quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ned Kelly - Meu novo ídolo local

O brasileiro que vive na Austrália pode ser dividido em 3 grupos:

- O que sabe quem foi Ned Kelly (1.4%)
- O que já ouviu falar em Ned Kelly mas não sabe quem foi (7.1%)
- O que jamais ouviu falar em Ned Kelly (90.4%)

Como estamos em época de eleições, brancos e nulos ficam em 1.1%.



Até terça à noite, às 21h, Ned Kelly, pra mim, era o bandido mais famoso da Austrália, que atuava nos arredores de Melbourne por volta de 1870 e tinha algo relacionado com uma máscara.

A partir das 22h50 da mesma terça, Ned Kelly, pra mim, passou a ser o mais famoso fora-da-lei da Austrália, além do mais novo ídolo do terceiro continente à sua escolha (ao lado de Ricky "The Skipper" Ponting e Todd Farrawell).

O que aconteceu entre às 21h e às 22h50?



Sim, é ele mesmo, o ator australiano Heath Ledger, morto em 2008, em excelente filme de 2003 que tem no elenco Orlando Bloom, Geoffrey Rush, Naomi Watts e Rachel Griffiths, entre outros.

Achando que Ned Kelly não passava de um bandido, no início me irritei com o DVD que o pintava como uma espécie de Robin Hood down under de origem irish. Conforme a história se desenrolou e conhecendo um pouco do contexto da época (interior de Victoria, em plena corrida do ouro, ingleses e irlandeses não se davam por aqui - especialmente os ingleses da lei contra os irlandeses pobres e beberrões), o lado Robin Hood passou a não me irritar mais.

A relação de Ned, sua família e amigos com as "otoridades" chega a ponto em que não há mais volta, a partir dali tudo vira uma bola de neve e Ned Kelly, até fisicamente, ganha ares de Che Guevara, porém não tão político. Respirei fundo, já que achei um pouco demais, e fui até o fim.



Em todo filme, a pergunta que deve ser feita é quem o produziu. É preciso saber quem estava por trás para descobrir qual era a verdadeira intenção. Principalmente em biografias e histórias reais, já que cada um retrata o que quiser como bem entender. Por isso, é importante que a audiência tenha o mínimo de dicernimento para acreditar e aceitar, ou não.

Assim que terminou o filme, conversei com duas amigas australianas (sendo uma nascida em Melbourne), corri para a nave-mãe (Google) e parece que o retrato que fizeram de Ned Kelly foi bem fiel à realidade.

Eu, agora, tenho 3 missões: pegar alguns livros na biblioteca, visitar o Old Melbourne Gaol quando for à Melbourne, onde ele foi enforcado em 1880 aos 25 anos (sim, ele foi enforcado), além de alugar mais filmes sobre. Parece que existem pelo menos 11, sendo um de 1970 com niguém menos do que Mick Jagger no papel principal.



I know it's only rock n' roll (but I like it)!


RECOMENDO!!!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Absurdo ao vivo e a cores



Segunda-feira, assistindo ao 7pm Project com minha flatmate, após ouvir pela enésima vez sobre o empate da Grand Final, ela perguntou: primeiro foram as eleições, depois a Grand Final, qual será a próxima bizarrice envolvendo aussies?

Respondi que provavelmente seria no Commonwealth Games, em Delhi, já que os preparativos para os Jogos que começam no domingo estão absolutamente caóticos.

Porém, a deusa Sarah Murdoch, nora do Cidadão Cane local, veio com essa ontem. Um dos momentos mais absurdos da história da TV australiana.




Televisão ao vivo? É por isso que inventaram o tal do delay.

PS: caso o vídeo acima seja removido do You Tube, assista neste link.

Vibez (Brazil) South America Australia

Para quem perdeu, vou explicar o que rolou na 89.7 Eastside FM desta terça, entre às 21h30 e 23h.

Religiosamente, toda terça-feira, Rapha Brasil e Mau Buchler, dois dos maiores fanfarrões do oeste, vão até a rádio em Paddington apresentar a Vibez Brazil, o programa de rádio dos Eastern Suburbs que toca o melhor da música brasileira em Sydney.


A dupla indo para a rádio.

Eles não ganham um centavo para fazer isso, porém recebem convites para festas bem maneiras, além de acumularem quantidades industriais de karmas positivos, o que os conduzirão tranquilos e infalíveis como Bruce Lee para o Céu.

No programa de ontem, eles receberam convidados mais do que especiais.

O primeiro foi o colombiano Oscar Jimenez, um dos mais talentosos músicos sulamericanos que reside na Austrália. O homem canta muito, toca muita guitarra e tem uma presença de palco assutadora, o que o torna um dos nomes mais requisitados da música latino-americana por aqui.



Entre os 34 projetos que tem, a banda Watussi talvez seja o mais famoso (quando o conheci, há uns 4 meses, o homem havia acabado de voltar de turnê pela Europa e América do Sul. Espaço para piada oitentista: não por acaso está tentando conquistar o terceiro continente à sua escolha).



Coro Coro by Oscar Jimenez

Oscar foi à rádio anunciar o seu projeto número 37 (do parágrafo anterior para esse ele começou mais 3), o Colectivo Sur, uma espécie de jam session connection entre América do Sul e Austrália que contará com músicos, produtores e DJ's colombianos, chilenos, australianos e brasileiros. Sim, brasileiros!

Eu, enquanto uruguaio-xavante de mentirinha, sei que o brasileiro não se considera sulamericano, mas nascido em um continente à parte dentro da América do Sul. Besteira total! E essa iniciativa, principalmente aqui nas terras mais down under do Hemisfério Sul, é simplesmente sensacional.

Sabadão, das 20h30 à meia-noite, estarei lá no 505 (280 Cleveland St - Surry Hills) pra curtir a estreia do projeto que promete ser e-p-e-t-a-c-u-l-a-r! Entrada $15, a casa é disparada uma das melhores de Sydney para show ao vivo e quem não for não vai para o Céu. É isso!



Mas teve mais!

Também no programa esteve o Vote For Mary, o quarteto de cinco formado por Laura, Manduka, Júlio, Mark e, claro, Tiger. Além de fazer dezenas de piadinhas em um curto espaço de tempo e gritar Vote For Mary pelo menos 39 vezes, a banda estava lá para tocar uns sons e divulgar o show que farão nesta quinta, a partir das 21h30, no The Sandringham Hotel, em Newtown (387 King St Newtown).



Na sexta passada, fui no final do ensaio, conversei bastante com o Tiger e ele me disse que além de músicas novas, a Laura também vem com performances novas no palco. Vão quebrar tudo!


Tiger, minha fonte e quinto integrante da banda (uma espécie de George Martin).

Então, recapitulando:

Toda terça: Vibez Brazil das 21h30 às 23h
Esta quinta: Vote for Mary às 21h30 em Newtown
Este sábado: Colectivo Sur em Surry Hills, às 20h30

E viva Simón Bolívar!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Eleições no Brasil - O que fazer na Austrália?

Importante: Pablito Australia não é somente inutilidade pública!

No próximo domingo, 3 de outubro, acontece o primeiro turno das eleições no Brasil. Se você acha que pelo fato de estar na Austrália não terá nenhuma obrigação cívica, você está enganado.

Todo eleitor brasileiro, mesmo que esteja de passagem por Marte, é obrigado a votar para presidente. Claro, se não puder votar, deve justificar. E aqui na Austrália não é diferente.

Na Austrália, só votam os brasileiros que transferiram o título para cá. Esses devem comparecer ao Consulado ou à Embaixada no dia do pleito (só para usar termos eleitorais) e exercer o direito do sufrágio universal (só para manter a linha dos termos eleitorais).

Para o Consulado Geral do Brasil em Sydney, devem dirigir-se pessoalmente os eleitores que transferiram o título para New South Wales, Queensland ou Northern Territory, munidos de título de eleitor e um segundo documento de identificação brasileiro com foto (certidões de nascimento e casamento não serão aceitas).

Para a Embaixada do Brasil em Canberra, devem dirigir-se pessoalmente os eleitores que transferiram o título para Victoria, South Australia, Western Australia, Tasmania e ACT, munidos dos documentos citados no parágrafo anterior.

Os brasileiros que votam na Austrália, mas por algum motivo não poderão comparecer, deverão justificar o voto em até 60 dias após cada turno a Juíza Eleitoral do Cartório do Exterior, encaminhando à missão diplomática de sua jurisdição ou remetendo-a Via Postal para o endereço: SEPN 510 LOTE 07 AV. W3 NORTE, CEP: 70.750-522, Brasília – DF, Brasil.

Para o brasileiro que ainda está com o título de eleitor registrado no Brasil, o fanfarrão deverá encaminhar requerimento à Zona Eleitoral onde possui o título, no prazo de até 60 dias após cada turno, pelo correio. Os endereços dos Cartórios Eleitorais de todo o Brasil estão no site do TRE de cada Estado (ex.: www.tre-go.gov.br - “GOIÁS”, www.tre-rj.gov.br – “RIO DE JANEIRO”).

Para maiores informações, acesse os sites do Consulado e da Embaixada.

As eleições na Austrália acontecem neste domingo, das 8h às 17h. O segundo turno acontece em 31 de outubro. Como o brasileiro no exterior só vota para presidente e vice, infelizmente, talvez não haja necessidade (Meu Deus, Dilma não!).

E fique ligado, pois na madrugada de sábado para domingo, às 2 da matina, entra em vigor o horário de verão em New South Wales, Victoria, South Australia, Tasmania e Canberra. O relógio deverá ser adiantado uma hora.

O blog: durante muitos anos votei no PSDB, jamais votei no Lula, votei no PT uma única vez contra o Maluf, aliás, voto doído e sofrido, e nesta eu votaria na Marina Silva. Aí alguém pergunta: e o Kiko? Bem, não faço ideia em quem ele vai votar (sorry, estou com saudade das piadas de sétima série)!

domingo, 26 de setembro de 2010

Homenagem do AC/DC para a AFL

A temporada 2010 da AFL começou em 25 de março com o Carlton vencendo o Richmond por 120 a 64.

Durante a fase classificatória, 16 clubes fizeram 31845 pontos durante 176 partidas.

Oito clubes se classificaram para as finais (Collingwood, Geelong Cats, St Kilda, Western Bulldogs, Sydney Swans, Fremantle, Hawthorn e Carlton).

Desses 8, sobraram apenas Collingwood e St Kilda, que disputaram a Grand Final ontem.

A semana passada inteira em Melbourne foi em função do jogo.

Na sexta-feira, centenas de milhares de pessoas foram às ruas para a tradicional Grand Final Parade, que começou no bairro praiano de St Kilta e terminou na Collis St, onde as equipes foram apresentadas ao público nas escadarias do Treasury Building.

O pontapé inicial da Grand Final foi dado ontem às 14h30, hora de Melbourne, diante de um público de 100.016 espectadores no MCG.

Collingwood se manteve na frente durante os três primeiros quartos, mas o St Kilda jamais o perdeu de vista no marcador.

No quarto e decisivo quarto (bem, não tão decisivo assim), St Kilda passou a frente pela primeira vez. Collingwood conseguiu empatar.

Quando soou a sirene após 2 horas e 44 minutos de jogo, o placar mostrava 68 a 68.

Os 44 jogadores que participaram da partida, desambaram, enquanto 100.016 pessoas ficaram mudas.

Depois de 22 rodadas classificatórias, 3 semanas de finais, mais a Grad Final, a decisão terminou sem vencedor.

Pior! Na regra, não tem tempo extra, gol de ouro, nada.

Simplesmente, foi todo mundo pra casa e a partida precisará ser repetida no próximo sábado, o que é um total desrespeito aos 44 jogadores, comissões técnicas, 100.016 presentes ao estádio, milhões de espectadores que assistiram pela TV etc.

Tudo para a liga faturar mais uns 15 a 20 milhões de dólares com a partida-replay.

A AFL precisa urgentemente rever essa regra.

sábado, 25 de setembro de 2010

Grand Grand Finals

Em primeiro lugar, preciso admitir: os Roosters jogaram muito ontem à noite e não deram a menor chance para os Titans. Mesmo quando fizeram os seus tradicionais vacilos defensivos, conseguiram se recuperar e demoliram o time da Gold Coast, em Brisbane.



E o que Carney, Perrett, Anasta, Pearce e Minichiello estão jogando não é brincadeira. Sapecaram 32 a 6 e agora chegam com todos os méritos na Grand Final da Rugby League em busca do décimo terceiro título da história. O último foi em 2002. Toddão, parabéns mate! Em sua homenagem: Ão Ão Ão, Roosters é Timão!

O Sydney Roosters enfrentará o vencedor do encontro de hoje à noite entre S. George Dragons e West Tigers. Os Dragons entram como favoritos, mas os Tigers estão em grande fase e, se Benji Marshall mantiver o nível dos último jogos e não der aquela tradicional amarelada que ele dá em decisões, os Tigers podem surpreender.



E daqui a pouco, no Melbourne Cricket Ground, o Maracanã da Austrália (mas com muito mais conforto, claro), Collingwood Magpies e St Kilda Saints disputam a Grand Final do Australian Football Rules, o popular AFL.

O Collingwood, apesar do uniforme com listras brancas e pretas que mais parece um misto de Corinthians com XV de Piracicaba (homenagem ao Fafau), é uma espécie de São Paulo F.C., já que é o clube mais rico da liga, um dos maiores vencedores (14 títulos) e possui a melhor estrutura. Ah, e também é o mais arrogante.



Já o St Kilda, que em 176 anos de história (isso mesmo, 176) venceu somente uma vez, em 1966, tem, talvez, o pior centro de treinamento da liga, mas o uniforme é totalmente São Paulo F.C., em vermelho, branco e preto.

Os Magpies entram como favoritos e com o brasileiro Harry O’Brien (acima). Os Saints, atuais vice-campeões, vão a campo com a bagagem de quem disputou a Grand Final no ano passado e perdeu. E eu, um apaixonado por Melbourne e pelos bares e cafés jazzísticos de St. Kilda, vou com o Tricolor local. Mas que vai ser difícil, vai. Go Saints!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sexta em Melbourne, Sydney e Gold Coast Titans

Se este blog fosse em inglês, os assuntos deste post seriam Final, Finals and Grand Final. Como é em português...

O final de semana começa oficialmente daqui a pouco, em Melbourne, com a Super Juliana Frantz e o Samba Cine Club, que hoje exibe “Corisco & Dadá” (1996). História real de um, digamos, genérico do Lampião que causou um bocado no sertão nordestino e entrou para a história como Diabo Loiro. O Samba Cine acontece no 1000€ Bend (361 Little Lonsdale St), o filme começa às 19h30, depois rola forró, xaxado e baião e a entrada é quanto você puder doar. Para mais informações, clique aqui.


Plena segunda em Melba. Em breve tem mais!

Ainda em Melba, a partir das 21h, DJ Hasin comanda a sua tradicional Tupinikings, balada na NUMBER FIVE (6 Queensbridge Square - Southbank) que hoje traz a cantora baiana Dany Maia acompanhada de seu quinteto. Depois, a festa continua até às 3 da matina com muito samba-rock, funk carioca, nova mpb, forró e house music. Ingresso a $15 na porta, $10 antecipado.



Por aqui, tudo começa às 19h45, com o jogo que na verdade acontece em Brisbane. Valendo vaga na Grand Final da Rugby League, os Roosters vão até a Gold enfrentar os Titans. Vai ser um jo-ga-ço! Desde que voltei a morar em North Bondi, tenho tentado torcer para os Roosters, que é daqui, mas não é fácil.

Semana passada, apoiei o time contra os Panthers, o five-eighth Todd Carney é um dos meus ídolos da temporada, pensei em continuar seguindo em homenagem ao amigo Todd Olivier, que já jogou pela agremiação, porém, depois de vê-lo com a camisa do Corinthians no último domingo, abortei temporariamente o projeto.

Sendo assim e sabendo que ele está aprendendo português para passar três semanas no Brasil pescando e secando o Timão, segue uma rápida aula.

Aula de Brasil para Todd Olivier
Mate there is a band in Brazil called Titãs (which means Titans). They are very popular, they've been playing for almost 30 years and their fans always yell Titans! Titans! Titans! on the concert. You should practice it tonight.




Fisicamente em Sydney, partir das 21h, Fernando, Igor e Careca Daresi, o maior torcedor do Gold Coast Titans de NSW, farão a festa semanal que mais bomba na cidade: a Circus, que rola toda sexta na The Eastern (500 Oxford Street) até às 5 da matina.

Lá a fórmula é a seguinte: entrada grátis a noite inteira + drinks acessíveis = estudantes de escola de inglês e backpackers. Com os europeus desembarcando por aqui por conta da alta temporada (leia-se as europeias), isso significa balada cada vez mais florida!



Mas se a ideia é assitir a uma das melhores bandas de Sydney, sem pagar um centavo por isso e ainda tomar as deliciosas Schwartz Dark Bier, Schwartz Wheat, Schwartz Stout, Schwartz Bavarian Red Lager, entre ouras que eles produzem no próprio pub, a dica é seguir até a 42 Wentworth Av, entre o Hyde Park e a Central Station, entrar no Macquarie Hotel e curtir o Samba Mundi, que se apresenta a partir da meia-noite.

A banda, que já é e-p-e-t-a-c-u-l-a-r, hoje terá participação especial de Tiago de Lucca, que se juntará aos colegas de Abuka Trio - Sandro Bueno e Marcello Maio -, além de Giorgio Rojas, Junichi Shiomi e Rafael Hora, entre outros. Diez puntos (pronuncia-se dié púnto). O Samba Mundi toca até às 3h.




Bem, amanhã falo dos dois jogos que faltaram - Dragons x Tigers e a Grand Final do AFL entre Colingwood x St. Kilda -, já que o post ficou grande, o sol está forte e vou descer para a praia.