Não sou de ficar em fóruns debatendo temas na internet, muito menos de entrar em polêmicas e discutir os comentários que rolam aqui no blog. Porém, essa semana publiquei o post Blitz e a Lei de Gérson, tive um retorno muito bom - principalmente no Facebook -, mas duas críticas me chamaram a atenção pois, coincidentemente, ambas são de pessoas que estão há bastante tempo na Austrália.
Importante: tenho muitos amigos que estão há bem mais do que 10, 20, 3o anos por essas bandas.
O ponto do referido texto foi justamente o colocado pela CCC (a amiga Cacá) na página dos comentários. Escrevo para uma revista de brasileiro na Austrália (Radar) e para uma agência de intercâmbio que traz estudante brasileiro (Ozzy Study); em janeiro realizaremos uma Mostra Coletiva de foto, vídeo, música ao vivo e muito mais envolvendo artistas brasileiros ou simplesmente brasileiros que estão procurando espaço para mostar seus trabalhos aqui na Austrália; há mais de dois anos tenho divulgado no blog tudo quanto é banda, pessoas, evento e o que mais rola ligado aos brasileiros por essas bandas; tenho também participado de programas de rádio sobre música brasileira (Vibez Brazil) e na transmissão da própria Copa do Mundo de futebol em português (SBS). Enfim, esse é o universo que trabalho e o público que acompanha.
Em pouco mais de 3 anos vivendo aqui, descobri que, quanto mais tempo ficamos fora do Brasil, mais o Brasil melhora. Explico: conforme a saudade cresce e a gente se acostuma com o lugar escolhido pra viver, a gente acaba criando ilusões de que tudo lá é bacana, perfeito e colorido, pois em geral só ficamos com as boas lembranças e os momentos bacanas. Ou seja, quando estamos aqui ou vivendo em qualquer outro país, nos esquecemos da sensação de total insegurança que sentimos 24 horas no Brasil, da corrupção desenfreada em todos os níveis, do tráfego insano que consome, no mínimo, duas horas do meu dia (pelo menos eu que sou de São Paulo), da cultura do jeitinho e de levar vantagem em tudo etc. E mesmo quando vamos passar umas semanas aproveitando ao máximo com dólar australiano, vivemos uma rotina de férias e não o dia-a-dia de quem mora lá.
Não acho que a Austrália seja perfeita ou o melhor país do mundo, aqui também tem muita gente ruim, muito picareta, pois estamos falando de seres humanos, animais que se não fôsse pela capacidade de usar 10% do cérebro e do polegar articulado, ainda poderiam ser chamados de macacos. Porém, que há uma diferença do tamanho do Oceano Pacífico entre o modo como as coisas funcionam num país de primeiro mundo e um país de terceiro mundo, ah tem!
Já falei várias vezes que amo a Austrália, e amo mesmo, principalmente o estilo de vida, a maneira como o australiano encara a vida e, enquanto o país me aceitar, vou ficando. Se um dia as portas se fecharem por aqui, pego todos os meus pertences (uma mala com adesivo da Tooheys New escrito For the love of beer) e me mando para outro lugar.
O que não significa que não amo o Brasil e não tenho orgulho de ser brasileiro. Claro que amo a terra onde nasci, sinto muita saudade da minha família, do meus amigos, dos botecos da vida de São Paulo, da música em toda esquina, da minha terapeuta e de tantas outras coisas. Assim como sinto muito orgulho de tantos brasileiros, gente como Tom Jobim e Chico Buarque, e amigos como o poeta Paulo Bonfim e o chef Edinho Engel.
Conforme escrevi num post anterior, a grande diferença entre a Austrália e o Brasil é que a Austrália é um país sério que não se leva a sério, enquanto o Brasil é um país nem um pouco sério que se leva muito a sério. Algo assim. Enquanto a gente não puder rir de nós mesmos e acreditar que nosso país é a perfeição em forma de samba, Carnaval e futebol, vamos ficar nessa.
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