domingo, 22 de maio de 2011

1, 2 3... testando!

Finalmente, acabou o meu plano de celular, o que significa que aderi ao iPhone. Para ver se ele de fato agiliza a minha vida - e a do blog -, hoje farei um teste.

Como está um belo domingo de sol e irei ao meu bairro preferido de Sydney (na verdade, ao meu pub número um na Austrália), passarei o dia tirando chapas e publicando neste post para ver se realmente funcionam, se a qualidade é boa etc.

Espero que gostem!

Em tempo: não consegui fazer o upload do celular para o blog como planejara. Precisei baixar as chapas no computador após a jornada e atualizar o blog de uma vez. Mas aprenderei para a próxima vez.

















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sábado, 21 de maio de 2011

Copa do Mundo de 2022 na Austrália?

Até a Georgia e o Patrick, meus sobrinhos aussie-leiro-uru-croatos de dois anos e sete meses que acreditam em Papai Noel, no Coelhinho da Páscoa e no Channel Nine sabiam que a escolha do Catar para sediar a Copa do Mundo de 2022 tinha algo errado. Na verdade, tudo errado!

O Patrick comentara: Uncle Pabu, poo, poo. Enquanto a Georgia confidenciou: Uncle Plabo, totô, totô.


Semanas antes da FIFA anunciar os países que sediariam as Copas de 2018 e 2022, em dezembro do ano passado, três oficiais da entidade foram suspensos acusados de terem vendido seus votos. Às vésperas do anúncio, outros três distintos presidentes de confederações também foram denunciados. Mesmo assim, a cerimônia ocorreu normalmente e Rússia e Catar faturaram, repectivamente, o pepino (ops, o direito) de receber o Mundial em 2018 e 2022.

Nas últimas semanas, o escândalo veio à tona e foi parar no parlamento britânico, onde evidências sobre a compra de votos poderão ser mostradas nos próximos dias. Se isso acontecer, Joseph Blatter, o presidente da FIFA, confirmou que haverá novo processo para escolher a sede de 2022.

E a Austrália, que saiu totalmente frustrada da marmelada de dezembro com apenas um voto, já considera concorrer novamente, conforme afirmou ontem à noite o ministro dos esportes Mark Arbib.



Poucos países no mundo possuem infra-estrutura tão boa e situações econômica e política tão estáveis para sediar uma Copa como a Austrália. Claro, é necessário fazer investimentos, injetar dinheiro em transporte, nos estádios etc, mas a coisa aqui está muito mais avançada do que, por exemplo, o Brasil, que sediará em exatos 3 anos e ainda nem sabe onde será a partida de abertura.

E para boa parte da imprensa australiana, que é contra o futebol, e para os ogros de plantão que trabalham contra o football por aqui, let the game come!

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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Feijoada no almoço e as voltas de...

Quem estiver pela City nesta sexta-feira ensolarada, entre meio-dia e duas, saiba que hoje tem feijoada completa no Cafe Comino (35 King Street), em Martin Place. Quinze doletas com direito a uma Coca-Cola.

A dica é do Thiago, do Samba Australia, que trabalha no café e colocou a feijuca no cardápio. Se alguém que já provou quiser dar um feedback, fique à vontade. Irei em breve, pois ouvi que é boa e farta.



Falando em Samba Australia, após longo inverno, Thiago, Fernandinho, Alemão, Vinicius e companhia - incluindo o Andrezinho, que também está de volta -, se apresentam no próximo sábado, 28 de maio, no BB'S (78 Campbell Parade), em Bondi Beach. Entrada grátis!

A festa começa às 18h e também marcará a despedida do Luis, o lendário Luis do bottleshop Nirvana. Quem nunca comprou uma boteja de vinho ou um six-pack de cerveja com ele, não esteve em Bondi. Infelizmente, o cara vai deixar a Austrália e a noite promete ser das grandes.


E falando em volta, conforme comentei no final do último post, a Tropical Heat, reggae em Bondi Junction patrocinado pela Ozzy Study Brazil, voltará com tudo em 3 de junho. E o que é melhor: será às sextas, e não mais às terças, e retornará ao Cock n' Bull (89 Ebley Street), o irish pub número um da Junction. Entrada grátis!

Quem comandará o reggae é o Ziggy, que amanhã, 21 de maio, se apresenta no Deck 23, em Dee Why, das 19h às 22h. Entrada... grátis!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Quinta de Música na Austrália e no Brasil

Hoje, quinta-feira, a coisa está pegando - musicalmente falando - nos dois países.


A começar pela Austrália, já que a quinta-feira chega aqui primeiro (coisas do terceiro continente à sua escolha), com o recital do pianista brasileiro Artur Cimirro (último post), às 20h, em North Sydney. Porém, com a novidade de que há um par de ingressos sobrando. Isso mesmo! Quer ganhar?

A primeira pessoa que enviar email para pablonacer@terra.com.br ou pedir no post relacionado do Facebook, leva!



Hoje também tem Abuka no Deck 23, em Dee Why (2/23 The Strand), com Sandro Bueno e Thiago De Lucca quebrando tudo. Entrada grátis e fanfarra garantida!



Já no Brasil, mais precisamente em São Paulo, o Dee & Us faz show no Na Mata Café (Rua da Mata, 70), no meu saudoso Itaim-Bibi. A dupla Tom Saboia e Mariana Dias apresentam músicas do álbum de estreia Gold. R$25,00 com nome na lista (enviar para dee@deeandus.com).


E no Rio de Janeiro, Fernando Aragones toca no Melt Bar (Rua Rita Ludolf, 47), Leblon. Amigos cariocas, para quem não conhece, o Aragones é um dos músicos brasileiros mais respeitados da Austrália. Entre os trabalhos, ele tem a banda Costa Rae, o Toca Jorge e o projeto-solo, que já passou por Nova Zelândia, Europa e chega novamente ao Brasil. Mulher paga R$15 (é vip até às 23h) e homem R$35 (R$25 até a meia-noite). Nomes para a lista: listaquintall@gmail.com

Vem aí...

Volta do Samba Australia, 28 de maio, no BB's.

Volta da Tropical Heat, o reggae em Bondi patrocinado pela Ozzy Study Brazil, agora às sextas, a partir de 3 de junho.

Trago mais informações em breve!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Entrevista com Artur Cimirro

"Posso adiantar que tocarei pelo menos dois sambas para aqueles que estão morando aqui e estão com saudades do nosso país."

O recital é de música erudita, mas vai ter até samba. Quem avisa é o pianista brasileiro Artur Camirro, que amanhã se apresenta no The Independent, em North Sydney, às 20h. Para saber um pouco sobre a turnê na Oceania e tentar entender os dois pianos bem atípicos que ele tocará por aqui, segue entrevista que fiz com o músico.



Você vem para a Oceania para tocar em dois modelos bem diferentes de piano. Fale um pouco sobre eles.
Na Austrália, estarei em turnê com o piano da empresa Stuart & Sons, responsável pelo convite inicial para a minha vinda à Oceania. Na Nova Zelândia, farei recitais no maior piano do mundo, o "Alexander Piano", feito por um jovem de 22 anos chamado Adrian Mann, além de mais quatro recitais em diferentes lugares e com diferentes pianos.

Na minha opinião, o ponto mais interessante dos pianos da Stuart & Sons é a capacidade que estes instrumentos tem de alcancar expressões antagônicas que vão de um fortíssimo brutal a um pianíssimo inigualável graças ao seu quarto pedal. Além disso, os pianos Stuart & Sons possuem 102 teclas, ou seja, 14 teclas a mais que o piano padrão. Estamos fazendo gravações para um CD no momento, e ao que tudo indica, haverá outras vindas minhas à Austrália para fazermos mais CDs e recitais, so, let`s wait and see!

Tenho muitas expectaivas em relação aos pianos que usarei na Nova Zelândia, mas ainda não os conheço, de modo que só poderei comentar após conhecê-los bem. De qualquer forma, o Alexander Piano parece ser muito interessante em relação ao timbre, pois possui cordas maiores devido ao seu tamanho (5,7 metros de comprimento).

Onde mais tocará por aqui?
Em Sydney, no The Independent, dia 19, agora, e no PianoTime Showroom, em Melbourne, dia 22, depois haverá 5 concertos na Nova Zelândia.

Li que o repertório vai variar em cada recital. Você poderia nos adiantar o que ouviremos em North Sydney, nesta quinta?
Minha intenção é mostrar um pouco de tudo, desde Bach, Beethoven, até minhas próprias composições e parafrases. Posso adiantar que tocarei pelo menos dois sambas para aqueles que estão morando aqui e estão com saudades do nosso país.

Fale um pouco sobre a sua formação musical.
Passei por universidade no Brasil e por diversos professores particulares, e um deles foi quem me ensinou boa parte do que sei sobre interpretação, seu nome é Leandro Faber, e trata-se de um grande amigo com quem mantenho contato até hoje. Em relação à composição, sou autodidata, estudei contraponto, harmonia e análise musical sozinho e não me arrependo nem um pouco! (risos)

Viver como músico no Brasil é complicado, como músico erudito, então, imagino que seja muito mais. É isso mesmo? Você mora no Brasil ou no exterior?
Moro no Brasil, é muito difícil trabalhar como músico erudito no nosso país, então tenho direcionado minha carreira somente para o exterior, e acabo fazendo poucas apresentacões no Brasil. A procura pelo meu trabalho é grande na Europa e está crescendo mais e mais de modo que o meu nome ja chegou aqui na Oceania, depois de pouco mais de 3 anos de contatos no exterior. Mantenho-me no Brasil porque tenho família, mas se surgir um bom convite... quem sabe! (risos)

Fale um pouco sobre o seu website.
Tive que aprender a lidar com html para fazer meu website e, aos poucos, ele esta ficando como eu quero. Após esta turnê na oceania, terei bastante material novo no site, e da mesma forma, voltarei a atualizar a Opus Dissonus, minha revista digital onde entrevisto compositores de vários lugares do mundo.

No exterior, as pessoas se surpreendem com o fato de você ser um pianista virtuose nascido no Brasil?
As pessoas surpreendem-se mais com as diferenças culturais do nosso povo do que com o fato de ter alguém como eu trabalhando nesta área. Penso que ter nascido no Brasil, apesar das dificuldades e da falta de apoio, foi muito bom pois me afastou do academicismo europeu e americano e, ao mesmo tempo, me deu liberdade para achar meu próprio caminho. Estou tendo um retorno maravilhoso do público na Austrália, mas a curiosidade deles é mais voltada para a música do que para a minha nacionalidade. Ponto realmente curioso este que você mencionou!

Mande um recado para os brasileiros que estão na Austrália e Nova Zelândia e ainda não compraram ingressos para os seus recitais.
Os recitais são bem variados, para quem conhece o repertório, esta é a oportunidade de ouvir uma seleção bem interessante de obras de diferentes períodos, e para quem não conhece ainda, esta é uma oportunidade de conhecer um mundo à parte, místico, fantástico e gigante chamado música erudita!



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terça-feira, 17 de maio de 2011

Planking

Há pouco mais de um mês, a Austrália trouxe à tona a palavra bullying, depois que o gordinho (ops, o fortinho), constantemente provocado e humilhado na escola, resolveu revidar. Virou herói nacional e febre na internet.



Agora, a Austrália volta à mídia com outro termo, planking, verbo derivado de plank, que nada mais é do que tábua. Assim, numa tradução grotesca e livre, teríamos algo como:

Eu tábuo
Tu tábuas
Ele tábua
Nós tabuamos
Vós tabuais
Eles tábuam

Como não fez o menor sentindo, mantemos o verbo em inglês.


O planking não surgiu agora, mas há uns 10 anos, na Europa e no Japão, com o nome de the lying down game. O negócio basicamente consiste em deitar com a cabeça voltada para baixo e os braços deitados paralelamente ao corpo, em locais públicos, e ser fotografado. "You got a body, you got a Plank" é um dos motes.

Tamanha falta do que fazer não poderia seguir outro rumo que não fosse virar mania na internet. Passaram-se anos e não sei por qual motivo, caiu nas graças dos australianos, que, como sempre, deram o seu próprio nome à brincadeira rebatizando-a de planking.

A coisa se espalhou no Facebook e foi parar na televisão depois que o jogador de Rugby League David Williams, o popular Wolfman, celebrou um try na vitória do Manly Sea Eagles sobre o Newcastle Knights, em março deste ano, "planqueando". A comemoração foi parar no Footy Show e o planking no matinal Today, ambos do Channel Nine.


A partir daí, a coisa explodiu no Facebook. Hoje, são mais de 122 mil pessoas somente na página do Planking Australia e mais de 145 mil na, digamos, Planking internacional.

Tudo ia bem no mundo encantado do planking, até que o revés deu o seu primeiro sinal na última sexta-feira (não preciso dizer que era a 13), quando um cara de 20 anos foi preso em Gladstone, estado de Queensland, fazendo planking num carro de polícia.

E no último domingo, a idiotice tomou proporções mesopotâmicas após Acton Beale, o cidadão abaixo, também 20 anos, cair do sétimo andar ao tentar fazer planking em Brisbane. Ontem, até a primeira-ministra Julia Gillard comentou o assunto (sim, o governo não tem o que fazer).


A polícia de Queensland está sendo muito criticada, uma vez que na quarta-feira passada divulgou nota condenando a prática. Dizem que ao dar atenção demasiada a algo que não tinha a menor importância, causou frenesi desnecessário. Em Victoria, a polícia já determinou que multará em $300 quem fizer planking em linhas e vagões de trem.


O fato é que a brincadeira, antes apenas uma babaquice inofensiva, tornou-se uma grande cretinice que custou uma vida. A Planking Australia instituiu o dia 25 de maio como o primeiro Planking Day. O intuito? Incentivar a prática e o envio de fotos. Independentemente do que acontecer, se irão transformar o tal do Acton Beale em mártir, ou não, a única coisa que tenho a dizer é: get a life!



segunda-feira, 16 de maio de 2011

Entrevista Les Murray

Entrevista publicada na edição 15 (março/2011) da Radar Magazine.

“Garrincha é a alma do futebol”

A frase é do homem que é a cara e a voz do futebol na Austrália, Les Murray, apresentador e comentarista com sete Copas do Mundo na bagagem e três décadas de SBS Television. Nascido na Hungria e vivendo na Austrália desde 1957, Murray fala sobre o futebol no país, faz revelações e não tem dúvida de quem foi o melhor entre Pelé e Maradona.

Na Copa de 2010, os dois principais jogadores da Austrália foram expulsos nos dois primeiros jogos. Se eles estivessem vestindo a camisa do Brasil, da Argentina ou da Itália, a decisão do árbitro teria sido a mesma?
Não sei. A expulsão do Tim Cahill foi boba e a do Harry Kewell foi falta de sorte, pois para ser marcado mão na bola é preciso ter a intenção, não pode ser acidental, e além disso ele estava com o braço junto ao corpo. Portanto, é questionável. Mas não é possível perder Cahill e Kewell nos dois primeiros jogos e sobreviver.

Além das expulsões, quais foram os principais erros da Austrália no Mundial?
Más decisões do técnico Pim Verbeeck no primeiro jogo (contra a Alemanha). Pim Verbeeck não entendeu a mentalidade australiana, que é muito diferente da europeia, por exemplo. Você não pode falar para um jogador australiano que ele não é bom o suficiente para vencer a Alemanha, pois ele acredita que pode. Você tira a força mental dele. Gus Hiddink, o técnico anterior, compreendeu isso e foi pra cima do Brasil na Copa de 2006. Tudo bem, a Austrália perdeu por 2 a 0, mas dominou a maior parte do jogo. Eles não eram defensivos. Já Verbeeck armou o time com dez jogadores dentro da área e eles se revoltaram no vestiário, não queriam ir para o jogo, precisou um oficial da FIFA bater na porta e avisar que era hora de ir, senão perderiam a partida. Os jogadores estavam totalmente confusos.

Qual é o estilo do futebol da Austrália e para onde deve olhar?
A Austrália é um país multicultural e isso é bom, pois você tem garotos que nascem na Austrália, crescem aqui mas são filhos de pais croatas, por exemplo, portanto, recebem influências dos dois países que, combinadas, podem ser muito fortes. O estilo australiano, de vez em quando, precisa de correções, e a melhor maneira é espelhando nos melhores da época. Por muitas décadas nós tivemos a influência britânica, mas não precisamos dela. Nós já temos a mentalidade britânica, somos fortes, durões, altos, por que precisamos da influência britânica? Não temos a técnica, nosso controle de bola é ruim, precisamos de coisas que não temos.

A audiência do futebol na Austrália, tanto na televisão quanto nos estádios, vem crescendo. Quais são as principais razões?
O interesse aumentou muito depois da Copa de 2006. Mas em 2002, quando a Austrália não disputou a Copa, 15 milhões de australianos assistiram ao Mundial. A principal razão é a globalização. Há 30 anos, não havia transmissão na tv, artigos nos jornais, nada, apenas os imigrantes seguiam. Com a globalização, nós tivemos que ficar por dentro do que o restante do mundo fazia e jogava. E os australianos, primeiramente na SBS e depois na tv paga e na internet, começaram a acompanhar o futebol assistindo o melhor do mundo através dos campeonatos inglês, espanhol, italiano e brasileiro. Eles passaram a apreciar e achar que deveriam ser bons também no futebol. Em 2005, quando a Austrália se classificou para a Copa de 2006 ao vencer o Uruguai (em Sydney, nos pênaltis), esse país simplesmente explodiu. Nunca tivemos nada parecido. Havia um sentimento de okay, somos bons no rugby, no críquete, no golf, mas quem se importa? Esse é o esporte que todo mundo realmente se interessa. Foi muito importante para os australianos terem voltado à Copa do Mundo. Agora, provavelmente se classificará para todas e o sonho passa a ser vencê-la um dia. Não será hoje, nem amanhã, mas esse deve ser o sonho.

Falando em sonho, para você, que é um entusiasta do futebol brasileiro, o que pensa sobre cobrir a Copa no “país do futebol”?
Acho que será a minha última Copa do Mundo como profissional de tv, portanto, seria um encerramento brilhante para uma carreira. É um dos meus países e culturas preferidas, seria perfeito.

O futebol na Austrália está no caminho certo?
Muitas coisas precisam ser acertadas. A principal é o desenvolvimento técnico, o que é devagar e leva tempo. O futebol organizado começa muito cedo, antes dos seis anos de idade. Os garotos são colocados em times e tratados como pequenos soldados, eles não têm o futebol de rua, onde simplesmente pegam a bola e jogam, como na América do Sul, na África e em outros lugares. O garoto é escalado de zagueiro e não lhe é permitido sair daquela posição, driblar, nada, isso é muito agressivo e essa cultura precisa mudar, começando nos subúrbios. Outra coisa, a Football Federation Australia investe muito dinheiro no futebol, mas apenas nos jogadores de elite. Se hoje cerca de um milhão de pessoas jogam futebol na Austrália, menos de mil são de elite. E o restante? E os garotos aborígenes, que não podem comprar um par de chuteiras e possuem talento nato? AFL e Rugby League pegam eles, o futebol não, e isso é um erro. Um dos meus sonhos é ver, antes de eu morrer, o primeiro jogador aborígene de futebol milionário, como Harry Kewell ou Tim Cahill.

Quem foi melhor, Pelé ou Maradona?
Pra mim, Maradona. Uma das razões é porque mal vi o Pelé jogar. Eu era muito novo e só pude vê-lo mesmo quando estava se aposentando, no Cosmos de Nova York. Não pude vê-lo no auge, jogando pelo Santos, acompanhando semanalmente. Já o Maradona assisti em quatro Mundiais e foi o melhor que vi. Outra diferença é que o Pelé sempre jogou com grandes jogadores, seja no Santos ou na Seleção Brasileira, Maradona raramente tinha bons atacantes ao lado, a maioria era fraco, e ele sempre liderava o time, era o capitão e obteve grandes conquistas sem ter os melhores ao lado.



Quem é o seu grande ídolo no futebol?
Meu grande ídolo, meu ídolo espiritual no futebol é o Mané Garrincha, que representava a verdadeira essência do futebol, o futebol de rua, aquele que ele jogou até a morte. Figura trágica, mas por isso é tão amado. Me disseram que no Brasil Pelé é admirado, enquanto Garrincha é amado. Acredito nisso. Quando estive no Rio, fui até Pau Grande, cidade onde nasceu, visitei a casa em que ele cresceu e o túmulo. Foi uma busca particular minha pela alma do futebol, e é isso o que ele significa pra mim, Garrincha é a alma do futebol.

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