sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Sabedoria momesca

Desde que cheguei na Austrália, em agosto do ano passado, tenho aprendido, vivido e descoberto muita coisa. Mas nada, nada que aprendi, vivi e descobri me chamou tanta a atenção e causou tamanha surpresa quanto uma palavra nova que li esta semana em uma matéria sobre o carnaval baiano. NADA!!!

Nestes 5 meses e meio, descobri, por exemplo, que na Coréia do Sul os homens saem do trabalho e não vão pra casa. De segunda a sexta eles seguem para os karaokês da vida onde cantam e tomam cerveja e soju (a cachaça local) até altas da madrugada. Para compensar, nos finais de semana passam o dia com as famílias nos parques, praças e praias fazendo picnic.



Descobri também que na Suíça falam, pelo menos, 4 línguas diferentes: alemão, francês, italiano e romanche, de acordo com a região. Sendo assim, ao ser apresentado a um suíço e, principalmente, a uma suíça, é aconselhável identificar o quanto antes se a pessoa é suíça-alemã, suíça-francesa, suíça-italiana ou suíça-romanche (Any, Carol, Ruben e Stefano, cheers! - um amigo de cada).

Descobri que a seleção colombiana viveu um dos maiores dilemas da história do futebol durante a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Eles tinham um timaço com jogadores como Valderrama, Higuita, Asprilla, Rincón e Valência, e chegaram com status de que poderiam disputar o títular. Mas não passaram da primeira fase. Motivo? Era o auge da guerra do narcotráfico entre os cartéis de Cáli e Medellín e, no melhor estilo “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, um dos cartéis falou que se fossem bem, morreriam; enquanto o outro falou que se fossem mal, morreriam (claro, simplifiquei ao máximo a questão).



Resultado: sem saber se chutavam no gol ou se tocavam pro lado, eles fizeram uma campanha medíocre, não passaram da primeira fase e quem pagou o pato foi o zagueiro Andrés Escobar, que durante a Copa fez um gol contra na derrota que eliminou a Colômbia e, 10 dias depois, foi assassinado na frente de uma discoteca em Medellín.

Com o intuito de me engraçar com uma polonesa, aprendi a contar até 10 em polonês: 1. Jeden 2. Dwa 3. Trzy 4. Cztery 5. Piec´ 6. Szes´ 7. Siedem 8. Osiem 9. Dziewiec´ 10. Dziesiec´

Aprendi que ao brindar com certos povos do leste europeu, além de falar “na zdorovye” (russo) ou “na zdravi” (checo), por exemplo, é preciso encarar a pessoa nos olhos com uma certa fúria no olhar.

Descobri que o japonês não pode ver algo diferente que logo grita “take a picture”, saca um canhãozinho fotográfico de última geração e bate dezenas de chapas. E sempre que está do lado oposto, ou seja, posando pra foto, mostra os dedos indicador e médio para a câmera. No caso das japonesas mais tímidas, enquanto mostram os dedos indicador e médio para a câmera, com a outra tapam o sorriso (não é o caso abaixo - por sinal, este é Shinji, grande amigo e irmão, com a respectiva primeira-dama).



Descobri que um dos principais problemas de viver na Austrália atende pelo nome de flatmate. Não tem jeito, dividir apartamento, casa, quarto, beliche, cama, edredon ou seja lá o que for, com ex-estranhos, sempre vai dar problema. Mas há uma espécie ainda pior do que flatmate: namorado ou namorada de flatmate. Meu Deus!!!!! TIreM esse cara daqui (mensagem subliminar, se alguém descobrir o nome da fera, ganha um vinho)!!!

Descobri que o brasileiro é o povo mais limpo (em termos higiênicos) do planeta.

Enfim, o aprendizado tem sido grande, a vivência muita rica, mas quando abri a Internet e li a referida manchete, não entendi:

"Rei Momo magro é destronado do Carnaval de Salvador"

Ao mesmo tempo curioso e triste com a minha ignorância, cliquei para tentar entender do que se tratava:

"Reviravolta no reinado momesco de Salvador. A juíza substituta da 5ª Vara de Fazenda Pública, Aidê Ouais, anulou a eleição de Clarindo Silva, o rei Momo de 58kg do Carnaval baiano. "



Foi então que caiu a ficha de que “destronado” vem da palavra “trono”, o que faz total sentido uma vez que estamos falando do “reinado momesmo de Salvador". Coisa séria! Juro que nunca ouvira essa palavra, nem nas aulas de história, muito menos nas de português, quando jamais conjuguei "eu destrono, tu destronas, ele destrona, nós destronamos, vós destronais, eles destronam" (seria isso?).

Tem coisas que só a Internet faz por você!

Mas o importante é que aprendi um novo verbo e imagino que "destronar" também valha para o ato de deixar o "trono" do banheiro. E, se realmente valer, peço um favor: se alguém souber a tradução em inglês, por gentileza, me escreva, pois "destronar" diariamente in english vai ser ainda mais divertido e dará um grande improve no meu inglês.

É a Bahia, como sempre, me dando régua e compaço (mais textos sobre a Bahia no meu outro site: www.pensamentododia.com/pensamento_do_dia.asp?codigo_pensamento_atual=161&codigo_pensamento=145
e
www.pensamentododia.com/pensamento_do_dia.asp?codigo_pensamento_atual=161&codigo_pensamento=110)!

Um comentário:

Anônimo disse...

Descobri que a seleção colombiana ..............fosem (OPS!! Corrija a grafia Djou !)
........bem, morreriam; enquanto o outro falou que se fossem mal, morreriam (claro, simplifiquei ao máximo a questão).