quinta-feira, 12 de junho de 2008

Quinta-feira, 12 de junho - 10 e pouco da manhã



Sydney's Paddy's Markets à esquerda e Darling Harbour ao fundo.
Chinatown

terça-feira, 3 de junho de 2008

A Festa na Mansão de Bellevue Hill – Parte 2

Importante: antes de ler este texto, leia a 1a parte que está abaixo!

Sábado foi o grande dia. Conforme escrevi no último parágrafo da primeira parte deste texto, o “top room”, após dezesseis tentativas para encontrar a “proposta” perfeita, estava na décima sétima (a definitiva). Era apenas o início da minha jornada de douze horas que começou com a “fase final da pré-produção” e foi até a “festa em si”.

Na fase final da pré-produção, basicamente, perambulei por todos os cantos da mansão (atrás da minha chefa, claro) para checar se tudo estava nos conformes (o que num português sem rodeios significa que não fiz absolutamente nada – um misto de papagaio de pirata com aspone).

Isso foi até pouco antes das 17 horas, quando o cronograma oficial indicava que o Pablo’s Team entraria em campo. Neste momento comecei a mentalizar o meu trabalho (coisa de líder). Confesso que não levou mais de douze segundos, uma vez que eu e o meu time, em termos práticos, somente deveríamos manter duas lareiras acesas dentro da casa, dois aquecedores no lounge externo e dois braseiros na entrada da festa. Esta era a parte pirotécnica do Pablo’s Team. Também teríamos que, após o jantar com a jazz band, limpar a área em poucos minutos para montar o cassino e a pista de dança. Com “tudo isso” em mente, iniciei os trabalhos.



Xavante por adoção (para quem não leu o meu livro, leia), recebi as tarefas com muita “popriedade”. Assim, em poucos minutos preparei os dois braseiros, que deveriam ficar na entrada da festa, em frente ao trio de jazz. Utilizando todo o meu conhecimento adquirido na aldeia indígena, sapequei algumas folhas secas, coloquei entre os carvões e pronto. Posicionei os braseiros no lugar correto e aguardei a hora de acendê-los.

Ainda esbanjando técnicas pirotécnicas xavante, segui para as duas lareiras e preparei a base com mais folhas secas e muitas lenhas. Trabalho da melhor qualidade que me lembrou as grandes fogueiras de São João. Os aquecedores do lounge seriam fáceis, bastaria colocar o querosene no lugar certo, atear fogo e controlar a intensidade da chama. Como esta é uma tarefa muito urbana pra mim, deixei para o meu time.



O Pablo’s Team era composto por três pessoas: Diogo, um amigo são-paulino, Nathan, um australiano que estava trabalhando na festa, e eu. Éramos o que no meio musical "chamamos" de power trio, uma espécie de RUSH (a banda) versão Maria Clara Diniz.



Nossa primeira tarefa foi acender os braseiros. Ventava um bocado e a combinação vento/brasa/folha seca resultou em uma incrível fumaceira que foi direto na cara dos músicos que afinavam os instrumentos. Ou seja, defumamos o trio de jazz. Após justas reclamações, abortamos a idéia dos braseiros e partimos para as lareiras. Agora, porém, com a lição aprendida.

Ao colocar as folhas secas nos braseiros, como fazia na aldeia xavante, não passou pela minha cabeça que lá no Mato Grosso o objetivo era justamente fazer muita fumaça para espantar os insetos, e que estávamos numa reserva indígena de 328 mil hectares, no meio do nada (e não dentro de uma mansão a poucos minutos do aniversário de 40 anos da mulher de um milionário). Sendo assim, rapidamente retirei todas as folhas e joguei de volta no jardim.

Por volta das 7 horas, quando os convidados começaram a chegar, vimos que realmente tratava-se de festa de barão. Na porta, a baroa (a mulher do barão), mais o marido e os dois pimpolhos recebiam os convivas ao som do defumado trio de jazz. Para vocês terem uma idéia, tinha embaixadores, donos de banco e militares do mais alto escalão devidamente uniformizados. Destaque para um senhor escocês que trajava o tradicional kilt. Príncipe Charles em estado bruto!

Após uma hora beliscando e bebericando (sim, rico beberica) na “smoked room” e no lounge, Monica-não-sei-das-quantas, famosa cantora da noite “sydnense”, anunciou o jantar, revelando o salão principal. Ohhhhhhhhhhhhh! Surpresa total! Nas duas horas seguintes, o nosso trabalho se limitou a manter as lareiras e os aquecedores acesos. E mesmo assim...

Enquanto o jantar rolava solto ao som de muito Sinatra na voz da cantora, passamos um tempo no “top room” (aquele mesmo que foi alterado 17 vezes). E para a nossa total surpresa, notamos que ele só seria usado por duas mulheres (a cabelereira da baroa e a assistente da cabelereira da baroa), duas gordinhas que ficaram a noite inteira sentadas assistindo ao filme Casablanca que passava na nababesca tela de plasma. Nenhum convidado sequer viu ou passou pela sala. E para quebrar o gelo, Diogo, piadista, ao ver uma cena do filme em que uns barões bebericavam alguns drinks, perguntou se estavam transmitindo a festa ao vivo. Gênio!



Voltando para a “smoked room”, vimos que a casa litaralmente começou a cair. Na verdade, a descascar. Não sabíamos que a lareira era apenas decorativa e que nunca havia sido usada. Num primeiro momento ela começou a ficar queimada. Normal. Mas em pouco tempo surgiram as primeiras bolhas, depois bolhas maiores, até que a parede estufou. Rapidamente ela já estava descascando e alguns pedaços caíram sobre o fogo. Pior! Num erro primário, colocamos um pedaço muito grande de madeira sobre a chama, que resultou em uma fumaceira 20 vezes pior do que a dos braseiros. Detalhe: estávamos dentro da casa, ao lado do salão de jantar e com ligação direta para o andar de cima, onde pessoas jantavam.



Conseguimos, não só destruir a parede da lareira, como defumar a “smoked room” (por isso o apelido) e as mesas de cima. Não contentes, ainda tivemos que ver o escocês de saia no alto da escada reclamar da fumaça (homens de saia não podem ficar em andares superiores, já que nos obriga a ver coisas que definitivamente não queremos). Mas vimos! E tomamos um cordial espourro.



Com a parede destruída e a sala defumada, tínhamos um terceiro problema: o jantar terminaria em poucos minutos e todos viriam justamente para a “smoked room” e para o lounge. Corremos! Abrimos todas as janelas. Deixamos ventilar. Fechamos tudo! Diogo passou uma cafezinho. E não sei como, no final das contas, deu tudo certo. A fumaceira se foi, o cafezinho estava excelente e conseguimos não matar ninguém asfixiado. Mais! Desmontamos o salão do jantar, montamos o cassino, um bar ao lado, abrimos espaço para a pista de dança e a festa transcorreu normalmente, com uma farta distribuição de Cohiba no final e sem mortos e feridos.



No dia seguinte, pela manhã, quando voltei na mansão para finalizar o trabalho, não acreditei no estado da parede da lareira. Estava totalmente destruída. E Maria, a governanta portuguesa, cornetou a construção da casa dizendo que lá em Portugal não acontece essas coisas nas lareiras. Mais! Que foi ridículo ter acontecido numa mansão daquela, a terceira mais cara de Sydney. Isso mesmo! Dois brasileiros, recebendo 30 dólares por hora, conseguiram destruir a lareira da terceira casa mais cara de Sydney. Brazil-zil-zil.

E não parou aí! Ao chegar no meu apartamento no sábado à noite, após horas mexendo com fogo, não fiz xixi na cama, mas ao pegar um prato com leite quente no microondas, deixei-o cair sobre o meu braço queimando uns bons 8 centímetros de pele. Ironia absolutamente desnecessária! (Mas já voltou ao normal, mãe).


PS: esta lareira é meramente ilustrativa.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Torcida Setanta Tricolor



Apesar da trágica derrota para o Fluminense, quando nosso comandante Muricy Ramalho alcançou o incrível tri-fracasso consecutivo na Libertadores, ainda temos motivos para comemorar. Pelo menos aqui na Austrália. É o surgimento da mais nova torcida overseas do São Paulo, a Setanta Tricolor.

Setanta é um canal pago europeu que só passa futebol. Alguns pubs de Sydney têm esse canal, como o Coogee Bay Hotel, um dos 453 pubs que frequento. Assim, com a tradicional corneta de sempre, em dias de jogos do São Paulo a Cherie, minha amiga do bar, não só coloca o Tricolor no telão principal, ao vivo, como também libera o som, deixando os jogos de rugby e corridas de cavalo nos tvs menores e no mudo. Cornetagem total!


Se você está em Sydney, seja bem-vindo à Setanta Tricolor! E você que está no Brasil, por favor, me faça dois favores. O primeiro é arrumar um novo clube para o Muricy Ramalho, o técnico que em 2 anos e meio de São Paulo foi incapaz de vencer um mata-mata. E avise o Rogério Ceni, nosso capitão, que o número dele é 1, e não 01, o 10 ao contrário. Um pouquinho de humildade não faz mal a ninguém. Ah! Mais uma coisinha: quando eu chegar no Brasil, em junho, vou querer passear de carro naquela avenida nova que fizeram no lado direito do São Paulo. Pa-lha-ça-da!

Detalhe: quando é quarta-feira à noite no Brasil, na Austrália é quinta de manhã. Ou seja, cervejinha às 10 da matina é só com a Setanta Tricolor. Cheers!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

A Festa na Mansão de Bellevue Hill– Parte 1

A geografia da mansão é a seguinte. Olhando de frente, uma enorme torre de cada lado. No meio, um simpático terraço no andar de cima e uma porta com ares marroquino em baixo. Tudo de pedra, no melhor estilo “sempre quis ter um castelo”. No topo, uma nababesca e ecologicamente correta cúpula transparente permite que o astro-rei ilumine o interior da casa.

Entrando, um grande salão seguido de uma luxuosa sala de jantar. Do lado direito, uma sala de tv com lareira (na qual chamaremos de “top room”), e a cozinha hi-tech. Do lado esquerdo, outra bela sala com lareira (na qual chamaremos de “smoked room”). Atrás desta, uma espécie de lounge ao ar livre e um impecável gramado. A vista é simplesmente cinematográfica: a Baía de Sydney inteira, com direito a Harbour Bridge, Opera House e Manly (sim, ia até lá). Não por acaso o bairro chama-se Bellevue Hill, que numa tradução livre para o português seria o nosso popular Morro da Bela Vista.



Obviamente eu estava lá a trabalho. Há aproximadamente um mês, caí (de pára-quedas) nas graças de uma mulher que faz eventos. Nunca trabalhei com isso e não é a minha praia, mas por 30 dólares a hora, sou uma espécie de Maria Clara Diniz (no caso, Mario Claro Diniz, o Malu Mader de Celebridades). Até agora não sei exatamente qual foi o meu trabalho. Eu era uma espécie de papagaio de pirata da produtora da festa.

Ela estava encarregada de realizar o aniversário de 40 anos da mulher de um milionário (o homem é dono de uma construtora). A coroa, uma portentosa ex-modelo, convidou 78 pessoas. Para a festa, ela abriu a mansão e contratou uma empresa de function para cuidar da cozinha e do bar, uma banda de jazz para tocar clássicos dos anos 40, um trio (também de jazz) para receber os convidados, um DJ, uma floricultura, um cassino, uma decoradora, meia-dúzia de sei lá o quê e a minha chefa. Tremendo staff!



Como a festa seria no sábado, sexta, 10 da manhã, eu já estava lá. Não fazia idéia do que faria, mas percebi que seria, no mínimo, divertido, uma vez que trabalharia diretamente com a manager house da mansão (no Brasil a chamaríamos de “caseiro”), e com a decoradora e sua assistente (uma estudante de moda). E, para a minha surpresa, assim que recebi o cronograma de trabalho, notei que no dia da festa, a partir das 17 horas, haveria um núcleo chamado “Pablo’s Team”. Ou seja, mesmo sem fazer a menor idéia do que faria e o que estava fazendo lá, eu seria o primeiro papagaio de pirata da história a ter um time próprio (Mario Claro Dinz em estado bruto).

O trabalho na sexta não foi fácil. De carregar abajour de 3 mil dólares a dar palpite na decoração (leia-se cornetar), passando por falar “one, two, three testando” no microfone, colocar velas nos candelabrados e coordenar o tráfego de fornecedores na entrada da mansão (com direito a deter o controle remoto do portão da garagem que abrigava uma Maserati V8), fiz um pouco de tudo. E olha que ainda estava sem o “meu time”!



Alguns momentos foram tensos. Num deles, ao transportar um quadro de meio milhão de dólares para o andar de cima, só pensava em como fugiria de lá caso algo acontecesse com a obra. E de fato, quase fugi no momento em que deixei o meu “autógrafo” numa das paredes de mármore enquanto carregava uma poltrona vitoriana.



Mas o que realmente me impressionou não foi o valor de que estava ao redor, nem mesmo o número de pessoas trabalhando para um aniversário de 40 anos, mas a quantidade de vezes que se mudou móveis e objetos de lugar. Só o “top room” alteramos 16 vezes. Isso mesmo! Era um tal de “trás o espelho da garagem”, “leva essa poltrona para a escada”, “precisamos de dois candelabros para compor um mosaico”, “quero um pouco mais de dourado neste canto”, “cadê as minhas almofadas vitorianas?” (rico anglo-saxão adora a Rainha Victoria) e por aí vai. Frescura total! E no dia seguinte, quando voltei para a referida sala, não acreditei ao ver que ela estava completamente diferente em relação à décima sexta tentativa do dia anterior. “Optamos por uma outra proposta”, explicou a decoradora. Achei o máximo! Falou pouco e não disse nada.

Continua em alguns dias...

domingo, 18 de maio de 2008

Alguns “cachos” de brasileiros oversaeas – Você conhece o “War Amin” ?

Continuando a saga dos brasileiros overseas, teve um que estava realmente intrigado. Quem é esse tal de “War Amin”? – ele queria saber. Onde ia, o campeão só ouvia falar dele. Na escola, no pub, no trabalho, em qualquer lugar que pisava, sempre tinha alguém perguntando se conheciam o “War Amin”.

O cara tinha certeza de que tratava-se de uma celebridade australiana (pelo jeito, descendente de árabe). Seria algum músico? Algum jogador de rugby? Um político, talvez, mais um participante do Big Brother local (sim, também temos esta praga por aqui) ou algum primo do Esperidião? O fato é que a curiosidade só aumentava e ele, não aguentando mais, resolveu acabar de vez com a dúvida:



- Véio, tu sabe quem é esse tal de “War Amin”? Em todo lugar que eu vou, tem sempre alguém perguntando: Do you know “War Amin”? Do you know what I mean? Véio, quem é esse cara?

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Alguns “cachos” de brasileiros oversaeas - Deletando em japonês



A partir de hoje contarei alguns cachos que aconteceram com brasileiros aqui na Austrália. Uns presenciei, outros me contaram. Em comum: todos são reais! O primeiro foi estrelado por um amigão meu, que na melhor das intenções, fez uma tremenda lambança.

Nós temos um amigo em comum, professor, que deu uns beijos em uma amiga nossa. Aqui é proibido relacionamento de alunos com professores, mas às vezes acontece. Ela, ex-aluna dele, já não estudava mais na escola. Mesmo assim, preferiram manter o affair em segredo.


O problema é que uma japonesa conhecida nossa, que, como toda japonesa, carregava uma máquina fotográfica na bolsa, tirou algumas chapas sem ninguém perceber. E no dia seguinte, mostrou para umas poucas pessoas.

Pra azar dela, a notícia chegou nos ouvidos do meu amigo, que não gostou nada da história. Querendo, literalmente, fazer justiça com as próprias mãos, ele aproximou-se da japa e pediu para ver a máquina. Ela emprestou. A idéia era apenas apagar as fotos do professor com a aluna. Nada mais justo. O problema é que todas as instruções e o menu da máquina estavam em japonês. E ele, obviamente sem fazer a menor idéia do que estava “lendo”, não titubeou e saiu apertando todos os botões que encontrou pela frente.


Resultado: a fera conseguiu deletar as 6 fotos do casal, assim como todas as demais chapas da máquina. Isso mesmo! Como não sabia ler em japonês, ele deletou mais de duas mil fotos, que começavam na festa de despedida da menina, em Osaka, passavam pela chegada na Austrália e por 7 meses em Sydney (incluindo aí todos os clichês como foto com a Opera House de fundo e alimentando cangurus).

Japonês é assim, tira foto de tudo. E o nosso ícone tupiniquim da justiça não deixou absolutamente nada. A “Dona Fifi” de Osaka chorou por, no mínimo, 15 minutos.

Deu cachaça no sushi!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Anzac Day - O Grande Dia da Austrália



Há duas semanas tivemos o grande dia da Austrália. Para quem não sabe, o grande dia da Austrália atende pelo nome de Anzac Day. O Brasileiro que chega aqui demora aproximadamente um mês para se dar conta de que tem visto a palavra ANZAC por toda parte, assim como as inicias ANZ. Depois, mais dois ou três meses – dependendo do caso – para descobrir o significado.

ANZAC significa Australian and New Zealand Army Corps, e ANZ apenas Australia and New Zealand. De biscoito sem graça a banco que me rouba menos do que o Itaú (sorry, Caio), passando por lojas, ponte e avenidas, ANZAC e ANZ estão em todo lugar. É um dos orgulhos locais e, disparado, o feriado mais divertido da Austrália (sim, também é um feriado!).



O Anzac Day é celebrado anualmente em 25 de abril para comemorar o desembarque do nosso glorioso Australian and New Zealand Army Corps em 1915 na Península de Galipoli, na Turquia, em uma das maiores roubadas bélicas da história.



O que era para ser uma rápida ação militar em conjunto com soldados do Reino Unido, acabou se tornando uma das mais sangrentas batalhas da I Guerra Mundial, que durou 8 meses e resultou em 8.000 soldados australianos mortos e 2.700 neozelandeses (quase um décimo da população kiwi).



Baixas à parte, o Anzac Day se tornou O FERIADO graças ao 2-Up, o tradicional cara ou coroa (head or tail por aqui). Como já escrevi anteriormente, australiano adora uma aposta. E, não sei desde quando, o 2-Up valendo dinheiro está proibido na Austrália. Se você, na porta da sua casa, perguntar “cara ou coroa” para o seu vizinho – valendo 1 dólar – e a polícia flagá-los: cana! Cadeia na hora, exceto se for em 25 de abril, o único dia em que é permitido jogar 2-Up com din-din.

Assim, enquanto nas principais avenidas da Austrália, Nova Zelândia, Ilhas Cook, Niue, Samoa e Tonga há desfiles e homenagens militares, em 99.4% dos pubs são montadas pequenas ou grandes arenas onde no centro fica uma espécie de mestre de cerimônias com alguns assistentes. Em volta, um bando de gente embalada por quantidades industriais de cerveja querendo apostar.



A coisa é simples. Se você conseguir entregar o quanto quer apostar para um dos caras do centro da roda, basta falar se você é cara ou coroa. Como é muita gente, às vezes não dá tempo. Assim, resta levantar a grana, mexer a mão que nem um louco e dizer o quanto e no quê quer apostar. Por exemplo: “Head ten! Head ten!” Isso significa que você quer apostar 10 dólares na cara. Se alguém que deseja apostar 10 doletas na coroa o vê, por mais que vocês não se conhecem, bingo! Vocês se desafiam e aguardam.



No centro da roda algum ilustre desconhecido da platéia é chamado para segurar uma pequena tábua de madeira com 3 moedas. A gritaria fica ensurdecedora (imaginem um monte de bêbados gritando “head” ou “tail”). O cara balança a tábua e deixa as 3 moedinhas caírem no chão. O lado da moeda que mais aparecer, tchu-tchín! É só receber ou pagar o dinheiro, ir no bar comprar mais cervejas e esperar o próximo.



À distância parece a coisa mais estúpida do mundo. Mas não é! Como o Anzac Day é o único dia para jogar o 2-Up sem ir para o xilindró, rola uma baita ansiedade nas semanas que antecedem, e a coisa fica ainda mais divertida quando se fatura uma grana, como aconteceu com a minha irmã no ano passado, que pegou 5 dólares emprestado para brincar e depois de horas foi pra casa com 300 e poucos doletas (tchu-tchín!).