segunda-feira, 20 de abril de 2009

Comprando vinho (australiano) na Austrália

Matéria minha publicada na edição 4 da Radar Magazine, disponível aqui em Sydney, na Gold Coast e em Brisbane.



Se você, toda vez que vai comprar um vinho, fica horas olhando para aquela infinidade de garrafas e acaba levando o mesmo de sempre por receio de escolher um desconhecido que não agrade, aqui vai um mini-roteiro para facilitar a sua próxima ida a um bottleshop ou loja especializada.

A Austrália conquistou o seu espaço no cenário mundial produzindo vinhos de qualidade com preços acessíveis. Claro, tem os “canhões” que custam $100, $200, $1000, e são espetaculares, assim como as “bombas”, que são baratíssimas e proporcionam grandes dores de cabeça. Mas a partir de $8, $10, é possível achar vinhos honestos, que são bons e fáceis de serem bebidos; desembolsando $15, $19, há vinhos muito bons; entre $20 e $25, há ótimos vinhos; e, acima disso, você corre o risco de encontrar a felicidade engarrafada.



Branco ou tinto?
Se entrar na loja sem a menor idéia do que quer, o primeiro passo é definir entre branco e tinto. Existem outros tipos como rosé, espumante, fortificado e de sobremesa, mas não vamos complicar. O branco é ideal para dias quentes, enquanto o tinto é perfeito para épocas mais amenas ou frias (tintos leves na primavera e outono, e tintos mais encorpados no inverno). Uma vez difinido o tipo, é hora de escolher a uva. Entre as que se deram melhor nos solos australianos, destaquemos 3 brancas e 3 tintas.

UVAS BRANCAS

Chardonnay

Branca mais popular do mundo, ela varia bastante de acordo com o clima. Nas regiões mais frias da Austrália produz vinhos leves e frescos, nas quentes vinhos complexos e untosos. Os aromas e sabores variam de frutas cítricas e tropicais como pêssego, melão, pêra e abacaxi, a toques amadeiradas e amanteigadas. Melhores regiões: Adelaide Hills, Yarra Valley e Mornington Peninsula (frias), Hunter Valley e Margaret River (quentes). Experimente: Brookland Verse 1 Margareth River 2006.



Semillon

Semillon na Austrália é sinônimo de Hunter Valley. Ou seria o contrário? Quando jovem, ele é um vinho fresco e vibrante, com sabores e aromas herbáceos e de frutas como lima, manga e pêssego. Com o tempo, envelhece muito bem e adquire características mais complexas de tostado e mel. Tem Semillon que só chega ao seu auge após 10 anos na garrafa, o que não é comum entre os brancos do dia-a-dia. As regiões de Margareth River e Barossa também produzem ótimos exemplares. Experimente: Brokenwood Hunter Valley 2007.



Riesling
Uva que encontrou o seu lar perfeito nas regiões frias da Alemanha e no norte da França (Alsácia), por aqui a Riesling se deu bem em South Australia, nas regiões do Eden Valley e, principalmente, Clare Valley. Vinho para ser tomado jovem, quando é bastante fresco, cítrico e elegante, trazendo lima, maracujá e maça-verde na cara do gol, além de aromas florais. Ele não envelhece tão bem e por tanto tempo quanto a Semillon, mas segura alguns anos na garrafa ganhando complexidade e evocando notas de tostado e mineral. Experimente: Leo Buring Eden Valley 2007.



Outras brancas de destaque: Sauvignon Blanc e Viognier.

UVAS TINTAS

Shyraz
Em poucos lugares do mundo a Shiraz encontrou um lar tão perfeito quanto na Austrália. Conhecida como Syrah no resto do planeta, ela é a tinta mais plantada e facilmente encontrada no país. Penfolds Grange e Henschke Hill of Grace são os dois melhores vinhos já produzidos em terras australianas. Ambos são feitos com a Shiraz e em Barossa (SA), onde os vinhos são ricos e encorpados, com textura aveludada e forte presença de frutas vermelhas maduras e frutas negras. Também apresentam toques herbáceos, de chocolate e menta. Outra espetacular região é o McLaren Valley. Experimente: Grant Burge Miamba 2006.



Cabernet Sauvignon
Se a Chardonnay é a branca mais popular do mundo, a Cabernet Sauvignon é a tinta. Uva que se adapta fácil a diferentes lugares, ela proporciona vinhos encorpados e elegantes que trazem frutas maduras, toques de chocolate, tabaco e madeira, algo herbáceo e uma pimentinha característica ou hortelã. As duas melhores regiões são Coonawara (SA) e Margareth River. Os Cabernets são vinhos que podem ser bebidos jovens, mas tem estrutura de sobra para envelhecer por muitos anos, tornando-se mais macios e complexos. Experimente: Flint’s of Coonawara Gammon’s Crossing 2005.





Pinot Noir
Uva clássica da região da Borgonha (França), é responsável por alguns dos melhores e mais caros vinhos do planeta como o mítico Romanée-Conti. A Pinot Noir é uma uva difícil, não se adapta a qualquer solo ou clima, mas quando isso acontece, faz vinhos delicados, elegantes, ricos, com forte presença de frutas vermelhas, muitas vezes negras, notas florais (violeta) e amadeiradas, algo de baunilha, caramelo, eucalipto e até uma pimentinha. Tão difícil quanto plantá-la, é comprar um Pinot com bom preço e pronto para ser tomado. Isso porque ele precisa envelhecer alguns anos para que seus aromas e sabores se revelem. Tente um do Yarra Valley ou de Mornington Peninsula da ótima safra 2004, ou da Tasmania 2005, as melhores regiões. Experimente: De Bortoli Gulf Station Yarra Valley 2007.




Outras tintas de destaque: Grenache e Merlot.

Um comentário:

Rafael Cury disse...

Ei, Pueblo, adorei a enomatéria. Abri um Chardonnay por aqui, enchi duas taças para lembrar do meu amigo de botellas. Abraço grande!