sábado, 10 de janeiro de 2009

Dissecaram o predador

Importante: não façam isso em casa.



Se a Austrália, ilha de proporções continentais com 7,741,220 km2 de área, vive cercada de tubarões e se preocupa com eles, imaginem a nossa simpática Nova Zelândia, país de apenas 268,680 km2 e ainda dividido em duas ilhas.



Na última quinta-feira (8/1), o Auckland Museum realizou uma concorrida dissecação pública de um grande tubarão branco, um dos principais predadores do país, para conscientizar as pessoas sobre o perigo de extinção da espécie. A necrópsia a céu aberto contou com a presença de 1.500 espectadores in loco (para usar um termo científico) e 30 mil ao redor do mundo acompanhando pela Internet - além de dezenas de moscas e insetos que sobrevoavam o local.


Sob sol forte, o público viu, inicialmente, o bicho ser virado de um lado para o outro, tomar esguichada, ser medido (3 m de comprimento), pesado (300 kg) e ter centenas de crustáceos removidos da pele. Enquanto isso, as pessoas podiam chegar perto, tirar fotos, passar a mão e fazer perguntas aos cientistas.



Terminado os preparativos, chegara a hora tão aguardada: a faca. Com um corte cirúrgico de açougueira do mar, nosso glorioso dr. Clinton Duffy, cientista marinho do Department of Conservation, iniciou a dissecação cortando a barriga, seguida pelo estômago.

O público tinha certeza de que veria bolas de golf, bonés do New York Yankees, galocha amarela de pescador, restos mortais de um guarda-chuva, além, é claro, de focas, pinguins, golfinhos e baleias. Mas o que se viu foi uma massa melequenta (tipo pirão) com músculos, ossos e outras partes de peixes não-identificáveis. No clássico do Spielberg de 1975, o dr. Richard Dreyfuss teve mais sorte.



O tubarão (na verdade, uma "tubarôa"), era uma jovem fêmea que fora encontrada morta em uma rede em Kaipara Harbour, na última segunda, por um pescador que notificou o Department of Conservation – como manda a lei. A fêmea, que ainda teve vários órgãos internos dissecados, ficará em exposição no museu, enquanto partes servião para estudos científicos e outras serão devolvidas ao mar.


Cássio, o vídeo completo está no site do museu.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Tudo por uma boa causa (rosa)



Quando, no Brasil, mais de 30 mil pessoas vestiriam rosa para ir a um estádio? Já sei, os torcedores que não são 6-3-3 diriam que é só realizar um jogo do São Paulo no Morumbi. Bobagem! Piadinhas sem graça à parte, isso aconteceu ontem, em um jogo de cricket aqui em Sydney, no dia que entrou para a história como Jane McGrath Day.

Na arquibancada, 90% dos espectadores vestiam rosa ou usavam lenço, fita, chapéu, boné ou outro apetrecho com a cor. No gramado, jogadores usavam algum detalhe rosa na luva, no bastão ou no uniforme. Os stumps, aqueles 3 pedaços de madeira verticais atrás do rebatedor, eram rosas, assim como as placas publicitárias do principal patrocinador. Narradores e comentaristas também trajavam rosa, a exemplo dos juízes, que tinham pulseiras rosas, e do viúvo e grande responsável por tudo, o ex-astro do cricket australiano Glenn McGrath, que vestia uma elegante camisa... rosa.



Tudo por uma boa causa: conscientizar e arrecadar fundos para a McGrath Foundation, instituição de caridade co-fundada em 2002 por Glenn McGrath com sua mulher Jane McGrath, que faleceu de câncer em junho do ano passado, aos 42 anos, após mais de uma década de luta contra um câncer na mama, um no quadril e um tumor no cérebro.

A atmosfera no Sydney Cricket Ground era algo arrepiante. Dentro do complexo do estádio, uma enorme tenda cor-de-rosa foi armada para as pessoas comprarem souvenirs e ajudarem com doações. Dentro do estádio, um oceano rosa. E no gramado, o terceiro dia do terceiro duelo entre Austrália e África do Sul, válido pelo Test 2008/09.



Eu ganhei um ingresso para o setor de membros, o único lugar do estádio onde é vendido cerveja normal (sem ser light) em dia de cricket. É verdade! Como esses jogos do Test duram cinco dias, começando por volta das 10 horas da manhã e terminando somente às 6 da tarde, eles vendem cerveja light para tentar controlar os excessos etílicos do público. Mas com o calor que faz nesta época do ano, não conseguem.



Ontem era segunda-feira, a princípio o primeiro dia oficial de labuta do ano, e no estádio milhares de pessoas chegaram de manhã para acompanhar a partida e começar a beber cedo. O cricket, além de ser o esporte número 1 da Austrália (está ali com o rugby), é também uma excelente desculpa para não trabalhar e encher a cara.

Eu cheguei às 15 horas, após o trabalho, e as 3 horas que permaneci no estádio foram suficientes para entrar no espírito do jogo. Principalmente porque um dos meus amigos, captain Kevin, havia chegado às 10h11 e estava tomando desde às 10h12 da matina. Quando o vi, Captain estava mais preocupado em pagar rodadas de cerveja pra todo mundo e apostar nas corridas de cavalo do que propriamente em sentar e assistir ao jogo.



Sim! Porque o setor de membros, além de vender cerveja normal, também oferece todas as facilidades de um TAB (organização que monopoliza os jogos de aposta por aqui), o que transforma o lugar em um verdadeiro pub: cerveja, apostas, um monte de mates se esbarrando e cocotas desfilando por todos os lados. Não só me senti em casa, como acho que toda semana deveria começar com cricket. Em vez de acordar e ir para o trabalho, poderíamos seguir para o estádio, tomar algumas cervejas, ver umas rebatidas e deixar para iniciar a semana na terça.

Mas independentemente da quantidade industrial de cerveja consumida no Sydney Cricket Ground, o exemplo dado por todos, incluindo os patrocinadores, meios de comunicação, atletas, público e, principalmente, do nosso glorioso Glenn McGrath, foi fantástico. Somente ontem foram arrecadados $ 320 mil, tudo, claro, destinado a uma belíssima causa.



Ah! E saindo do estádio, é obrigatório uma parada num pub para tomar cervejas servidas em um taco de cricket rosa desenvolvido especialmente para isso. That´s Australia, mate!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Swim between the flags (and far away from the australian water)



E não é que as sirenes tocaram aqui nas praias do leste? Parecia filme, mas foi real. Um tubarão martelo de 6 pés e outro de 2 (provavelmente sobrinho) deram o ar da graça na manhã deste domingo em Coogee Beach, seguindo para Maroubra. Resultado: os banhistas e surfistas que estavam nestas duas praias e nas vizinhas Bronte e Tamarama tiveram que deixar a água no melhor estilo Tubarão – O Filme.


Bronte esta manhã.

Eu, felizmente, estava em Bondi Beach, a praia seguinte, e parece que a dupla de martelos evitou o local. Provavelmente para não concorrer com Paris Hilton, que esteve por aqui nos últimos dias. Ou então eles vieram, mas os salva-vidas-celebridades não esvaziaram a água pois estavam gravando o reality show Bondi Rescue (no programa, eles são as grandes estrelas ao lado de japonesas indefesas e europeus beberrões que diariamente tentam se afogar).

Mas voltemos aos peixes da super-ordem Selachimorpha. Ontem (sábado), a aproximadamente 1 km do Long Reef de Sydney, um tubarão branco de 4 metros jogou dois australianos para fora de seus caiaques. Durante uns 10 minutos, o peixão circulou em volta dos dois e, graças à intervenção do glorioso Glenn Morgan, o pescador, ambos foram salvos e a história teve um final feliz (um dos sobreviventes prometeu uma caixa de cerveja para o herói - mais Austrália impossível).


O suspeito de Rockingham.

Já na costa oeste do país, em uma praia próxima de Rockingham (30 km ao sul de Perth), Brian Guest, amante do mar e defensor dos tubarões, não teve a mesma sorte. Na última semana de 2008, enquanto mergulhava com o filho, foi atacado e continua desaparecido. Pelo que tudo indica, também trata-se de um grande branco de aproximadamente 4 metros (obviamente não é o mesmo).

O fato é que os tubarões estão e sempre estiveram por aqui (não por acaso a maioria das praias e baías tem redes de proteção) e o conselho que posso dar, é: nade entre as bandeiras, não brinque no fundo, leve casaco e não aceite bala de estranhos.

O suspeito de Perth.

Post em homenagem ao meu amigo Cássio Britto.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Nem pensem nisso!



Era só o que faltava. Não é que o nosso glorioso Reverendo Nile quer proibir a prática do topless – uma das marcas (sem trocadilho) do verão local – das praias de New South Wales?

Motivo: “Nossas praias deveriam ser um lugar onde ninguém se sinta ofendido, independentemente da religião ou cultura. Se a pessoa vem do Oriente Médio ou da Ásia, lugares onde as mulheres nunca fazem topless – de fato elas usam muita roupa – eu acho importante respeitar todas as diferenças culturais”, esbravejou o “revera”, que também é membro do Parlamento e quer colocar o assunto em discussão na casa.

Disxxcordo (com sotaque do Rio)! Quem deve se adaptar à Austrália somos nós, estrangeiros, e não os australianos aos nossos costumes. Se alguém se sente ofendido com alguma coisa, que fique em casa, vá passear no shopping ou nem saia do seu país. O topless vem sendo praticado na Austrália desde os anos 60 e que continue, no mínimo, pelos próximos 50 anos (ou enquanto eu estiver por aqui).

Em North Bondi, onde moro, mães diariamente fazem topless enquanto os filhos pequenos se divertem na areia. E ninguém liga! É a coisa mais natural. Curioso é o fato de que, em geral, quem faz são as australianas, americanas, canadenses e européias (incluindo as deusas suecas dos olhos biônicos). Já as brasileiras e as latinas dificilmente tiram a parte de cima, não sei se pela forte influência católica na nossa cultura, por sermos países extremamente conservadores (brasileiro acha que não é, mas somos) ou por algum terceiro motivo a sua escolha. O que é uma pena!


E no desnecessário debate do cobre ou não cobre, até mesmo nossa ilustríssima primeira-ministra interina Julia Gillard se manifestou contrária à proibição, assim como nossa prefeita do Waverley Council Sally Betts, que está muito mais preocupada com o consumo excessivo de álcool na imediações de Bondi do que com os seios da mulherada. Se um dia eu me tornar cidadão permanente australiano, votarei nelas. E não se fala mais no assunto!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Imagem é tudo

E ela chegou! Com uma comitiva formada basicamente por truculentos seguranças e baladeiros profissionais – incluindo a irmã Nicky, o namorado David Katzenberg e mais um bando de desocupados e aspones – Paris Hilton desembarcou esta manhã em Melbourne.



Ela segue amanhã para Sydney, onde será a hostess da Bongo Virus New Year's Eve Party, rega-bofe de Ano Novo que rolará no Piano Room do Trademark Hotel, em Kings Cross. O ingresso custa $ 129 e especula-se que as irmãs Paris receberão cem mil dólares de cachê (não sei se em dólar americano ou australiano – mas quem se importa?). Em tempos de crise, nada mal!



Ainda mais para Paris que, em geral, quando vem a Sydney, tem gastos extras pois não se hospeda no hotel de papai, e sim no Sheraton, o inimigo. Motivo? Não faço a menor idéia. Aliás, uma fonte do hotel (aquela que fica no jardim, entre o elevador e o lounge de meio milhão de dólares), me garantiu que, privadamente, ela é simples, extremamente simpática e fala coisa com coisa. Porém, é só aparecer uma câmera que Paris logo incorpora a personagem "herdeira mais infantil do planeta". Afinal, imagem é tudo...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

32 no The Hero - Viva The Rocks!



Para comemorar 32 anos a passeio, escolhi o meu pub preferido de Sydney, The Hero of Waterloo, no dia em que toca a minha banda preferida da Oceania, a Old Time Jazz (AC/DC vem em seguida). Tudo, claro, em The Rocks, o bairro número 1 da Austrália.

Em um dos posts de setembro, além de afirmar que sou um the rocker, também disse que o Lord Nelson é o pub mais antigo da cidade (talvez do país). Bobagem! Oficialmente, ele é o segundo, o primeiro é o Fortune of War, que provou ter a licença de funcionamento mais antiga, datada de 1841. Porém, ao visitarmos o The Hero of Waterloo há algumas semanas para fins jornalísticos (texto na íntegra em janeiro), descobrimos que este sim é o mais antigo, pois foi fundado em 1801 e, durante os primeiros 40 anos, vendia bebida sem licença. Gênios!



Mas descobrimos mais! Com ajuda do meu chapa Steve, o melhor barman de New South Wales, descemos para o subsolo e vimos túneis que ligam o pub à Baía de Sydney (por lá que o rum era contrabandeado). Também vimos correntes em que os bêbados ficavam presos e, quando não eram levados pela polícia, eram jogados, ainda de porre, nos navios. Ao acordarem no meio do nada, tinham duas opções: se juntarem à tripulação e trabalhar, ou serem jogados aos tubarões (acreditem, as águas daqui fazem o litoral do Recife parecer aquário de criancinha).







Infelizmente, os tempos são outros, mas o pub ainda guarda muita história. A principal delas é esta simpatissísima senhora, Valda Marshall, 81 anos, cantora, saxofonista e trompetista da Old Time Jazz. Até os 19, 20 anos, quando se casou, música nunca fizera parte da vida dela. Mas o matrimônio não deu certo, a dor foi imensa e a saída para o sofrimento foi a música. Valda começou a aprender aos 25 anos e está até hoje, fazendo uma sonzeira incrível, tomando sua tacinha de vinho nos intervalos e lecionando diariamente a matéria “Envelhecendo com Arte - Avançado”.



Ela é um dos últimos elos de um passado boêmio e musical que infelizmente já não existe mais por aqui. Primeiro porque na Austrália não se passa mais a noite bebendo em bares e pubs – só em clubs de música eletrônica, o que é um inferno – segundo porque todas as pessoas desta época já morreram ou não estão mais na ativa.

Mas, claro, um pub e uma banda como esta sempre atraem figuras inusitadas, daquelas de cinema, e no último domingo não foi diferente. Eles eram uma espécie de Gordo & Magro que faziam um pouco de tudo: cantavam, dançavam, não tomavam leite e tiravam sarro um do outro. Em resumo, roubaram a festa. Como de praxe, interagimos com as peças, viramos amigos de pub e descobrimos que um deles (o mais magrinho) é um escocês pai de um australiano tricampeão mundial de boxe. Só isso!





Fechamos a festa com eu falando para a nobre senhora que, assim que começar a escrever em inglês com propriedade, farei a biografia dela, enquanto o escocês passava de mesa em mesa oferecendo wedges com sour cream e sweet chilli sauce para todo mundo. Quem é louco de recusar um petisco oferecido pelo pai de um tricampeão mundial de boxe?



Isso é The Rocks, o bairro mais antigo da Austrália, lugar onde, por décadas, bêbados, prostitutas, ex-prisioneiros britânicos, artistas, gangues e piratas conviviam da maneira mais desarmônica possível, ou seja, mais divertida. Portanto, nada como The Rocks para celebrar 32 anos no mundo a passeio.



Valeu, galera, por terem ido e pelo canhão!



Lecão, valeu por ter escolhido o canhão (tremendo vinho e o senhor não vai tomar)!


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Sem pressa rumo ao Hexa

I've paid my dues
Time after time
I've done my sentence
But committed no crime
And bad mistakes
I've made a few
I've had my share of sand kicked in my face
But I've come through

We are the champions - my friends
And we'll keep on fighting - till the end
We are the champions
We are the champions
No time for losers
'Cause we are the champions - of the world

I've taken my bows
And my curtain calls
You brought me fame and fortuen and everything that goes with it

I thank you all

But it's been no bed of roses
No pleasure cruise
I consider it a challenge before the whole human race -
And I ain't gonna lose

We are the champions - my friends
And we'll keep on fighting - till the end
We are the champions
We are the champions
No time for losers
'Cause we are the champions - of the world



1977, 1986, 1991, 2006, 2007 e 2008