segunda-feira, 27 de julho de 2009

O primeiro dia do resto da vida do Patrick



Hoje é um dia importante para o meu sobrinho Patrick. Na verdade, um divisor de águas, que vai decidir se ele é vermelho e verde, ou azul, branco e vermelho. Aqui em Sydney temos alguns times de Rugby League, sendo que dois nos eastern suburbs, onde moramos. Um é o South Sydney Rabbitohs, time do Russel Crowell que não vem bem na tabela (é o 11º). O outro é o Sydney Roosters, time daqui de Bondi Junction que está ainda pior, segurando a lanterna na 16ª posição, pois os jogadores, a cada semana, se superam nas lambanças dentro e, principalmente, fora de campo.



Mas como são os times mais próximos, Patrick precisa “escolher” um, e aproveitando que hoje à noite teremos o derby local, chegou a hora.



Prestes a completar 9 meses, é óbvio que o nosso “Little Man” não escolherá por livre e espontânea vontade, e como o meu cunhado é muito mais ligado em futebol do que em rugby, ou seja, não tem um time de coração (ele torce em quem ele aposta), a coisa funcionará mais ou menos assim.

Eu, o cunhado Rob e o Kevin, amigo dele apaixonado por qualquer esporte, compraremos quantidades industriais de cerveja, enquanto a minha irmã encomendará algumas pizzas. O jogo está marcado para às 19h30, e às 18h30 provavelmente o Patrick estará dormindo (não, ele não participará do próprio batismo). Kevin e Rob, como de costume, farão apostas esquisitas do tipo Roosters vão perder por mais de 30 pontos, Rabbitohs terminarão o primeiro tempo com 16 pontos à frente ou David Fa'alogo fará o primeiro try. Apostas simples como o time tal vai vencer, nem pensar!

E no final da noite, quem vencer a partida será oficialmente eleito o time de coração do Patrick para o resto da vida. Em caso de empate, teremos outra ótima desculpa para tomar mais cervejas em quantidades industriais no próximo derby - o pretexto do batismo do nosso “Little Man”. Que vença o menos pior!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Só pra constar



Hoje tivemos o dia de julho mais quente dos últimos 19 anos. Não sei exatamente quantos graus fez e na verdade não estava tão quente assim, mas quando o relógio apontou meio-dia e um, desci para a praia e dei algumas braçadas. O problema é que até agora estou com o queixo trincando, os olhos verdes e o lábio transparente, pois nunca havia entrado numa água tão gelada na minha vida.



Coincidência ou não (claro que não), no dia de julho mais quente dos últimos 19 anos, 5 barcos de luxo pegaram fogo nas praias do norte de Sydney. Ainda não se sabe o motivo, mas a certeza é de que o prejeízo foi grande, pois algumas das embarcações flambadas valiam cerca de 2 milhões de dólares.



E agora à noite, a temperatura esquentou no Australia’s Perfect Couple. Como disse num dos posts anteriores, detesto reality show e televisão em geral, mas como o meu chapa Rafael está participando com a mulher, Gemma, estou prestigiando.



Numa das provas, a esposa tinha que passar um sei-lá-o-quê em um também não-sei-o-quê. Cada vez que ela encostava o sei-lá-o-quê no não-sei-o-quê, o marido tomava choque. Juro! Foi uma das coisas mais cretinas que já vi na TV, mas como Rafa e Gemma estão concorrendo a nada menos do que 250 mil dólares, assistirei e torcerei para que tenham um final feliz.

Apelo urgente de uma mãe

Galera, o blog é leve, descontraído, mas acabei de receber um email da editora da revista que escrevo e a causa é ralmente importante. Segue email da mãe que está no Brasil:

Oi meu amigos,
A minha filha do meio Lilian Leiva que está na Austrália estudando e trabalhando, teve um derrame cerebral hemorrágico. O caso é extremamente delicado, além de ter paralisado o lado direito dela e prejudicado a fala, ela precisa ser operada imediatamente. Ela está no hospital em Sydney (Dalcross) e sua cirurgia será na próxima segunda-feira. Por favor rezem por ela.

Como a cirurgia é muito cara, e eu não tenho vergonha de pedir ajuda, estou pedindo a todos os amiguinhos dela daqui e da Austrália, a todos os amigos da Vivian e da Luciana, a todos os meus amigos e parentes, vou na mídia se precisar, vou em algumas empresas que eu trabalhei, vou em estações de rádio e em canais de TV. Faço qualquer coisa para salvar a minha filha!

Quem puder ajudar é só entrar no meu e-mail e eu respondo passando o número da conta. Vou tentar levantar esse dinheiro com todas as forças do meu amor que eu tenho por ela. Desculpem, mas não vou medir esforços para salvá-la. Quem quiser meu telefone: 5523-5347. Não é vírus. Fiquem com Deus!! A Lilian vai sair dessa!!!!!

Se Deus quiser! e ELE quer!

Malu

maluleiva7@hotmail.com

terça-feira, 21 de julho de 2009

Um pequeno telescópio de um australiano, uma grande decepção para os norte-americanos


Detalhe da roupa espacial de astronauta.

Exatos 40 anos após o homem ter pisado na lua pela primeira vez (se é que pisou), um australiano de Murrumbateman, vilarejo ao norte de Canberra, nossa capital (não, a capital da Austrália não é Sydney nem Melbourne), acaba de colocar o mundo da astronomia de pernas para o ar (sem trocadilhos).


Detalhe do moleton de tiozão domingueiro.

Anthony Wesley, programador de computador e astrônomo amador nas horas vagas, ao observar o planeta Júpiter do quintal de sua casa com um telescópio de pouco menos de 37 cm, detectou um raro cometa, asteróide, nave do Darth Vader, Ra-nal-do ou seja lá o que for, colidindo com Jup (pra dar um ar mais intimista ao texto). Detalhe: o raro cometa, asteróide, nave do Darth Vader, Ra-nal-do ou seja lá o que for era quase do tamanho da Terra.



Mas as coincidências não param por aí. A colisão foi exatamente 15 anos após o cometa Shoemaker-Levy 9 ter se chocado com o mesmo Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar. Os cientistas da NASA, provavelmente frustrados por não terem visto primeiro, já encontraram evidências do impacto, confirmando que o nosso glorioso Anthony Wesley não viu coisas a mais após algumas VB’s com os “mates”.



20 de julho de 2009
Um pequeno telescópio de um australiano, uma grande decepção para os norte-americanos.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Canarinhos x Astros - Rodada 16


Agenor Muniz, o homem, a lenda. Defendeu a Austrália por 3 anos.

Domingão, 3 da tarde, o circo estava armado no campo 10 do Centennial Park. No gramado, o Sydney Brazilian Social Club, o popular Canarinhos, enfrentaria os Astros (que de astros não têm nada), pela 16ª rodada do campeonato da Inner City Football Association (ICFA).



Com os Canários é assim, quando não tem ninguém da torcida ou do próprio time enchendo o saco do lado de fora – o que é raro – o jogo começa meio a zero para os brasileiros. E, ao contrário das últimas 3 partidas, quando rolaram lambanças históricas extra-campo, ontem a situação estava tranquila. Era só entrar, jogar futebol e ganhar. O time, que coincidentemente não vencera nos últimos 3 jogos, precisava da vitória de qualquer maneira.

O adversário era aquela coisa de sempre: chutões pra frente, porrada lá trás e o apoio incondicional do juiz, o 12º jogador. Destaque para um velho conhecido da torcida brasileira, o atacante Freddy Rincón/ À Espera de um Milagre, uma muralha de 2 metros.



O primeiro tempo foi fraco. Apesar de manter o jogo sob controle, encurtando os espaços do campo, não deixando a defesa exposta e com muito mais posse de bola (74.3% segundo o DataOzzyland), os Canarinhos pouco chegaram ao gol adversário. O setor de criação não funcionou e faltou um centroavante para trabalhar a bola na área, fazer o pivô e prender uns zagueiros.

Os únicos lances de perigo – que nem foram tão perigosos assim – surgiram de chutes de meia distância. O primeiro do volante Balu e o segundo do zagueiro Junior, que com muita raça, vontade e fazendo boas jogadas, foi o melhor do time nas últimas duas partidas. Já o que tirou todos do sério foram as 3 reversões em cobranças de lateral e os 7 escanteios cobrados baixos no primeiro pau.

O primeiro tempo parecia que acabaria meio a zero para os Canários, quando aos 43 minutos, em um dos famosos bicões pra frente, a bola encontrou a cabeça do Rincon na entrada da área. O goleiro Liminha apostou no golpe de vista, pulou sem erguer os braços e foi encoberto. Um a meio para os Astros, com direito a bolinho no Freddy.


Cigarrinho e celular após substituição.

O segundo tempo começou igual. Os brasileiros com mais posse de bola, mas sem presença na área. Precisando da vitória, a torcida empurrou os jogadores, que partiram pra cima. Alguém tirou a placa de “Proibido pisar na grama” que estava dentro da área e o time começou a chegar com perigo. Até que num cruzamento da esquerda, a bola sobrou para o meia Beto que mandou para o fundo da rede. Um e meio a um para os Canários.



Com a torcida em cima e os jogadores mostrando a disposição que faltou nos últimos jogos, a virada era questão de tempo. O time chegou a perder algumas boas chances, até que num lance na ponta esquerda, o tempo fechou e o pau comeu. Sem clima para continuar, o juiz terminou a partida e, como envolveu o extra-campo, perdemos o meio ponto. Placar final: 1 a 1 e a comprovação de que a fase dos Canários, definitivamente, não está das melhores.



Próximo jogo
Domingo, 26 de julho, Campo 10
15h – Phantoms x SBSC

Classificação (por ora, sem os últimos resultados)

Pts V D E
1. La Ciccolina 38 12 0 2
2. Casuals 36 11 0 3
3. Tigers 32 10 2 2
4. SBSC 30 9 2 3
5. Phantoms 26 8 4 2
12. Astros 4 1 12 1

sábado, 18 de julho de 2009

Vira casaca no Tour de France

Depois de Mark Webber, piloto australiano de Fórmula 1 que fez história no domingo passado, agora foi a vez do ciclista Heinrich Haussler, vencedor da etapa 13 do Tour de France.



O cara, nascido aqui no estado de New South Wales filho de pai alemão e mãe australiana, na verdade defende as cores da Alemanha, onde mora desde os 14 anos. Porém, já avisou que em 2010 passará a pedalar pela Austrália (o que em bom português chamamos de “vira casaca”).

Problemas do Departamento de Imigração à parte, o fato é que Haussler foi o primeiro nos 200 km de Vittel a Colmar, e chorou um bocado na chegada, provando que ele, definitivamente, é muito mais australiano do que alemão.



Importantíssimo: Colmar é a cidade natal de Auguste Bartholdi, o criador da Estátua da Liberdade (aquela grande, da tocha, que fica numa ilhota).



Haussler, que se mudou para a Alemanha justamente para se dedicar ao ciclismo, está em 83o na colocação geral. Cadel Evans, 17o, é o australiano – 100% australiano – melhor colocado.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O meio da estação

Meia-estação, apesar de levemente gay, é uma palavra que eu gosto. Não define nada mas diz absolutamente tudo. E ontem, 15 de julho, estávamos, literalmente, no meio da estação, o que não tem nada a ver com meia-estação.

Seguindo a lógica racional anglo-saxônica, na Austrália as estações do ano começam no primeiro dia do respectivo mês, e não lá pro dia 22, 23, como estamos acostumados no Brasil.



Assim, ontem à noite, 15 de julho, estávamos, literalmente, no meio da estação, como podem ver nessas imagens de duas pobres árvores numa noite que beirava os 16º C.

Por sorte, seguindo a lógica racional anglo-saxônica, por aqui o governo está muito mais preocupado em trabalhar para o povo do que contra o povo, como estamos acostumados no Brasil.



E esta manhã, ao abrir a caixa de correio, recebi um simpático e lúdico folder da nossa EnergyAustralia, dando algumas dicas de como aquecer a casa no inverno. Mais! Preocupados em economizar energia, eles nos deram um simpático e nada lúdico termômetro para mantermos a temperatura da casa sob controle, não deixando os aquecedores elevarem a temperatura para mais de 21º C, o que significaria desperdício e conta alta no final do trimestre (tchu-tchin!).



Resumindo: com o termômetro, a gente controla a temperatura, mantém a casa aquecida e ainda economiza, o que significa que sobra mais dinheiro para tomar mais vinho, mantendo o corpo aquecido e a temperatura lá em cima no inverno. Isso que é governo!