ver o homem trabalhando. Quando passei, ele estava debruçado na bancada com todos os outros cozinheiros.

O vinho servido foi o 2009 Region 13 Pinot Noir Bellvale Vineyard, Gippsland (VIC), tremendo Pinot de uma região que até aquela noite eu nunca ouvira falar e tem uma história interessante. Lembram dos incêndios que aconteceram em Victoria em fevereiro do ano passado? Então, esse produtor perdeu 95% da colheita daquele ano e o vinho foi produzido com parte dos 5% que sobreviveram. O Pinot acabara de chegar ao restaurante, está ainda bem fechado e possui um sabor esfumaçado que nada tem a ver com os incêndios.

O último dos pratos prncipais foi um Baby pork ribs with cassava fenomenal. A cassava, para quem não sabe, é a nossa mandioca. Ela foi feita palha, cortada bem fininha e crocante, simplesmente e-p-e-t-a-c-u-l-a-r. E o vinho, um 1997 Plantagenet Shiraz, Mount Baker (WA), foi disparado o mais sério da noite. Canhãozaço no melhor estilo de Shiraz que a Austrália produz!



As sobremesas foram Passionfruit sorbet with priprioca e Banana, lemon and priprioca ravioli servidas com um 2009 Delatite "Catherine" Gewurztraminer, Mansfield (VIC). Se você não faz idéia do que é uma priprioca, não se preocupe. Nós também não fazíamos e, ao perguntarmos para os garçons, eles demonstraram grande dificuldade para explicar. Como jamais voltaríamos para Sydney sem saber que diabo é a tal da priprioca, o jeito foi perguntar para o homem.

De brasileiro no restaurante, só havia nós três, um casal, o chef e provavelmente um assistente que veio com ele. O resto era tudo gringo. Fanfarrões, desde o começo ficamos amigo de todo mundo, em especial do maitre, da sommelier (não a filha) e dos garçons que explicavam cada prato (a brigada, por sinal, afinadíssima e muito gente fina, não tinha nada de arrogante ou o que quer que seja, como acontece em alguns restaurantes de alta gastronomia). Ou seja, o chef já sabia da nossa existência. E eu, como havia o entrevistado, estava com um exemplar da revista para entregá-lo.



No final do jantar, o chef acompanhado do outro chef, o dono da casa, passou em algumas mesas para cumprimentar (na verdade, receber os cumprimentos). Visivelmente cansado, mas sorridente e muito atencioso, de calça jeans e tênis comum, Atala veio com Jacques Reymond até a nossa mesa e, para a nossa surpresa, pudemos falar em português, já que o francês também falava.



Radar Magazine na mão, Atala explicou que a tal da priprioca é uma raiz que ele encontrou na Amazônia juntamente com uma empresa que trabalha em parceria. Como o assunto era pesquisa de ingredientes, falamos sobre o Cerrado, os índios da região e até identificamos alguns conhecidos em comum. E para quem não acredita que o mundo é minúsculo, essas pessoas com quem ele trabalhava não só foram citadas no meu livro, como parte do dinheiro arrecadado em um dos projetos foi doado para a aldeia Wederã, a mesma que fiquei e me adotou quando estive no Mato Grosso, resultando no "Meu Avô Aúwê". Ou seja, o homem, conhecido por ser ex-punk, também é xavante. É O Cara!!!



PS: detesto junkie food, não suporto a cara do Ronald Mcdonald (o palhaço, não o filho do Fenômeno), estou sempre cornetando essas lanchonetes, mas o hotel que ficamos era ao lado de um 24 horas. E bebendo em escala industrial, no domingo, em plena Melbourne Food and Wine Festival, entrei para o Guinness indo 3 vezes ao Mc no mesmo dia, a primeira às 11 da manhã chegando da noite anterior, depois por volta das 19h antes de descobrir um dos melhores bares de música ao vivo de St. Kilda e a terceira após ter descoberto um dos melhores bares de música ao vivo de St. Kilda. Claro, inconformados, os palhaços registraram o momento vergonhoso.

Foto de Alexandre Rubial "Burguer King" Monteiro

sexta-feira, 19 de março de 2010

Exclusiva com Alex Atala



Daqui a algumas horas sigo pra Melbourne, onde desde 12 de março está rolando o Melbourne Food and Wine Festival. Coincidentemente, no sábado à noite, teremos a final da A-League, o campeonato nacional de futebol, com o nosso glorioso Sydney FC enfrentando o atual campeão Melbourne Victory. Vai ser difícil, mas estaremos no estádio pra torcer (e beber, claro, em caso de vitória, derrota, empate, WO...). Prometo texto e fotos no blog assim que der.



Bem, mas o objetivo principal da viagem não é o futebol, e sim o jantar que o grande Alex Atala fará na segunda-feira, no Jacques Reymond, segundo melhor restaurante de Victoria de acordo com a edição 2009 do Australian Gourmet Traveller.

Pouco antes dele vir, entrevistei o chef para a edição 9 da Radar Magazine, que já está circulando na Austrália. Segue a entrevista como foi publicada, acrescida de duas perguntas extras que não couberam.

O chef vem aí

O maior nome da gastronomia brasileira vem à Austrália para cozinhar, comer e realizar alguns sonhos

Alex Atala, o chef paulistano que colocou o Brasil definitivamente no circuito da alta gastronomia mundial, desembarca na Austrália para participar do Melbourne Food and Wine Festival, evento que acontece entre 12 e 23 de março e reúne alguns dos principais nomes da enogastronomia internacional. Atala apresentará aulas nos dias 20 e 21 (esgostadas desde o ano passado) e fará dois jantares no premiado restaurante Jacques Reymond, nos dias 22 e 23.



Com sólida formação clássica, domínio total das técnicas modernas e paixão pela culinária regional brasileira, o chef se tornou mundialmente famoso com o trabalho realizado no D.O.M., seu restaurante na capital paulista que desde 2006 figura entre os 50 melhores do planeta segundo a renomada Restaurant Magazine. Em janeiro de 2009, também em São Paulo, Atala inaugurou o Dalva e Dito, sua declaração de amor à cozinha patrimonial brasileira – como gosta de chamar – que traz pratos como galeto de televisão com risoto caseiro e pirarucu na chapa com vinagrete de castanha-do-Pará e ratatouille do sertão.

Como você vê o primeiro ano do Dalva e Dito?
Está dentro das expectativas. Começar um novo trabalho propõe grandes desafios. E implícitos nesses desafios há um trabalho quase de formiga, ou seja, muitas viagens com poucas quantidades. O Dalva e Dito vem se consolidando e conseguindo o meu primeiro objetivo que era tratar a cozinha tradicional, patrimonial brasileira, e elevá-la ao status de grande cozinha.

A passagem do D.O.M. para o Dalva parece ter sido algo natural. Muito do conceito do Dalva e Dito está ligado à cocção à vácuo em baixa temperatura, é isso mesmo?
De alguma forma sim. Eu sempre fui um grande curioso, um grande pesquisador de novas tecnologias na cozinha. Faço sempre questão de frisar que elas são, e serão sempre, foco da minha atenção, principalmente por me permitirem chegar a resultados que a cozinha tradicional não me permite. É o caso do Dalva. Apesar de estarmos todo o tempo tratando de cozinha patrimonial brasileira, essas tecnologias nos permitem a regularidade nas receitas e precisão nos pontos de cozimento, que realmente são aspectos importantes do Dalva e Dito. Acho que é onde o rústico brasileiro e a tecnologia de ponta convergem num grande momento.



É a primeira vez que vem à Austrália?
É a minha primeira vez e a realização de um sonho de muitos anos. A Grande Barreira de Corais é um sonho de adolescência. Sempre gostei muito de mergulho, de pesca e a Grande Barreira sempre foi uma fascinação. De algumas outras formas, sempre tive curiosidade, sempre gostei muito de música, de Men at Work a Nick Cave. A Austrália, efetivamente, por vários motivos sempre povoou a minha imaginação. É uma experiência que estou muito ansioso para viver. Quero muito conhecer a Austrália, comer o que se come aí, entender quais são as cores e sabores desse sonho que eu tinha na infância. E Melbourne tem um saborzinho especial.

Pode falar sobre o que vai apresentar?
Vou mostrar basicamente o que a gente faz no D.O.M., as receitas do dia-a-dia que compõem os menus-degustação. Mas quero principalmente frisar em Melbourne que o maior elo entre natureza e cultura passa por cima de uma mesa, por dentro de uma cozinha. Que a gastronomia no Brasil vem ganhando uma função a mais que não é só dar prazer, nos entreter, nos divertir ou nos alimentar. É também uma ferramenta da conservação. Ou seja, sustentabilidade e responsabilidade social são quesitos, são novas facetas que uma receita também pode apresentar.

Gosta de vinho austaliano?
Muito! Nós temos uma boa seleção de vinhos australianos. Sou extremamente favorável aos vinhos do novo mundo. Acho que o vinho e a cozinha vêm ganhando o status da música, a pluralidade. Entendo que cartas de vinhos, principalmente no novo mundo, tenham que contemplar os nossos vinhos e os vinhos dos países que compõem esse cinturão.



Qual australiano você indicaria para harmonizar com uma de suas comidas brasileiras?
Eu tenho o Grange, da Penfolds, que é um vinho incrível. As safras mais antigas, em que eles apresentam mais maturidade, podem ser muito convergentes com receitas de carne, com toques amazônicos, em que os aromas são muito pronunciados e muito presentes de acidez. Com boa quantidade de gordura, com muita persistência de sabor, acho que vinhos australianos combinam muito bem com a cozinha que a gente pratica.

A tendência na Austrália é um pouco parecida com a do Brasil: executar ingredientes e pratos locais, com técnicas modernas dentro das bases clássicas. É uma tendência mundial ou apenas dos dois países por serem continentais, terem fauna e flora riquíssimas e estarem localizados distantes do epicentro europeu?
Acho que Austrália e Brasil dividem mais algumas coisas. Climas parecidos, um povo descontraído e aberto à experimentação. Tudo isso compõe um cenário muito favorável a uma cozinha de experimentação. Fato também que outros chefs, por exemplo, os europeus, como o Andoni (Mugaritz-ESP), o Massimo Bottura (Osteria Francescana-ITA) e o Pascal Barbot (L'Astrance-FRA) também têm feito de alguma forma, trabalhando a favor de uma identidade não só de sua cozinha, mas de sua região. Os cardápios acabam refletindo a filosofia do chef, do seu país e do seu entorno.

Em 2006, o Estadão reuniu você, Mara Salles e Edinho Engel para discutirem conceitos e os rumos da gastronomia brasileira. Passados 3 anos do 1º Laboratório Paladar, pergunto: vocês conseguiram dar uma cara à gastronomia brasileira?
Cada vez mais. O Laboratório Paladar passou de uma experimentação de três chefs para um evento composto por uma média de 30 chefs brasileiros, sempre com chefs europeus estrelados do Michelin acompanhando esses passos. Eu acho que para o curto prazo a evolução foi gigantesca, mas ainda temos um grande caminho. A cozinha brasileira reflete essa diversidade do que pode ser a Amazônia e todo o território brasileiro, mas reflete também as nossas influências, os fatores de colonização. O Brasil, apesar de ter como principal colonizador Portugal, recebe grande influência da Itália, da Espanha e São Paulo é a maior colônia japonesa do mundo. Isso indiretamente também nos influencia. Quer dizer, Brasil é um grande mosaico e a gente vem conseguindo plasmar isso, representar na nossa cozinha.

Nos últimos anos, chef no Brasil se tornou muito valorizado, não financeiramente, mas em termos de status. Continua assim?
Há algumas deformações da profissão. Algumas pessoas ainda acham que chefs viraram milionários. Além do glamour, existe uma visão distorcida do que pode ser remuneração de cozinha. E o maior erro que as pessoas ainda cometem: para nós, em português, existe uma palavra que é cozinheiro e outra palavra que é o chef de cozinha. Em inglês, muitas vezes não vemos essa diferença, todo mundo expressa chef, um cozinheiro normal é chamado de chef. No Brasil nós temos uma hierarquia muito clara: o que é um aprendiz de cozinha, o que é um cozinheiro, o que é um chef de partie, o que é um subchef e o que vai ser um chef de cozinha amanhã. Infelizmente todo mundo quer chegar só a ser chef, ou seja, são chefs sem cozinha. Mas há um outro lado dessa moeda que vem sendo bastante positivo: pessoas que realmente se encontraram através da cozinha e vêm ajudando muito o Brasil de um modo geral.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Está aberta a temporada gastronômica

Nas próximas semanas, Sydney e Melbourne só vão respirar comida. E vinho!



A temporada gastronômica em Sydney começa nesta quinta, 11 de março, com o Taste of Sydney. Até domingo, dia 14, alguns dos melhores restaurantes da cidade estarão reunidos no Centennial Park oferecendo mais de 50 opções de pratos, incluindo entrada, principal e sobremesa, com preços ridiculamente acessíveis.

Assim, você pode iniciar com um cured ocean trout with cucumber and horseradish do Aria a $10, seguido por um quail breast & truffled risotto croustillant do Berowra Waters Inn a $12 e fechar com um sauternes custard with caramel do Marque a $8. É o que chamo de felicidade a 30 dólares!



No domingo, no Hyde Park South, das 11 às 18h, vai rolar o Sydney Cellar Door, festival com os melhores produtores de todas as regiões de New South Wales, incluindo Canberra. Fui no ano passado e é muito bacana. A entrada é grátis e só paga o que tomar (o que não é pouco).



Já em Melbourne, a partir desta sexta, dia 12, começa o Melbourne Food and Wine Festival, que vai até o dia 23 de março. Este evento já é diferente. Eles juntam alguns dos melhores chefs australianos e estrangeiros para aulas, seminários e, claro, muitos jantares.



Uma das estrelas deste ano é ninguém menos do que Alex Atala, o grande nome da gastronomia brasileira da atualidade, que chega para duas aulas e dois jantares. Eu, claro, voarei até lá para participar do jantar do homem. E, em breve, postarei aqui a entrevista exclusiva que fiz com ele para a Radar Magazine. Caso você ainda não leu, a revista está circulando e traz o Jorge Ben Jor na capa.



De volta a Sydney, no último final de semana do mês, dias 27 e 28 de março, a Vintage Cellar, rede especializada em vinhos, realizará o International Wine Fair no Overseas Passenger Terminal, ali na Circular Quay, no lado de The Rocks.

O ingresso custa somente $25 e vale muito a pena, pois eles reunirão os principais produtores que vendem, incluindo franceses, italianos, espanhóis, portugueses e chilenos, e é uma ótima oportunidade para experimentar tudo, anotar os preferidos e saber exatamente o que vai comprar nos próximos 12 meses.

Haja fígado, estômago e bolso, mas todos os eventos quebram absolutamente tudo! Quem está dentro?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ingresso a $10 para o Brazilian Festa



Somente amanhã, terça-feira, a Ozzy Study Brazil venderá ingresso a $10 (50% off) para o Brazilian Festa, que acontece neste domingo, 28 de fevereiro, dentro do Starlight Cinema.

O ingresso dá direito a participar de todas as atrações, incluindo assistir ao filme "Divã", ao show do Toca Jorge e, claro, ao bate-papo que farei sobre o meu livro a partir das 17h45.

Avise os amigos e aproveite que a promoção é relâmpago (ou promoção-relâmpago, se preferir)!

Em Sydney, os escritórios da Ozzy são:

Ozzy Bondi
Level 2, Suite 22, 175 Oxford St, Bondi Junction
Tel. 9388 0828

Ozzy City
Level 6, Suite 606, 22 Market St Sydney
Tel. 92626287

Economia de $10 no Brazilian Festa pode significar uma feijoada, uma caipirinha e algum salgado, ou então vatapá, churros, churrasco, enfim, vai ter comes e bebes brasileiros a rodo.

Corra!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Um pouquinho de Japão iáiá

Por razões geográficas e históricas, a influência japonesa na Austrália é imensa. Começando pela cozinha. Tetsuya, o melhor restaurante do país, pertence ao chef Tetsuya Wakuda , japonês radicado há 27 anos por essas bandas. Em março, Alex Atala, o grande nome da gastronomia brasileira, vem para o Melbourne Food and Wine Festival, e os dois vão se encontrar. Sai de baixo!



Já no espírito do festival, uma vez que iremos pra lá, e sem absolutamente nada para fazer, em função das chuvas que jamais vão parar de cair no hemisfério sul, ontem fomos em uma da 14 lojinhas japonesas que tem no bairro, compramos alguns peixes, algas e fizemos a I Sushisada Caseira do Château Elle Macpherson (nossa casa). O resultado está abaixo!



O japonês, pelo menos o que está em Sydney, é sem dúvida o povo mais educado do mundo. E tímido! Não sei se são educados por serem tímidos, tímidos por serem educados ou se uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas que são de um respeito fora do comum eles são. A regra só não se aplica aos pescadores de baleia.



Ao mesmo tempo que o Japão é um dos principais parceiros comerciais da Austrália, a relação entre os dois governos tem um tendão de aquiles, que chama-se baleeiras japonesas.

Alegando fins científicos, as baleeiras japonesas fazem verdadeiras carnificinas nas águas australianas e estão constantemente em guerra com embarcações ambientalistas.

Ontem sobrou para o navio norte-americano da Sea Shepherd Conservation Society, que foi atacado. Há cerca de um mês, uma lancha do mesmo grupo afundou após ser praticamente atropelada por outra baleeira nipônica, como podem ver nos dois vídeos abaixos, em diferentes ângulos (tipo câmera exclusiva da Globo).








A Austrália não é uma nação bélica, muito menos uma entusiasta dos conflitos armados, mas possui algumas passagens de guerra bem interessantes que marcaram a história do país. Uma delas aconteceu em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, quando os japoneses bombardearam as cidades de Darwin, Broome e Townsville, no norte.





O que pouca gente sabe é que no mesmo ano três submarinos japoneses entraram na Baía de Sydney - essa mesmo onde atualmente está a Opera House e a Harbour Bridge - e dispararam dois torpedos, afundando a ferry Kattabul (dessas que vão e voltam pra Manly todo dia), o que resultou na morte de 19 militares (ela era usada para defesa). Abaixo, 3 simpáticos sobreviventes.



Por último, mas não menos importante, vale o registro: o sakê que regou nossa sushisada caseira ontem foi o Gekkeikan, que não é nenhuma maravilha mas pelo preço apresenta ótima relação preço/qualidade.



Kanpai!!!