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quinta-feira, 23 de junho de 2011

SBS e a Semana dos Refugiados

Em plena Semana Mundial dos Refugiados, SBS escancara a ferida com o que provavelmente será o turning point não só na discussão, como também na política em relação aos refugiados.

Mais do que isso, através da ignorância da moreninha da suástica, Go Back To Where You Came From expõe o preconceito inserido em parte do DNA australiano.

A Austrália é um país maravilhoso, o povo é sensacional, mas que há preconceito, como em praticamente todo canto do planeta, há!

Números fresquinhos divulgados hoje pela Australian Bureau of Statistics (ABS):

- O crescimento populacional em 2010 foi de somente 1.5% (em 2008, quando bateu recorde, foi de 2.2%).
- Desse 1.5%, mais da metade deve-se aos imigrantes (53%), enquanto que os 47% referem-se à diferença entre nascimento e morte.

Simplificando: em 2009, a diferença entre o número de imigrantes que chegou e o número que partiu foi de 264,200, enquanto que em 2010 ficou em apenas 171,100.

Agora números divulgados pela própria SBS.

Em 2010, a Austrália recebeu 8.250 pedidos de asilo em terra, apenas 2.2% dos 358,840 pedidos solicitados em 44 nações industrializadas no referido ano.

Para efeito de comparação, a Alemanha (aquela mesma!) possui cerca de 590,000 refugiados, enquanto que na Austrália não passam de 22,500.

Ou seja, os refugiados, "a grande ameaça ao Australian way of life", representam apenas 1% da população do país (22 477.4 em dezembro do ano passado).

Fechando: segundo o ABS, a contribuição dos imigrantes para o total da população na Austrália atingiu pico de 66% no ano fiscal de 2008/09, enquanto que o mais baixo foi registrado em 1992/93, quando ficou em apenas 17%. Coincidência ou não, o início dos anos 1990 foi marcado na Austrália por uma das piores crises econômicas enfrentadas pelo país.

Go Back To Where You Came From é uma chance de ouro para a Austrália começar a ver a entrada dos refugiados como saída para eles. Mais! Imigrante trabalhando legalmente, como acontece com a grande maioria dos estudantes internacionais, a quarta maior indústria do país, significa mais força de trabalho, mais gente impulsionando a economia.

E espaço para crescer é o que não falta, afinal, ainda é uma imensa ilha com um gigantesco deserto no meio isolada de boa parte dos restante do planeta.

Mas vai precisar deixar o preconceito de lado, encarar a questão de frente e mudar a política.

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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Queen's Birthday e a Micareta Real

Hoje, segunda-feira, 13 de junho, a Austrália comemora o Queen's Official Birthday, o aniversário da rainha. Bem, não toda a Austrália, já que o estado de Western Australia tradicionalmente celebra em alguma segunda-feira entre setembro e outubro. Estranho? Vocês ainda não viram nada.

Em um feriado chamado Queen's Birthday, presume-se que na referida data o Palácio de Buckingham, em Londres, seja enfeitado com bexigas e faixas de “happy birthday”, enquanto o príncipe Charles, os filhos William e Henry, Kate e outros mais chegados reúnem-se em torno da rainha Elizabeth II para o sopro de 85 velinhas reais. Certo? Errado!

A rainha Elizabeth II não nasceu em 13 de junho, muito menos em alguma segunda-feira entre setembro e outubro. Ela veio ao mundo em 26 de abril de 1926, o que nos faz perguntar por que cargas d’águas comemora-se o aniversário dela fora da época, uma espécie de micareta real.

A resposta nos leva à Austrália colonial e ao mesmo personagem que deu origem ao Australia Day, o governador Arthur Phillip, que em 1788 aportou com a primeira leva de prisioneiros/colonizadores na Austrália. Para fazer um agrado real, naquele mesmo ano Phillip inventou um feriadão em homenagem ao rei da Grã Bretanha, à época, George III, comemorado no dia do aniversário do monarca.

O festejo continuou com os reis seguintes, alternando a data de acordo com o dia do nascimento de cada um. Até que em 1936, com a morte de George V (o do King's Speech), o feriado foi fixado na segunda segunda-feira de junho e batizado com o nome de Queen's Official Birthday. Tremenda fanfarra real!

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sábado, 11 de junho de 2011

Saxophony no Guinness World Records

Continuando a saga "Razões pelas quais amamos Sydney"...

Durante a semana, em toda a oportunidade que teve, o gênio James Morrison convocou não somente a população de Sydney, mas de New South Wales e toda a Austrália para comparecer à Darling Harbour esta manhã.


Ontem à noite, durante a abertura do Darling Harbour Jazz & Blues Festival, não foi diferente. Além de um show e-p-e-t-a-c-u-l-a-r, com direito a Bossa Nova (vídeo no post anterior), ele, mais uma vez, lembrou o público presente.


E hoje cedo, com sol lá em cima e frio aqui em baixo, quase 1.000 saxofonistas (943 para ser exato), com idade a partir de 6 anos, levaram seus instrumentos para executarem dois números, o clássico local "Waltzing Matilda" (até o Cat Stevens, quando veio à Sydney no ano passado, tocou essa música), e o clássico universal "Parabéns pra Você".


Resultado: bateram a marca de 918 participantes registrada no Taizhong Jazz Festival, em 2008, em Taiwan, e entraram para o Guinness World Records.


Well done!!!

O festival continua neste domingo e segunda, quebrando absolutamente tudo neste feriadão. Quem estiver em Sydney e não for, já sabe...

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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Censo 2011 - Brasileiros na Austrália

Quantos brasileiros vivem na Austrália?

Sempre achei que fôssemos entre 16 e 20 mil, incluindo residentes permanentes, temporários, estudantes, turistas, engenheiros e ilegais, até que uma amiga das antigas garantiu que chegavávamos a 30 mil. Achei muito! Já me falaram também que residentes permanentes não passam de 5 mil.

Acredito que, no total, temos aproximadamente 17.892 (ops, 17.898, já que recentemente chegaram a Gabi, o Francisco, o Jan-Antônio, o Enzo, o Bambam e a Yana), mas o fato é que talvez nem o governo australiano saiba ao certo, no máximo tenha uma boa ideia com base na quantidade de pousos e decolagens aqui na ilha.

Mas isso pode mudar.

Em 9 de agosto, a Austrália fará o Censo 2011, que obrigatoriamente deverá ser respondido por todas as pessoas que se encontrarem no país nesta noite, incluindo quem estiver em hospitais, hotéis, acampando ou mesmo em viagem de negócios de apenas um dia.

Mas porque cargas d'água devemos participar do Censo?

Primeiro porque querendo ou não, somos estatística, vivemos aqui, trabalhamos, estudamos, enfim, independentemente do caso, estamos na Austrália.

Segundo porque pode ser uma boa oportunidade para começarmos a ter um pouco mais de reconhecimento e representatividade, pois comparados a outras nacionalidades, nossa força é pífia.

Por que?

1. Somos em pouco número (será?).
2. Não temos uma comunidade organizada.

Mas como disse acima, isso pode mudar!

Uma vez que soubermos quantos somos e termos ideia do nosso tamanho, isso pode nos dar um impulso em termos de comunidade, ao mesmo tempo em que fortalece a nossa representatividade diante dos governos australiano e brasileiro. E a partir daí, quem sabe a gente possa ser uma comunidade de verdade, unida, coesa, com cada vez mais voz e recebendo mais serviços, fundos e programas.

Temos um núcleo em português na rádio SBS, um programa semanal de música brasileira na Eastside FM, um evento mensal cult de cinema em Melbourne, um festival anual de cinema, outro que marca o Brazilian Day, temos duas revistas, uma escola de capoeira que proporciona visto, outra que alfabetiza crianças em inglês-português, temos brasileiros fazendo gols todo domingo há quase 40 anos, temos um mega carnaval, nomes consagrados da música vindo todo ano, inúmeros talentos seja na música, nas artes em geral e em vários outros setores, já demostramos que somos solidários e fazemos a coisa acontecer quando brasileiros como o Leandro e o Dione precisam, mas ainda podemos muito mais!

Para participar do Censo

Basta preencher o formulário que os funcionários do Censo começarão a distribuir em todas as residências, a partir de 29 de julho. Se preferir, você pode preencher online através do eCensus com o número do seu formulário.

O sistema é fácil, seguro, rápido e mantém todas as informações confidenciais. Se usar o eCensus, os funcionários não voltarão à sua casa. Se preencher os formulários de papel, eles irão coletá-los a partir de 10 de agosto.

Mesmo quem estiver somente de passagem ou indo embora em definitivo, dê essa forcinha para os que ficam. Com raríssimas exceções, nossa imigração pra cá não tem mais de 40 anos, portanto, ainda somos jovens e temos tempo para nos organizarmos e nos tornarmos gente grande na sociedade australiana.

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domingo, 5 de junho de 2011

Eu amo Melbourne!

Momentos iPhônicos de 3 dias e meio em Melbourne.






























Dêem uma olhada no gênio!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Três da redação: Barista no Mc, Caveman de Bondi e AC/DC

Os mais próximos sabem que detesto McDonald's, apesar das evidências contrárias, e se tem algo que nunca engoli (sem trocadilhos, por favor), é aquele café da manhã mandrake que o Ronald oferece.


Num país como a Austrália, com uma cultura quase obsecada por café (o que é maravilhoso), não faz o menor sentido pedir um takeaway no Maccas - como é chamado por aqui.

Se os funcionários mal conseguem atender o público com um sorriso, imagine tirar um cafezinho. Ainda mais no padrão daqui, que é pura arte (no caso de North Bondi, coisa de artisxxta).


Mas agora, após uma enxurrada de reclamações, o Ronald finalmente reconheceu que o café dele é uma porcaria. Mais do que isso, a partir de domingo fará uma gigantesca campanha se desculpando e, pasmem, contratará baristas.

É verdade! Não sei se para todas as lojas, uma vez que são mais de 650 em todo o país, mas sabendo da importância do faturamento matutino, o Mc vai investir no profissional especializado em tirar um café, no mínimo, honesto.

Portanto, se você é barista, se não é mas já fez algum daqueles cursos de sábado, se pretende virar ou se acabou de chegar na Austrália e ainda não sabe o que fazer, fique de olho pois surgirão dezenas, talvez centenas de vagas nas próximas semanas.


Ainda por aqui, Peter James Paul Millhouse, mais conhecido como Caveman de Bondi, não irá a julgamento, depois que a acusação de ataque sexual foi retirada.

Caveman é aquele cara que vivia há pelo menos uma década nas pedras do cliff de Bondi Beach, caminho para Tamarama, com uma das melhores vistas da cidade (praticamente em cima do mar).


Ele levava uma vida pacata cercado por 5 toneladas de lixo, alimentando pássaros, recebendo turistas e brigando contra o Waverley Council, que há anos queria tirá-lo de lá.

Até que em novembro de 2009, durante a Sculpture by the Sea, Peter James Paul Millhouse (nome de lord britânico: Sir Peter James Paul Millhouse) foi acusado de atrair uma visitante para a sua pedra/casa/cafofo e atacá-la sexualmente.

Ontem, porém, ele foi liberado, o que infelizmente não significa que poderá voltar ao cliff, seu habitat natural.

Detalhe: durante os anos de batalha, os moradores de Bondi fizeram diversos abaixo-assinados contra o Council, impedindo que fosse despejado.

Pergunto: com a acusação retirada e a área devolvida, seria ele mais um Mike Tyson, Kobe Bryant ou Julian Assange?


Por último, mas não menos bizarro, a Adventure Bay Charter, operadora de turismo da Eyre Peninsula (já ouviu falar nessa região?), em South Australia, disse que as músicas If You Want Blood e You Shook Me All Night Long do AC/DC têm uma peculiaridade bem especial: atraem o grande tubarão branco mais do que qualquer outra coisa, incluindo aí isca com peixe (e foto do Spielberg).

Se é verdade, não sei, mas que o marketing é bom, é. Você, por exemplo, já ouviu falar na Eyre Peninsula?

Missão cumprida!

Nos próximos posts...
- Tudo sobre o Charity Garage Sale em prol da Dione Schaaf, que acontece neste sábado, em Bondi.
- A volta do Tropical Heat, o reggae de Bondi Junction que agora será às sextas, a partir desta.
- Show do Katchafire, banda de reggae da Nova Zelândia que a Fibra levou para o Brasil e se apresenta também nesta sexta, em São Paulo, juntamente com Bnegão, entre outros.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Manifestações pró-Carbon Tax e contra Belo Monte

Este domingo, 5 de junho, é o Dia Mundial do Meio Ambiente. Mais do que isso, é dia de ir às ruas, tanto na Austrália como no Brasil.

Na Austrália, em favor do carbon tax, a saída mais viável para o país começar a reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa (em tempo: vergonhosamente, a Austrália foi o último país a assinar o protocolo de Kyoto).

No Brasil, contra um dos maiores desaforos governamentais desde que Cabral pisou no país (e olha que a lista é infinita), a obscura construção da Usina de Belo Monte.


Por aqui, governo e independentes tentam aprovar o carbon tax, cujo relatório final sobre como funcionaria, quanto seria cobrado e a porcentagem que seria investida em energia limpa está na reta final.

Simplificando ao máximo, o carbon tax nada mais é do que uma forma de taxar a emissão de gases poluentes. O preço seria fixado por tonelada e cobrado na produção e distribuição/uso de combustíveis fóssis com base na quantidade emitida.

Isso teria um efeito cascata sobre eletricidade, gás natural e petróleo que seria repassado para todos, tanto pessoa física como jurídica, incentivando a redução do consumo e estimulando o aumento da eficiência energética - incluindo aí o uso de energia limpa (solar, eólica, biocombustível etc).

Entre os principais opositores estão as grandes companhias poluidores e o Liberal Party, liderado pelo boçal Tony Abbott, o mesmo que durante a campanha eleitoral falava em "stop the boats" como solução para a questão dos refugiados.

Abbott e a oposição têm pintado o carbon tax como algo que elevará o custo de vida e quebrará financeiramente milhões de famílias em todo o país. Misto de ignorância, demagogia e egoísmo.


Um bom exemplo do baixo nível na argumentação foram as críticas à atriz Kate Blanchett, que esta semana apareceu em um comercial apoiando o imposto e foi execrada pela oposição sob a alegação que sendo milionária não seria afetada.

A manifestação acontece simultaneamente em Sydney, Melbourne, Perth, Hobart, Adelaide e Brisbane neste domingo, às 11 horas. Para ver os locais, clique aqui.


Já em São Paulo e no Rio de Janeiro acontece a Manisfestação Contra a Construção da Usina de Belo Monte, que se sair do papel será a terceira maior hidrelétrica do mundo, inundando pelo menos 400 mil hectares de floresta, expulsando 40 mil índios e ribeirinhos e destruindo o habitat de inúmeras espécies.

A questão não é recente, vem do período da ditadura militar, quando a Eletronorte, em 1975, iniciou estudos para avaliar o potencial energético da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu.

Nos anos 1980, a estatal propôs a construção de 165 usinas hidrelétricas até 2010, entre elas a usina de Kararaô, que ao ser exposta no 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em 1989, em Altamira (PA), resultou na imagem abaixo.


O cantor Sting esteve presente no evento e atraiu os holofotes da comunidade internacional, mas quem entrou para a história foi a índia kaiopó Tuíra, que intimidou o atual presidente da Eletrobras, José Antonio Muniz, então diretor da Eletronorte, tocando-o no rosto com seu facão. O governo, mais tarde, rebatizou Kararaô de Belo Monte.

Belo Monte voltou à cena no início dos anos 2000, primeiro no governo FHC como parte do programa Avança Brasil, e depois com Lula/Dilma, sendo a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O problema principal, além do projeto em si, é a maneira como o governo, independentemente de tucanos ou petistas, tem conduzido o assunto, marcada pela absoluta falta de transparência e pela privação da participação da sociedade.

Basta ver a sucessão interminável de liminares e medidas jurídicas que tem se arrastado na última década, com suspensões e adiamentos de estudos, licenciamentos e leilões.

Para terem uma ideia, até a Organização dos Estados Americanos (OEA), através da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), solicitou que o governo brasileiro suspendesse o processo de licenciamento e construção do Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, no ano passado, pois a consulta pública deveria, obrigatoriamente, ser “prévia, livre, informada, de boa-fé e culturalmente adequada”, o que não vinha acontecendo.

Duas vozes importantes em defesa da região são o Movimento Xingu Vivo Para Sempre, formado por organizações não-governamentais, que criou o comitê metropolitano para fazer a ponte campo-cidade e manter a população informada (blog); e o procurador da República no Pará, Felício Pontes Jr, ferrenho defensor da Amazônia que atua diretamente no caso e tem divulgado textos muito esclarecedores sobre o processo.

Leiam abaixo indagações levantadas pelo procurador em seu texto Belo Monte de Violências (VII), com base na análise que 39 cientistas de várias universidades brasileiras fizeram do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), apresentado para sustentar a construção de Belo Monte:

- Será que os cientistas têm razão e o custo de Belo Monte será próximo ao de Itaipu com uma geração de energia de menos de 1/4 desta?

- Seria verdade que apenas a troca das turbinas de 67 antigas hidrelétricas produzirá a energia equivalente a 2,5 Belos Montes, a um custo cinco vezes menor sem necessidade de nenhuma barragem?

- E que apenas a troca das longínquas linhas de transmissão produzirá a energia equivalente a dois Belos Montes?

- Será verdade que apenas 1,5% da toda a energia elétrica produzida no Brasil vem de fonte solar e eólica, enquanto que nos Estados Unidos esse percentual é de 11,37%?

Na última semana, Dilma Roussef liberou o início da construção de Belo Monte, ignorando 600 mil assinaturas e cartas de diferentes povos, lideranças e organizações. A sentença de morte dos povos do Xingu foi decretada - como tem sido dito -, mas não significa que estão acabados.

O pouco de contato que tive com o xavante, povo político e guerreiro, mostra que ainda é preciso lutar articuladamente, com todas as ferramentas disponíveis, incluindo aí as instâncias internacionais, para impedir a atrocidade de maneira legal. É o jeito político de fazer a coisa.

Se o governo colocar mesmo a justiça no bolso e passar por cima de tudo e todos, será o momento dos povos indígenas deixarem as diferenças de lado, unirem-se, fortalecerem-se com as organizações que os apoiam, e trocar as ferramentas por armas, pois não terão nada a perder.

E isso nossa presidente conhece bem. Ela não era boa atiradora, como disse em entrevista, mas era muito hábil no manejo e na limpeza de armas, nos idos dos 1970, à época combatendo o mesmo governo militar que iniciou os estudos para avaliar o potencial energético da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu.

Belo Monte, Anúncio de uma Guerra - de André Vilela D'Elia.

A Manisfestação Contra a Construção da Usina de Belo Monte acontece neste domingo, às 14h30, em frente ao MASP, na Avenida Paulista, e simultaneamente na Orla de Ipanema-posto 9, no Rio de Janeiro. Para mais informações, visite a página no Facebook.

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sábado, 28 de maio de 2011

Luz no final do túnel para o futebol?

Na última quarta-feira, juntei-me ao Sydney Brazilian Social Club, o popular Canarinhos, em um jantar de gala da Johnny Warren Football Foundation, evento que reuniu os principais nomes do futebol na Austrália, entre eles o técnico da seleção australiana, Holger Osieck, o apresentador Les Murray e alguns ex-Socceroos, incluindo vários que disputaram a Copa de 1974.


Em seu discurso, Les Murray mencionou a presença dos Canarinhos, citando-os como "os representantes do futebol brasileiro na Austrália", e destacando dois ex-jogadores presentes, Nélio Borges e Agenor Muniz, este último ex-Vasco que defendeu a seleção australiana nos anos 1970.

De um figurão da Football Federation Australia, ouvimos que se a FIFA realmente tirar a Copa de 2022 do Catar e reabrir o processo de escolha da sede, a Austrália automaticamente reapresentará a candidatura, porém, sem gastar mais nenhum centavo do dinheiro do contribuinte (a mesma consideração que se tem no Brasil).


Na quinta-feira, no Footy Show, programa do Channel 9 100% Rugby League que foi ao ar um dia depois do State of Origin, o jogo de maior rivalidade desse esporte, esteve presente no estúdio ninguém menos do que Tim Cahill, o melhor jogador da seleção australiana de futebol.

Fizeram as piadinhas de praxe, mas levantaram demais a bola do esporte e do próprio Cahill, o que é absolutamente atípico em qualquer canal de televisão do país que não seja a SBS. Importante: sabendo que não tem virgem na zona e nenhuma emissora dá ponto sem nó, talvez seja um bom indicador.

Agora a pouco, sábado de manhã, lendo o Sydney Morning Herald, me deparei com a manchete que jamais imaginei ver na Austrália: The game God will be watching, referência à e-p-e-t-a-c-u-l-a-r final de amanhã cedo (4h10 na SBS) entre Barcelona e Manchester United (go Messi!).


Detalhe: era o terceiro artigo esportivo mais lido do dia, atrás somente da inesperada derrota da tenista australiana Samantha Stosur, em Roland Garros, e da nova medida do governo de proibir que comentaristas esportivos incentivem os telespectadores a apostarem no decorrer dos jogos (parece pouca coisa, mas o fato é que o jogo é um câncer na sociedade australiana que paga as contas de muita gente).

E sabendo que o interesse econômico da Austrália no Brasil, através do Ministério das Relações Exteriores, é cada vez maior, e deverá crescer muito nos próximos anos, incluindo aí os efeitos causados pela Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016 - e quem sabe a Copa aqui em 2022 -, não tenho dúvida em acreditar que, sim, há luz no final do túnel para o futebol na Austrália...



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domingo, 22 de maio de 2011

1, 2 3... testando!

Finalmente, acabou o meu plano de celular, o que significa que aderi ao iPhone. Para ver se ele de fato agiliza a minha vida - e a do blog -, hoje farei um teste.

Como está um belo domingo de sol e irei ao meu bairro preferido de Sydney (na verdade, ao meu pub número um na Austrália), passarei o dia tirando chapas e publicando neste post para ver se realmente funcionam, se a qualidade é boa etc.

Espero que gostem!

Em tempo: não consegui fazer o upload do celular para o blog como planejara. Precisei baixar as chapas no computador após a jornada e atualizar o blog de uma vez. Mas aprenderei para a próxima vez.

















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sábado, 21 de maio de 2011

Copa do Mundo de 2022 na Austrália?

Até a Georgia e o Patrick, meus sobrinhos aussie-leiro-uru-croatos de dois anos e sete meses que acreditam em Papai Noel, no Coelhinho da Páscoa e no Channel Nine sabiam que a escolha do Catar para sediar a Copa do Mundo de 2022 tinha algo errado. Na verdade, tudo errado!

O Patrick comentara: Uncle Pabu, poo, poo. Enquanto a Georgia confidenciou: Uncle Plabo, totô, totô.


Semanas antes da FIFA anunciar os países que sediariam as Copas de 2018 e 2022, em dezembro do ano passado, três oficiais da entidade foram suspensos acusados de terem vendido seus votos. Às vésperas do anúncio, outros três distintos presidentes de confederações também foram denunciados. Mesmo assim, a cerimônia ocorreu normalmente e Rússia e Catar faturaram, repectivamente, o pepino (ops, o direito) de receber o Mundial em 2018 e 2022.

Nas últimas semanas, o escândalo veio à tona e foi parar no parlamento britânico, onde evidências sobre a compra de votos poderão ser mostradas nos próximos dias. Se isso acontecer, Joseph Blatter, o presidente da FIFA, confirmou que haverá novo processo para escolher a sede de 2022.

E a Austrália, que saiu totalmente frustrada da marmelada de dezembro com apenas um voto, já considera concorrer novamente, conforme afirmou ontem à noite o ministro dos esportes Mark Arbib.



Poucos países no mundo possuem infra-estrutura tão boa e situações econômica e política tão estáveis para sediar uma Copa como a Austrália. Claro, é necessário fazer investimentos, injetar dinheiro em transporte, nos estádios etc, mas a coisa aqui está muito mais avançada do que, por exemplo, o Brasil, que sediará em exatos 3 anos e ainda nem sabe onde será a partida de abertura.

E para boa parte da imprensa australiana, que é contra o futebol, e para os ogros de plantão que trabalham contra o football por aqui, let the game come!

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terça-feira, 17 de maio de 2011

Planking

Há pouco mais de um mês, a Austrália trouxe à tona a palavra bullying, depois que o gordinho (ops, o fortinho), constantemente provocado e humilhado na escola, resolveu revidar. Virou herói nacional e febre na internet.



Agora, a Austrália volta à mídia com outro termo, planking, verbo derivado de plank, que nada mais é do que tábua. Assim, numa tradução grotesca e livre, teríamos algo como:

Eu tábuo
Tu tábuas
Ele tábua
Nós tabuamos
Vós tabuais
Eles tábuam

Como não fez o menor sentindo, mantemos o verbo em inglês.


O planking não surgiu agora, mas há uns 10 anos, na Europa e no Japão, com o nome de the lying down game. O negócio basicamente consiste em deitar com a cabeça voltada para baixo e os braços deitados paralelamente ao corpo, em locais públicos, e ser fotografado. "You got a body, you got a Plank" é um dos motes.

Tamanha falta do que fazer não poderia seguir outro rumo que não fosse virar mania na internet. Passaram-se anos e não sei por qual motivo, caiu nas graças dos australianos, que, como sempre, deram o seu próprio nome à brincadeira rebatizando-a de planking.

A coisa se espalhou no Facebook e foi parar na televisão depois que o jogador de Rugby League David Williams, o popular Wolfman, celebrou um try na vitória do Manly Sea Eagles sobre o Newcastle Knights, em março deste ano, "planqueando". A comemoração foi parar no Footy Show e o planking no matinal Today, ambos do Channel Nine.


A partir daí, a coisa explodiu no Facebook. Hoje, são mais de 122 mil pessoas somente na página do Planking Australia e mais de 145 mil na, digamos, Planking internacional.

Tudo ia bem no mundo encantado do planking, até que o revés deu o seu primeiro sinal na última sexta-feira (não preciso dizer que era a 13), quando um cara de 20 anos foi preso em Gladstone, estado de Queensland, fazendo planking num carro de polícia.

E no último domingo, a idiotice tomou proporções mesopotâmicas após Acton Beale, o cidadão abaixo, também 20 anos, cair do sétimo andar ao tentar fazer planking em Brisbane. Ontem, até a primeira-ministra Julia Gillard comentou o assunto (sim, o governo não tem o que fazer).


A polícia de Queensland está sendo muito criticada, uma vez que na quarta-feira passada divulgou nota condenando a prática. Dizem que ao dar atenção demasiada a algo que não tinha a menor importância, causou frenesi desnecessário. Em Victoria, a polícia já determinou que multará em $300 quem fizer planking em linhas e vagões de trem.


O fato é que a brincadeira, antes apenas uma babaquice inofensiva, tornou-se uma grande cretinice que custou uma vida. A Planking Australia instituiu o dia 25 de maio como o primeiro Planking Day. O intuito? Incentivar a prática e o envio de fotos. Independentemente do que acontecer, se irão transformar o tal do Acton Beale em mártir, ou não, a única coisa que tenho a dizer é: get a life!