Com uma reunião marcada para segunda-feira passada, na Gold Coast, não tive dúvida: embarquei dois dias antes para aproveitar o final de semana e fazer um reconhecimento da área, já que nunca havia ido para aquelas bandas, nem mesmo pisado no estado de Queensland.
Detesto fazer comparações com o Brasil para descrever lugares, pessoas ou o que quer que seja, mas brasileiro adora. Portanto, vamos lá!
Se a Gold Coast, a sexta cidade mais populosa da Austrália, tivesse nascido no Brasil, certamente seria catarinense. É verdade! Com ares de Balneário Camburiú, pinta de determinados locais de Floripa e um toque de Itapema, ela só não é 100% catarina porque traz algo de Guarujá (o lado legal do Guarú), com um sotaque da Flórida norte-americana via Fort Lauderdale.
No sábado, capitaneado pela Mirella, amiga de São Paulo, saímos de Surfers Paradise (alguém aí citou Guarujá?) e fomos até Coolangatta de carro, parando de praia em praia. Un e-p-e-t-á-c-u-l-o de aproximadamente 20km de céu azul, brisa de inverno e ondas de metro e meio.
Muitos em Sydney falaram que eu não iria gostar da Gold. Mas conforme andava e parava em cada praia, com Mirella explicando absolutamente tudo, fui curtindo o lugar. Não a ponto de pensar em viver lá, como aconteceu no quarto minuto em Melbourne, mas, por exemplo, se eu tivesse 20 anos e estivesse morando no Brasil, com aquela vontade de sair do país para viajar, estudar, aprender inglês e pegar onda, não pensaria duas vezes em seguir para lá.
Algo que chamou a atenção na Gold Coast foi a quantidade de adolescentes. Famosos pelas arruaças durante a temporada dos schoolies, que rola no final do ano, achei que a concentração fosse apenas nesta época. Que nada! Em toda esquina, há sempre uma meia-dúzia de quatro ou cinco versões cheias de espinha do Mick Fanning. Mas com praias fantásticas para se viver como Burleigh Heads e Coolangatta - as que mais gostei -, além de Palm Beach, onde uma ex-flatmate tem uma casinha de $4 milhões, não os culpo. A única coisa que realmente me recuso a comentar sobre a Gold são os parques temáticos, que detesto.
Por outro lado, temos Dan Murphys, uma espécie de Walt Dysney dos vinhos, irish pubs como o Waxy's, em Surfers, RSL's (tipo de bar/restaurante/casa da terceira idade) praticamente na areia da praia, cafés/tavernas como o The Cavern, em Nobby Beach (aliás, impressionante a quantidade de taverns), e, claro, festas fortes, como a organizada pelo meu chapa Gustavo Daresi, às terças, na Beach House. Entre as atrações: DJ V.H.S. (aquele mesmo que fez a turnê australiana do D2), jug de cerveja a $10 e 4 horas de espumante grátis para a mulherada, das 21h à 1h. Sem falar que o lugar é de frente para a praia de Surfers Paradise e com uma bela piscina ao ar livre. Ou seja, muito mais divertido do que pular de cabeça, sóbrio, num toboágua cheio de micose.
Bem, mas como nem tudo era festa, enquanto desbravava me dei conta que havia deixado a câmera na casa da Mirella. Ou seja, perdi uma oportunidade única de fotografar as praias, já que não é todo dia que se faz aqueles 20km de carro com tempo para contemplar cada lugar. Com a batalha perdida, porém não a guerra, sapequei a primeira cerveja do dia com o intuito de atrair alguma luz reveladora que me abrisse caminho para registrar a Gold Coast de maneira ainda melhor no dia seguinte. E ela veio...
Antes, porém, na noite de sábado, finalmente conheci a minha grande amiga que jamais havia visto pessoalmente, Vanessa Feitosa, além de ter reencontrado os grandes Montezano e Adriana Ikeda no indescritível condomínio que vivem em Mermaid Beach. Sim, este é outro aspecto totalmente positivo da Gold, os excelentes apês e condomínios, grandes e novos, por preços totalmente acessíveis.
Voltando à questão da falta de chapas, no domingo Mirela surgiu com a luz. Na verdade, quem trouxe foi Dave, marido dela e um dos caras mais gente fina que conheci desde que cheguei na Austrália. A família, a bordo do Lady Angela, barco batizado em homenagem a irmã, passaria o dia em alto-mar.
E assim, no melhor estilo Jéssico Watson (sim, Jessica Watson é de Queensland e já velejou muito por aquelas águas), passei O DOMINGO não apenas fotogrando a Gold de um ângulo, no mínimo, inesperado, como também sapecando várias vevejinhas enquanto ouvia algumas baleias e tirava mal tiradas chapas de golfinhos.
Em resumo: não tinha como não gostar da Gold!