Pombo correio, voa depressa / E esta carta leva para o meu amor / Leva no bico que eu aqui fico esperando...
Infelizmente, a magia do pombo-correiro, aquele romantismo imortalizado na letra do Moraes Moreira, já era. Eu, que sempre achei que os pombos-correios voassem por conta própria, atravessando fronteiras, enfrentando chuvas, nevascas, tempestades e urubus para levar cartas ao nosso amor, fiquei profundamente decepcionado ao ver que eles voam de avião. Pior: confortavelmente dispostos em canelas patrocinadas pela Adidas.
No último domingo, um australiano de 23 anos foi detido no aeroporto de Melbourne, vindo de Dubai. O homem carregava, além de dois pombos vivos, dois ovos de pássaro, sementes de plantas e amostras de beringela. Ele escolheu o país errado!
A Austrália é a maior ilha do planeta, o que significa que as autoridades locais são absolutamente neuróticas em relação às fronteiras (ou à falta delas). Como não tem pra onde correr, somente nadar, eles temem que um simples tatu-bola ou qualquer outro organismo vivo possa se tornar uma ameaça e destruir o país.
O homem-beringela-das-pombas-nas-canelas, além de correr o risco de pegar 10 anos de cadeia e pagar AU$ 110 mil de multa, ainda aparecerá em rede nacional com as calças arriadas. Isso mesmo! Por aqui temos um programa chamado Border Security (tan-ta-ran-tan-tan – essa é a vinheta), que mostra o patrulhamento das águas e aeroportos australianos.
No programa, são mostradas vovós orientais tentando entrar no país com alguma muda de planta infestada de fungos, mulheres vietnamitas da vida chegando com 20 mil dólares – não declarados – em cash e sem nenhum cartão de crédito, caixas suspeitas da América do Sul com “farinha de trigo” e “giz”, entre otras cositas más.
O cara está encrencado!
E como cantaria Chico Buarque: Homem-beringela que leva os pombos na canela / Será que ele...
Complete a música e ganhe uma caneleira da Adidas.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Perdemos Hans Beck!
Falando em choro, reuni a turma aí em cima, pois estamos de luto. Foi com muito pesar que recebi, esta manhã, a notícia de que o grande desenhista industrial alemão Hans Beck faleceu na última sexta-feira, aos 79 anos. Sim! Perdemos Hans Beck.
ENTER
ENTER
ENTER
(3 ENTER´s em homenagem)
Caso não saibam, Hans Beck foi o inventor de nada mais, nada menos do que o Playmobil, um dos grandes ícones dos anos 70 e 80 que habitou armários, caixas, sacolas e gavetas de quartos em todo o planeta.
Qual turma não teve alguém apelidado de Playmobil por causa do cabelo “afranjadado”? Eu, obviamente, desde pequeno sempre tosei a juba à imagem e semelhança, no melhor estilo “tigelinha little indian Playmobil”.
Aos 19 anos, saindo da infância, parei de brincar, mas para que a mudança não fosse tão brusca, incorporei a segunda principal característica do Playmobil: a mão cientificamente desenvolvida para o encaixe perfeito. No meu caso, optei pelo encaixe de copos de Guiness, e desde então nunca mais larguei.
A comoção mundial é tanta que até a família Cruise, de férias no Brasil, passou no Jassa para homenageá-lo.
Abaixo, reprodução em tamanho real de um modelo vendido somente na Austrália, para criança australiana: o “Playmobil Pub-cricket”.
Vida longa ao Playmobil!
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
O choro é livre e ele pode!
Não vou falar que deu pena pois o cara é homem, suíço, tem 27 anos, só de premiação faturou quase U$45 milhões na carreira e é um dos maiores tenistas de todos os tempos (se não for o maior).
Além disso, tem todas as condições de quebrar dois recordes ainda este ano, tornando-se o jogador com mais finais de Grand Slam disputadas e mais títulos de Grand Slam ganhos (claro, se conseguir vencer o apache espanhol).
Mas ontem à noite, vê-lo chorar na frente de 15 mil fãs (o australiano ama ele), e mais 600 milhões espalhados por todo o planeta (o planeta ama ele), foi desconcertante. Ainda mais ouvi-lo dizer, sem quase conseguir dizer, que as derrotas seguidas para o Nadal tem matado ele.
Roger Federer é o cara!
E Rafael Nadal é o cara da vez (só podia parar com essa mania desagradável de aliviar a cueca a cada serviço)!
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domingo, 1 de fevereiro de 2009
Tri-vice e uma revelação: Mia Lines
Sim, ganhamos! Conforme escrevi em um dos posts anteriores, faturei uma graninha no Australian Open com as irmãs Williams nas duplas, e com a irmã Serena na simples. Uma espécie de Obama de saias, ontem à noite Serena passou feito um rolo compressor sobre a russa Dinara Safina, a irmã do Marat, por 2 sets a 0, parciais de 6/0 e 6/3, voltando ao posto de número 1 do mundo. YES SHE CAN!
A russa de 22 anos, então terceira do mundo (e a partir de amanhã segunda), tão cedo, não volta para a Austrália. Ela desembarcou por aqui no início de janeiro e participou de três torneios. Chegou à final dos três. E perdeu os três. Vai ser pé fria assim lá em Moscou.
A epopéia dos vices começou em Perth, cidade da Roberta, onde ela perdeu a final do Hopman Cup para a eslovaca Dominika Cibulkova por 2 sets a 1, de virada. Na semana seguinte, Safina veio para Sydney e chegou à final do Medibank International, perdendo para a compatriota Elena Dementieva por 2 a 1. Detalhe: Dinara havia sido derrotada por ela na final das Olimpíadas de Pequim, no ano passado. E ontem, fechando com chave de prata a sua participação em terras australianas, foi atropelada pela Serena.
Como estou com muita pena da moça, realizarei um mini-torneio aqui em North Bondi. Será o Dom Pablito North Bondi Safino Open. Na verdade, é uma final, e feita para ela ganhar. Convidarei a mais nova revelação do tênis australiano, Mia Lines. Treinada pelo famoso técnico norte-americano Ricky Macci, que já treinou Andy Roddick, Jennifer Capriati e as irmãs Williams quando ainda eram jovens, a australianinha foi apontada pelo próprio com uma das mais promissoras jogadoras que ele viu nos últimos 25 anos. Importante: Mia Lines tem 4 anos de idade. Acho que a Safina ganha.
Mas lembrem-se deste nome: Mia Lines.
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
God Saved the Queen - Ou teria sido o Sean?
E não é que, há 40 anos (39 para ser exato), tentaram assassinar a avó dos “princesos” William e Henry na Austrália? Pelo menos é o que o detetive aposentado Cliff McHardy revelou ontem.
Segundo ele, a idéia, no melhor estilo 40 anos atrás, era descarrilhar o trem que levaria a Rainha Elizabeth II e o Príncipe Phillip para Blue Mountains, famosa região de montanhas não-azuis a uma hora e meia de Sydney.
O atentado foi realizado em 29 de abril de 1970, na altura de Orange, área aqui perto onde tem sido feito vinhos bem simpáticos (experimentem o Orange Cabernet Merlot 2006 da Printhie Wines - $16.95). Bem, mas não vamos perder o foco.
Ao contrário dos filmes do James Bond, a complexa operação não envolveu mísseis nucleares, bombas atômicas, aviões supersônicos, mulheres casadas, nem mesmo Martini (Martinis talvez). Apenas uma tora de madeira colocada no trilho por um aussie gatuno na noite anterior.
Mas o plano genial falhou porque o trem estava tão devagar, mas tão devagar que, ao passar a menos de 100 km/h, a tora entalou, e ele foi perdendo velocidade, foi ficando lento, bem lento, muito mais lento, até que parou. Entre mortos e feridos, apenas a tora de madeira, que foi transformada em um toquinho. De resto, nem susto Sua Altez Real e o Duque de Edimburgo levaram.
Segundo Cliff McHardy, essa história ficou todo esse tempo em segredo para não constranger o governo australiano da época. Mas a pergunta que há 40 anos (39 para ser exato) não quer se calar, é:
Estaria Sean Connery disfarçado de maquinista no vagaroso trem?
De qualquer maneira: God Saved the Queen!
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terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Austrália: não deforma, não tem cheiro e não solta as tiras
Esta é a praia mais famosa da Austrália: Bondi Beach. E hoje é um dos feriados mais importantes do país: Australia Day. Sabem quem roubou a cena?
Lembram, no final dos anos 80 (ou seria no início dos 90?), quando o Chico Anysio falava de um chinelo que não deformava, não tinha cheiro e não soltava as tiras?
Pois bem, não falarei a marca para não fazer propaganda de graça, mas o fato é que as Havaianas são muito mais do que um campeão de vendas por aqui. Elas são um fenômeno cultural, uma revolução fashion que caiu no gosto popular, tornando-se peça obrigatória para 10 entre 10 australianos e forasteiros que vivem por aqui.
Jeans, camisa social e Havaianas? Cool! Shorts, chapéu e Havaianas? Artista! Havaianas, Havaianas e solamente Havaianas (ou seja, nu)? Sexy! Não importa o figurino, a estação do ano, a ocasião ou a hora do dia, mas calçou o chinelo está na moda.
No Brasil, temos, no máximo, dois despretenciosos e confortáveis pares para usarmos no dia-a-dia. Por aqui, cada australiano tem, pelo menos, 8 pares, um para cada dia da semana, e outros reservas para casos de chuva, neve, tempestade ou tubarão.
E desde não sei quando, todo dia 26 de janeiro, data em que se comemora o Australia Day (vide post), os chinelos nos quais me recuso a divulgar o nome invadem Bondi Beach e fazem todo mundo se divertir em verde e amarelo, as cores do Bras... ops, as cores nacionais da Austrália.
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domingo, 25 de janeiro de 2009
Efeito Obama?
Não sei se tem a ver com a posse do nosso glorioso Barack, mas parece que o mundo já mudou. E pra melhor! Eu, que até terça passada estava totalmente descrente com os rumos do planeta e da humanidade, acabo de viver uma situação absolutamente YES WE CAN!
Fui na casa de uns amigos assistir ao show do nosso apache espanhol Rafael Nadal. O homem tá jogando muito! Acho que vai ser difícil alguém bater o apache neste Australian Open.
Pois bem, eu voltava de Paddington, a pé, em direção a Bondi Junction, quando vi o meu ônibus se aproximar do outro lado da rua. Corri. De fato, voei. E o alcancei. Tirei uma moedinha de 2 dólares do bolso, paguei o motorista e caminhei para o fundo. Quando fui sentar, ainda ofegante, notei que algo estava errado. Na verdade, algo não estava. Minha carteira havia desaparecido. Procurei, procurei, e nada. Senti um frio na espinha e um gelado na barriga que certamente resultaram em uma úlcera. Tudo em fração de pouquíssimos segundos. De repente, um estalo: deve ter caído na rua quando voei para alcançar o 380 (e olha que eu não estava usando o tênis acima).
No mesmo momento, vi um japonês de camiseta verde correndo do lado de fora. O motorista deu partida, eu já estava de pé e o japa, ninja, deu uma sequência de knock knock no vidro, mostrando a minha carteira, e assustando o ônibus inteiro. O motorista se ligou mas, como já estava andando, continuou e desceu a rua devagar. Eu corri para frente e o japa ninja da camiseta verde acompanhou o ônibus até a estação. Com certeza não era o caminho dele, mas em tempos de Obama...
O motorista abriu a porta e ficou me esperando. Fui lá fora e o anjo da guarda em forma de ninja me devolveu a carteira, com um baita de um sorriso, enquanto dois bêbados irlandeses (sabia que eram irlandeses pelos tênis brancos) aplaudiram o cara. Mandei 34 “Thank you very very much”, seguidos por 72 “Arigato Sayonara”, e voltei para o 380. Ao abrir a carteira, senti um grande alívio por estar com todos os meus documentos, e uma grande alegria ao ver os meus suados $ 120 absolutamente intactos. Não sei como a coisa anda no Brasil, mas por aqui já é possível ver a luz no fim do túnel e acho que é o efeito Obama: YES WE CAN!
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