Conheço o nosso glorioso Papai Noel há tempos. Em 3 décadas de vida pedi muito cartucho de Atari, Comandos em Ação e, claro, a tão sonhada bicicleta. Já o Santa Claus eu ainda não havia tido o prazer.
Era final de tarde de uma terça-feira, 18 de dezembro, quando uma fonte vitoriana (muito comum aqui) me relevou que ele estaria por estas bandas para um rápido reconhecimento do terreno. Afinal, estamos às vésperas do grande dia.
Com uma máquina na mão e um gorro natalino na cabeça (Cinema Novo em estado bruto), fui para o local onde o mais famoso filho da Lapônia supostamente estaria. E ao chegar lá, para minha surpresa descobri que a bela fonte vitoriana é, na verdade, uma grande fofoqueira, já que centenas (talvez milhares) de pessoas também o esperavam.
Embuído do meu dever jornalístico, fiz das tripas coração para tentar conseguir alguma imagem. Mas não foi fácil. Tive que passar por mal encarados seguranças kiwis, serelepes crianças ávidas para entregar a lista de presentes em mãos, pais e mães consumindo quantidades homéricas de vinho e cerveja, além da guarda pessoal do Santa, formada por renas eunucas no cio.
Assim que passei por todos estes obstáculos e me aproximei, notei que o bom velhinho (good little old man por aqui) de maneira alguma queria ser fotografado. Pior! Quando me viu, nosso tricolor do Pólo Norte - no melhor estilo celebridade de saco cheio (sem trocadilhos) - virou o rosto e tentou se esconder atrás da janela do Papai Noel Móvel (o trenó só funciona na “noite mágica”). Mas com a astúcia de um Chaves (o do México, não o da Venezuela), a velocidade de um Mário Tilico e o senso de oportunismo de um Romário, consegui, contra tudo e contra todos, este impressionante furo fotojornalístico. Vocês reconhecem a mãozinha?
Feliz Natal a todos, Merry Christmas e Feliz Navidad!!!
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
O dia em que a letra “C” foi à praia
O litoral brasileiro é campeão em lançar modismos. Nos anos 70, por exemplo, nosso então ex-guerrilheiro e futuro deputado, Fernando Gabeira, lançou a máscula sunguinha de crochê (uma glaça!). Na década de 80 tivemos o revolucionário fio-dental, uma das grandes marcas da mulher brasileira (na verdade, uma marquinha). Nos anos 90 foi a vez do arrastão, novidade do verão carioca que repercutiu no mundo inteiro. E mais recentemente, na primeira década do século XXI, foram os insuportáveis sungas-vermelhas que deram o ar da graça nas areias tupiniquins, especialmente no litoral sul do País (do Rio pra baixo).
Pois bem, como estou há apenas 4 meses aqui, ainda não tive tempo de realizar uma pesquisa aprofundada sobre os modismos locais. Mas estes dias vi algo sensacional (na verdade, Cen-sa-cio-nal). Lembram dos aviões monomotores que passavam com faixas da Kibon e outros anunciantes nas praias? Então, no último sábado vi uma versão terrestre e com bunda deste ícono do verão brasileiro.
Pois bem, como estou há apenas 4 meses aqui, ainda não tive tempo de realizar uma pesquisa aprofundada sobre os modismos locais. Mas estes dias vi algo sensacional (na verdade, Cen-sa-cio-nal). Lembram dos aviões monomotores que passavam com faixas da Kibon e outros anunciantes nas praias? Então, no último sábado vi uma versão terrestre e com bunda deste ícono do verão brasileiro.
Eu estava na minha cadeirinha cativa em Coogee Beach, quando levei um susto ao ver a letra “A” chegando na praia. Ela tinha aproximadamente um metro e meio e era vermelha (talvez por causa do sol). Olhei bem e pensei: Pronto! Era o que me faltava. Agora as letras vão à praia, se divertem... Se a situação já estava difícil para nós, jornalistas, redatores e escritores, agora que elas não precisam mais da gente, é o fim. Pra piorar, o “A” não estava sozinho, mas muito bem acompanhado pelas letras “H”, “C”, pela sua irmã gêmea de mesmo nome, e pelo “P”. Definitivamente, era o fim!
Não preciso dizer que a praia parou para olhar, e eu, com a curiosidade de ex-jornalista (sim, acabara e jogar a toalha), também. Conforme as letras se aproximaram, notei algo diferente. De longe, sou péssimo para enxergar sem óculos, mas de perto, vi que as letras tinham pernas (muito bem torneadas por sinal), bunda, braços, belos pares de seios e até madeixas (chu-ín!).
Durante uns 20 minutos não teve uma pessoa que não parou para observar o desfile das belas letras que formavam a palavra “PACHA”, danceteria que, imagino pelo teor do folder, deve ter algo de inferninho ou coisa do tipo.
Mas o fato é que por alguns instantes, observando a maravilhosa letra “C” (pausa para uma revelação bombástica: a letra “C” é loira!!!), apaixonei-me na hora . Não vou dizer que foi amor à primeira vista, pois eu já a conheço há pelo menos 26 anos – desde que aprendi a escrever Pablo NaCer no final do jardim de infância – mas que estou apaixonado pela letra “C”, ahhhhh estou!
Vou inclusive convidá-la para um cafezinho sem compromisso lá em casa, onde comeremos camarões e caranguejos, beberemos um chardonnay e um cabernezinho, fechando a celebração com um cheescake de cereja e um cappuccino. Cen-sa-cion-al (ops)!
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Coogee
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
O tal do cricket
Desde que a temporada de rugby acabou por aqui, há uns 2 meses, o cricket se tornou o esporte da vez. Como bom rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e vindo do Brasil, tenho me esforçado para entender o plério. Mas não é fácil. Por ora, desvendei a logística das açõs – o cricket nada mais é do que o nosso taco de rua com pompa britânica e jogado como se fosse beisebol – e estou impressionado com o “approche” do arremesso (vejam o vídeo, é arte pura, mais um pouquinho e o cara sai voando). Mas o problema tem sido a pontuação.
Me desculpem, mas um placar que mostra Austrália 5/363, pra mim, não diz absolutamente nada. E o problema se agrava quando a TV mostra uma porção de números e gráficos que, tenho certeza, nem mesmo Sir Joseph Cricekt, o saudoso inventor do jogo, entende.
Por conta disso, resolvi boicotar as partidas televisionadas e só tenho assistido aos jogos ao vivo, como este que rolou no último sábado, no campo do lado de casa. Não sei quem estava jogando, não sei quanto foi, não vi números como 5/363 e muito menos gráficos.
Mas sei que um dos times de branco venceu (os dois times estavam de branco) e eu me diverti um bocado tomando uma cerveja gelada e relembrando os bons tempos de taco da infância, quando a cada 2 minutos o jogo era interrompido para dar passagem para um Monza, uma Caravan, uma Brasília ou um Fusca.
Ah! E falando em pompa britânica, vejam o modelito dos juízes!
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
Cunhado x Brother-in-law
No Brasil, é muito comum dizermos que se cunhado fosse bom, não começaria com “cu”. Concordo plenamente! Além de o cara se engraçar com a nossa irmã, aos poucos vai tomando conta da casa como se fosse um polvo de boné, regata e havaianas. Sabem como é, ele tem sempre um tentáculo na geladeira, outro na mesa de jantar, outro no banheiro, outro na poltrona preferida e por aí vai.
Quantas e quantas vezes ele não está ocupando e “perfumando” o nosso banheiro quando, atrasados, precisamos escovar os dentes para ir trabalhar? Quantas e quantas vezes a gente não chega em casa e vê o cara tomando aquele vinho que estava guardado para uma ocasião especial como se fosse cerveja em copo de plástico? Quantas e quantas vezes ele não pega “emprestado” 2 livros, 5 DVDs e 15 CDs sem avisar? Quantas e quantas vezes ele não está com a nossa bermuda, as nossas havaianas e, Deus, por favor, espero que nunca tenha acontecido, a nossa cueca? Sem contar que em geral o cara sempre torce para o time rival.
Aqui na Austrália é diferente. Primeiro porque não começa com “cu”, mas com “bro”. Na verdade, com “brother”, já que em inglês é “brother-in-law” (aprendi no módulo “The Book is on the Table – Avançado”). Ou seja, a gente não ganha um polvo de boné, regata e havaianas, e cheio de tentáculos, mas um comparsa para tomar cerveja, assistir a umas partidas de rugby, praticar inglês, conhecer as amigas, ir ao pub e até descolar uns trampos.
Claro, seja em português, inglês ou mandarin, ele ainda está se engraçando com a irmã. Mas, pelo menos no meu caso, além de o cara ser gente fina pra caramba, ele é grande apaixonado por futebol e fanático torcedor do Liverpool. Eu, são-paulino, não preciso dizer mais nada!!!
Mi-nei-ro: 1 a 0!!!
Quantas e quantas vezes ele não está ocupando e “perfumando” o nosso banheiro quando, atrasados, precisamos escovar os dentes para ir trabalhar? Quantas e quantas vezes a gente não chega em casa e vê o cara tomando aquele vinho que estava guardado para uma ocasião especial como se fosse cerveja em copo de plástico? Quantas e quantas vezes ele não pega “emprestado” 2 livros, 5 DVDs e 15 CDs sem avisar? Quantas e quantas vezes ele não está com a nossa bermuda, as nossas havaianas e, Deus, por favor, espero que nunca tenha acontecido, a nossa cueca? Sem contar que em geral o cara sempre torce para o time rival.
Aqui na Austrália é diferente. Primeiro porque não começa com “cu”, mas com “bro”. Na verdade, com “brother”, já que em inglês é “brother-in-law” (aprendi no módulo “The Book is on the Table – Avançado”). Ou seja, a gente não ganha um polvo de boné, regata e havaianas, e cheio de tentáculos, mas um comparsa para tomar cerveja, assistir a umas partidas de rugby, praticar inglês, conhecer as amigas, ir ao pub e até descolar uns trampos.
Claro, seja em português, inglês ou mandarin, ele ainda está se engraçando com a irmã. Mas, pelo menos no meu caso, além de o cara ser gente fina pra caramba, ele é grande apaixonado por futebol e fanático torcedor do Liverpool. Eu, são-paulino, não preciso dizer mais nada!!!
Mi-nei-ro: 1 a 0!!!
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segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Dia do Fico
Ontem, domingão, daqueles esquisitos com tempo seco e nublado, senti que merecia um vinho. Não pelas condições climáticas, mas por ser véspera de um dia extremamente importante: o Dia do Fico.
Sim! Sou uma espécie de Dom Pedro I versão Oceano Pacífico ou Mar da Tasmânia. Se em 9 de janeiro de 1822 nosso então príncipe regente proferiu: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, digam ao povo que fico". Hoje, quase 186 anos depois, chegou a minha vez. Através da Ozzy Study Brazil, personificado na figura do meu grande amigo Lecão (ao lado da minha irmã, o cara que mais me ajuda na Austrália), me matriculei numa nova escola e apliquei para um novo visto. E isso significa que se o Departamento de Imigração recarimbar o meu passaporte, ficarei por aqui pelos próximos dois anos. E claro, para comemorar, nada melhor do que uma botejinha.
Aqui tem muito vinho barato, o que é um perigo, não só pelo fácil acesso, mas por ter muita bomba no mercado. Em contrapartida, é sempre um prazer descobrir botejas honestíssimas a $ 10. E foi o caso deste Cabernet Sauvignon 2006 que escolhi para festejar o Dia do Fico. Com apenas 10 doletas no bolso e não querendo errar, optei por um produtor conhecido, o nosso glorioso Yalumba, a família de vinhateiros mais antiga da Austrália. Eles começaram há mais de 150 anos em South Australia e hoje estão espalhados por diversos Estados e regiões.
The Y Series é uma das linhas mais básicas da Yalumba (tremendo nome, não?). Como o vinho é muito jovem, 2006, ele ainda está um pouco fechado no nariz, mas é fácil identificar frutas como ameixa e algo de serragem. Conforme evolui no copo, o aroma das frutas fica mais intenso e a serragem dá lugar a um delicioso aroma de baunilha. Na boca acontece o mesmo, aparecendo uma menta que dá aquela famosa ardidinha do Cabernet Sauvignon na ponta da língua. O vinho tem corpo médio e boa acidez em perfeito equilíbrio com os taninos, que já deram uma amaciada.
Até 2011 o vinho ficará cada vez melhor, como pude ver no 2005 que abri a poucos minutos para celebrar oficialmente a proclamação do Dia do Fico. Ele está com os aromas mais acentuados, mais redondinho e em algumas horinhas vai ter que aguentar um carneirinho assado. Talvez seja muito pra ele!
domingo, 9 de dezembro de 2007
Mucho gusto, my name is Publa
Em 29 de maio de 2003, publiquei um texto no meu outro site (pensamentododia.com) de nome “Sem nome”. Era sobre o grave problema que sempre enfrentei, especialmente quando visitava amigos em prédio, pois nunca, jamais um porteiro proferiu o meu nome corretamente. Pabulo, Plabo, Pabolo, Pablu, Prábis, Frábis e Frábulo eram algumas das graças mais frequentes.
Pois bem, aqui na Austrália a saga continua. Tudo bem eles mudarem a pronúncia de “Pablo” para “Pêiblo” ou "Péblo", afinal, o “a” local é dierente. Mas me chamarem de “Publa” não dá. E é o que tem acontecido em um dos meus trampos.
Pub, no final da jornada (é se trocar e ir pro pub)
Trabalho casualmente num restaurante que é a cara da Austrália. Não que lá só tenha carne de canguru, coalas descansando nas árvores e bumerangues cruzando o espaço aéreo. Mas por ser um restaurante mexicano, de propriedade de duas australianas, tocado por um chef de Bangladesh, que cozinha cercado de ajudantes do Nepal. Já os garçons e garçonetes se dividem entre Nepal, Brasil, Estado Unidos, Alemanha e México (embora o mexicano tenha cara de brasileiro, e eu, brasileño, tenha cara de mexicano – praticamente um graçom temático). Isso é a Austrália, uma das sociedades mais multi-culturais do planeta. E é lógico que o chef, há muitos anos aqui, mas com o característico sotaque indiano, só me chama de Publa. É “Publa, aqui estão os burritos”, “Publa, o chimichanga está pronto” e por aí vai!
O meu consolo é no final da jornada, quando eles preparam o nosso jantar. Para identificar a “bóia” de cada um, eles escrevem nossos nomes. E o meu, para simplificar, só escrevem “Pub”. Encaro como um “sinal” e, no melhor estilo Speedy González (também conhecio como Ligeirinho), vou direto para o pub irlandês que tem perto do restaurante só para justificar o apelido e abrir o apetite. Arriba, arriba, arriba, mate! Ou: Cheers, cabrón!
Pois bem, aqui na Austrália a saga continua. Tudo bem eles mudarem a pronúncia de “Pablo” para “Pêiblo” ou "Péblo", afinal, o “a” local é dierente. Mas me chamarem de “Publa” não dá. E é o que tem acontecido em um dos meus trampos.
Pub, no final da jornada (é se trocar e ir pro pub)
Trabalho casualmente num restaurante que é a cara da Austrália. Não que lá só tenha carne de canguru, coalas descansando nas árvores e bumerangues cruzando o espaço aéreo. Mas por ser um restaurante mexicano, de propriedade de duas australianas, tocado por um chef de Bangladesh, que cozinha cercado de ajudantes do Nepal. Já os garçons e garçonetes se dividem entre Nepal, Brasil, Estado Unidos, Alemanha e México (embora o mexicano tenha cara de brasileiro, e eu, brasileño, tenha cara de mexicano – praticamente um graçom temático). Isso é a Austrália, uma das sociedades mais multi-culturais do planeta. E é lógico que o chef, há muitos anos aqui, mas com o característico sotaque indiano, só me chama de Publa. É “Publa, aqui estão os burritos”, “Publa, o chimichanga está pronto” e por aí vai!
O meu consolo é no final da jornada, quando eles preparam o nosso jantar. Para identificar a “bóia” de cada um, eles escrevem nossos nomes. E o meu, para simplificar, só escrevem “Pub”. Encaro como um “sinal” e, no melhor estilo Speedy González (também conhecio como Ligeirinho), vou direto para o pub irlandês que tem perto do restaurante só para justificar o apelido e abrir o apetite. Arriba, arriba, arriba, mate! Ou: Cheers, cabrón!
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Austrália
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
Um domingo qualquer
O que é isso?
a) Instalação ao ar livre na mais recente edição da Bienal de Sydney
b) A última palavra em paisagismo australiano
c) Um telhado de final de primavera com objetos que parecem ser pratos
Se você respondeu "a" ou "b", errou. Se chutou "c", parabéns. Siga em frente para uma análise mais detalhada.
Imagem 1
Olhando atentamente a imagem 1 (closet recuperado da imagem inicial), vemos que de fato trata-se de um prato. Na verdade, destroços de um ex-prato (sim, perdemos o prato)!
Imagem 2
Já na impressionante imagem 2, vemos não apenas um incrível prato que, ao contrário de seu par, encontra-se absolutamente inteiro (sem dúvida estamos falando de "O Prato"); como também uma solitária sandália, provavelmente de numeração entre 36 e 38.
Em suma, temos um telhado de final de primavera, dois pratos (sendo um quebrado e um inteiro) e uma sandália número 36, 37 ou 38.
Conclusão
As minhas vizinha de cima são:
a) Gregas que mantém a tradição de quebrar pratos durante as refeições
b) Artistas plásticas que gostam de fazer instalações em telhados de final de primavera
c) Bêbadas que encheram a lata no último domingo, fizeram a zona, colocaram o som no talo, ficaram gritando feito loucas na varanda e, em uma das atitudes mais estúpidas que vi desde que cheguei na Austrália, arremessaram pratos pela janela que poderiam ter causado um grande problema caso acertassem um carro, uma criancinha, a minha irmã Paloma (aí elas estariam encrencadas) ou uma indefesa velhinha que estivesse passando pela Dolphin St.
Resposta correta: "c"
Justiça seja feita: a sandália já estava lá.
a) Instalação ao ar livre na mais recente edição da Bienal de Sydney
b) A última palavra em paisagismo australiano
c) Um telhado de final de primavera com objetos que parecem ser pratos
Se você respondeu "a" ou "b", errou. Se chutou "c", parabéns. Siga em frente para uma análise mais detalhada.
Imagem 1
Olhando atentamente a imagem 1 (closet recuperado da imagem inicial), vemos que de fato trata-se de um prato. Na verdade, destroços de um ex-prato (sim, perdemos o prato)!
Imagem 2
Já na impressionante imagem 2, vemos não apenas um incrível prato que, ao contrário de seu par, encontra-se absolutamente inteiro (sem dúvida estamos falando de "O Prato"); como também uma solitária sandália, provavelmente de numeração entre 36 e 38.
Em suma, temos um telhado de final de primavera, dois pratos (sendo um quebrado e um inteiro) e uma sandália número 36, 37 ou 38.
Conclusão
As minhas vizinha de cima são:
a) Gregas que mantém a tradição de quebrar pratos durante as refeições
b) Artistas plásticas que gostam de fazer instalações em telhados de final de primavera
c) Bêbadas que encheram a lata no último domingo, fizeram a zona, colocaram o som no talo, ficaram gritando feito loucas na varanda e, em uma das atitudes mais estúpidas que vi desde que cheguei na Austrália, arremessaram pratos pela janela que poderiam ter causado um grande problema caso acertassem um carro, uma criancinha, a minha irmã Paloma (aí elas estariam encrencadas) ou uma indefesa velhinha que estivesse passando pela Dolphin St.
Resposta correta: "c"
Justiça seja feita: a sandália já estava lá.
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Coogee
Austrália também tem ministro que não canta só no chuveiro
Na próxima convenção da ONU, nosso ministro da cultura Gilberto Gil terá um novo companheiro para fazer um sonzinho durante os intervalos entre um coffee brake e outro. É o glorioso Peter Garrett, aquele careca gigante que durante quase 3 décadas esteve à frente do Midnight Oil – grande banda australiana dos anos 80 e 90. Garrett, que dançando em alguns clipes parece um boneco de Olinda versão Outback, foi empossado ontem à tarde como novo ministro do meio ambiente, patrimônio e artes da Austrália. Na verdade, o ministério chama-se Environment, Heritage and the Arts, mas como estou há apenas 4 meses aqui, essa foi a melhor tradução que consegui fazer. Para o meu inglês, o ideal seria ministério the book is on the table.
Garrett não foi nomeado ministro só porque é um cara bacana e famoso que adora as tartarugas e o mico-leão-dourado. Mas por defender as causas ecológicas desde os tempos do Midnight Oil, pela destacada atuação junto a diversas organizações ambientais e por ter as questões do meio ambiente e das mudanças climáticas como principal bandeira em sua luta no Parlamento, onde desde 2004 é o representante de Kingsford Smith, o “distrito” onde moro. No último dia 24 de novembro ele foi eleito para o seu segundo mandato, e agora, como seu partido conquistou maioria no Parlamento e indicou o novo-primeiro ministro Kevin Rudd, Garrett foi convidado para assumir a pasta.
Kevin Rudd, do Partido Trabalhista Australiano, venceu o conservador John Howard (também conhecido como vice-xerife de George W. Bush), que estava há 11 anos no poder. Em seu primeiro ato oficial, Rudd ratificou o Protocolo de Kyoto sobre mudanças climáticas, isolando ainda mais os Estados Unidos como o único país desenvolvido a não assinar Kyoto. Mais! Rudd prometeu retirar, gradativamente, os 1500 soldados australianos que estão no Iraque, a começar pelos 500 da linha de frente. E isso certamente reduzirá o risco de sofrermos um ataque terrorista (em breve link relacionado). Bons ventos por aqui!
"How can we dance when our earth is turning
How do we sleep while our beds are burning"
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