terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Water - um grande problema



Não é novidade pra ninguém o sério problema relacionado à água que enfrentamos no planeta. Por aqui, a questão é ainda mais grave. Não que esteja faltando no momento, muito menos que vivemos em meio a constantes racionamentos, mas o problema é acentuadamente linguístico.

A Austrália abriga gente do mundo inteiro. Assim, diariamente convivemos não só com diferentes línguas e culturas, mas diferentes sotaques em torno do inglês (praticamente variações sobre o mesmo tema). Por exemplo, nós, brasileiros, falamos o inglês “the book is on the table”, os italianos um inglês absolutamente “macarrônico”, os orientais o inglês “sénkio, I’m shy”, os latinos-hispânicos o inglês “speedy gonzales”, os franceses o inglês “vive la révolution”, os ingleses o inglês “pommy” (Proud of Mother England or something like that), o pessoal do leste europeu o inglês “na zdravi” e assim por diante.



Pois bem, como sabem, trabalho como garçom num restaurante mexicano. E uma das primeiras ações que faço quando chega novos clientes é correr com uma simpática, gelada e colorida garrafa de água. Opções de cores não faltam, mas este não é o ponto do texto. A questão é a pronúncia que devo escolher na hora de oferecer:

- Would you like a glass of water?

Perceberam a encrenca? Qual é a correta pronúncia de water? “Uóra“? “Uóta“? “Uórer“?“Uóter“ (com “t” mudo e sem “t” mudo)?



Cada cliente tem um sotaque absolutamente diferente, e eu preciso fazer um exercício mental de adivinhação para tentar identificar a origem da pessoa e qual o sotaque mais apropriado que devo usar para oferecer a simpática, gelada e colorida garrafa de água, de modo que ele não olhe para a minha cara com o maior desprezo do planeta, e pergunte:

- Whaaaaat? (Leia-se “Uóóóóóóóóóóóóót“?)

Assim, no melhor estilo “the water is almost on the table”, trabalho algumas faculdades mentais de projeção geográfica, outras de pronunciation, e tudo para oferecer uma simpática, gelada e colorida garrafa de água e não tomar um sonoro “uóóóóóóóóóót“ na cara. Especialmente quando se trata de um pommy (o britânico da Inglaterra), o discípulo mais próximo de Vossa Majestade, que é, disparado, o mais arrogante quando o assunto é língua inglesa. Mesmo aqui em terras australis, cujo povo local fala o inglês “outback-mate”.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Mop – O melhor amigo do brasileiro



Não tem jeito, ao decidir se mudar para a Austrália, o brasileiro passa a ter duas certezas: que a Globo continuará passando o Especial do Rei no final do ano; e que, ao chegar aqui, mais cedo ou mais tarde vai pegar num mop.


Mop, para quem não sabe, é aquela anglo-saxônica vassoura high-tech não muito comum no Brasil, que apresenta um incrível sistema de secagem. Ao “chuchá-la” num balde com água e alguns produtos químicos, o moper (pessoa que está no comando do mop) tem a opção de usá-lo enxarcado, molhado, molhado quase seco, sequinho, enfim, é um infindável leque de opções para escolher, de acordo com a necessidade de cada trabalho. Mas não é só. Acionando (sempre manualmente com os pés) o sistema de secagem, ele faz a operação inversa. Isso mesmo! Se o piso está molhado, é possível usar o mop para secá-lo. Absolutamente sen-sa-cio-nal!



Com exceção do Juninho Paulista, que veio pra Austrália para jogar futebol – e mais uma meia dúzia de quatro ou cinco brasileiros, o restante pegará no mop, seja domesticamente, quando dará um tapa na casa, ou profissionalmente, em uma cozinha de restaurante, num quarto de hotel, num banheiro de escritório, num buffet às 2 da manhã, enfim, pisou na Austrália, mop à vista (esta foi uma das primeiras frases do Captain Cook, em 1770).

E o mop é um sinal de prosperidade. Bem, na verdade não a prosperidade em si, não ela em estado bruto, mas o início, talvez o primeiro grãozinho do que um dia virá a ser chamado de prosperidade, pois se um brasileiro está fora de casa com um mop na mão, significa que ele está recebendo por isso. Dez dólares australianos por hora, douze dólares, quatorze, vinte, não importa, mop na mão é dinheiro no bolso (TCHU-TCHIM!).









segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sorry Day e a maldição da múmia (ou seria do múmio?)



Quarta-feira passada, 13 de fevereiro, Kevin Rudd, nosso primeiro-ministro, pediu desculpas ao povo aborígene pelos abusos cometidos desde a chegada do intrépido Captain Cook, em 1770, principalmente em relação à chamada “geração roubada” (veja filme homônimo do diretor Phillip Noyce – Rabbit-Proof Fence, em inglês), ocorrida nas primeiras décadas do século XX.



O australiano médio, que torce o nariz para os aborígenes, não gostou muito do pedido de desculpas, que entrou para a história como Sorry Day. Mas ele também não morre de amores pelos japoneses, coreanos, chineses, indianos, libaneses, enfim, parte da população é de fato preconceituosa, assim como acontece em praticamente todos os cantos do planeta.


Eu assisti à cerimônia e me emocionei. Num mundo sem muita esperança como o nosso, cuja figura mais poderosa atende pelo nome de Georg W. Busha, ver um homem branco, comandante de uma economia que movimenta cerca de US$ 700 bilhões por ano, tomar uma atitude como esta, é, no mínimo, confortante.



Claro, sou suspeito pra falar. Na contra-capa do meu livro é citado o povo aborígene (“nativos da Oceania” – http://www.livropablonacer.blogspot.com/), viajei 3 vezes para uma aldeia indígena xavante no Mato Grosso, fui adotado por um clã, batizado e devo muito a eles. Mas acredito que tantas outras milhões de pessoas que não necessariamente tenham alguma ligação com os povos nativos, também se emocionaram com o Sorry Day.



E falando nos primeiros a chegarem, terminou esta semana no National Maritime Museum (em Darling Harbour – Sydney), a exposição Iceman – the story of Ötzi, sobre o nosso irmão mais velho. Encontrado nos Alpes, entre a Itália e a Áustria, em 1991, o finado, delgado e congelado Ötzi é a múmia mais antiga do mundo (por que não múmio?). Ele estava no gelo há 5.300 anos e foi descoberto acidentalmente por turistas.



Além de fotos impressionantes da múmia, a exposição também trazia uma réplica em tamanho real do corpo e de como ele devia ser (barba, cor do cabelo etc), peças e objetos que reproduziam a vida do glorioso Ötzi e as possíveis causas de sua morte (em off: mataram o homem). Muito interessante! Se a exposição for para a sua cidade, não perca. Afinal, o cara não ficou 5.300 anos pelado no gelo para ser ignorado (não é à toa que existe a tal da maldição da múmia - ou seria do múmio?).

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Comédia verde e amarela em alta velocidade

Final de semana passado, graças ao novo brinquedinho de um sheik da real família do Dubai, o domingão da brasileirada foi divertido. Fomos em mais ou menos 30 pessoas (98.7% brasileiros) assistir ao Grande Prêmio de uma categoria que até então nunca ouvira falar, uma espécie de genérico da Fórmula 1 com carros muito semelhantes, pilotos não muito conhecidos e bilhões de petro-dólares investidos.

Trata-se da A1, petro-autorama criado no ano passado pelo sheik Maktoum Hasher Maktoum Al Maktoum, que já foi aprovada pela FIA e tem a pretensão de rivalizar com a Fórmula 1. Não estou entre os maiores apreciadores de carros e corridas, mas dois aspectos me chamaram a atenção nesta categoria:



1. Os carros correm com os chassis, motores e pneus dos mesmos fornecedores, o que aumenta o equilíbrio na competição.

2. As equipes são, na verdade, 23 franquias vendidas por Sua Majestade, o sheik. E cada uma delas representa um país. Ou seja, na A1 não tem Ferrari, McLaren ou Gurgel, mas Brasil, Itália, Austrália e assim por diante. Uma espécie de Copa do Mundo automobolística, com os carros correndo com a cores do país, pilotos e mecânicos de mesma nacionalidade, enfim... O Galvão Bueno não pode saber disso!

Bem, como o treino que definiria o grid de largada começaria às 11 da manhã, marcamos de sair às 9h30 de Bondi Junction, onde um ônibus estaria nos esperando. Perceberam a encrenca? Domingo, 9h30 da matina, ônibus para sair com 3 dúzias de brasileiros... É óbvio que às 11 e pouco a barca ainda estava lá, parada, uma vez que ainda tinha gente chegando. Mas sabem como é, penca de brasileiros juntos, domingo chuvoso por aqui, sábado de Carnaval no Brasil, e assim, em poucos minutos, o pessoal da Capoeira Brasil, um grupo bastante conhecido por estas bandas, sacou um surdão, uma caixa, mais alguns instrumentos e fizeram um rápido “ensaio técnico” antes da partida. Era apenas o começo da aventura.



O autódromo de Eastern Creek fica longe pra caramba. Aqui, quando alguém fala que o lugar é longe, acreditem. Em condições normais, o tempo médio é de 50 minutos. Mas como estamos falando de domingo chuvoso, dúzias de brasileiros e um motorista figuraça que, além de ter tido seus 15 minutos de fama durante as Olimpíadas de Sydney ao aparecer chacoalhando a caixa torácica para bilhões de espectadores em todo o mundo, não sabia o caminho. E, claro, o pessoal do ônibus tão pouco, apesar de que todos borrifavam “esquerda”, “direita”, “entra aí” e “não é essa” com absoluta “popriedade”. Não sei como, mas debaixo de um pé d´água colossal, muito barro no pé e lama no tornozelo, chegamos no autódromo.


Samuel, nosso motorista

Logo que nos instalamos na arquibancada e o pessoal começou a fazer um sonzinho, as figuraças começaram a aparecer. Primeiro foi a versão aussie da Vovó Mafalda, que logo caiu no samba.



Depois foi um Robert que fazia “evoluções” com um chapéu. Era o típico cara que se estivesse num estádio de futebol na Inglaterra, invadiria o campo pelado.



A festa foi esquentando e o pessoal chegando. Os torcedores indianos, que estavam em massa, nem se importaram de "sambar" ao lado dos vizinhos do Paquistão, inimigos na Caxemira, mas que na Austrália e no meio de um monte de brasileiros viram irmãos.



A sonzeira logo chamou a atenção do autódromo inteiro, incluindo os pilotos brasileiros que apareceram para agradecer o apoio. O pessoal dos camarotes também foram até as sacadas para ver e tirar umas chapas, fotógrafos e cinegrafistas vieram fazer umas imagens, enfim, só faltou o Mestre dos Magos aparecer (ops, ele apareceu!).



Virou Carnaval!



Faltando uns vinte minutos para o início da corrida, a batucada deu uma trégua e um inesperado congestionamento de Ferraris chamou a atenção na pista.



Obviamente, em poucos segundos várias modelos (e atrizes) perfilaram-se ao lado do grid, de frente para os carros. De dentro de cada um descia um piloto que, para se proteger da chuva, colava nas modelos (e atrizes).



É claro que o nosso glorioso Sérgio Jimenez, o piloto brasileiro, no melhor estilo “pricesão de Eastern Creek”, foi o primeiro a se arranjar por ali.



Ferraris de volta para o caminhão-cegonha do sheik, era hora de formar o grid de largada. Lá, entre pilotos, mecânicos, modelos (e atrizes), imprensa e meia-dúzia de vips e aspones, quem também apareceu quebrando todo o protocolo foi o nosso intrépido Samuel, o motorista, com a galera da Capoeira Brasil, que “abrasileiraram” o grid minutos antes da largada. (Definitivamente era domingo de Carnaval).



Quando o relógio apontou 3 em ponto, os carros saíram para a volta de apresentação e logo achamos que o Rubinho também estava na prova, mas foi apenas impressão.



Após a largada oficial, sem televisão, sem monitores e sem Reginaldo Leme (o irmão do Dinho) para comentar, ficou difícil acompanhar a corrida, mas, por sorte, alguém falou que o brasileiro estava em 4º, o boato se espalhou e, toda vez que se perguntava em qual lugar estava o brasileiro, a resposta era a mesma: 4º (mesmo quando estava em 3º, 5º, parado nos boxes ou em último).



E assim, sem muita escolha, nosso Sérgio Jimenez acabou a corrida em... 4º lugar, atrás do sulafricano Adrian Zaugg, do suíço Neel Jani e do britânico Robbie Kerr, 1º, 2º e 3º colocados, respectivamente. Após a festa do pódio e a comemoração pelo... 4º lugar, era hora de voltar pra realidade. Assim, em vez de Ferraris e carros do sheik, passamos ao lado de veículos mais condizentes com o nosso dia-a-dia tupiniquim...



...e voltamos para o bumbão, um velho de guerra que faz a linha daqui de Sydney e, quando fica velho e caindo aos pedaços, é alugado para brasileiros.



Mas quem tem Samuca no volante, meus amigos, “o verdadeiro sheik-man (ops, “shake-man”), chega em qualquer lugar. Mesmo que em 4º.



Dá-lhe, Samuel!!!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Descascar um abacaxi e as Grandes questões da Humanidade

Demorei 31 anos para descobrir que a expessão "descascar um abacaxi" é literal. Ontem, após o almoço e sob um sol desértico, resolvi comer umas fatias do abacaxi que comprara pela manhã.

Até aquele momento, eu só havia comido abacaxis prontos, fossem eles previamente descascados e fatiados por terceiros, ou comprados naquelas embalagens à vácuo. Mas pegá-lo em estado bruto e tirar a casca para depois fazer as famosas rodelas, foi a primeira vez (praticamente um primeiro soutien).
A grande revelação aconteceu quando eu estava perdendo preciosos minutos afiando a faca, pensando no corte, exercitando os bíceps na tentativa de atravessar a casca, vendo a sujeira que fazia, enfim, quando transpirando sobre a pobre planta monocotiledônea da família das bromeliáceas, percebi que o ato de descascá-la é, de fato, um enorme problema de proporções literárias.

Para os próximos dias, continuando o meu empenho em desvendar as grandes questões da Humanidade, vou adquirir uma jaca e inserir o pé na mesma (falando tipo elevador), para descobrir o porquê da expressão "enfiar o pé na jaca".

Importante: é evidente que a foto acima foi afanada na Internet e não retrata o péssimo serviço que fiz!

Australia Day – A origem do porre cívico

Sábado passado (26 de janeiro aqui, 25 de janeiro no Brasil), enquanto o meu coração vermelho, branco e preto comemorava os 554 anos da fundação de São Paulo, o meu lado súdito da rainha celebrava o Australia Day, o feriado mais importante destas bandas. Mas o que é o Australia Day?



Podemos dividir o brasileiro que vive na Austrália em 4 grupos: os que acham que o Australia Day é o Dia da Independência australiana (o nosso 7 de setembro); os que acham que o Australia Day é o Dia da Proclamação da República (nosso 15 de novembro); os que acham que o Australia Day é o Dia do Descobrimento (nosso 21 de abril); e os que não acham absolutamente nada. Os que não acham absolutamente nada são os que mais se aproximam da resposta correta, uma vez que no dia 26 de janeiro a Austrália não foi descoberta, não proclamou a república e muito menos declarou a independência.

No referido dia, o australiano se veste de verde e amarelo, pinta a bandeira no corpo inteiro e sai às ruas para tomar a maior quantidade possível de cerveja com o intuito de celebrar o desembarque do glorioso Capitão Arthur Phillip em Port Jackson (New South Wales), ocorrido em 26 de janeiro de 1788. Com ele, vieram da Inglaterra a primeira leva de prisioneiros, oficiais e demais tripulantes para iniciar a colonização na Austrália, à época a mais nova colônia penal britânica de férias. No total chegaram 1373 pessoas, entre homens, mulheres, crianças e namorados de flatmates (detesto namorados de flatmates).



Sim! Os primeiros não-aborígenes que nasceram em solo australiano – também conhecidos como australianos – provavelmente eram filhos de ex-prisioneiros britânicos. Já contei essa história no meu outro site, mas como o blog é meu e ninguém tem nada a ver com isso, recontarei sob a mesma forma de conto de fadas:

Há dois séculos, num velho continente distante, havia uma ilha muito muito grande. Dentre outros tesouros, lá se produziam verdadeiros patrimônios da Humanidade como o whiskie escocês e a indescritível cerveja Guiness. Mesmo vivendo com tamanha fartura e (tecnicamente) felizes para sempre, alguns moradores tentaram facilitar ainda mais as coisas se apropriando indevidamente do que não lhes pertencia. Sem escolha, George III, o rei, colocou-os nos calabouços reais.

George III por Allan Ramsay, 1762

Enquanto isso, na bela e ensolarada manhã do dia 8 de agosto de 1768, o capitão inglês James Cook deixou o porto de Plymouth em seu navio Endeavour e seguiu viagem. Ele desceu pela Ilha da Madeira, passou pela costa oeste africana e atravessou o Atlântico rumo à América do Sul, onde fez uma estratégica parada no Rio de Janeiro em 13 de novembro de 1768. Após um eletrizante Fla-Flu e uma noitada no Morro da Mangueira, Cap. Cook foi para o Pacífico Sul, permaneceu três meses no Taiti observando o planeta Vênus, seguiu para a Nova Zelândia, onde interagiu com a fascinante população maori, até que finalmente aportou na Austrália na bela e ensolarada manhã do dia 19 de abril de 1770.

Capitain Cook por Nathaniel Dance, 1775

Entre um pente e um espelho que distribuiu para os aborígenes, C.C. (Captain Cook) enviou – via Sedex – uma carta para Georginho III contando-lhe sobre as últimas na recém-descoberta terra (na verdade, a China já havia decoberto a Austrália – e quase todo o novo mundo – havia 350 anos, mas isso é assunto para outro texto).

Entusiasmado com o que lera, o visionário monarca, que enfrentava grave problema com a superlotação carcerária, “propôs” aos prisioneiros uma certa “anistia”, caso eles aceitassem viajar alguns poucos quilômetros a sudoeste. Alegres com a bondade real, os detentos embarcaram aos montes e vieram, sob o comando do Capitão Arthur Phillip para a Austrália reiniciar a vida na nova colônia penal (é importante lembrar que os Estados Unidos já eram colônia penal da Coroa Britânica).


Arthur Phillip por Francis Wheatley, 1786

E assim, após 8 meses de viagem com direito a nova parada estratégica no Rio de Janeiro, Arthur Phillip e toda a turma aportaram inicialmente em Botany Bay, em 18 de janeiro, desembarcando definitivamente em Port Jackson, em 26 de janeiro. Trinta anos depois, em 1818, o Governador Lachlan Macquarie realizou a primeira celebração oficial do desembarque que, com o passar do tempo, recebeu diferentes graças como Foundation Day, Anniversary Day, Survival Day e Invasion Day (cortesia dos aborígenes), sendo hoje chamado nacionalmente de Australia Day, o pretexto número 1 para um grande porre cívico.



Algo a ver com o Invasion Day?

Dica de vinho - Peggy's Hill Eden Valley Riesling 2007

Nome comercial: Peggy's Hill Eden Valley Riesling 2007
Produtor: Henschke
Tipo: Branco
Uva: Riesling
Ano: 2007
Região: Edden Valley (South Australia)
Álcool: 12,5%
Preço: AU$ 14,00 (http://www.danmurphys.com.au/ e http://expand.americanas.com.br/)



O Carnaval vai começar no Brasil (na verdade, começou há 508 anos), e para curtir a folia de momo (detesto esses clichês carnavalescos), nada como beber em escala industrial. Por aqui, justificando a resolução número 2 de ano novo (“Trabalhar mais” – vide texto “Happy Ney Year”), labutarei normalmente no final de semana e, na segunda de Carnaval, volto a estudar após 2 meses e meio de férias. Será, tranquilamente, a primeira quarta-feira de cinzas sóbrio e sem ressaca, desde 1991 (que a minha terapeuta não leia isso).

No Brasil, sei que não é todo mundo que vai “pular” Carnaval durante os 4, 5 10, 30 dias (dependendo da região) de folia, tomando e beijando tudo o que encontar pela frente. Para estes (e já aproveitando para colocar em prática a resolução número 4 de ano novo – “Beber menos (porém, melhor)”, segue uma ótima dica de vinho.



Trata-se do Peggy's Hill Eden Valley Riesling 2007, um dos vinhos mais em conta do simpático casal Prue e Stephen Henschke, os produtores do Hill of Grace, um dos melhores vinhos da Austrália (dizem que o Shyrah 2002 chega à perfeição – ainda checarei!). Por apenas AU$ 14 (preço de 3 cervejas num pub), é possível tomar um vinhaço branco, daqueles que ficam um tempão conversando com a gente.

Produzido no Eden Valley (sul da Austrália), em vinhedos com mais de 50 anos, o Peggy's Hill traz um aroma amplo, intenso e persistente, rico em frutas como maracujá e lima (muito comum aqui), além de florais. Time grande! Na boca é uma explosão de sabores – praticamente um furacãozinho de maracujá (usei essa expressão pois quando o tomei estávamos aguardando uma tempestade em Sydney). O vinho tem corpo médio, é macio e sedoso, muito equilibrado, possui acidez fina e ótima evolução no copo. Tá no ponto para ser tomado, mas segura bem por alguns anos. A 14 dólares australianos, é uma ótima compra.

Sei que em São Paulo está um frio lascado, o verão mais polar dos últimos 20 anos – culpa do Al Gore – mas Carnaval e fevereiro são sinônimos de calor. Portanto, no Brasil ou na Austrália, comprem este vinho, dêem uma boa gelada nele e aproveite-o acompanhado de um salmãozinho defumado, algum aperitivo com frutos do mar (quem sabe a porção de Lula à Manacá lá de Camburizinho-SP), ou mesmo solo, apenas sendo bebericado com o pé na areia.

Vamos bebendo e bom Carnaval (ou Mardi Gras) a todos!



Importante: caso não encontrem este vinho no Brasil, tentem qualquer outro deste produtor que não tem erro. Sei que a Expand trabalha com o Henschke, mas vale a pena uma pesquisada em outras importadoras. Por aqui, basta ir à qualquer loja da rede Dan Murphy´s (uma espécie de Hopi Hari pra mim).