sábado, 12 de abril de 2008

Sou um rudder



Meus amigos, sou um rudder. É verdade! Não pensei que pudesse voltar a admirar um político, mas voltei. A cada semana, Kevin Rudd, nosso primeiro-ministro, tem impressionado mais.



Ele já havia dado uma grande demonstração de que é absolutamente diferente dos principais "líderes" da atualidade (leia-se últimas sei lá quantas décadas), na ocasião do Sorry Day, quando pediu desculpas aos povos aborígenes pelos abusos cometidos desde a chegada do nosso glorioso Captain Cook.



Agora, em meio ao turbilhão que a China está vivendo, com o mundo inteiro se voltando contra os absurdos que ela tem feito desde 1959 no Tibet, Kevin Rudd, falando mandarin fluente em território chinês, não titubeou em afirmar que há "significantes problemas de direitos humanos no Tibet". Meus amigos, não é qualquer um que entra lá e fala isso. Mais: que fala isso e não vai imediatamente viver a 7 palmos abaixo da terra.


Se, por exemplo, fosse Lula que estivesse visitando a China, ele faria a costumaz média com os políticos locais e não se manifestaria de maneira alguma sobre o problema. No máximo, diria que é uma questão interna da China e que prefere "não se meter" - palavras dele. Já Georg W. Bush mandaria milhares de soldados para o Tibet, mataria o restante dos monges e destruiria a região, sob a alegação de que estaria resolvendo o problema pela raiz. Hugo Chavez daria petróleo de graça para a China. E assim por diante...



Dia 24 de abril a tocha olímpica, que tem causado tumulto por onde passa, chega na Austrália. Kevin Rudd já recusou qualquer ajuda externa para garantir a segurança. Eu, claro, concordo plenamente, afinal, sou um rudder! Vamos ver no que vai dar. No mais, sensacional esta sequência sobre a criação do logo das Olimpíadas. Não sei quem fez mas tá ó-te-ma!




quarta-feira, 9 de abril de 2008

DuckTales - A diferença entre Austrália e Brasil


Huguinho, Zezinho e Luisinho (ou Huey, Dewey n' Louie - no original) vão atravessar uma rodovia próxima à casa do Tio Patinhas. Vejam como seria a mesma travessia na Austrália e no Brasil.
Em ambos os países, tudo pronto para a epopéia, afinal eles são os DuckTales, os caçadores de aventura!



Na Austrália:
ao ver os 3 patos, a moça orienta os pedestres para aguardarem.
No Brasil: sabendo que os 3 patos são sobrinhos do milionário Tio Patinhas - velho conhecido da moça -, a profissional do trânsito pede para aguardarem e, discretamente, faz um sinal mexendo no cabelo.



Na Austrália: com linguagem corporal desenvolvida especialmente para se comunicar com patos, ela autoriza a travessia, mas desde que seja feita devagar.
No Brasil: após o código capilar, ela faz outro gesto previamente combinado, sinalizando que a barra está limpa e podem atravessar.


Na Austrália: o trio parte feliz e serelepe.
No Brasil: sabendo que a barra está limpa, o trio pisa fundo e, "com sangue nos óio", segue em frente.


Na Austrália: para não ultrapassarem o limite de velocidade e andarem com segurança, a moça orienta para irem devagar.
No Brasil: sabendo que ali na frente tem placa e radar, a profissional do trânsito - e comadre do Uncle Little Patas - avisa para eles segurarem a onda.


Na Austrália: Huey, Dewey n' Louie reduzem.
No Brasil: Huguinho, Zezinho e Luisinho dão um "migué".


Na Austrália:
eles retomam a travessia.
No Brasil: percebendo a presença da reportagem, Zezinho encara a câmera no melhor estilo "você por um acaso sabe com quem está falando?".


Na Austrália:
a travessia chega ao fim.
No Brasil: a travessia parece que vai chegar ao fim.


No Brasil: mas sabendo que está sendo filmado, Zezinho, irritado, volta à rodovia e...



... numa demonstração de que pode tudo e está acima da lei, em poucos segundos já acelera novamente e atinge os douze quilômetros por hora.



A profissional do trânsito finge não ver e, ao ser perguntada depois, diz que não viu nada, que não sabia de nada e que nunca na história deste país as ruas foram tão bem sinalizadas.

Todos acreditam (ou fingem acreditarem). Brazil-zil-zil!!!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Parabéns, Paloma!

Quem conhece a minha irmã Paloma sabe que ela é casca grossa. No melhor estilo taugh girl, não leva desaforo pra casa e é desprovida de qualquer bloqueio entre o cérebro e a língua - ou seja, fala o que pensa para qualquer pessoa, independentemente de ser o tiozinho da esquina, o chefe ou o presidente da república (em certos países, estamos falando da mesma pessoa).

Na última terça-feira, primeiro de abril, fez 3 anos que ela deixou o Brasil e veio pra cá. Data simbólica para comemorar. Jamais esquecerei quando ela estava aqui havia 2 anos e quase 2 meses e, após ter tido um pesadelo comigo, ligou para São Paulo me perguntando se estava tudo bem e se havia acontecido algo. Eu disse que não, que estava tudo nos conformes. Antes de desligar, ela falou que se um dia eu resolvesse vir, teria as portas abertas. "Valeu, Pá, mas nem pensar!" - foi a minha resposta. Menos de três meses depois ela foi me buscar no aeroporto de Sydney.

Como tudo com ela é exagerado, com mania de grandeza, ontem, 3 anos e um dia depois de ter pisado em solo australiano pela primeira vez, ela fez um nada singelo anúncio...

É verdade, meus amigos! Paloma Nacer - signo: gêmeos / ascendente: gêmeos - está grávida de gêmeos.

Well done, Paloma e Robin!!!

Parabéns e vamos em frente!



Palomita:
3 anos de Austrália
2 sobrinhos na barriga
1 enorme coração (agora de mãe)

quarta-feira, 26 de março de 2008

Sábado de aleluia – Consegui!



Sábado pela manhã, um dia depois da Sexta-feira Santa, a popular Good Friday, consegui! Pela primeira vez, desde que cheguei na Austrália há 7 meses, 15 dias e, até aquele momento, 2 horas, pude permanecer os douze segundos de praxe sentindo no rosto a corrente de ar que entrava pela janela e saía pela porta (sim, meus amigos, pela porta). Sensação de vitória pascal e liberdade em estado bruto! Se tivesse trilha sonora, seria We Are the Champions, Glory Day, Born to be Wild ou o clássico Coelhinho da Páscoa que trazes pra Mim?.

A demora para realizar tamanho feito se deve à cultura australiana do mate (pronuncia-se “mêit” ou “máit” – dependendo de onde o cara é e de quantas cervejas ele bebeu). Aqui tudo é mate: Thanks, mate! Cheers, mate! Sorry, mate! G’day, mate! Daí passamos para schoolmate, workmate, até chegar na razão de todo o problema: flatmate.

Não sei o motivo, mas australiano não gosta de morar sozinho. Talvez por preguiça, talvez pelos aluguéis serem caros, talvez por medo do bicho-papão, mas o fato é que, à exceção dos casados (e não todos), o restante quando deixa a casa dos pais vai morar com os mates, ou seja, com os amigos ou simplesmente com pessoas que não conhecem mas que vão rachar uma casa, um apartamento ou um quarto (neste caso, roomate).

E, claro, isso se estende a todos os imigrantes solteiros e alcoholics overseas students – que é o meu caso. Desde que cheguei, no apartamento onde moro com a minha irmã e uma escocesa (sim, é tecnicamente um pub) já passaram três brasileiras, uma australiana e uma irlandesa (sim, já foi um pub, agora é só tecnicamente). Com isso, privacidade é algo que só existe quando fechamos a porta do quarto ou do banheiro, e, paciência para aguentar pessoas que a gente mal conhece e namorodo espaçoso de flatmate, é algo que exercitamos budicamente todos os dias.



Mas como era final de semana pascal, minha irmã viajou com o namorado para a Central Coast, e a escocesa embarcou para Darwin, onde o namorado foi morar com parte do exército local (sim, em tempos de presença australiana no Iraque, o campeão se alistou). Com isso, livre de flatemates, livre de namorado de flatmate e sabendo que ninguém entraria em casa ou sairia de algum dos quartos, pude, pela primeira vez desde que cheguei na Austrália há 7 meses, 15 dias e, até aquele momento, 2 horas, fazer xixi de porta aberta. Aleluia!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Mulherada de aço - Parte II



Ontem à noite, enquanto eu fazia um delicioso arroz cozido na laranja com fatias de cogumelo para acompanhar um suflê de espinafre e um porco feito pela mãe croata do meu cunhado (tomando uma botejinha de Grenache do Barossa Valley, claro, o Gramp's 2005 - um show de estrutura e taninos macios), na tv as nadadoras australianas continuavam voando durante as seletivas para os Jogos Olímpicos de Pequim.



E se na sexta a estudante de 15 anos Emily Seebohn havia quebrado o recorde mundial dos 50m costas, nadando abaixo dos 28s, ontem a nadadora de Loxton (SA) Sophie Edington não deixou para menos e cravou 27s67 na final da prova, quebrando o terceiro recorde mundial da competição.

Um arrozinho cozido na laranja com a Sophie não seria nada mal...

domingo, 23 de março de 2008

Mulherada de aço (e à prova d'água)

Ontem à noite, duas nadadoras australianas quebraram o recorde mundial durante as provas classificatórios para os Jogos Olímpicos de Pequim 2008, que estão sendo disputadas aqui em Sydney.



A primeira foi a atleta de Brisbane Stéphanie Rice, 19 anos, que superou a marca da norte-americana Katie Hoff nos 400m medley com 4min31s46. Na sequência, Emily Seebohm, estudante de apenas 15 anos da St John Fisher College – escola católica só para meninas –, cravou 27s95, tornando-se a primeira nadadora a completar os 50m costas abaixo dos 28s.

Detalhe: em 8 de março deste ano ela já havia nadado 28s09 no campeonato do Brisbane Catholic Schoolgirls, provavelmete disputado na hora do recreio, entre as aulas de Estudos Sociais e Língua Inglesa.



Com 34.218 km de costa litorânea (o Brasil tem 8.000 km), não é de se estranhar que historicamente a Austrália sempre teve um time forte de natação, seja no feminino, no masculino e, pelo andar da carruagem, na coluna do meio. Mais de 130 nadadores já conquistaram pelo menos uma medalha olímpica desde os Jogos de Paris, em 1900 (ao todo foram 52 de ouro, o que coloca o país atrás somente dos Estados Unidos).



Aqui é assim: quando o relógio bate quatro, cinco da tarde, é comum ver australianos e australianas com roupa de banho, toalha no ombro e óculos e touca de natação na mão, indo para as praias. Muitas vezes é só para um refrescante “tchibum” vespertino, mas na maioria é para nadar de verdade, mil, dois mil, três mil metros.



Há alguns domingos rolou uma etapa do Kellogg’s Nutri-Grain Iron Man Series aqui em Coogee Beach, e eu fui lá acompanhar a etapa feminina. Além de nadar, elas também corriam e remavam. Vejam que impressionante!







Terminada a primeira bateria, 10 minutinhos de intervalo para tomar um café e ver umas gatas (afinal, ninguém é de ferro)...


... enquanto a mulherada de aço se preparava para voltar!


Detalhe da tiazona varrendo - nem aí pra prova.




Vejam que chegada!!!

Cabeça a cabeça!


Isso foi tudo o que vi na hora.

Mas nada como o tira-teima na foto "emprestada" do jornal da cidade, que confirmou a vitória da nossa gloriosa Alicia Marriott, de amarelo!