quinta-feira, 12 de março de 2009

Me, Myself, Publa and Kevin Rudd

No final do ano passado, descobri que economicamente falando, eu me dividia em 3 pessoas: o jornalista, o escritor e quem paga essa conta.



O jornalista, desde que chegou na Austrália, se banca graças ao trabalho que faço na gloriosa Ozzy Study Brazil, agência de intercâmbio educacional que traz estudantes brasileiros pra cá. O jornalista não bebe tanto quanto o escritor, é mais responsável e, vez ou outra, arruma algumas coisas na faixa.

Já o escritor, a exemplo de 97.8% da classe, é beberrão, curte uma fanfarra e, apesar de sempre descolar coisas na faixa, não se sustenta. E é aí que entra em campo o quem paga essa conta.

Até novembro do ano passado, quem pagava essa conta era o Publa, garçom que trabalhava em um restaurante mexicano entregando burrito e chimichanga. Deu certo, e Me, Myself and Publa, além de ter uma vida financeira saudável, viviam felizes para sempre (bem, não tão felizes e muito menos para sempre).



No comecinho de dezembro, com a crise mundial se aproximando, resolvi me solidarizar com o restante do planeta. Assim, antes mesmo dela me pegar, aderi, pedindo demissão do restaurante (na verdade, eu já estava de saco cheio de entregar burrito e chimichanga, mas uso a crise como desculpa). E o óbvio aconteceu: o escritor quebrou e derrubou o jornalista (foi a minha segunda falência em 16 meses de Austrália).

Era apenas o início do verão e, sem dinheiro, morando ao lado da praia e escrevendo de casa, só tive uma saída: trabalhar mais como jornalista e viver o restante do tempo como escritor falido. Deu certo! Fiquei praticamente dois meses sem sair de Bondi Beach, de chinelo e bermuda, cozinhando diariamente em casa e passando dois cafezinhos todo santo dia (aqui só tomamos fora).

Além disso, Ovelhelps e Ventura Hackarena, dois malucos de São Paulo, vieram passar uns dias em casa, incendiando absolutamente tudo e me levando ainda mais à bancarrota. Foi um grande verão, mas absolutamente falido.



Com a chegada do outono, o jornalista tem trabalhado cada vez mais para tentar sustentar o escritor e as contas do novo château (em breve texto sobre o novo apartamento). Mas ainda não é o suficiente. E isso significa que caminho a passos largos para uma terceira falência.



Na verdade, caminhava, pois graças à crise financeira mundial (aquela mesmo que aderi), Kevin Rudd, nosso primeiro-ministro afobadão, lançou um pacote liberando cerca de 20 bilhões de dólares para manter a economia aquecida. E eu, que em 2008 paguei todos os impostos do jornalista e do garçom, receberei 900 doletas do governo, evitando a terceira falência em 20 meses.

O escritor, que mesmo quebrado escreve da sacada com vista para o mar, agradece!



That’s Australia!

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Pablo, td bem?
Sou Letícia, amiga da Ti Momo (sua tia) e andei conversando com a Paloma, mas queria bater um papo contigo, mesmo que por e-mail. Na verdade, tô querendo informações, mas não tenho conseguidio falar com a Paloma e imagino que ela esteja bem ocupada com os babes. Podemos nos falar? Se sim, estou no lesimonetti@gmail.com
Abração