quarta-feira, 9 de junho de 2010

Tambores da África - Essa Copa, nem Freud explica!


Popular candombe, no Uruguai.

Quase quatro anos se passaram desde que Zinedine Zidane deu aquela chifrada no Materazzi; que a Itália, aos trancos e barrancos, e jogando um futebolzinho pra lá de Brasil-94, também se tornou tetra; e o Fernando Vanucci proporcionou o inesquecível show ao vivo em rede nacional.

A dois dias do início, estou começando a preencher o meu bolão, o que é uma tarefa árdua. Primeiro pela quantidade de jogos e segundo porque se futebol já não é uma ciência exata, Copa do Mundo então é praticamente uma ciência inexata que teve um caso com a senhora Amalié Freud, de tantos aspectos psicológicos que envolvem a competição. E, pra piorar, especificamente na edição 2010, entra em campo um fator extra (e que pode ser decisivo): os tambores da África.

É verdade! Se esta Copa fosse disputada na Europa, eu diria que os favoritos seriam: Holanda, Espanha, Inglaterra e Alemanha (a ordem dos países dependeria da sede). Se fosse na América do Sul, diria que é Brasil, Argentina, Argentina e Brasil (a ordem dos países dependeria da sede). Mas sendo na África, o continente mais primitivo, complicado e próximo das raízes humanas (incluindo aí o convívio milenar e diário com as forças sobrenaturais), não duvido que tudo pode acontecer.



Sim, porque a tese de que se macumba vencesse jogo, o campeonato baiano terminaria empatado, é fria, uma vez que a esmagadora maioria da população do estado torce pelo Bahia e ele tem 43 títulos contra 26 do Vitória, 10 do Ypiranga, 7 do Botafogo e 5 do poderoso Galícia. Ou seja, é o fator tambores da África (o meu Itacaré F.C., time que fui dirigente entre 2006/07, ainda não foi laureado).

Pois bem, olhando a tabela da Copa, está claro que muita surpresa vai acontecer e muito carma será limpado. A começar pela questão império/colônia. Na primerira fase, teremos Inglaterra x Estados Unidos no grupo C, Brasil x Portugal no grupo G e Espanha x Chile / Espanha x Honduras no grupo H. Coincidência ou acerto de contas? Pelas projeções do meu bolão, ainda teremos Inglaterra x Austrália, além de rivais históricos como África do Sul x Nigéria, Alemanha x Estados Unidos, Argentina x Uruguai e Espanha x Portugal. É praticamente um jogo de War sendo a África o terceiro continente à sua escolha.



Mais! Vejam, por exemplo, as seleções que têm enfrentado problemas de contusões às vésperas da Copa: Inglaterra, Holanda, Alemanha, Gana e Costa do Marfim. Se não tentou colonizar, estava envolvida em guerras tribais e civis.

Com os tambores da África apenas esquentando, descarto de cara França, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Itália, Portugal e Espanha devido ao histórico colonizador no continente. Acho que o título ficará no hemisfério sul, mas não na África. Alguns times do continente podem surpreender, ir longe, mas favorito mesmo, levando em consideração os fatores jogadores, time, camisa, estrela, tabela e tambores da África, são dois: Brasil e Argentina (não necessariamente nesta ordem). E mais: as chances de fazerem a maior final de todos os tempos são grandes. Vejamos:

Jogadores
Ambos têm ótimos jogadores, alguns fora-de-série como Kaká e Messi, outros nem tanto, mas na média são bastante experientes e acostumados a vencer (o que faz muita diferença). A Argentina possui mais talentos individuais e banco, incluindo aí o luxo de ter Milito e Tevez como suplentes (não sei até quando). Já o Brasil tem jogadores com mais limitações, mas que podem não apenas surpreender como decidir partidas. Seria Michel Bastos o Josimar de 1990? Daniel Alves o Mazinho de 1994, que conquistará a vaga de titular no meio-campo durante a competição? Julio Batista entra e faz o gol mais bonito da Copa? Tambores, meus amigos!

Time
Em 2006, o Brasil tinha vários craques, mas não um time. Deu vexame! Esse ano, não tem tantos craques mas possui um time. Mérito do sempre contestado Dunga. Já a Argentina, que nas últimas Copas entrou com tudo e saiu com nada, desta vez só se classificou no último jogo das Eliminatórias e debaixo de críticas. Chega como uma das favoritas em função do elenco, mas sob total desconfiança por conta do Maradona como técnico. Detalhe: o cara é ídolo dos jogadores e eles jogarão por ele.



Camisa
Tradição pesa muito em Copa do Mundo e as duas seleções, juntamente com Alemanha e Itália, têm as camisas mais pesadas do planeta (entenderam porque o Ronaldo é o maior artilheiro da história das Copas?).

Estrela
Tanto Dunga quanto Maradona já viveram o Céu e o Inferno em Copas do Mundo e têm estrela para ganhá-la. O primeiro foi o símbolo do fracasso de 1990, quatro anos depois levantou a taça e, em 1998, sucumbiu diante da França na final. O segundo, ainda jovem em 1978, já estava envolvido em polêmica pois o povo o queria no Mundial. Não foi. Em 1982, em partida contra o Brasil que eliminou a Argentina, foi expulso. Em 1986, virou Dios. Em 1990, levou o time para a final mas foi vingado pela Alemanha. E, em 1994, foi expulso do Mundial e praticamente deportado dos Estados Unidos acusado de doping.



Tabela
A Argentina tem tudo para se classificar em primeiro do grupo, passar pelo Uruguai nas oitavas, se vingar da Alemanha-06 na oitavas, desbancar a favorita (porém sem tanta camisa) Espanha na semi e ganhar a final. Já o Brasil se classifica em primeiro, em tese pega o freguês Chile nas oitavas, para variar a Holanda nas quartas e, com o tambores da África rufando alto e impedindo a vingança que está atravessada Holanda, é despachar a África do Sul na semi e fazer a maior final de todos os tempos.

Correndo por fora, coloco o meu Uruguai, seleção que tem uma ótima defesa com o grande Lugano de capitão, e reaprendeu a fazer gols com Forlán, Abreu e Suarez. Pouca gente sabe, mas a influência do candombe (isso mesmo, da mesma origem do candomble) na cultura popular uruguaia é muito forte, o que pode nos impulsionar. Também tem os Estados Unidos, que apesar de não terem um grande time, conta com o fator Obama. Porém, a dívida ainda é muito maior do que os dividendos e não passam das oitavas, caso supere a fase de grupo.

Essa Copa, nem Freud explica!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Aussie fanfarrão na África do Sul

O australiano, por natureza, é um fanfarrão. Adora uma festa (no caso, uma function). Quando tem cerveja ou bourbon and coke no meio, aí então é que o cara se solta. Em termos de geografia e história mundial, não chega ao nível de um norte-americano, mas também não é nenhum expert no assunto.



O fato é que Jerry Goding, australiano de 26 anos que está na África do Sul para acompanhar a Copa do Mundo, tomou todas e passou a noite dormindo na calçada, a nossa popular sarjeta.

O cara foi acordado por uma policial, quando a temperatura estava na casa dos 5 graus. Detalhe1: ele vestia shorts e camiseta. Detalhe2: ele estava em Johannesburgo, uma das cidades mais perigosas do país. Detalhe3: ele achava que estva na Cidade do Cabo, a 1450 km de Johannesburgo.

Com sorte de não ter sido assaltado ou congelado, Jerry ainda ganhou uma xícara de café, banho quente e uma brochura com orientações de como se cuidar por aquelas bandas.

Que sirva de lição, pois o australiano é o povo que mais reservou passagem e acomodação na África do Sul durante a Copa. Dá-lhe cerveja e bourbon!

Aussie aussie aussie oui oui oui!

domingo, 6 de junho de 2010

Cultura Bondi II - A Missão + Guia de Vinho

Depois de uma feijoada simplesmente e-p-e-t-a-c-u-l-a-r, hoje é dia de geléia. Não a compota, mas o grande Leonardo Geléia Paixão e o seu Tropical Jam, banda de mpb/samba que vai abrir com chave de ouro a segunda fase do Cultura Bondi - A Missão.



O local é o mesmo de sempre, o meu very soon number one local pub Beach Road, e nos próximos 3 meses o Cultura Bondi da dupla que irá para Dubai no final do ano, Fernando & Igor, trará bandas como Toca Jorge e Ziggy n' Wild Drums, entre outras.

Guilherme "Salve" Jorge


A festa acontece das 18 às 22h, a entrada é grátis e se você falar que ficou sabendo através do blog, não vai mudar absolutamente nada. Mas vá, pois Geléia, Rogério Pulga e companhia vão quebrar absolutamente tudo hoje!



Vou tentar ir, mas dependerá do andar da carruagem, uma vez hoje eu e minha amiga sommelier Izabella Rodrigues degustaremos a última leva de vinhos do nosso Guia, que será lançado na próxima semana, aqui no blog.



Sim, meus amigos, o inverno está batendo na porta, deu o ar úmido da graça nos últimos dias e daqui a pouco só teremos uma solução: vinho!

Pensando nisso, eu e a Izabella, com o apoio da All Tax, a empresa aqui em cima à direita, estamos preparando o I Guia de Vinho PablitoAustrália, feito exclusivamente para o brasileiro tomar no inverno australiano.



Serão 40 botejas distribuídas em 4 categorias e 20 subcategorias, sempre custando máximo de $25 (isso mesmo, vinte e cinco doletas) e pensadas para o perfil do brasileiro que vive aqui.

Tirem as crianças da sala, as taças do armário e aguardem!


Designed by Rodrigo Holler

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Samba Feijoada e Caipirinha

Eu, que acredito em reencarnação e conheço bem o Balu, tenho uma certeza: o cara foi um poste em alguma vida passada. Sim! Porque o homem não pára.

É Balu dos Canarinhos, da Barbiecrew, do CarnaCoogee, do Pitanga Project, dos jogos do Brasil na Copa, da Carol e, a partir de manhã, do Samba Feijoada e Caipirinha.



É verdade! Neste sábado, das 14 às 18h, Baluart Productions leva para o M'Ocean Bar (1/34 A Campbell Parade - Bondi Beach) feijoada da melhor qualidade. Preço: $15. De fundo, chorinho ao vivo com três feras, caipora (lógico que vai ter caipirinha) a $7.50 e baldinho com 4 Coronas a $20.

Com essa chuva torrencial que cai lá fora - e só deve parar na quarta-feira de cinzas - é o programa para o sábado à tarde.

Ah! E na lista acima, esqueci de mencionar que é o Balu do feijãozinho também, o filho (a) que ele está esperando. Quem sejam muito bem-vindos!

Guilherme Jorge

Pra quem não conhece, é o fanfarrão da esquerda.

Quen-Quen (dá-lhe chuva)!



Chove tanto em Sydney que acabo de ouvir dois pássaros, sendo um deles o escandaloso Kookaburra, proferirem "Quen-Quen!" Acho que estavam se afogando e tentaram dar um migué.



quinta-feira, 3 de junho de 2010

Samba Mundi no 505 (e entrevista com Sandro Bueno)



Hoje à noite tem Samba Mundi, uma das melhores bandas de groove-funk-dance-samba-salsa, enfim, de Sydney, tocando no 505, um dos melhores lugares para ver e ouvir som ao vivo. O show começa às 20h, a entrada é $15 e o 505 é aquela mesma casa que falei em um post anterior, em Surry Hills (280 Cleveland St).

O Samba Mundi vai a campo com Junichi Shiomi (baixo), Toni Allayialis (vocal), Marcello Maio (teclado e acordeon), Rafael Hora (percussão), Sandro Bueno (percussão) e Giorgio Rojas (bateria), além de Daniel Goodacre (piano e trompete), que fará participação especial.

Para quem não conhece a banda, ninguém melhor do que o percussionista Sandro Bueno, um ano e nove meses de Austrália, para falar:

Há quanto tempo você toca percussão?
Toco desde os 12 anos. Quando comecei a treinar capoeira, tive que aprender todos os instrumentos que fazem parte da arte (berimbau, pandeiro, atabaque, reco-reco e agogô). Comecei a tocar profissionalmemte com bandas a partir do final dos anos 1990, início de 2000.

Você tem algum instrumento de percussão preferido?
Amo todos os instrumentos! Esse pra mim é o diferencial da percussão, pois você precisa aprender vários instrumentos e ritmos diferentes. Mas tenho as congas e o cajon como especiais. As congas porque são o clássico da percussão em qualquer lugar do mundo, e o cajon por ser um instrumento versátil que, se bem usado, pode ser tocado em qualquer tipo de música, do samba ao rock.

Quando você entrou no Samba Mundi?
Fiz meu primeiro show em novembro de 2008, quando conheci o Rodrigo Galvão (bateirista que hoje vive na África do Sul). Ele logo me apresentou pra todo mundo e, uma semana depois, me chamou para tocar no Marble Bar (Hilton Hotel) com a banda preferida dele (o cara tocava em diferentes e muito boas bandas). Depois fiz participacões em várias gigs, até que acabei sendo convidado pelo Marcello Maio (pianista e atual líder d0 Samba Mundi) para gravar o disco em março de 2009. Eles me aturam até hoje.

Fale um pouco sobre a banda.
O Samba Mundi surgiu em 2004 como um trio (Marcello Maio, Rodrigo Galvão e Junichi Shiomi). Com o decorrer do tempo, outros músicos foram entrando no time. A proposta era e ainda é fazer músicas dançantes, mas com compromisso tanto de arranjos como de letras. O Samba Mundi é, como dizem os críticos: "a funk multicultural collective", tendo gente de tudo quanto é lugar.

Fale rapidamente sobre cada um.
Junichi Shiomi - Baixista japonês, é um funky-man. O cara toca afro-music, samba, salsa e reggae com um groove de deixar qualquer negão com inveja.

Toni Allayialis - Australiana com raízes gregas, vocalista poderosa (tocou com INXS, entre outros), é a "aunty" da galera.

Marcello Maio - Australiano pianista e líder da banda, escreveu todas as músicas do disco. É um geniozinho de 24 anos.

Rafael Hora - Carioca da gema, veio da nata do samba do Rio. É, pra mim, o melhor percussionista brasileiro de Sydney. Meu parceirão na cozinha do Samba Mundi e em outros projetos. Tipo um lava a louça e o outro enxuga e guarda (rs).

Giorgio Rojas - Bateirista e percussionista peruano de primeiríssima linha, toca música latina como poucos e estuda música brasileira como um louco (na casa dele só se ouve música tupiniquim).

Sandro Bueno - Sou de Santos e venho aprendendo muito com essa galera.

É a primeira vez você que toca no 505? O que apresentarão hoje à noite?
Essa é a segunda vez que toco no 505, uma casa cultural, muito legal pra quem gosta de música boa. Apresentaremos as músicas do disco e alguns covers de clássicos dancantes, brasileiros ou não.

Onde compro o disco?
A banda tem um disco que pode ser encontrado hoje no show ou entrando em contato com algum dos integrantes via Myspace ou Facebook.

Quais são seus outros projetos?
Além do Samba Mundi, tenho outros projetos como a Banda Abuka, com meu parceiro Tiago de Lucca (São Paulo), cuja proposta é fazer músicas originais e clássicos da mpb, funk e do jazz mundial no melhor estilo "Brazilian Infused Grooves". O cara é o melhor parceiro que já trabalhei em toda minha vida, e fazemos as formacões de Duo, Trio, Banda e Full Band, com tudo que temos direito e sempre sonhamos.

Minha outra paixão é a capoeira, que pratico há quase 20 anos e estou ministrando aulas desde fevereiro num espaço em Woollahra, muito legal, com a sorte de ser procurado por alunos/amigos, contruindo uma atmosfera muito parecida com a que tenho com meu grupo no Brasil, o "Capoeira Santista - Mestre Ribas", no qual tenho muito orgulho de fazer parte!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Austrália 1 x 0 Dinamarca

Ontem à noite, os Socceroos fizeram o primeiro amistoso em território africano antes da estreia na Copa do Mundo. O adversário foi a Dinamarca e o estádio provavelmente pertencia a uma universidade ou algum fazendeiro rico, pois além de ser no meio do nada, toda tentativa de lançamento ia direto para a linha de fundo ou para as mãos dos goleiros, de tão reduzido.

Primeiro tempo
A Austrália não jogou nada, mas jogou bem melhor do que na semana passada. Ela foi totalmente dominada pela Dinamarca, que tem um bom toque de bola mas não conseguiu ameaçar nosso arqueiro Mark Schwarzer. Resultado: 0 a 0 fraco, sem lances de perigo. Na verdade, teve um no finalzinho para a Austrália, mas pela chatice não contabilizo.

O principal problema era a meia cancha. Com Emerton e Kewell contundidos, a criação ficou por conta de Cahill e Bresciano, o que acabou não acontecendo, pois o primeiro ainda se recupera de lesão e o segundo não tem esse perfil. Sem ligação, o atacante Kennedy batia cabeça lá na frente e não conseguia dominar a bola nas raras vezes em que ela chegava... quadrada.



Segundo tempo
A segunda etapa começou bem melhor, apesar do mesmo problema na criação. A bola simplesmente não parava na meia cancha, que era ocupada por um monte de caras que não conseguiam fazer a bola chegar redonda no único atacante.

Porém, o time já não foi tão dominado pelos dinamarqueses, conseguiu trocar mais passes, o volume de jogo aumentou e até surgiram algumas oportunidades, como a aproveitada pelo atacante Joshua Kennedy, que recebeu na área, deu um balão pra cima e pegou na volta acertando esse belo chute abaixo.

Um alerta para a estreia: se o zagueiro Moore não baixar o ímpeto, vai ser expulso na primeira dividida contra os alemães. O que o homem distribui de pontapé não é brincadeira!



Outro amistoso interessante foi Holanda x Gana. A primeira é adversária de estreia da Dinamarca no grupo E, enquanto a segunda está no grupo da Austrália. Jogando em Roterdã , os holandeses sapecaram 4 a 1 nos africanos, o que é bom para nós. Aliás, no papel, a Holanda tem um dos times mais fortes e potencial para jogar o futebol mais vistoso, o que não significa que necessariamente vai levantar o caneco. Já a Austrália... vamos aguardar o próximo amistoso, contra os Estados Unidos, sábado, às 22h (AET).

BTW: jogo assistido no local pub!