quarta-feira, 30 de março de 2011

Tongue n Cheek - 1 ano

Há uns meses, em algum café da Bondi Road, vi a revista pela primeira vez. Colorida, gratuita e com ar anárquico, não resisti e devorei em poucos minutos, dando boas risadas ao longo de 16 páginas de cartuns. Eram todos em inglês e algo me intrigou.



Ao mesmo tempo em que vi personagens e humor bem australianos, em outros os temas eram mais universais e o tipo de piada um pouco mais familiar, o que me levou diretamente ao expediente.

Quando li Director-editor: Marcelo Aveline / Cartoonists: Jon Hawley, Claudio Spritzer, Piti Dutra, Rachel Owen..., veio a certeza de que tinha brasileiro na jogada. Gostei ainda mais!


Não demorou para eu conhecer o Marcelo Aveline, o gaúcho que teve a ideia de combinar cartuns com publicidade em uma revista mensal distribuída em bares, cafés, pubs, cinemas, farmácias, newsagencies e diversos outros lugares dos Eastern Suburbs de Sydney.

E agora, em março, a Tongue n' Cheek acaba de completar um ano de vida e circulação de 15 mil exemplares, trazendo cartuns especiais de aniversário e cornetando as eleições de New South Wales (que sova, Labour Party/Cristina Keneally!), política nacional e carbon tax, entre outros assuntos. Vale a pena dar uma olhada e acompanhá-la!

Ao Marcelo e à Tongue n' Cheek, parabéns pelo primeiro ano. É sempre bacana ver brasileiros se integrando com a cultura australiana através de iniciativas como essa. Ainda mais trabalhando com um craque como o Jon Hawley, ilustrador, cartunista, poeta, apresentador da Eastside FM e agitador cultural dessas bandas.

terça-feira, 29 de março de 2011

Seja bem-vindo, Enzo!

Enzo Rodrigues Raddatz chegou na madrugada desta terça, às 3:10, com 3.495 kg e 51 cm. Mãe e filho passam bem. O pai, nem tanto, já que ainda está tomado pelo sentimento de homem mais feliz do planeta.

Sexta-feira passada fui jantar com os pais do Enzo. A mãe, prestes a entrar na quadragésima semana de uma das gestações mais tranquilas que ouvi falar, era a imagem da confiança. Tudo o que tinha de ser feito, havia sido feito. Era só esperar.

Jamais vou esquecer num final de tarde do início deste ano, dia de Iemanjá, quando eu estava no sul da areia de Bondi Beach e a encontrei, barrigudíssima, por lá. Fomos até a o final da praia, nas pedras perto do Icebergs, e ela, Janaína, fez oferendas para... Janaína, a rainha do mar. Assisti ao ritual e, daquele dia em diante, na minha cabeça aquele pedaço virou o Canto de Iemanjá.

O pai, Tércio, o chef de cozinha que mais receitas tive o prazer de publicar (e degustar), preparou um jantar mais do que especial na última sexta. Sabíamos que seria espécie de última ceia antes da chegada do Enzo e, para celebrar, ele abriu um canhãozinho guardado há tempos na adega.

Tércio é gaúcho, natural de Ijuí, e o vinho era ninguém menos do que o Lote 43 da Miolo, uma das melhores botejas já produzidas no Brasil, mais especificamente no Vale dos Vinhedos, Rio Grande do Sul. O nome é homenagem ao patriarca da família, o italiano Giuseppe Miolo, que ao desembarcar no país, em 1897, comprou um pedaço de terra no Vale dos Vinhedos, o lote 43.

O imigrante teve filhos, netos, bisnetos... e hoje é Adriano Miolo, o enólogo da família, quem faz a seleção das melhores Cabernets Sauvignon e Merlots que resultam neste vinho maravilhoso. Detalhe: o Lote 43 só é produzido quando há safras excepcionais, como foi a de 2005, que brindamos ao Enzo.

Como está a safra 2011 no sul do Brasil, não sei. Mas peço a Deus que abençoe a safra de crianças que vem por aqui, a começar pelo mais novo Colorado. Esse já nasceu tinto!

segunda-feira, 28 de março de 2011

Domingo no Parque - Sunshine Cup

Ontem foi dia de ignorar a garoa, esquecer a chuva e passar a tarde no Centennial Park, onde aconteceu a Sunshine Cup, torneio de futebol com verba destinada ao Leandro Barata. Os jogos foram disputados no Brazilian Fields, o campo onde todo santo domingo, há décadas, os Canarinhos jogam sua sagrada pelada. Antes de mais nada, um obrigado ao Sydney Brazilian Social Club, aos inestimáveis patrocinadores e...


... ao Rodrigo, o cara que fez o possível e o impossível para a Sunshine Cup acontecer.


Com oito equipes, o regulamento foi simples: quatro jogos na primeira fase, os vencedores fazendo a semifinal e os dois que sobrarem disputando a final. Jogos de 20 chuvosos munutos por 20 encharcados minutos. Os favoritos eram os Canarinhos, que tinham o melhor elenco no papel, jogavam em casa, no Ninho dos Canários, com o apoio da torcida e sob os olhares da diretoria, incluindo Dinamite Zé das Medalhas, que veio direto do Roque Santeiro e já dava como certa a conquista.


Ele só não esperava que Erick Teixeira, o Euriquinho, também conhecido como professor Paixão, patrocinador deste blog e manager/técnico da AcademiesAustralasia FC estava decidido a ser campeão. E após algumas goleadas e partidas mais apertadas, a grande final foi justamente entre os Canários e a Academies.


Do lado dos Canários, Guilherme, como sempre, ditava o ritmo do time enquanto Fabio Ceni fechava o gol, Daniel e Banana tiravam tudo lá atrás, Balu era o balanço da meia-cancha, Ronaldo caía pela direita, Pablo fazia graça pela esquerda e ninguém fechava pelo meio. Era o fator Marcone que mudaria a história da partida.



Do lado da Academies, professor Paixão armou o time fechadinho, com apenas um atacante, mas com um banco de reservas que fez a diferença (até porquê era o único time que tinha mais jogadores na reserva do que em campo). Apoiado no entrosamento da dupla Beto e Betinho, na segurança de Junião, no bom goleiro William, na visão de jogo de Osmar, no ritmo de Rafael Hora, no toque de bola e velocidade de Davi, na habilidade de Marcelo e no bom futebol de Caio, Marcio e Renato, a Academies estava redonda.


Os Canários abriram o placar com Balu e viram a Academies empatar com Betinho de cabeça (sim, de cabeça). O jogo estava morno, até que Marcone foi para o campo e em seu primeiro lance foi derrubado pelo arqueiro adversário. Penalidade máxima convertida por Guilherme. A partir daí o jogo esquentou e alguns jogadores só não foram mandados para o chuveiro pelo fraco árbitro porque não havia chuveiro. Quando tudo parecia que o troféu ficaria no Ninho dos Canários, a Academies igualou, levando a decisão para os pênaltis.


Em cobranças alternadas eliminatórias, mesmo com Fabio Ceni debaixo da trave, a Academies levou a melhor e faturou a primeira edição da Sunshine Cup, com professor Paixão recebendo boa parte dos méritos pela conquista.





O personagem Apesar da festa mais do que merecida de Erick, o grande personagem da tarde foi mesmo o lendário goleiro Sergio Steve Martin Potumati, o Sergião. Em duelo ainda na primeira fase, ele defendeu o pênalti de Vinicius, levando o seu time para a semifinal do torneio.



Mais! Este foi o centésimo pênalti defendido na carreira, o que o fez ganhar a taça "Rogério Ceni daqui há 30 anos", que habita o Centennial Park. Muito pesada e com o restante do pessoal mais preocupado em comer churrasco e tomar cerveja (não necessariamente nessa ordem), Sergião optou por deixá-la por lá mesmo.


Fez bem, pois iluminado que só ele, foi agraciado com potes e mais potes de ouro, cortesia dos gnomos, duendes e leprechaus que residem no parque. Sergião até pediu a camiseta empresatada para um deles e registrou o momento em que abasteciam seu porta-malas.


A denúncia Porém, nem tudo foram flores na Sunshine Cup. Abaixo segue o momento exato em que o juiz recebe das mãos do professor Euriquinho Teixeira a mala recheada de dólares. Pela lisura da comunidade, proponho a abertura imediata da CPI da mala bege com listras brancas que, em hipótese alguma, poderá ter o professor Paixão como relator ou membro.



Resultados finais Information Planet 1 x 5 Canarinhos; Stay Global 0 x 1 Oi Exchange; Student World 2 x 2 Power Guidos (2x3 nos pênaltis); Australasia 4 x 0 ABCC; Canarinhos 8 x 1 Oi Exchange; Power Guidos 0 x 1 Australasia; Canarinhos 2 x 2 Australasia (3 x 4 nos pênaltis). Agradecimento especial: Gel e Chicão por todo o apoio e palavras no final.

Bondi Jam nesta segunda

Hoje, das 20h às 23h, no BB's, vai rolar a Bondi Jam, jam session organizada pelo guitarrista brasileiro (e agora cidadão australiano) Red Slim. A ideia é simples: BYO instrument, o que significa traga o seu instrumento, suba no palco e toque. A única regra é a proibição total de ensaios. Ou seja, mais jam impossível!

O BB's fica na 78 Campbell Parade, exatamente aqui. Entrada grátis! Detalhe: de segunda a quinta a pint de Guinness custa somente $5. Pe-ri-go!!!

domingo, 27 de março de 2011

Cem comentários!


Sunshine Cup para o Leandro Barata hoje

Apesar do tempo nublado, daqui a pouco seguiremos em massa para o Centennial Park, onde daqui a pouco acontece a Sunshine Cup - A day to raise hope and money for Barata.

Passe lá para tomar uma cerveja com a gente, comer um churrasco, ver meia-dúzia de perna-de-pau fazer golaços e lambanças e, acima de tudo, ajudar a arrecadar dinheiro para o Leandro Barata.

Para mais informações sobre o evento, clique aqui ou desça dois posts para baixo.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Coluna Vatapá com Shiraz - Feira de vinho

By Pablo Nacer

Paulinho, no ultimo final de semana, fui à International Wine Fair, feira de vinho da Vintage Cellars, uma das melhores lojas especializadas de vinho do terceiro continente à sua escolha. E, claro, lembrei das feiras que íamos em São Paulo.



Diferentemente do que você escreveu no seu blog sobre o governo brasileiro em relação aos vinhos nacionais (aqui), que dificulta ainda mais a vida do vinhateiro no Brasil, por aqui a relação é outra. O governo na Austrália tem como princípio ser parceiro, e não inimigo, e isso reflete-se claramente na indústria.

A proteção é tanta para os produtores locais, assim como o incentivo, que a gente acaba tomando uma proporção infinitamente superior de vinhos australianos em relação aos importados (exceto neozelandeses). Por um lado é bom, já que o vinho acaba sendo realmente barato para o consumidor, que acaba prestigiando a indústria nacional. Mas por outro é ruim, pois a oferta de importados aqui é muito baixa se comparada, por exemplo, com a que temos no Brasil. E confesso que sinto falta! Por isso, não perco por nada essas feiras internacionais.

Na desta semana, de cerca de 40 produtores, 3/4 eram estrangeiros, o que foi muito bacana. E tendo um stand da Pommery, não tinha como não começar por ele. Dos cinco que provei, o Heidsieck & Co Monopole NV a $49.99 é simplesmente fantástico e o preço é excelente. Já o Pommery Vintage ($109.99) e o Louise Vintage ($284.99) são dois canhãozaços mas fora da nossa realidade por aqui.

Para não me estender muito, listarei alguns destaques por ordem de preço para o público que acompanha a nossa coluna na Austrália. Com exceção do Nederburg Pinotage, que só deve chegar em maio, os outros já estão disponíveis na Vintage Cellars:

Casa Santos Lima Bons-Ventos Rosé (Portugal) - $9.99
Nederburg Pinotage (África do Sul) - $11.99
Casillero del Diablo Chardonnay (Chile) - $14.99
Rosabrook Margaret River Cabernet Merlot (Austrália) - $16.99
Dry Valley Estate Awatere Sauvignon Blanc (Nova Zelândia) - $17.99
Burgans Rias Baixas Albariño (Espanha) - $18.74
Wente Vineyards Beyer Ranch Zinfandel (Estados Unidos) - $19.99
Ruffino Aziano Chianti Classico (Itália) - $24.99
Ruffino Santedame Chianti Classico (Itália) - $29.99
Château Franc-Pérat Grand Vin de Bordeaux (França) - $ 27.49
Casa Santos Lima Touriz (Portugal) - $ 27.49
Norton Privada Malbec (Argentina) - $39.99

E aí na Bahia, Paulo, tem umas feiras bacanas em Salvador ou você precisa ir para outras capitais? E como as lojas estão trabalhando na nossa Ilhéus e Cacau em geral? Achamos vinhos bacanas com preços justos por aí?

Abração!

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By Paulinho Martins (http://www.paulinhomartinscsg.blogspot.com/)

Cara, faltam feiras de vinhos no Nordeste. O mercado consumidor de vinhos no Brasil já é uma realidade, mas a coisa ainda está muito limitada entre a região sul e sudeste. Aqui pra cima ainda estamos limitados ao Nordeste Gourmet. Evento do Edinho e da Lícia.

Não que o Nordeste não beba vinho. Quando cheguei aqui, eu ouvia que, quem vem para o Nordeste, não quer vinho, quer cerveja e caipirinha. Realmente! Mas espumantes, brancos e roses, a cada dia, ganham mais espaço devido ao clima. E tinto é tinto! Quem bebe vinho bebe tinto. É inevitável.



Salvador já é bom! Todo mundo trabalha por lá: Mistral, Decanter, Expand, Gran Cru e Enoteca. Nacionais acha todos. E nos restaurantes a oferta está cada vez melhor.

Aqui na Costa do Cacau o trabalho ainda é de formiga, mas está caminhando. Pra mim, é nítido o quanto o mercado está evoluindo no quesito vinho e me sinto, sem falsa modéstia, um pouco responsável por isso. Primeiro pelo fato do meu CPF ser responsável por quase 5% do consumo de toda a região. Segundo porque Fernando Costa e eu estamos há anos colocado de forma quase catequizadora na cabeça dos proprietários de restaurantes, hotéis e casas do segmento o quanto é importante ter o produto vinho no negócio. O quanto é mais gostoso comer com vinho. O quanto é mais saudável, o quanto é mais leve e o quanto isso valoriza a sua comida e, consequentemente, o seu negócio.

Assim, estamos com algumas dezenas de lugares onde podemos sentar e beber. Continuamos limitados, mas estamos evoluindo.

Em Itabuna o lugar é o Empório Bahia. É a melhor adega da região. Em Ilhéus o Bataclan está na frente e o jantar na adega é imperdível. Os melhores preços!

O La Provence, do Hermano, faz um bom trabalho, tem boa infra-estrutura de armazenamento, mas precisa de mais rótulos.

Entre os restaurantes, o Casa Sapucaia possui a melhor carta de Itacaré, enquanto que o Maróstica e o Manjericão (em Ilhéus) têm boas cartas.

Preço bom? Esse é nosso principal problema. O governo da Bahia cobra uma alíquota absurda para produtos importados oriundos de outros estados. Algo perto de 43%. Ridículo! Para você ter uma ideia, estou lhe escrevendo agora do Aldeia da Mata, um hotel bacana aqui de Itacaré. Estou pagando R$ 90,00 em um Alamos Malbec. Dá para acreditar? Coisa de louco! Vatapá com Shiraz!

Grande abraço!

Colunas anteriores
Vatapá com Shiraz - Bares e Igrejas
Vatapá com Shiraz - Estreia