terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Tudo por uma boa causa (rosa)



Quando, no Brasil, mais de 30 mil pessoas vestiriam rosa para ir a um estádio? Já sei, os torcedores que não são 6-3-3 diriam que é só realizar um jogo do São Paulo no Morumbi. Bobagem! Piadinhas sem graça à parte, isso aconteceu ontem, em um jogo de cricket aqui em Sydney, no dia que entrou para a história como Jane McGrath Day.

Na arquibancada, 90% dos espectadores vestiam rosa ou usavam lenço, fita, chapéu, boné ou outro apetrecho com a cor. No gramado, jogadores usavam algum detalhe rosa na luva, no bastão ou no uniforme. Os stumps, aqueles 3 pedaços de madeira verticais atrás do rebatedor, eram rosas, assim como as placas publicitárias do principal patrocinador. Narradores e comentaristas também trajavam rosa, a exemplo dos juízes, que tinham pulseiras rosas, e do viúvo e grande responsável por tudo, o ex-astro do cricket australiano Glenn McGrath, que vestia uma elegante camisa... rosa.



Tudo por uma boa causa: conscientizar e arrecadar fundos para a McGrath Foundation, instituição de caridade co-fundada em 2002 por Glenn McGrath com sua mulher Jane McGrath, que faleceu de câncer em junho do ano passado, aos 42 anos, após mais de uma década de luta contra um câncer na mama, um no quadril e um tumor no cérebro.

A atmosfera no Sydney Cricket Ground era algo arrepiante. Dentro do complexo do estádio, uma enorme tenda cor-de-rosa foi armada para as pessoas comprarem souvenirs e ajudarem com doações. Dentro do estádio, um oceano rosa. E no gramado, o terceiro dia do terceiro duelo entre Austrália e África do Sul, válido pelo Test 2008/09.



Eu ganhei um ingresso para o setor de membros, o único lugar do estádio onde é vendido cerveja normal (sem ser light) em dia de cricket. É verdade! Como esses jogos do Test duram cinco dias, começando por volta das 10 horas da manhã e terminando somente às 6 da tarde, eles vendem cerveja light para tentar controlar os excessos etílicos do público. Mas com o calor que faz nesta época do ano, não conseguem.



Ontem era segunda-feira, a princípio o primeiro dia oficial de labuta do ano, e no estádio milhares de pessoas chegaram de manhã para acompanhar a partida e começar a beber cedo. O cricket, além de ser o esporte número 1 da Austrália (está ali com o rugby), é também uma excelente desculpa para não trabalhar e encher a cara.

Eu cheguei às 15 horas, após o trabalho, e as 3 horas que permaneci no estádio foram suficientes para entrar no espírito do jogo. Principalmente porque um dos meus amigos, captain Kevin, havia chegado às 10h11 e estava tomando desde às 10h12 da matina. Quando o vi, Captain estava mais preocupado em pagar rodadas de cerveja pra todo mundo e apostar nas corridas de cavalo do que propriamente em sentar e assistir ao jogo.



Sim! Porque o setor de membros, além de vender cerveja normal, também oferece todas as facilidades de um TAB (organização que monopoliza os jogos de aposta por aqui), o que transforma o lugar em um verdadeiro pub: cerveja, apostas, um monte de mates se esbarrando e cocotas desfilando por todos os lados. Não só me senti em casa, como acho que toda semana deveria começar com cricket. Em vez de acordar e ir para o trabalho, poderíamos seguir para o estádio, tomar algumas cervejas, ver umas rebatidas e deixar para iniciar a semana na terça.

Mas independentemente da quantidade industrial de cerveja consumida no Sydney Cricket Ground, o exemplo dado por todos, incluindo os patrocinadores, meios de comunicação, atletas, público e, principalmente, do nosso glorioso Glenn McGrath, foi fantástico. Somente ontem foram arrecadados $ 320 mil, tudo, claro, destinado a uma belíssima causa.



Ah! E saindo do estádio, é obrigatório uma parada num pub para tomar cervejas servidas em um taco de cricket rosa desenvolvido especialmente para isso. That´s Australia, mate!

2 comentários:

Anônimo disse...

Como estas, cabra, pronto para o hepta (pois é, vi no dicionário e já tô adorando esta palavra)? Bom, escrevo para informar que despertei da inatividade literária. Não sei por quanto tempo, mas vamo aí... Aproveite para contar como estão as coisas na terra dos tubarões. A julgar pelos últimos posts, parece-me que a saudável fixação por peitos continua, sobretudo em relação aos nórdicos! Por aqui continua tudo como começou. A única diferença é que agora os ventos estão soprando contra. Saudações tricolores e grande abraço.

Anônimo disse...

Pablo, e os demais setores do estádio, só dá para assistir críquete? Credoooooo...
Viva o setor de membros!!!!
Abraço!