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sábado, 4 de junho de 2011

Garage Sale e Manly Food and Wine Festival

Hoje, depois de passar no garage sale em prol da Dione Schaaf, que acontece até às 16h, em Bondi (50, Glasgow Ave), a dica é atravessar a Sydney Harbour e, a exemplo do Captain John Hunter, em 1788, aportar em Manly.


Garage sale, agora a pouco.

Motivo? Neste sábado e domingo, das 11h30 às 17h, rola o Manly Food and Wine Festival, evento que reúne dezenas de vinícolas de New South Wales, dezenas de barracas de comidas de tudo quanto é país e é simplesmente e-p-e-t-a-c-u-l-a-r.



A entrada é grátis, paga-se somente o que consumir.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Coluna Vatapá com Shiraz - Feira de vinho

By Pablo Nacer

Paulinho, no ultimo final de semana, fui à International Wine Fair, feira de vinho da Vintage Cellars, uma das melhores lojas especializadas de vinho do terceiro continente à sua escolha. E, claro, lembrei das feiras que íamos em São Paulo.



Diferentemente do que você escreveu no seu blog sobre o governo brasileiro em relação aos vinhos nacionais (aqui), que dificulta ainda mais a vida do vinhateiro no Brasil, por aqui a relação é outra. O governo na Austrália tem como princípio ser parceiro, e não inimigo, e isso reflete-se claramente na indústria.

A proteção é tanta para os produtores locais, assim como o incentivo, que a gente acaba tomando uma proporção infinitamente superior de vinhos australianos em relação aos importados (exceto neozelandeses). Por um lado é bom, já que o vinho acaba sendo realmente barato para o consumidor, que acaba prestigiando a indústria nacional. Mas por outro é ruim, pois a oferta de importados aqui é muito baixa se comparada, por exemplo, com a que temos no Brasil. E confesso que sinto falta! Por isso, não perco por nada essas feiras internacionais.

Na desta semana, de cerca de 40 produtores, 3/4 eram estrangeiros, o que foi muito bacana. E tendo um stand da Pommery, não tinha como não começar por ele. Dos cinco que provei, o Heidsieck & Co Monopole NV a $49.99 é simplesmente fantástico e o preço é excelente. Já o Pommery Vintage ($109.99) e o Louise Vintage ($284.99) são dois canhãozaços mas fora da nossa realidade por aqui.

Para não me estender muito, listarei alguns destaques por ordem de preço para o público que acompanha a nossa coluna na Austrália. Com exceção do Nederburg Pinotage, que só deve chegar em maio, os outros já estão disponíveis na Vintage Cellars:

Casa Santos Lima Bons-Ventos Rosé (Portugal) - $9.99
Nederburg Pinotage (África do Sul) - $11.99
Casillero del Diablo Chardonnay (Chile) - $14.99
Rosabrook Margaret River Cabernet Merlot (Austrália) - $16.99
Dry Valley Estate Awatere Sauvignon Blanc (Nova Zelândia) - $17.99
Burgans Rias Baixas Albariño (Espanha) - $18.74
Wente Vineyards Beyer Ranch Zinfandel (Estados Unidos) - $19.99
Ruffino Aziano Chianti Classico (Itália) - $24.99
Ruffino Santedame Chianti Classico (Itália) - $29.99
Château Franc-Pérat Grand Vin de Bordeaux (França) - $ 27.49
Casa Santos Lima Touriz (Portugal) - $ 27.49
Norton Privada Malbec (Argentina) - $39.99

E aí na Bahia, Paulo, tem umas feiras bacanas em Salvador ou você precisa ir para outras capitais? E como as lojas estão trabalhando na nossa Ilhéus e Cacau em geral? Achamos vinhos bacanas com preços justos por aí?

Abração!

**

By Paulinho Martins (http://www.paulinhomartinscsg.blogspot.com/)

Cara, faltam feiras de vinhos no Nordeste. O mercado consumidor de vinhos no Brasil já é uma realidade, mas a coisa ainda está muito limitada entre a região sul e sudeste. Aqui pra cima ainda estamos limitados ao Nordeste Gourmet. Evento do Edinho e da Lícia.

Não que o Nordeste não beba vinho. Quando cheguei aqui, eu ouvia que, quem vem para o Nordeste, não quer vinho, quer cerveja e caipirinha. Realmente! Mas espumantes, brancos e roses, a cada dia, ganham mais espaço devido ao clima. E tinto é tinto! Quem bebe vinho bebe tinto. É inevitável.



Salvador já é bom! Todo mundo trabalha por lá: Mistral, Decanter, Expand, Gran Cru e Enoteca. Nacionais acha todos. E nos restaurantes a oferta está cada vez melhor.

Aqui na Costa do Cacau o trabalho ainda é de formiga, mas está caminhando. Pra mim, é nítido o quanto o mercado está evoluindo no quesito vinho e me sinto, sem falsa modéstia, um pouco responsável por isso. Primeiro pelo fato do meu CPF ser responsável por quase 5% do consumo de toda a região. Segundo porque Fernando Costa e eu estamos há anos colocado de forma quase catequizadora na cabeça dos proprietários de restaurantes, hotéis e casas do segmento o quanto é importante ter o produto vinho no negócio. O quanto é mais gostoso comer com vinho. O quanto é mais saudável, o quanto é mais leve e o quanto isso valoriza a sua comida e, consequentemente, o seu negócio.

Assim, estamos com algumas dezenas de lugares onde podemos sentar e beber. Continuamos limitados, mas estamos evoluindo.

Em Itabuna o lugar é o Empório Bahia. É a melhor adega da região. Em Ilhéus o Bataclan está na frente e o jantar na adega é imperdível. Os melhores preços!

O La Provence, do Hermano, faz um bom trabalho, tem boa infra-estrutura de armazenamento, mas precisa de mais rótulos.

Entre os restaurantes, o Casa Sapucaia possui a melhor carta de Itacaré, enquanto que o Maróstica e o Manjericão (em Ilhéus) têm boas cartas.

Preço bom? Esse é nosso principal problema. O governo da Bahia cobra uma alíquota absurda para produtos importados oriundos de outros estados. Algo perto de 43%. Ridículo! Para você ter uma ideia, estou lhe escrevendo agora do Aldeia da Mata, um hotel bacana aqui de Itacaré. Estou pagando R$ 90,00 em um Alamos Malbec. Dá para acreditar? Coisa de louco! Vatapá com Shiraz!

Grande abraço!

Colunas anteriores
Vatapá com Shiraz - Bares e Igrejas
Vatapá com Shiraz - Estreia

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Coluna Vatapá com Shiraz - Bares e Igrejas

by Paulinho Martins

Pablo, tem muitas igrejas na Austrália? Existem bares de frente a elas? Sempre frequentei bares de frente a igrejas. Não é culpa minha! As igrejas insistem em surgir na frente dos bares. Talvez seja ao contrário, mas o fato é que eu não sou o culpado. A culpa é do bar ou da igreja.


Catedral em Ilhéus

Não que eu tenha algum problema religioso com isso. Eu não! Jesus tomou vinho na Santa Ceia. Na verdade, acredito que bebedeiras em frente a igreja me deixam com mais fé. Ou pelo menos em estado ébrio, um pouco mais aguçado.

Em Cananéia, a balada era em frente a igreja. Em São Paulo, mais especificamente em Pinheiros, tem um tradicional bar chamado Cú do Padre. Clássico atrás da igreja. Isso é brasileiro ou mundial?

Enfim, com a consciência totalmente tranquila, sou frequentador do Vesúvio, emblemático bar de Ilhéus que teve seu nome escrito na história de Jorge Amado. Isso mesmo, o Bar do Sr. Nacib e que tinha ninguém menos do que Gabriela cravo e canela como cozinheira. O bar existe até hoje. E tem duas coisas que eu realmente adoro nele: a vista da catedral e o pastel árabe.



A catedral é linda, cheia de histórias, bem cuidada. Nem parece Ilhéus. Digo isso porque Ilhéus está realmente mal cuidada, mas a igreja merece uma visita. E, ao sair de lá, passe no Vesúvio e peça um pastel árabe (R$ 4,00).

O pastel árabe é um salgado em forma de esfiha feito com uma massa folhada e recheada com uma espécie de pasta de ricota com temperos sírios. Quando perfeito, é sequinho por fora e seu recheio é cremoso e quente. E eles servem com um molhinho de cebola bem apimentado, a "pimenta da casa". Como mais de um por semana!



Infelizmente, a carta de vinho é ruim e não tem nada que mereça. Mas eu sou cara de pau, levo o meu e pago a rolha. Sem problema.

Para o Pastel, recomendo um Casa Valduga – Dueto Chardonnay/Riesling (à venda no Bataclan por R$ 45,00) bem gelado. Você não sabe o calor que faz em Ilhéus, Pablito, vinho branco a 10 graus aqui é chá. Precisa ser gelado. Ou prove com o chope escuro Xingu na Tulipa (R$ 3,90) bem tirado da casa.

Nacer, algum bar eclesiástico que mereça destaque nas terras do terceiro continente à sua escolha?

Dica
Bar Vesúvio
Praça Don Eduardo, 190
Bataclan
Praça José Marcelino S/N

***

by Pablo Nacer

Paulinho, respondendo a pergunta lá de cima, acredito que o fenômeno bar/igreja seja brasileiro e não mundial. Vejamos!

Quem viaja o Brasil sabe que em toda cidade, por menor ou mais longínqua que seja, tem sempre uma praça principal com a igreja matriz, o coreto, o bar e o Bradesco. Levando em conta que, historicamente, as cidades são fundadas em torno da igreja, e tendo conhecimento de que o sistema bancário é uma necessidade muita mais recente do que a de tomar um porre ou se exibir em praça pública, a questão passa a ser quem veio primeiro, o bar ou o coreto? A Ilhéus de Jorge Amado talvez tenha a resposta.


St Mary's Cathedral, Sydney

Por aqui, apesar de praticamente 65% da população ser cristã, sendo que 1/4 desse total é católico, igreja é muito mais para inglês ver do que para rezar (até porquê foi ele quem construiu). Lembro que nas minhas primeiras semanas de escola de inglês na Austrália, eu saía com uma colombiana que reclamava de não encontrar igreja aberta para ir à missa nas manhãs de domingo. Pobrecita! Em solidariedade, eu engrossava o coro por não encontrar bar aberto enquanto ela procurava igreja, mas isso é outra história.

O ponto é, por aqui temos igrejas maravilhosas, incluindo a e-p-e-t-a-c-u-l-a-r- St Mary's Cathedral, a maior da Austrália, construída no estilo gótico vitoriano do século XVIII, no Hyde Park, centro da cidade. Adoro ela e, coincidentemente, neste final de semana teremos a maior feira de vinho de Sydney, no mesmo parque.



Na Austrália, não temos bares e botecos de calçada como temos em toda esquina do Brasil, o que por um lado é bom e por outros dois é ruim. Em compensação, temos os pubs, que possuem praticamente a mesma finalidade mas são, por lei, vinculados a um hotel. Ou seja, todo pub está localizado dentro ou junto de um hotel, o que não significa que todo hotel tenha um pub (legislação provavelmente criada para a colônia não descambar).

Sendo assim, Paulo, não é tão comum tomar cerveja em bar com vista para igreja (exceto quando o pub tem beer garden), nem mesmo frequentar igreja antes de ir para o bar. Porém, o mesmo não se pode falar de Adelaide, capital de South Australia, conhecida como a cidade da igrejas.

Sim, meu amigo, Adelaide, que nada tem a ver com a anã paraguaia, mas deveria ter sido o destino australiano da minha ex-colombiana, foi erguida por protestantes ingleses e luteranos alemães para, a exemplo de toda South Australia, não ser uma colônia penal, mas uma sociedade mais justa e tolerante, com ideias bastante avançadas para a época. Não por acaso South Australia é conhecido como o estado dos fetivais e igualmente não por acaso foi o segundo lugar do planeta em que mulheres tiveram direito a voto.

E o meu apreço por este meridional estado aumenta ainda mais com o fato de ser mundialmente conhecido por abrigar algumas das melhores regiões vinícolas do país, como o Barossa Valley e o Eden Valley, de onde saem, respectivamente, os ícones Penfolds Grange e Henschke Hill of Grace, dois dos melhores Shiraz já produzidos no mundo.



Viva as igrejas, os bares e o vinho (não necessariamente nessa ordem). E vamos bebendo, Paulinho!

Dica
Sydney Cellar Door
Sábado, 26 e domingo 27 de março, das 11h às 18h
Hyde Park, Sydney
Mais de 100 vinícolas de New South Wales
Entrada grátis
http://www.nswwinefestival.com.au/

Coluna Shiraz com Vatapá anterior>>>
Essa coluna também está no blog do Paulinho Martins

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Vatapá com Shiraz - Estreia da coluna

Paulinho Martins, amigo paulistano de mais de 20 anos, grande chef de cozinha e de um tempo pra cá blogueiro, há alguns anos decidiu fixar residência na Bahia. Durante bom tempo, ele foi o responsável pela cozinha do Txai Resort, em Itacarezinho, e ultimamente tem se dedicado à Panela Brasil, sua empresa de consultoria para restaurantes, hotéis e afins.



Paulinho viaja constantemente pelo Brasil, mas elegeu Ilhéus, a cidade romance, como base. Ele responde pelo vatapá! Eu, que acabo de completar 3 anos e meio de Austrália, respondo pelo Shiraz. Para quem não etendeu, o negócio é o seguinte.

A partir de agora, nasce oficialmente nossa nova coluna sobre vinho e gastronomia, a Vatapá com Shiraz, espécie de conexão enogastronômica Bahia-Austrália com o intuito de levantar assuntos e abordá-los a partir dos dois continentes (sim, a Bahia também é um continente).


Itacaré - BA

A ideia nasceu de um antigo blog que tínhamos com o amigo Rafael Cury, o Vamos Bebendo. Desta vez, os textos estarão tanto aqui quanto no blog do Paulinho, cujo endereço é http://paulinhomartinscsg.blogspot.com/.

Para a primeira coluna, peguei um texto meu publicado na edição 13 da Radar Magazine - cuja proprietária é baiana -, e mandei pra ele, que já enviou outro de volta. E é assim que a coluna funcionará, um levanta um assunto e o outro devolve.

Esta começa com o texto da Radar, passa para o do Paulinho e depois fecha com a receita originalmente criada pelo chef Rafael Tonon. As fotos em Sydney são de Guilherme Infante.

Fish Market e os Mexilhões da estação
Pablo Nacer

O sol ainda não nasceu e mais de uma centena de pessoas entre chefs, cozinheiros e atacadistas já se preparam para tentar arrematar lotes e caixas de peixes e frutos do mar recém-chegados. O leilão acontece religiosamente de segunda a sexta-feira, às 5h30 da manhã, no Fish Market de Sydney, o maior mercado do gênero do Hemisfério Sul, onde são vendidos cerca de 14 mil toneladas por ano (sendo 20 mil quilos por hora durante o leilão). Mas, claro, você não precisa madrugar para comprar os seus pescados frescos.



Aberto ao público de segunda a segunda, das 7h às 16h (só não abre no Natal), o Fish Market é um lugar único, seja para comprar ou comer. O mercado está localizado em Blackwattle Bay, Pyrmont, desde 1966, e para quem gosta dos sabores do mar é o paraíso. Não em termos de instalações, pois é um típico mercadão de peixes como qualquer outro do planeta, mas pela diversidade de produtos, qualidade e preço – bem abaixo da média praticada na cidade.

Sabe aquele jantar com os amigos ou aquelas ostras mal intencionadas para a namorada? O Fish Market tem seis lojas para você comprar o seu peixe, molusco ou crustáceo fresco e levar para casa. Se preferir almoçar por lá, nas mesinhas internas ou do lado de fora à beira da baía, há várias opções de restaurantes que servem de espetinho de camarão a pizza, passando por sushi, fish and chips e até mesmo lagosta viva para escolher e comer na hora. Se quiser um vinho, cerveja ou refrigerante para acompanhar, também tem bottle shop.



Com a ideia de fazer uma receita que traduzisse bem o lugar e tivesse a ver com a estação, fui ao Fish Market com o chef brasileiro Rafael Tonon, do Hugo’s Bar Pizza. Rafael, que trabalha há 7 anos em cozinha na Austrália e vai com frequência ao mercado, não teve dúvida: “Vamos fazer os mexilhões que sirvo para os amigos e acabou entrando no cardápio do restuarante. Um dia soltei o prato sem ainda estar no menu, os clientes adoraram e não tiramos mais”, conta Rafael. Esta é uma receita fácil de fazer, rápida e custa menos de $10, já que o quilo dos mexilhões (mussels por aqui) sai por volta de $6. Um vinho legal para acompanhar e usar no preparo é o Robinsons Wairau River Vineyard Pinot Gris 2009, que não passa de $15.


Sydney Fish Market

Lambreta
Paulinho Martins

Como cozinheiro brasileiro/baiano, os mercados são o que eu mais invejo de vocês que moram fora.

Aqui, ainda estamos no primeiro processo em termos de mercado. Sempre disse que o mercado é um tipo de retrato de como cada cultura trata sua gastronomia. E ainda tratamos a nossa maior expressão gastronômica desta forma.


Porto do Malhado, Ilhéus-BA

Em ilhéus temos problemas graves com estrutura. Mas os produtos não tem nada a ver com isso. Eu cofio em alguns fornecedores. Tenho contato direto com eles. Muitas vezes vou até o pequeno produtor. Então em homenagem a você e meu colega de profissão Rafael Tonon dou minha dica de molusco da estação: nossa queridíssima lambreta.

Pessoal da Austrália, não confundam com a moto vespa ou ganhar de zero no truco, lambreta é um bichinho bem baiano. Uma espécie de vongole, um pouco maior, mas também com a mesma forma de cozimento. A lambreta tem um sabor picante e um caldo saboroso e rico.


Ilhéus-BA

Estou cada vez mais usando a filosofia do menos é mais na comida, então ando fazendo apenas com manteiga, cebola, lambreta e Chardonnay.

Lavamos bem com uma escovinha e colocamos em uma panela com a cebola refogada na manteiga e o vinho. No final, eu coloco uma ponta de colher de roux (mistura de manteiga e farinha que serve como espessante). Aqui na Bahia sirvo com torradas e salsinha, que eu corto com a mão para ficar bem grosseiro.

E para beber? Humm... Chardonnay novo com pouca madeira. Quase nada. Acho legal o Casa Silva Collecion Chardonnay 2010. Lambreta simples, vinho simples. Estou evoluindo meu processo de harmonização. Poderia iniciar uma balela dizendo que a acidez da varietal junto com o frutado levemente cítrico do vinho se ajustaria perfeitamente com o marinho e o picante da lambreta. Mas, sinceramente, apenas acho que a lambreta merece um vinho branco decente, gelado e mais nada!

Enfim, nesse intercâmbio Bahia/Austrália, não importa se usamos coisas daí ou daqui. O que importa é a diversão de se degustar! Esse ato secular de se sentar à mesa para comer e beber. Sem frescuras, sem a obrigatoriedade das grandes mesas e dos grandes vinhos. Simples! Vamos bebendo!

Mexilhões da estação
Receita de Rafael Tonon



Para 5 a 6 pessoas

3 colheres (sopa) de óleo1/2 cebola roxa grande ou 1 pequena
1 pimenta dedo-de-moça sem sementes cortada picadinha
3 cebolinhas picadinhas
3 dentes de alho picadinhos
1kg de mexilhões*
3 colheres (sopa) de vinho branco
3 tomates picadinhos
75g de manteiga cortada em cubos
Pimenta do reino a gosto
Sal a gosto (se necessário, tome cuidado)
1/2 xícara de salsinha picadinha
*Boston Bay Mussels é o melhor pois já vem limpo, embalado à vácuo e pronto para cozinhar. É só colocar na panela. Se comprar à granel, é preciso lavá-los em água corrente e esfregá-los com uma escova para retirar eventuais sujeiras.

Preparo
Em fogo alto, refogue no óleo a cebola, a pimenta dedo-de-moça e a cebolinha até ficarem transparentes. Acrescente o alho e refogue por mais um minuto. Despeje os mexilhões no refogado e misture. Acrescente o vinho branco. Tampe por um minuto. Acrescente o tomate, a manteiga e a pimenta do reino. Mexa um pouco e tampe. Volte a mexer, de vez em quando, para dar espaço para as conchas abrirem. Quando todas estiverem abertas e a manteiga totalmente derretida, está pronto. Descarte os mexilhões que não abrirem e finalize com o sal, se necessário, e a salsinha.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A notícia da virada 2010/11

Essa é a continuação da rua de casa, o que significa que logo ali está o Mar da Tasmânia, no trecho conhecido como Bondi Beach.



Viver pertinho da praia foi um dos objetivos que me trouxe à Austrália, mas desde que voltei a morar em North Bondi, em junho deste ano, algo estava faltando.

Quando morava aqui, no mesmo chatêau, entre 2008/09, tínhamos a pouquíssimos metros de casa o que chamamos de local bottle shop, estabelecimento vital para qualquer vizinhança.

Porém, em uma das medidas mais egoístas, anti-democráticas e injustas que se tem notícia, ele veio abaixo juntamente com boa parte do quarteirão, já que o proprietário do terreno subiria um prédio novinho para valorizar seu patrimônio.



Ben Buckler, um simpático senhor que, juntamente com a família, alugava uma das lojas para oferecer o serviço vital para qualquer vizinhança, recebeu uma compensação e foi cuidar dos passarinhos por intermináveis meses.

Mas é com mesopotâmica alegria que informo que... Ben está de volta.



É verdade! Ben Buckler voltou ao antigo endereço - agora em prédio novo - e com isso a alegria está de volta à North Bondi. Sim, meus amigos, brasileiros, artistas, locais e artistas locais voltaram a sorrir.



O prédio, como podemos ver, ainda não está pronto, mas tratando-se de um serviço vital para qualquer vizinhança, já funciona improvisadamente.

E, claro, continuemos a prestigiar o Nirvana do nosso Luis, a Vintage Cellars que vinha nos salvando, mas para aquela cervejinha local ou vinhozinho de última hora, é andar alguns passos, falar com um dos Buckler's e abrir o sorriso.



Sem dúvida, a grande notícia da virada. Feliz 2011!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Good Food Guide (um chapéu e uma degola)

Segunda-feira à noite, o Sydney Morning Herald realizou a festa do Good Food Guide Awards 2011, que nada mais é do que uma grande function para apresentar o guia gastronômico mais influente de Sydney e New South Wales através da distribuição de chapéus e da degola de cabeças (o que resulta em perda de chapéus). O ranking do jornal vai de um a três hats.



Vendo a lista completa, fiquei muito feliz com um chapéu recém-adquirido e intrigado com a queda de outro.

Um dos meus melhores amigos desde que cheguei na Austrália atende pelo nome de Tercio Alexandro. Colorado de Ijuí, ele tem a qualidade mais indispensável para qualquer pessoa que trabalha numa cozinha: a paixão para cozinhar.

Tercio é um apaixonado por comida e gastronomia, adora aprender, sabe ensinar e, sobretudo, é craque pra fazer. Resumindo: é o profissional que todo head chef quer ter por perto.

Seja para a Radar Magazine, para este blog ou por pura diversão etílica, temos desenvolvido algumas coisas bem bacanas. Claro, ele com a mão na massa e eu cornetando com a mão na taça. O último prato publicado foi o Estrogonofe de canguru com mandioca palha e purê de batata com fundo de palmito, que saiu na edição 12 da Radar; um inesquecível foi o Nhoque de batata doce roxa com ervilhas frescas e presunto (tudo orgânico), da edição 6; para o blog arrebentamos com a inédita Feijoada online e, a mais recente, foi um prato com flores comestíveis que sairá no especial da primavera. Sem contar nos homéricos e suculentos churrascos, famosos em North Bondi e Eastern Suburbs.



Pois bem, Tercio trabalha há 3 anos no Mad Cow, restaurante de alta gastronomia especializado em carnes que acaba de faturar seu primeiro chapéu, entrando numa seleta lista de aproximadamente 30 estabelecimentos. Tenho certeza de que o Chef tem muito mérito nessa conquista, assim como o Dennis, sommelier chileno que dá um coro na maioria dos sommeliers australianos que atuam no mercado.

Parabéns, Tercio e Denis!

Já a citada degola fica por conta da perda de um chapéu do Tetsuya's, que passou de três para dois.

Ainda no Brasil, quando decidi vir para a Austrália, em maio de 2007, e comecei a pesquisar, o único restaurante que eu sabia que existia no terceiro continente à sua escolha era o Tetsuya's.



Depois que cheguei, então, pelo que li e, principalmente, ouvi, a reputação só aumentou. E não estou falando apenas das pessoas que foram jantar, mas também de amigos e conhecidos que passaram por lá - mesmo que para um dia de treinamento - e não pouparam elogios à organização e limpeza da cozinha, à qualidade dos alimentos e, acima de tudo, ao chef-proprietário Tetsuya Wakuda, uma das figuras mais admiradas de Sydney. Para terem uma ideia, quando entrevistei o chef Alex Atala no começo do ano, um dos programas obrigatórios que ele falou que faria quando estivesse em Sydney seria visitar o Tetsuya's.

Eu ainda não fui ao restaurante, portanto não posso falar. Porém, mais do que nunca, vou fazer a minha reserva, esperar alguns dias ou poucas semanas (há dois anos eram seis meses de espera) e tirar a minha própria conclusão. Falo isso porque fui ao est., um dos três restaurantes que possuem três chapéus (ao lado do Marque e do Quay), e acho pouco provável que esteja acima do Tetsuya's.

Uma coisa é verdade. Na Pellegrino World's 50 Best Restaurants List, que hoje é a mais influente do mundo da gastronomia, o Tetsuya's vem caindo. Ele chegou a ser o 4 do mundo e melhor da Australásia, em 2005. Em 2007, estava ranqueado como 5 do mundo e melhor da Australásia. Em 2008, caiu para 9. No ano seguinte, para 17 mas recuperando o posto de melhor da Australásia. E, em 2010, encontra-se em 38. O Quay, 3 chapéus no Good Food Guide deste ano, aparece em 27 no Pellegrino's e como o melhor da Australásia. Ou seja, há uma coerência entre os dois rankings. Já o est. não aparece nem entre os 100 no Pellegrino's (quem sabe na próxima edição).

Pode ser que o Tetsuya's realmente não esteja no melhor da sua forma ou mesmo em decadência. Coincidência ou não, desde que Martin Benn, chef que trabalhou anos com Tetsuya Wakuda deixou o restaurante, em 2007, o Tetsuya's nunca mais foi o mesmo. Detalhe: Martin Benn montou o Sepia, que este ano foi avaliado pela primeira vez pelo Good Food, e não só estreou com dois chapéus como também foi eleito Chef do Ano.

Outro fator. Recentemente, Mr. Wakuda abriu o Waku Ghin, restaurante de 25 lugares em Singapura que tem uma adeguinha com 3 mil botejas. Tamanho empreendimento pode ter desviado o foco, o que particularmente acho difícil para um chef japonês que ralou muito para chegar aonde chegou em quase três décadas de Austrália.

O que me assustou um pouco foi o comentário do co-editor do Good Food Guide, Terry Durack, que na segunda-feira falou que o "Tetsuya em Singapura é demais, deu uma revitalizada nele, mas em Sydney Tetsuya continua fazendo o que ele acha que as pessoas esperam dele." O co-editor completa: "O 'Tets' em Singapura é o 'Tets' que queremos em Sydney. É o 'Tets' que Sydney merece."

Tratando-se de alta gastronomia e da relação chefs/críticos gastronômicos - o que inclui egos mesopotâmicos, ciumeira e politicagem -, essa última frase não caiu bem. Por isso, o melhor a fazer é ir lá e provar pessoalmente, aguardar a nova Pellegrino's para ver se o 'Tets', como eles dizem, está realmente fora dos 50 e, na pior das hipóteses, tentar identificar para onde a alta gastronomia de Sydney caminha (e se o caminho é bom ou não).

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

I Mostra Virtual de Brasileiros (e entusiastas) na Austrália

Atenção para o prazo de entrega dos trabalhos, que foi adiado para 31 de outubro, uma vez que a Mostra Virtual vai para o Real. Isso mesmo! Saiba mais.



Finalmente o inverno mais frio dos últimos 25 anos terminou. Bem, pelo menos em tese, já que na Austrália a primavera começa em primeiro de setembro, e não lá pelo dia 23, como ocorre no Brasil. Melhor para nós que, ao menos psicologicamente, já começamos a viver a nova estação.

Para celebrar que daqui pra frente o clima só vai melhorar, nada como juntar um monte de brasileiros e alguns estrangeiros entusiastas da nossa cultura e entrarmos com tudo na nova estação. Eis o plano:


Primavera Australia by Júlio Araujo

Temos brasileiros de muito talento aqui na Austrália, em diferentes áreas culturais, e sei da luta que é para cada um mostrar o seu trabalho e tentar viver disso, já que o apoio é praticamente zero.

Há pouco mais de um mês, fizemos uma exposição de fotos no blog sobre o tema "Inverno em Sydney" e o retorno foi fantástico (veja aqui). Agora a ideia é ir além das fotos e, talvez, do virtual.

Vamos fazer a I Mostra Virtual de Brasileiros (e entusiastas da nossa cultura) na Austrália. O nome pode parecer pretencioso, mas é o que melhor resume. O tema será Primavera na Austrália e, dentro disso, cada um, de qualquer lugar do país, poderá fazer o que bem entender para publicarmos num grande post aqui no blog.

Por ora, já temos confirmados:

- Música-tema
- Fotos
- Vídeo
- Receita gastronômica
- Indicação de vinhos
- Um programa inteiro da Vibez Brazil (Eastside FM) dedicado ao tema
- Cartoon

Também gostaríamos que tivessem:

- Textos
- Poemas
- Pinturas
- Ilustrações
- Artes gráficas e digitais
- Além, é claro, de mais fotos, vídeos, músicas, receitas e o que mais queiserem fazer relacionados ao tema.

Após a publicação no blog, existe a possibilidade de levarmos tudo para um lugar e fazermos uma espécie de "coletiva" com música, exposição, exibição, degustação de vinho e o que mais tiver. Seria o embrião de um projeto um pouco mais ambicioso, que ainda estamos trabalhando para que realmente possa acontecer.

Mas por ora, focaremos no que é possível para publicarmos no blog. Portanto, é preciso ter isso em mente na hora de criar a sua peça, arte ou seja lá o que for.

O novo prazo para enviarem é 31 de outubro. E, por favor, ao anexar, escreva algo no corpo do email, caso contrário vou achar que é vírus e não abrirei. Trabalhos para pablonacer@terra.com.br.

E para vocês verem que a coisa é realmente pra valer, a foto de cima são flores comestíveis que usamos para uma receita especialmente desenvolvida para o projeto, enquanto a música Primavera Australia, também acima, foi composta e gravada por Júlio Araujo com participação de Armando Manduka (ambos do Vote For Mary) no violão, também para o projeto!

Quem está dentro?

**
The new deadline is October 17.

ENGLISH VERSION

There are many, extremely talented Brazilians in Australia, who manifest themselves in different cultural arenas, and we are fully aware of the hardships of trying to get your work seen and making a living from it, since the support is practically null.

About a month ago, we had a photo expo about Winter in Sydney here on the blog, and the amount of contributions was fantastic. Now, the idea is to go beyond the pictures, and possibly, the virtual realm.

We’re going to organize the First Virtual Expo of Brazilians (and Brazilian culture enthusiasts) in Australia. The theme: Spring in Australia. Within that concept, anyone, from any part of the country, can enter their works to be published on a big post here on the blog.

For now, we have the following confirmed:
- Theme song
- Photos
- Video
- Gastronomical recipes
- Wine recommendations
- A whole Vibez Brazil show (Eastside Radio) dedicated to the theme
- Comics
- Fashion

We’d also like to add:
- Short stories
- Poems
- Paintings
- Illustrations
- Graphic and digital art
- And of course, more photos, videos, songs, recipes, and anything else related to Spring in Australia.

After all these works get put up on the blog, there is the possibility of taking it all to a “real” location, and holding a sort of multimedia expo, including music, exhibitions, wine-tasting and whatever else comes our way. It would be the embryo of a much bigger project, which we’re working hard to make happen.

But for now, we’ll focus on whatever can be posted to the blog. That’s, actually, the first thing to keep in mind when creating whatever artwork you’re considering.

The new deadline for submissions is October 31. When submitting please write something relevant in the title, otherwise I’ll think it’s a virus, and will delete it. Send submissions to pablonacer@terra.com.br.

And just to make sure you all understand this is for real, the photo above is of edible flowers, made from a recipe specifically developed for this project, and the above song: Primavera Australia was composed and recorded by Julio Araújo with Armando Manduka on guitar (both from the band: Vote for Mary).

So, who’s in?

sábado, 28 de agosto de 2010

Orange Taste - Dicas!



Esse domingo promete! Ao persistir o sol, o dia tem tudo para ser de barão (ou baroa, se você é mulher), com direito a quantidades industriais de vinho de frente para o mar.

Estou falando do Orange Taste, que rolou a semana inteira em Bondi e amanhã fecha com chave de ouro reunindo mais de 40 produtores da região.

Explico: Orange, a noroeste de Sydney, é uma região vinícola em ascensão, o que significa que está longe de ser o fino da bossa do vinho australiano, nem mesmo de New South Wales, mas produz algumas botejas muito boas e bem acessíveis (tchu-tchín!).



A degustação será no Bondi Pavillon, das 11h às 17h, e eu estarei lá, claro. Mas! Como me preocupo com o bem-estar etílico de todos os leitores do blog, na terça fiz um esforço homérico e mesopotâmico, juntamente com a minha eno-partner Izabella Rodrigues, co-autora do Guia de Vinhos Pablito Austrália, e degustamos alguns vinhos que estarão no Pavillion. Anotem aí:

- Se você é mulher e refere-se aos seus vinhos preferidos como "gosto de seco ou prefiro docinho", comece com o Rolling Sparkling Pinot Grigio Chardonnay 2009 do Cumulus.

- No mesmo Cumulus, independentemente de ser homem ou mulher, católico ou protestante, Roosters ou South Juniors, sapeque o Climbing Merlot 2008. Merlozão que você vai entender o que a gente quer dizer quando falamos "vinho pronto para ser bebido, mas que vai ficar melhor com o passar do tempo." É daqueles para comprar e deixar na adeguinha até agosto de 2011.



- Caso não queira perder tempo, vá direto no Angullong, tire as fichinhas do bolso e brinque! Comece com o Angullong A Range Sauvignon Blanc 2010 e receba uma onda de maracujá na cara. Na sequência, peça o Bloodwood Schubert Chardonnay 2005, Chardonezaço com explosão de baunilha, aquela manteigona típica e uma ótima acidez. Partindo para os tintos, vá de Angullong A Range Cabernet Merlot 2009, vinho sério que pelo preço parece piada. Depois é a vez do Bloodwood Maurice Cabernets 2005, vinho com menta e couro que, se você achar um melhor no Pavillion, por favor, me escreva contando ou me liga na hora pra eu conferir. Fechando a festa, tome o Angullong A Range Shiraz 2009, afinal, você está na Austrália e pega mal ir a uma degustação e não tomar um Shiraz.

A entrada é grátis, a taça custa $5 e os vinhos custam $3 ou múltiplos de $3 (algo assim, não sei fazer conta).

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Pizza às segundas, terças e quartas



Doughboy, para quem não conhece, é uma das melhores pizzarias de Sydney. Original de North Bondi, onde é totalmente fancy, cool, trend, funky e outros adjetivos "maneiros", hoje os caras estão espalhados pela cidade.

Pois bem, em agosto, de segunda a quarta, nas unidades de North Bondi (290 Campbell Pde), Maroubra (323 Malabar Rd) e Randwick (130 Avoca St), eles estão com uma promoção bacana que é a desculpa perfeita para dar um pulo lá.

É o Upsiza for free, que nada mais é do que aumentar a pizza de graça. Ou seja, você pede uma Medium e ganha uma Large ou pede uma Large e ganhe uma XL.

E o que é melhor: é BYO!

Você só precisa clicar no Guia de Vinhos do blog, escolher a sua boteja e depois comer uma das melhores pizzas da cidade. Pode ir tranquilamente em qualquer Pinot Noir ou Merlot que vai funcionar. Se for em casal, leve o rosé. E se quiser fazer tudo perfeito, compre o italiano que eu e a Izabella indicamos na categoria para harmonizar com comida italiana. Não tem erro!



Importante: a unidade de Maroubra não abre às segundas.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Vinhos da Noite: Riesling x Tempranillo

Para a maioria, a segunda semifinal da Copa do Mundo que acontece daqui a pouco é o embate entre Alemanha e Espanha. Para outros, é a revanche da última Eurocopa. Entre os eno-beberrões, categoria na qual me incluo, é o encontro da Riesling, a uva símbolo da Alemanha, com a Tempranillo, a uva símbolo da Espanha.


Ir para o Guia de Vinho

Já para os eno-beberrões brasileiros que vivem na Austrália com sérias restrições orçamentárias é a desculpa perfeita para reunir alguns amigos em casa esta noite e tomar duas botejinhas do nosso Guia de Vinho - um Riesling e um Tempranillo, claro - gastando no máximo $41 nas duas garrafas, o que sai $20.50 por boteja.

Coincidentemente, os dois vinhos indicados com essas uvas estão na categoria Para socializar (com os amigos), que é a sugestão de hoje. Não estou falando para ninguém passar a madrugada acordado tomando vinho, muito menos dormir e acordar às 4h28 para ver a partida tomando essas duas garrafas, mas aproveitando o frio ordinário que faz na Austrália e o clima de final de Copa do Mundo, por que não um jantarzinho hoje para esquentar com essas botejas?



Sei que o frio pede vinhos mais fortes e encorpados, mas começar as atividades com o nosso Leo Buring Eden Valley Riesling 2008 ($22) é bem interessante. Para muitos (e eu novamente me incluo), a Riesling é a mais elegante das uvas brancas, e na Austrália ela encontrou na fria região do Eden Valley, em South Australia, seu lar perfeito para crescer.

Muitos brasileiros não guardam boas lembranças de vinhos com qualquer referência à Alemanha, especialmente os da minha geração. Motivo? Nossas mães são marcadas por duas características: em geral são santistas por conta do Pelé e, nos anos 1980, já casadas, acordavam com fortes dores de cabeça em todo 25 de dezembro em virtude das famigeradas garradas azuis, aquelas compridas, de vinho alemão doce e barato que invadiam as ceias natalinas. Estou falando do popular Liebfraumilch, uma das poucas opções de vinho branco disponíveis no mercado, além de grandes bombas. Cada taça já vinha com um bombardeio alemão na cabeça.



Pois bem, felizmente 20 anos se passaram, o Brasil se abriu aos importados de qualidade, e aqui na Austrália temos acesso a Rieslings muito bons e com ótimos preços.

Como é o caso desse da Leo Buring, que, conforme a própria descrição do Guia, é um vinho sem excessos, na medida, com aromas de flor e levemente amanteigado no nariz, bastante mineral na boca e com um sal nada comum no final que é muito agradável. Vinho elegante para agradar em cheio aqueles que torcem o nariz para vinhos muito frutados (ou que tomaram alguma garrafa azul nos anos 1980).



Depois de bebê-lo como entrada ou mesmo acompanhando algum tira-gosto, é hora de um vinho mais encorpado. Aí entra em campo o nosso Brown Brothers Tempranillo 2006 ($19), praticamente o Puyol, jogador da seleção espanhola e do Barcelona que faz um pouco de tudo, movimenta-se bem, preenche todos os espaços e tem muita personalidade. O que é o caso desse Brown Brothers, Tempranillo produzido em Victoria (AUS) que traz aromas de violeta no nariz seguido por um defumado, confirmando os dois na boca e ainda trazendo café. Ideal para acompanhar carnes assadas e condimentadas.



Paola, Toddão, taí a dica para hoje à noite, mas, claro, somente após o State of Origin III. Happy Birthday Mate and go Riesling (2 x 0) and Blues!

Importante: os dois vinhos são encontrados na Vintage Cellars e na Dan Murphys.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Bons-Ventos para Brasil e Portugal (entrevista)



Conforme dito no último post sobre Brasil x Portugal, hoje à noite a transmissão da Rádio SBS vai ser bem especial, já que estaremos em rede nacional transmitindo tanto no português do império quanto no da colônia, com comentaristas brasileiros e portugueses. Aliás, excepcionalmente hoje sou Pablo Guimarães e não Pablo Nacer.



Para entrar no clima do jogo, e aproveitando que o Guia PablitoAustrália está no ar e o inverno pegando, entrevistei um produtor português que tem um vinho no nosso Guia.


Ir para a home do Guia.

Trata-se do Bons-Ventos, vinho produzido pela Casa Santos Lima, de propriedade da família de José Luís, um simpático senhor que conheci há dois anos na feira de vinhos da Vintage Cellars. No meio de tantos produtores australianos e estrangeiros, foi um alívio para ambos poder falar um pouco no nosso idioma, já que ele era o único representante de Portugal e eu o único visitante Made in Brazil. Como de costume, experimentei absolutamente tudo o que ele apresentou, todos me agradaram e, quando soube dos preços, coloquei um enorme "B" na ficha de degustação, que significava "Barganha".



O Bons-Ventos custa somente $10 e é um vinho que não tem erro. Ele agrada tanto mulher quanto homens, já que ao mesmo tempo em que é suave, apresenta muita personalidade. Fácil e prazeroso de beber, ele serve para as mais diversas ocasiões, uma vez que pode ser combinado com comida, tomado sozinho, enquanto cozinha - conforme sugerimos no Guia -, enfim, vale até comprar uma caixinha de 6 que o preço cai ainda mais.

Meus amigos Janaina Rodrigues e Tercio Alexandro, o chef, que amanhã vão virar australianos de verdade, são grandes entusiastas do Bons-Ventos, e na adeguinha deles sempre há pelo menos duas botejinhas que eu invariavelmente acabo sapecando uma. Parabéns, Jana e Chef!

Bem, mas vamos à entrevista com o José Luis, que falou não apenas de seu vinho como também de Brasil x Portugal. No caso, de Portugal x Brasil.

Há quanto tempo o senhor trabalha com vinho?
Apesar de estar desde sempre ligado aos vinhos por motivos familiares, estou há cerca de 20 anos mais dedicado a esta actividade.



És o proprietário da Santos Lima? O senhor também é o winemaker?
Sim, sou proprietário, a empresa é da minha família Santos Lima desde há 4 gerações. Temos uma equipe de enologia e eu participo também no winemaking.

Fale um pouco sobre o Bons-Ventos, as castas que usa e também especificamente sobre a safra 2008.
O Bons-Ventos é de longe a nossa marca mais vendida, um pouco por todo o mundo. É um vinho que as pessoas provam e geralmente gostam, e invariavelmente apresenta uma excelente relação qualidade/preço. Uvas típicas Portuguesas, carácter, suavidade, tipicidade são ingredientes que tornam este vinho num sucesso. A Safra de 2008 foi muito generosa com Primavera e Verão suaves, floração e desenvolvimento das uvas sem sobressaltos, vindima sem chuva, o que resultou em matéria prima de óptima qualidade. Na Adega práticas de enologia cuidadosas resultaram num vinho de muita qualidade. Já as uvas são:

Castelão – fruta madura vermelha, frescura, persistência.
Camarate – elegância, muita fruta vermelha.
Tinta Miúda – típica da nossa região, com boa fruta e alguma estrutura.
Touriga Nacional – complexidade, estrutura, persistência.

Prêmios do Bons-Ventos Red 2008 Vintage:
Austrian Wine Challenge 2009 Silver Medal (Austria)
MundusVINI 2009 Silver Medal (Germany)
Decanter World Wine Awards 2009 Bronze Medal (United Kingdom)
San Francisco Wine Competition 2010 Bronze Medal (USA)



Conte um pouco sobre o seu terroir e a região onde produz.
A Região de Lisboa, mais especificamente Alenquer, onde nos encontramos tem condições muito favoráveis para a produção de vinhos de qualidade: clima ameno, boa exposição solar, protecção natural de ventos marítimos por suaves encostas, que permite um micro clima perfeito para a produção de vinhos tintos, e os solos argilo-calcários que retêm a quantidade certa de água para um desenvolvimento correcto dos vinhedos, tudo contribui para a qualidade dos vinhos da nossa região.

Como vê o desempenho de Portugal na Copa do Mundo?
Começamos com uma prestação pouco segura, mas que apesar de tudo nos deu 1 ponto. Com a Coreia do Norte recuperámos a confiança, confiança essa que vamos precisar para obter pontos com o Brasil.

Acha que se classifica para as oitavas? E depois, Portugal pode ir além?
Sim, acredito que podemos pontuar com o Brasil e vai permitir que classifiquemos, apesar de estarmos num grupo difícil. Depois tudo pode acontecer!

Qual é o seu prognóstico para Brasil x Portugal?
2-2!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Guia de Vinho para o Inverno (até $25)



É com muita alegria que lanço o I Guia PablitoAustrália de Vinho. Na verdade, não lanço, mas lançamos, já que não estou sozinho, mas com a minha amiga Izabella Rodrigues, sommelier formada pela ABS-RJ, e os parceiros All Tax (a minha empresa de contabilidade, remessa de dinheiro e consultoria em imigração) e Braza (a melhor churrascaria brasileira de Sydney).

A ideia é simples: vinhos voltados para o brasileiro tomar no inverno australiano. Para isso, levamos 3 aspectos em consideração: valor, facilidade de compra e categorias.

O valor, mais do que ser acessível, é ter qualidade por um bom preço, sendo muitos destes vinhos grandes barganhas. Pra isso, estipulamos o teto de $25 e fomos atrás. Pode ter certeza, dificilmente você vai se arrepender comprando algum destes vinhos. Claro, pode ser que não goste, pois vinho é algo absolutamente subjetivo e pessoal, mas pelo que pagou, não será nenhum sofrimento e provavelmente alguém que esteja com você gostará.

Facilidade de compra leia-se disponilidade. A maioria dos vinhos está à venda nas grandes redes como Dan Murphy's e Vintage Cellars, que estão espalhadas por toda a Austrália. Muitos deles também podem ser encontrados em bottle shops menores, sejam de bairro ou localizados ao lado de supermercados.

O grande diferencial deste Guia são as categorias. Criamos 4 categorias subdivididas em 5 subcategorias, num total de 40 vinhos. Para cada subcategoria, descrevemos um vinho e apontamos um segundo como opção. Todas a categorias e sub foram totalmente pensadas no brasileiro que vive na Austrália, levando em conta não só o nosso cotidiano por aqui, como também o nosso background de vinho, ou seja, o que fazíamos e tomávamos no Brasil.

Até o final do inverno, trabalharemos o Guia no blog trazendo informações extras, dicas, receitas para harmonizar e textos adicionais. Caso queira mandar sugestões, comentários ou tirar dúvidas, fique à vontade para escrever (pablonacer@terra.com.br). Talvez eu demore um pouco, mas responderei.

Para quem está no Brasil, alguns destes vinhos estão disponíveis no mercado, mas com preços bem salgados. Dificilmente valem o que cobram, devido à distância e, principalmente, aos impostos. Mas é bom para se familiarizar um pouco com produtores, rótulos e o que se faz por aqui.

Para ver os vinhos, clique abaixo em cada categoria, subcategoria ou então diretamente na relação das botejas. Espero que seja útil.

Bom inverno e vamos bebendo!

Categoria 1
Para bebericar (em casa) clique

Subcategorias
- A taça da saúde
- Enquanto cozinha
- Para esquentar
- Para ler e ouvir
- Para esquecer de tudo

Categoria 2
Para socializar (com os amigos) clique

Subcategorias
- Segunda a quinta à noite
- Sexta à noite
- Sábado à tarde
- Sábado à noite
- Domingão

Categoria 3
Para namorar clique

Subcategorias
- Antes do 1º beijo
- De dia
- Filminho e sofá
- Jantar no restaurante BYO
- A noite

Categoria 4
Para harmonizar (com comida) clique

Subcategorias
- Fondue
- Churrasco
- Queijo e vinho
- Comida japonesa
- Comida italiana

Relação dos vinhos (Top 20)

Cono Sur Organic Cabernet/Carmenere 2008 CHI até $15 clique
Bons Ventos Casa Santos Lima Portugal 2008 POR até $10 clique
Grant Burge Merlot 2008 até $20 clique
Oyster Bay Pinot Noir 2008 NZ até $20 clique
Ingoldby Mclaren Valley Cabernet Sauvignon SA até $15 clique

McWilliam's Essenze Sauvignon Blanc 2009 NZ até $20 clique
Brown Brothers Tempranillo 2006 até $20 clique
Leo Buring Eden Valley Riesling 2008 SA até $25 clique
d’Arenberg The Stump Jump Grenache Shiraz Mourvedre 2008 até $15 clique
Mad Fish Gold Turtle Chardonnay 2007 até $25 clique

Cape Mentelle Sauvignon/Semillon 2009 até $20 clique
La Vieille Ferme Rosé 2009 FRA até $20 clique
Rymill MC2 Merlot/Cabernet Sauvignon/Cabernet Franc 2005 de $15 clique
Jamiesons Run Limestone Coast Cabernet Sauvignon SA até $15 clique
Segura Viudas Brut Vintage Cava ESP até $20 clique

Montes Limited Selection Cabernet Sauvignon Carmenere 2008 CHI até $20 clique
Norton Malbec 2009 ARG até $20 clique
Orlando Liqueur Tawny 2006 até $15 clique
Orlando Trilogy Brut até $15 clique
Romitorio Morellino Di Scansano ITA até $25 clique

Preços aproximados, pois podem variar de loja para loja.

Legendas
Austrália
NSW - New South Wales
SA - South Australia
TAS - Tasmania
VIC - Victoria
WA - Western Australia

Importados
ARG - Argentina
CHI - Chile
ESP - Espanha
FRA - França
ITA - Itália
POR - Portugal
NZL - Nova Zelândia