quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Schoolies - Colônia Sexual de Férias

Aqui na Austrália existe uma "instituição" chamada schoolies, que funciona mais ou menos assim.

No final de novembro, quando os adoescentes fazem o último exame da high-school (equivale ao término do colegial), os estudantes vão para um final de semana prolongado - atualmente virou várias semanas prolongadas - para celebrar. É uma espécie de rito de passagem, e neste período eles são conhecidos como schoolies.



Isso surgiu no início dos anos 70, e é cada vez mais popular. Mas, claro, tem muitos problemas.



O principal destino dos schoolies é a Gold Coast, em Queensland, e é pra lá que boa parte dos formandos se encontram.



Pergunto: conseguiram imaginar o resultado da equação espinhas + hormônios + álcool + drogas?



Pior! A maioria dos colégios na Austrália são unissex (tipo cabelereiro), ou seja, exclusivo para meninas ou meninos. Mesmo quando são para os dois, as classes são exclusivas para cada um.

Com isso, a concentração de hormônios é ainda mais explosiva, pois passando boa parte da adolescência apenas com pessoas do mesmo sexo, eles não desenvolvem muito tato para a socialização com o sexo oposto, acabam ficando demasiadamente bolinhas ou luluzinhas (brasileiras, entenderam porque vocês reclamam tanto dos australianos?) e, quando ganham a alforria e seguem para a Gold Coast ou qualquer outra colônia sexual de férias, é pior do que micareta.



Coma alcoólica, violência sexual e até morte fazem parte do script dos schoolies, tanto que a polícia monta um grande esquema em torno das principais aglomerações.




Mesmo assim, diariamente os jornais trazem notícias de algo que aconteceu na noite anterior, enquanto a internet publica dezenas de fotos. Algumas, por sinal, bem patéticas.



Um brinde aos dois tremendos fanfarrões!

sábado, 5 de dezembro de 2009

Copa do Mundo - Agora vai!



Se eu estivesse no Brasil, certamente meus palpites para a Copa do Mundo seriam outros, mas estando aqui no terceiro continente à sua escolha, com visão sudeste da África do Sul - e não sudoeste , as coisas mudam.

A seguir, uma análise fria, calculista e desprovida de paixão sobre os grupos (os times que passarão para as oitavas-de-final estão em verde, os que voltam pra casa em vermelho):



Grupo A
França -
Passa da 1a fase mas cai nas oitavas, saindo da Copa como entrou: pela porta dos fundos.
Uruguai - Muito forte na marcação mas não sabe fazer gol. Mesmo assim, se classica, uma vez que a família do meu pai é uruguaia, tenho grande apreço pelo povo uruguaio, amo a Ciudad Vieja em Montevidéu, o blog é meu e passo pra segunda fase quem eu quiser.
México - Como diria o poeta: "Pobre México, tão longe de Deus, e tão perto dos Estados Unidos".
África do Sul - Quem contrata Joel Santana para se preparar para a Copa não pode ser levado a sério. Pior! O demite e traz Parreira. Será a primeira seleção a sediar uma Copa a não passar da fase de grupo.



Grupo B
Argentina -
Favorita pra ser campeã por chegar desacreditada. Ganha roubado da Nigéria e passeia na sequência. Ah! E tem Dios no banco!
Coréia do Sul - Poderia surpreender se estivesse em outro grupo, em outro continente, talvez em outro esporte...
Nigéria - Apesar da caótica federação local, se classifica.
Grécia - Ganhou a Eurocopa em 2004 numa das maiores obras do acaso da história.



Grupo C
Inglaterra -
Se não cruzar a Argentina pelo caminho, pode ir longe! Mas antes enfrentará a filial Austrália e será eliminada.
Estados Unidos - Precisa aprender a fazer gol, mas está melhorando. Se classifica!
Argélia - Conquistou a vaga após polêmica com o Egito, vai pagar pela maldição não marcando nenhum gol.
Eslovênia - Nem se ainda fizesse parte da finada Iugoslávia passaria da primeira fase.



Grupo D
Alemanha -
Tem camisa e fez uma ótima Copa em 2006, mesmo não tendo time. Vai longe.
Austrália - Um dos times mais difíceis para marcar gol. Disputará vaga com Gana e passa no saldo de gols. Vai eliminar a matriz Inglaterra nas oitavas.
Gana - Teve o seu momento nos anos 90. Teve!
Sérvia - Vive um grande momento. No tênis!



Grupo E
Holanda -
Se não se cuidar, não passa.
Camarões - Não é o mesmo do início dos anos 90, mas tem força. E camisa. Aliás, uma bela camisa, diga-se de passagem. Colorida, alegre, ui!
Dinamarca - Apesar de viúva da geração de 86/88, fez uma grande Eliminatórias e está jogando bonito (não mais bonito do que a sua torcida feminina, claro).
Japão - Deu azar de cair nesse grupo, se estivesse no H se classificaria, pode roubar a vaga da Holanda.



Grupo F
Itália - Pra variar, com sorte em Copa. Nunca vi jogar bonito, tem um time velho e medíocre, mas também tem estrela em Mundial. Cai nas oitavas!
Paraguai - Empata na estréia com a Itália e conquista pelo menos mais 4 pontos.
Nova Zelândia - Ganha! Experiência e volta pra casa.
Eslováquia - Vai arrancar o couro da Itália, mas perderá no final.



Grupo G
Brasil -
É tão favorito, mas tão favorito, que não vai ganhar a Copa.
Portugal - Com ou sem magia negra, branca ou vermelha com bolinhas brancas, será a grande decepção da Copa.
Coréia do Norte - Nem se mandar o exército nacional inteiro a campo passa da primeira fase.
Costa do Marfim - Ao lado da Argentina, minha favorita pra vencer a Copa.



Grupo H
Espanha - Jogará como nunca e perderá como sempre.
Suíça - futebolisticamente falando só não me irrita mais do que a Áustria.
Chile - Só passa em função do péssimo nível do grupo. E, a exemplo de 98, cai nas oitavas diante do Brasil.
Honduras - Eu que pergunto: Honduras?

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Bondi Beach agora há pouco



Hoje, pouco depois das 18h, durante a minha corridinha crepuscular, a geografia do surf de Bondi Beach era a seguinte:

Sessenta e quatro surfistas disputavam as ondinhas de pouco mais de 3 pés que quebravam no sul (fotos meramente ilustrativas, não as tirei hoje).

Dos 64, 31 eram brasileiros, sendo que dos 31 brasileiros, 20 deixaram de ir à escola para pegar onda, 6 não foram ao trabalho, e 1 deu cano em ambos, pois é um professor amigo nosso que, com um call sick logo cedo, matou o trabalho na escola.



Viva Bondi!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Suellen Domingues



Conheci Suellen Domingues Zaupa há pouco mais de um mês, na sala de computador número 2 da SBTA (The Sydney Business and Travel Academy), onde estudo.

Fomos apresentados por uma amiga em comum, e ela foi bem simpática. Eu, como sempre, entreguei um exemplar da Radar Magazine. Ela, engraçada, contou a sua descendência familiar para o professor, que se espantou com tantas nacionalidades.

Para ajudá-la, também contei a minha e expliquei que no Brasil é comum termos tantos países no sangue por conta das diversas ondas migratórias, e que o australiano, daqui há algumas gerações, terá o mesmo.

Nos despedimos e nunca mais a vi.

Sábado, num jantar, uma amiga comentou que uma brasileira havia morrido em Sydney há alguns dias. Quando ela ia dar mais detalhes, outros convidados chegaram e esquecemos.

Ontem, os jornais trouxeram o assunto à tona, li o nome, mas não o liguei à pessoa, somente ao comentário de sábado.

Mas hoje cedo, na escola, ao encontrar a amiga que havia nos apresentado, tomei um choque quando ela disse que era a própria.

O corpo de Suellen, gaúcha de 22 anos, foi encontrado no sábado, 21 de novembro, no apartamento de um cirurgião, em Sydney. Mas ela já estava morta desde quinta-feira, dia 19. Em fevereiro, outra moça foi achada sem vida no apartamento do cirurgião.

A imprensa tem especulado várias coisas, mas eu não entrarei no assunto. Só achei que deveria registrar no blog e dizer que, antes de saírem falando e escrevendo o que quiserem, sem ter 100% de certeza, como estão fazendo, lembrem-se que há um pai viajando do Brasil para a Austrália para reencontrar a filha morta, e que há uma família e amigos sofrendo do outro lado do mundo.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Novembro, El Nino, Turnbull e Dalai Lama



Para quem acha que andei exagerando em relação ao calor infernal que fez nas últimas semanas, aqui vão alguns dados oficiais sobre New South Wales, o nosso estado:

- A temperatura máxima registrada em novembro foi, em média, de 33.3C (5.2 acima da média mensal de 27.8C).

- Novembro também foi o oitavo mês consecutivo em que a média da temperatura mínima subiu (complicado, não? Mas faz sentido).



- Dia 20 de novembro fez 46.4C em Tibooburra, recorde histórico do mês até então (o anterior era 46.1C, registrado em 1944).

- Até então porque dois dias depois, em Wanaaring, noroeste do estado, os termômetros marcaram 46.8C.



- Aqui no Château Elle Macpherson, onde moro, há 8 dias o termômetro da varanda passou de 40C. Foi o domingo mais insuportavelmente quente de todos os tempos da última semana.

De quem é a culpa?

Segundo os metereologistas, do El Niño.

A boa notícia é que hoje, último dia de novembro, o Movember chega ao fim, o que significa que finalmente poderemos cortar o bigode, ajudando a aliviar a sensação térmica (texto em breve).



A má é que, pelo que tudo indica, a temperatura continuará subindo e teremos o verão mais quente dos últimos anos.

Culpa, claro, do El Niño, o bode expiatório oficial dos metereologistas!

Enquanto isso, Malcolm Turnbull , líder da oposição, não consegue chegar a um concensso dentro de seu partido sobre um polêmico assunto e sucumbe politicamente.



O assunto? Mudança climática!

Em novembro, Malcolm Turnbull foi, literalmente, frito (sem trocadilho) dentro e fora do Partido Liberal, e amanhã, primeiro de dezembro, deverá perder o posto de líder da oposição em Canberra.

Só espero que não culpem o El Niño.

E Sua Santidade, o Dalai Lama, está a caminho da Austrália onde permanecerá por 10 dias. Tema da viagem? O futuro do planeta e mudança climática.

Se para Turnbull está quase tudo acabado, para o restante da humanidade ainda há esperanças!

Mas desde que ouçam o que o mestre tem a falar.

domingo, 29 de novembro de 2009

Camelocídio no Northern Territory



Já vi medidas estúpidas serem adotadas, mas essa é digna de prêmio.

Por conta de 350 pessoas, 6 mil camelos vão ser assassinados. Um oferecimento do governo de Northern Territory.



A questão é a seguinte. Docker River é uma cidade a 500km a sudoeste de Alice Springs, a maior do Outback.

Com o calor infernal que tem feito, simpáticos camelos trazidos no século XIX pelos ingleses invadiram Docker River atrás de água.

Ou seja, estão destruindo tudo o que encontram pelo caminho, contaminando as reservas, enfim, a situação está caótica.



Mas em vez de buscar uma solução racional, a população e as autoridades decidiram pela mais ignorante.

Em helicópteros, eles estão espantando os camelos para longe da cidade e, ao chegarem no deserto, atirando nos famigerados mamíferos.



A previsão é que 6 mil camelos sejam mortos, numa operação de $49 mil. Isso mesmo, 49 mil dólares australianos para afugentar e assassinar camelos trazidos outrora por ingleses que não tinham como se locomover no deserto. Justo, não?

Espantar os camelos até entendo, mas uma vez longe de Docker River, não seria melhor fornecer água e matar a sede do que matar os próprios?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Verão em New South "Whales"



Neste exato momento estou no Château Elle Macpherson, minha casa/escritório. A tarde está ensolarada, o termômetro oficial da varanda mostra 26.9C, a Eastside FM toca uma jazzeira lascada ao fundo, enquanto a TV, sem som, exibe Austrália x West Indies ao vivo, jogo válido pelo primeiro duelo da temporada 2009/10 da série Test de cricket.



Isso significa duas coisas: primeiro, que não posso reclamar da vida; segundo, que o verão está aí.

Oficialmente, a estação ainda não começou, mas já entregou o cartão de visitas no último domingo - ao passar de desesperadores 40C - e agora se instalou literalmente na sala, uma vez que cricket na Austrália é sinônimo de verão.



Para vocês term uma idéia, o Channel 9 está transmitindo o jogo desde às 11 da manhã (vai até às 18h). E assim fará até a próxima segunda-feira, quando termina essa primeira partida.

Sim, meus amigos, no Test cada jogo dura 5 dias (haja cerveja na geladeira). Depois, Austrália e West Indies voltam a se enfrentar entre os dias 4 e 8 de dezembro e 16 e 20. Detalhe: é só o começo.

E tem mais!

O governo de New South Wales acaba de divulgar o State of the Beaches, relatório sobre a qualidade das praias e baías de Sydney. E o verão agradece!

Segundo o documento, 29 praias atingiram índice de 100% de limpeza, enquanto apenas uma, Malabar Beach, ficou abaixo de 80%. Bondi, a mais famosa - e preferida dos brasileiros -, ficou com 90%. Nada mau! Já as baías, das 59, 51 atingiram 100%.



Não por acaso, este ano quase 2 mil baleias passaram por Sydney rumo às águas geladas do sul (89 num só dia).

Emocionado e imbuído pelo espírito cristalino das águas "sydnenses", lanço aqui a campanha para mudar o nome do nosso glorioso estado de New South Wales para New South Whales. Participe!