quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Nem pensem nisso!



Era só o que faltava. Não é que o nosso glorioso Reverendo Nile quer proibir a prática do topless – uma das marcas (sem trocadilho) do verão local – das praias de New South Wales?

Motivo: “Nossas praias deveriam ser um lugar onde ninguém se sinta ofendido, independentemente da religião ou cultura. Se a pessoa vem do Oriente Médio ou da Ásia, lugares onde as mulheres nunca fazem topless – de fato elas usam muita roupa – eu acho importante respeitar todas as diferenças culturais”, esbravejou o “revera”, que também é membro do Parlamento e quer colocar o assunto em discussão na casa.

Disxxcordo (com sotaque do Rio)! Quem deve se adaptar à Austrália somos nós, estrangeiros, e não os australianos aos nossos costumes. Se alguém se sente ofendido com alguma coisa, que fique em casa, vá passear no shopping ou nem saia do seu país. O topless vem sendo praticado na Austrália desde os anos 60 e que continue, no mínimo, pelos próximos 50 anos (ou enquanto eu estiver por aqui).

Em North Bondi, onde moro, mães diariamente fazem topless enquanto os filhos pequenos se divertem na areia. E ninguém liga! É a coisa mais natural. Curioso é o fato de que, em geral, quem faz são as australianas, americanas, canadenses e européias (incluindo as deusas suecas dos olhos biônicos). Já as brasileiras e as latinas dificilmente tiram a parte de cima, não sei se pela forte influência católica na nossa cultura, por sermos países extremamente conservadores (brasileiro acha que não é, mas somos) ou por algum terceiro motivo a sua escolha. O que é uma pena!


E no desnecessário debate do cobre ou não cobre, até mesmo nossa ilustríssima primeira-ministra interina Julia Gillard se manifestou contrária à proibição, assim como nossa prefeita do Waverley Council Sally Betts, que está muito mais preocupada com o consumo excessivo de álcool na imediações de Bondi do que com os seios da mulherada. Se um dia eu me tornar cidadão permanente australiano, votarei nelas. E não se fala mais no assunto!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Imagem é tudo

E ela chegou! Com uma comitiva formada basicamente por truculentos seguranças e baladeiros profissionais – incluindo a irmã Nicky, o namorado David Katzenberg e mais um bando de desocupados e aspones – Paris Hilton desembarcou esta manhã em Melbourne.



Ela segue amanhã para Sydney, onde será a hostess da Bongo Virus New Year's Eve Party, rega-bofe de Ano Novo que rolará no Piano Room do Trademark Hotel, em Kings Cross. O ingresso custa $ 129 e especula-se que as irmãs Paris receberão cem mil dólares de cachê (não sei se em dólar americano ou australiano – mas quem se importa?). Em tempos de crise, nada mal!



Ainda mais para Paris que, em geral, quando vem a Sydney, tem gastos extras pois não se hospeda no hotel de papai, e sim no Sheraton, o inimigo. Motivo? Não faço a menor idéia. Aliás, uma fonte do hotel (aquela que fica no jardim, entre o elevador e o lounge de meio milhão de dólares), me garantiu que, privadamente, ela é simples, extremamente simpática e fala coisa com coisa. Porém, é só aparecer uma câmera que Paris logo incorpora a personagem "herdeira mais infantil do planeta". Afinal, imagem é tudo...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

32 no The Hero - Viva The Rocks!



Para comemorar 32 anos a passeio, escolhi o meu pub preferido de Sydney, The Hero of Waterloo, no dia em que toca a minha banda preferida da Oceania, a Old Time Jazz (AC/DC vem em seguida). Tudo, claro, em The Rocks, o bairro número 1 da Austrália.

Em um dos posts de setembro, além de afirmar que sou um the rocker, também disse que o Lord Nelson é o pub mais antigo da cidade (talvez do país). Bobagem! Oficialmente, ele é o segundo, o primeiro é o Fortune of War, que provou ter a licença de funcionamento mais antiga, datada de 1841. Porém, ao visitarmos o The Hero of Waterloo há algumas semanas para fins jornalísticos (texto na íntegra em janeiro), descobrimos que este sim é o mais antigo, pois foi fundado em 1801 e, durante os primeiros 40 anos, vendia bebida sem licença. Gênios!



Mas descobrimos mais! Com ajuda do meu chapa Steve, o melhor barman de New South Wales, descemos para o subsolo e vimos túneis que ligam o pub à Baía de Sydney (por lá que o rum era contrabandeado). Também vimos correntes em que os bêbados ficavam presos e, quando não eram levados pela polícia, eram jogados, ainda de porre, nos navios. Ao acordarem no meio do nada, tinham duas opções: se juntarem à tripulação e trabalhar, ou serem jogados aos tubarões (acreditem, as águas daqui fazem o litoral do Recife parecer aquário de criancinha).







Infelizmente, os tempos são outros, mas o pub ainda guarda muita história. A principal delas é esta simpatissísima senhora, Valda Marshall, 81 anos, cantora, saxofonista e trompetista da Old Time Jazz. Até os 19, 20 anos, quando se casou, música nunca fizera parte da vida dela. Mas o matrimônio não deu certo, a dor foi imensa e a saída para o sofrimento foi a música. Valda começou a aprender aos 25 anos e está até hoje, fazendo uma sonzeira incrível, tomando sua tacinha de vinho nos intervalos e lecionando diariamente a matéria “Envelhecendo com Arte - Avançado”.



Ela é um dos últimos elos de um passado boêmio e musical que infelizmente já não existe mais por aqui. Primeiro porque na Austrália não se passa mais a noite bebendo em bares e pubs – só em clubs de música eletrônica, o que é um inferno – segundo porque todas as pessoas desta época já morreram ou não estão mais na ativa.

Mas, claro, um pub e uma banda como esta sempre atraem figuras inusitadas, daquelas de cinema, e no último domingo não foi diferente. Eles eram uma espécie de Gordo & Magro que faziam um pouco de tudo: cantavam, dançavam, não tomavam leite e tiravam sarro um do outro. Em resumo, roubaram a festa. Como de praxe, interagimos com as peças, viramos amigos de pub e descobrimos que um deles (o mais magrinho) é um escocês pai de um australiano tricampeão mundial de boxe. Só isso!





Fechamos a festa com eu falando para a nobre senhora que, assim que começar a escrever em inglês com propriedade, farei a biografia dela, enquanto o escocês passava de mesa em mesa oferecendo wedges com sour cream e sweet chilli sauce para todo mundo. Quem é louco de recusar um petisco oferecido pelo pai de um tricampeão mundial de boxe?



Isso é The Rocks, o bairro mais antigo da Austrália, lugar onde, por décadas, bêbados, prostitutas, ex-prisioneiros britânicos, artistas, gangues e piratas conviviam da maneira mais desarmônica possível, ou seja, mais divertida. Portanto, nada como The Rocks para celebrar 32 anos no mundo a passeio.



Valeu, galera, por terem ido e pelo canhão!



Lecão, valeu por ter escolhido o canhão (tremendo vinho e o senhor não vai tomar)!


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Sem pressa rumo ao Hexa

I've paid my dues
Time after time
I've done my sentence
But committed no crime
And bad mistakes
I've made a few
I've had my share of sand kicked in my face
But I've come through

We are the champions - my friends
And we'll keep on fighting - till the end
We are the champions
We are the champions
No time for losers
'Cause we are the champions - of the world

I've taken my bows
And my curtain calls
You brought me fame and fortuen and everything that goes with it

I thank you all

But it's been no bed of roses
No pleasure cruise
I consider it a challenge before the whole human race -
And I ain't gonna lose

We are the champions - my friends
And we'll keep on fighting - till the end
We are the champions
We are the champions
No time for losers
'Cause we are the champions - of the world



1977, 1986, 1991, 2006, 2007 e 2008

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Solução para a crise financeira



É inegável que o mundo está cada vez mais chato. Não o famigerado planeta, mas as pessoas em si, as instituições, nós são-paulinos, enfim. Afirmo, seguramente, que 95.4% da população terrestre é chata, o que não significa que o 4.6% restante seja legal.

Em tempos de crise financeira mundial, as pessoas, além de preocupadas e pessimistas, se acham doutores em economia formadas em Harvard, o que as torna ainda mais chatas.

Por conta disso, cheguei à conclusão de que, em tempos de crise, o melhor a fazer é simplesmente dormir. Tirar aquela pestaninha.



É verdade! A começar pelo fato de que dormir é grátis, não se gasta nada. Basta uma cama, um sofá, uma rede ou uma canga na praia. Depois, é fechar os olhos e relaxar. Claro, se você vive em um país anglo-saxão e não consegue mais pagar a tal da mortgage da sua casa, isso talvez lhe tire o sono, mas por outro lado, continua sendo grátis, já que nem a tal da mortgage você está pagando.

O segundo ponto importante de dormir é o fato de que, durante as horas na horizontal, você não precisa iniciar nenhuma conversa furada com ninguém dos 95.4%, nem mesmo com os outros 4.6%. E isso, meu chapa, não tem preço (já falei que é de graça). O mundo pode estar desabando, a economia de Bangladesh quebrando, mas enquanto estiver dormindo, você estará em paz. A menos que durma com a televisão ou o rádio ligados, mas aí você não merece dormir e descansar como um “princeso”.

Por último, mas não menos importante, ao dormir, além de não pagar nada, não interagir com nenhum chato e não ouvir que o pior da crise financeira mundial ainda está por vir, você ainda sonha com os anjinhos e, se der sorte, com uma anjona nórdica, loira e de seios fartos, o que de fato é um sonho.



Não é mesmo, Patrick?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

É tetra!!!



E não é que na última quinta-feira, 30 de outubro, me tornei tri às 19:29 (horário de Sydney) e tetra às 19:41? É verdade! Paloma, minha irmã, deu à luz (no caso, às luzes) à Georgia e ao Patrick, respectivamente, somando mais dois sobrinhos para a minha coleção. Com isso, chego a 4, conquistando o tetra e, segundo a lei australiana, entrando no rol dos homens que não precisam ter filho.

Sim! Na Austrália há uma lei federal que exime todo e qualquer tetra-tio de ter filhos. O governo inclusive nos ajuda com verbas para que possamos cumprir com as nossas obrigações e nos aperfeiçoar no ofício, que incluem manter a geladeira do cunhado repleta de Tooheys New, comprar tickets para eventos infanto-desportivos-culturais e adquirir todas as temporadas de “Two and a Half Men” para treinamento intensivo com o Charlie Sheen.


O casal de pimpolhos, graças ao bom Deus, chegou ao planeta de Barack Obama com muita saúde e via parto normal (havia 3 anos que no Royal Hospital for Woman não rolava parto normal de gêmeos, na mesma semana foram dois). O intervalo entre um e outro – douze minutos – é absolutamente cabalístico e faz deles as novas paixões do titio. Obviamente eu não estava na sala de parto no momento, pois não possuo estrutura física, emocional, mental e espiritual para presenciar nascimentos. Mas tenho acompanhado tudo e posso dizer que estou em estado de graça. Principalmente pelo fato deles serem lindos e não terem nascido com cara de joelho - o que é raro.

A geografia dos “Two Little Things” é bastante interessante. Ambos são australianos, filhos de brasileira com australiano, netos e bisnetos de croatas, brasileiros e uruguaios, e tataranetos de brasileiros, italianos, libaneses e mais croatas. Ou seja, trazem parte recente da história migratória dos séculos XX e XXI, que foi movida por duas Guerras Mundiais, anos de Guerra Civil no Líbano e na Croácia, ditaduras militares na América Latina, crises econômicas no mesmo continente e o mais novo destino migratório do Brasil: a Austrália.

E o melhor de tudo: por terem pai torcedor do Liverpool e tio legal são-paulino (sim, eu), Georgia e Patrick já chegam ao planeta com 1 a 0, gol do Mineiro. Well done Paloma e Rob, e bem-vindos, little mates!



Ah! E viva Barack Obama, que acaba de vencer a eleição e prometeu um mundo melhor para todos, incluindo aí os meus sobrinhos. Bush, você está demitido!

domingo, 19 de outubro de 2008

Sculpture by the Sea



O australiano adora atividades ao ar livre. Não sei se por descenderem de prisioneiros britânicos, por viverem cercados de lugares e paisagens maravilhosas, pelo clima agradável, por terem muitas baratas na casa ou por todos estes fatores juntos. Mas o fato é que, quando chega a primavera, por todo o país pipocam shows, concertos, feiras enogastronômicas, cinemas, teatros e dezenas de outros eventos ao ar livre.



Uma das mais tradicionais, que marca o início da estação em Sydney e, propositalmente, coincide com o começo do nosso horário de verão (o popular daylight saving), é a Sculpture by the Sea, que este ano vai até 2 de novembro.



Durante 3 semanas, 107 esculturas e instalações de artistas de vários países do mundo ficam espalhadas por um trecho de aproximadamente 2 km entre as praias de Bondi e Tamarama, em uma trilha e-p-e-t-a-c-u-l-a-r que beira a costa do Pacífico (ou seria do Mar da Tasmânia?). É simplesmente fantástica. Não só as obras em si mas, principalmente, o passeio e as obras inseridas no passeio (tentei dar um ar “cabeça” para o texto).


Sim! Porque na Sculpture by the Sea a própria natureza serve de moldura para as obras. Seja o céu, a grama, o mar, as pedras, não importa (vejam nas chapas acima). Outra particularidade é a possibilidade de vermos as obras de diferentes ângulos e distâncias, o que dá formas e dimensões completamente diferentes para o mesmo objeto (chapas abaixo).




Mais esculturas!


















E lembram da pergunta do post anterior, sobre a bolha no oceano? Então, eis ela aí, que nada mais é do que uma das esculptures by the sea, em pleno Oceano Pacífico (ou seria Mar da Tasmânia?).






A experiência é tão intensa, a caminhada é tão azul em função do céu e do mar que, no final, comecei a ver alguns seres azuis bem familiares. Até agora não sei se eram reais ou imaginários.


Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá...

sábado, 18 de outubro de 2008

O que seria esta bolha em pleno oceano?



a) uma baleia mascando um Bubble Gum
b) o Volponi curtindo um dia de sol
c) parte de um objeto voador não-identificado (que passou a ser um objeto flutuante não-identificado)
d) NDA

Resposta em breve...