Como sabem, uma área do tamanho do estado de New South Wales está inundada em Queensland. O ponto central são os sistemas dos rios Condamine, Burnett e Fitzroy, que já deixaram 40 cidades isoladas ou parcialmente debaixo d'água, cerca de 1.200 casas inundadas e 10.700 tocadas pela água. No total, 200 mil pessoas foram atingidas pelas inundações, sendo que 4 mil estão desabrigadas e vivendo provisoriamente em um dos 17 centros de evacuação espalhados por 10 cidades. Três pessoas morreram.
Esperava-se que o Fitzroy River, na cidade de Rockhampton, chegasse a 9.4 metros acima de seu nível, o que seria o maior pico desde 1954, mas ele ficou em 9.2m e está assim desde ontem, o que evitará a inundação de 200 novas casas e o contato de outras 2 mil com a água.
Já o Balonne River, que passa por St George, cidade a 550km de Rockhampton, pode atingir o recorde histórico de 14 metros no domingo, o que inundaria cerca de 80% da cidade.
Em Condamine, sudoeste do estado, o rio de mesmo nome atingiu 14.25 metros, inundando 42 das 60 casas e obrigando todos os 150 moradores a deixarem a cidade na quinta-feira passada. Existia a possibilidade deles retornaram hoje, mas em virtude das fortes tempestades de ontem, rodovias foram fechadas e a volta talvez seja adiada.
Estima-se que o prejuízo esteja na casa dos 5 bilhões de dólares australianos - lembrando que o nosso dólar está mais valorizado do que o norte-americano. Os governos federal e estadual já abriram os cofres, mas toda ajuda é extremamente bem-vinda.
Para quem está na Austrália, no domingo, a partir das 19h30, o Channel 9 fará o Nine's Flood Relief Appeal - Australia Unites, programa de duas horas do tipo teletom com artistas e celebridades atendendo as ligações para arrecadar dinheiro.
Quem quiser ajudar neste exato momento, pode doar através do site www.qld.gov.au/floods, com cartão de crédito ligando para 1800 219 028 (estes servem para qualquer pessoa do planeta) ou mesmo pessoalmente nos bancos Commonwealth Bank, NAB, Westpac, ANZ, Bank Of Queensland, Suncorp e no supermercado Coles.
Também no domingo, acontecerá mais uma festa para arrecadar dinheiro para o Leandro Barata, o capoeirista brasileiro que em seu terceiro mês de Austrália sofreu acidente na praia de Bondi e ficou tetraplégico. O evento será no Empire Hotel (32 Darlinghurst Rd, Kings Cross), das 20h30 às 3h. Entrada mediante doação.
E já que o assunto é ajudar, não posso deixar de citar a Hyundai, principal patrocinadora do Hopman Cup, torneio de tênis que acontece em Perth. A empresa está doando 100 doletas por cada ace.
Ontem, vendo o Andy Murray vencer o francês Nicolas Mahut, o dinheiro arrecadado já estava em 22 mil dólares. Haja ace! O valor deve ter aumentado, pois eles ainda disputariam um set inteiro e depois partida de duplas.
O Hopman Cup vai até sábado, a Sérvia será campeã e imagino que deve chegar fácil fácil na casa do $40 mil!
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Elvis e o gênio de Northern Territory
Tem coisas que só acontecem na Austrália. Outras, ainda mais específicas, ocorrem somente num território distante e setentrional chamado Northern Territory (NT).
Em termos de tamanho, Northern Territory é a terceira maior divisão federal do país, porém, em termos populacionais, possui apenas uma cidade ranqueada entre as vinte mais populosas da Austrália. Esta é justamente Darwin, a capital, que ocupa a décima sexta colocação com seus 124 mil habitantes (detalhe: NT tem aproximadamente 230 mil que vivem distribuídos numa área de 1,420,970 km2).
Morar em Northern Territory não é pra qualquer um, basicamente por dois motivos: primeiro porque boa parte do território é deserto, o chamado Outback; segundo porque na faixa litorânea, o único lugar onde é possível se refrescar, há crocodilos de água salgada que chegam a seis metros de comprimento.
O resultado dessa equação é simples: quem mora lá, está cagando e andando (literalmente)!
O último caso aconteceu na noite do ano novo, aquela mesma em que boa parte da população vestia roupas íntimas novas, comia lentilha, estourava Champagne, pulava sete ondas e fazia oferendas para Iemanjá.
No Humpty Doo Hotel, em Darwin, Trevor Yeend, um típico aussie aussie aussie oi oi oi, vestindo apenas bermuda e chinelo e montado em Elvis, seu cavalo de estimação, meio de transporte e fiel companheiro, adentrou no estabelecimento e pediu uma cerveja.
Sim, foi isso mesmo o que vocês leram!
O homem entrou no pub montado no cavalo, em pleno reveillon e pediu uma cerveja, a saideira da década. Um verdadeiro gênio!!!
O funcionário se assustou, os diplomatas e embaixadores que estavam no bar caíram na gargalhada e Elvis, à imagem e semelhança da atitude do dono, cagou e andou no Humpty Doo Hotel.
Para não falarem que estou mentindo, a vã tecnologia está aí para me ajudar.
Em termos de tamanho, Northern Territory é a terceira maior divisão federal do país, porém, em termos populacionais, possui apenas uma cidade ranqueada entre as vinte mais populosas da Austrália. Esta é justamente Darwin, a capital, que ocupa a décima sexta colocação com seus 124 mil habitantes (detalhe: NT tem aproximadamente 230 mil que vivem distribuídos numa área de 1,420,970 km2).
Morar em Northern Territory não é pra qualquer um, basicamente por dois motivos: primeiro porque boa parte do território é deserto, o chamado Outback; segundo porque na faixa litorânea, o único lugar onde é possível se refrescar, há crocodilos de água salgada que chegam a seis metros de comprimento.
O resultado dessa equação é simples: quem mora lá, está cagando e andando (literalmente)!
O último caso aconteceu na noite do ano novo, aquela mesma em que boa parte da população vestia roupas íntimas novas, comia lentilha, estourava Champagne, pulava sete ondas e fazia oferendas para Iemanjá.
No Humpty Doo Hotel, em Darwin, Trevor Yeend, um típico aussie aussie aussie oi oi oi, vestindo apenas bermuda e chinelo e montado em Elvis, seu cavalo de estimação, meio de transporte e fiel companheiro, adentrou no estabelecimento e pediu uma cerveja.
Sim, foi isso mesmo o que vocês leram!
O homem entrou no pub montado no cavalo, em pleno reveillon e pediu uma cerveja, a saideira da década. Um verdadeiro gênio!!!
O funcionário se assustou, os diplomatas e embaixadores que estavam no bar caíram na gargalhada e Elvis, à imagem e semelhança da atitude do dono, cagou e andou no Humpty Doo Hotel.
Para não falarem que estou mentindo, a vã tecnologia está aí para me ajudar.
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Tubarão e tênis - É janeiro!
Agora sim é janeiro. Mesmo nublado, calor insuportável, cricket e tênis na tv, filas loiras nos mercados de Bondi e, claro, os bichanos chegando.
A foto é de ontem, segunda-feira, em Matarangi Beach, na ilha norte da Nova Zelândia. Na parte de cima, surfistas, na parte de baixo, três simpáticos tubarões de três metros.
Daqui a pouco as aparições começam na Austrália.
E já que o assunto é janeiro, hoje à noite acontece o primeiro grande embate do tênis 2011 por estas bandas. Pela Hopman Cup, disputada em Perth, o sérvio Novak Djokovic, número 3 do mundo e em grande forma, enfrenta o australiano Lleyton Hewitt, ex-número 1 do mundo, atualmente 54 e grande mala.
Vai ser um jogaço (às 21h30 AEDT no Channel Ten)!
E, claro, janeiro, verão e terça-feira são sinônimos de reggae nos Eastern Suburbs. Hoje à noite, o Tropical Heat estreia a temporada 2011 com Errol e Caribbean Soul no Cock n' Bull, a partir das 19h, em Bondi Junction. Entrada grátis!
A foto é de ontem, segunda-feira, em Matarangi Beach, na ilha norte da Nova Zelândia. Na parte de cima, surfistas, na parte de baixo, três simpáticos tubarões de três metros.
Daqui a pouco as aparições começam na Austrália.
E já que o assunto é janeiro, hoje à noite acontece o primeiro grande embate do tênis 2011 por estas bandas. Pela Hopman Cup, disputada em Perth, o sérvio Novak Djokovic, número 3 do mundo e em grande forma, enfrenta o australiano Lleyton Hewitt, ex-número 1 do mundo, atualmente 54 e grande mala.
Vai ser um jogaço (às 21h30 AEDT no Channel Ten)!
E, claro, janeiro, verão e terça-feira são sinônimos de reggae nos Eastern Suburbs. Hoje à noite, o Tropical Heat estreia a temporada 2011 com Errol e Caribbean Soul no Cock n' Bull, a partir das 19h, em Bondi Junction. Entrada grátis!
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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Fanfarra Day
Gilberto Gil, em música de Stevie Wonder, escreveu:
Não é Natal / Nem ano bom / Nem um sinal no céu / Nenhum armagedom / Nenhuma data especial / Nenhum ET brincando aqui / No meu quintal
Depois o ex-ministro continua:
Nem carnaval / Nem São João / Nenhum balão no céu / Nem luar no sertão / Nenhuma foto no jornal / Nenhuma nota na coluna social / Nenhuma múmia se mexeu / Nenhum milagre da ciência / Aconteceu / Nenhum motivo nem razão
Uso as palavras de Gil (pegaram o sotaque?) para perguntar: por que cargas d'água hoje é feriado na Austrália?
Não que eu esteja reclamando, longe disso, mas não faz o menor sentido, principalmente pelo fato de chamarem o feriado de New Years Day.
Que eu saiba, New Years Day é o primeiro dia de janeiro, o dia mundial da ressaca. Mas os australianos aproveitam o dia primeiro para curar a ressaca da véspera, depois tomam tudo novamente no dia dois, usam o dia três - hoje, plena segunda-feira - para curar a ressaca de ontem, e somente iniciam o ano de labuta na terça-feira, dia quatro. Pra mim, só há uma explicação: fanfarrice total!
Viva o Fanfarra Day!
Não é Natal / Nem ano bom / Nem um sinal no céu / Nenhum armagedom / Nenhuma data especial / Nenhum ET brincando aqui / No meu quintal
Depois o ex-ministro continua:
Nem carnaval / Nem São João / Nenhum balão no céu / Nem luar no sertão / Nenhuma foto no jornal / Nenhuma nota na coluna social / Nenhuma múmia se mexeu / Nenhum milagre da ciência / Aconteceu / Nenhum motivo nem razão
Uso as palavras de Gil (pegaram o sotaque?) para perguntar: por que cargas d'água hoje é feriado na Austrália?
Não que eu esteja reclamando, longe disso, mas não faz o menor sentido, principalmente pelo fato de chamarem o feriado de New Years Day.
Que eu saiba, New Years Day é o primeiro dia de janeiro, o dia mundial da ressaca. Mas os australianos aproveitam o dia primeiro para curar a ressaca da véspera, depois tomam tudo novamente no dia dois, usam o dia três - hoje, plena segunda-feira - para curar a ressaca de ontem, e somente iniciam o ano de labuta na terça-feira, dia quatro. Pra mim, só há uma explicação: fanfarrice total!
Viva o Fanfarra Day!
domingo, 2 de janeiro de 2011
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Top five 2010
Aproveitando que ninguém quer trabalhar e todo mundo só faz retrospectiva, também fiz a minha. O critério foi simples: os 5 grandes momentos do blog em 2010, seja em termos de audiência, de satisfação pelo trabalho, ou ambos. Para ser justo, separei cronologicamente.
No iníico de 2010, fui pela primeira vez à Melbourne. E amei aquela cidade. Fui com três amigos e quebramos absolutamente tudo. O ponto alto, claro, foi o jantar que o Alex Atala fez no restaurante do Jacques Raymon, durante o Melbourne Food and Wine Festival. Além disso, meses antes tive a oportunidade de entrevistá-lo para a Radar Magazine. A conclusão foi uma só: Alex Atala é o cara! Leiam aqui a entrevista e sobre o jantar.
Em maio, fui convidado pela Beatriz Wagner, produtora executiva da Rádio SBS em português, para ser comentarista dos jogos do Brasil durante a Copa da África do Sul. Esse foi o meu primeiro Mundial e simplesmente amei. Não só trabalhar na transmissão da Copa, mas fazer rádio. Bia, Raphas, Miltão, Lloyd e toda equipe, muito obrigado! Leiam aqui entrevista que fiz com um produtor de vinho português na véspera de Brasil x Portugal. Eno-vuvuzela em estado bruto!
Falando em vinho, em junho, eu e a minha eno-parceira Izabella Rodrigues lançamos o I Guia de Vinho para o brasileiro tomar no inverno australiano. A ideia era simples: vinhos de até $25 encontrados facilmente na Austrália. O Guia foi sucesso total e ano que vem tem mais!
Em julho, realizamos uma exposição de fotos no blog com o tema Inverno em Sydney que foi muito bacana. Convidei 4 fotógrafos e publicamos 25 chapas, 5 cada (eu também particpei), e o resultado pode ser visto aqui. Desta exposição surgiu a Primavera na Austrália, ideia mais abrangente que resultou em cerca de 60 trabalhos entre fotos, vídeos, quadros, música, escultura etc etc etc. A coisa ficou tão grande que adiamos para o final do ano, depois para janeiro e agora mais uma vez para abril ou maio. Difícil, mas sairá. E o evento já tomou forma e agora atende pelo nome de Octopus Garden (saiba mais aqui). A todos vocês que enviaram trabalho, muito obrigado. Em 2011 trago mais informações.
Agora em novembro, recebi a grande notícia de que Os Mutantes, a maior banda de rock da história do Brasil, vem para a Austrália. E com isso terei a oportunidade de rever o amigo Dinho Leme, baterista da formação clássica que vem com Sergio Dias e companhia. Obviamente irei não apenas em Sydney, como também em Melbourne, a minha Melba, onde eles também tocarão. Para saber tudo sobre a vinda dos Mutantes e a minha passagem com eles, clique aqui.
Não posso deixar de fazer uma menção honrosa ao nosso saudoso Geleia e ao fotógrafo Guilherme Infante. Fizemos um trabalho que gerou certa polêmica por aqui, mas no meu ponto de vista - sem falsa modéstia - ficou sensacional. Segue aqui a entrevista com o Geleia e o ensaio fotográfico.
A todos você que acompanharam o blog, apareceram no blog, divulgaram o blog, comentaram no blog, seguem o blog, se informaram no blog, riram no blog e choraram no blog (esse é pra minha mãe), muito obrigado. Ano que vem tem muito mais!
Tenham uma excelente noite hoje e que em 2011 vocês realizem tudo o que desejam.
Feliz 2011!!!
No iníico de 2010, fui pela primeira vez à Melbourne. E amei aquela cidade. Fui com três amigos e quebramos absolutamente tudo. O ponto alto, claro, foi o jantar que o Alex Atala fez no restaurante do Jacques Raymon, durante o Melbourne Food and Wine Festival. Além disso, meses antes tive a oportunidade de entrevistá-lo para a Radar Magazine. A conclusão foi uma só: Alex Atala é o cara! Leiam aqui a entrevista e sobre o jantar.
Em maio, fui convidado pela Beatriz Wagner, produtora executiva da Rádio SBS em português, para ser comentarista dos jogos do Brasil durante a Copa da África do Sul. Esse foi o meu primeiro Mundial e simplesmente amei. Não só trabalhar na transmissão da Copa, mas fazer rádio. Bia, Raphas, Miltão, Lloyd e toda equipe, muito obrigado! Leiam aqui entrevista que fiz com um produtor de vinho português na véspera de Brasil x Portugal. Eno-vuvuzela em estado bruto!
Falando em vinho, em junho, eu e a minha eno-parceira Izabella Rodrigues lançamos o I Guia de Vinho para o brasileiro tomar no inverno australiano. A ideia era simples: vinhos de até $25 encontrados facilmente na Austrália. O Guia foi sucesso total e ano que vem tem mais!
Em julho, realizamos uma exposição de fotos no blog com o tema Inverno em Sydney que foi muito bacana. Convidei 4 fotógrafos e publicamos 25 chapas, 5 cada (eu também particpei), e o resultado pode ser visto aqui. Desta exposição surgiu a Primavera na Austrália, ideia mais abrangente que resultou em cerca de 60 trabalhos entre fotos, vídeos, quadros, música, escultura etc etc etc. A coisa ficou tão grande que adiamos para o final do ano, depois para janeiro e agora mais uma vez para abril ou maio. Difícil, mas sairá. E o evento já tomou forma e agora atende pelo nome de Octopus Garden (saiba mais aqui). A todos vocês que enviaram trabalho, muito obrigado. Em 2011 trago mais informações.
Agora em novembro, recebi a grande notícia de que Os Mutantes, a maior banda de rock da história do Brasil, vem para a Austrália. E com isso terei a oportunidade de rever o amigo Dinho Leme, baterista da formação clássica que vem com Sergio Dias e companhia. Obviamente irei não apenas em Sydney, como também em Melbourne, a minha Melba, onde eles também tocarão. Para saber tudo sobre a vinda dos Mutantes e a minha passagem com eles, clique aqui.
Não posso deixar de fazer uma menção honrosa ao nosso saudoso Geleia e ao fotógrafo Guilherme Infante. Fizemos um trabalho que gerou certa polêmica por aqui, mas no meu ponto de vista - sem falsa modéstia - ficou sensacional. Segue aqui a entrevista com o Geleia e o ensaio fotográfico.
A todos você que acompanharam o blog, apareceram no blog, divulgaram o blog, comentaram no blog, seguem o blog, se informaram no blog, riram no blog e choraram no blog (esse é pra minha mãe), muito obrigado. Ano que vem tem muito mais!
Tenham uma excelente noite hoje e que em 2011 vocês realizem tudo o que desejam.
Feliz 2011!!!
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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Lentilha de final de ano (receita)
Quem, em 31 de dezembro, nunca foi obrigado por uma tia a comer um prato de lentilha (ou ao menos dar uma colherada), que estoure a primeira Champagne!
Lentilha está para o reveillon assim como o perú está para o Natal. Ou seja, estão lá, todo mundo tem uma ideia do porquê, mas no fundo ninguém sabe o real motivo.
A única certeza é o fato de que a nossa gloriosa leguminosa da subfamília Faboideae atrai dinheiro, o que, independentemente do gosto, já é garantia de popularidade.
Algo absolutamente questionável é a geografia da crendice. Numa rápida pesquisa, descobri que o hábito de comer pratos à base da Lens culinaris restringe-se a alguns poucos países sulamericanos como Brasil, Venezuela e Chile. Pensando na renda per capita dessas três simpáticas nações, é para duvidar se realmente lentilha atrai dinheiro. De fato, se ainda der tempo, perguntarei à minha flatmate chocólatra da Finlândia o que se come no dia 31 na Escandinávia. Faz muito mais sentido!
Agora, a pergunta que não quer virar o ano: mas por que cargas d'água lentilha atrai dinheiro (se é que atrai)?
Os mais simplistas dizem que é em função do formato dela, muito semelhante a uma moeda. Os norte-americanizados afirmam veementemente que é por causa da cor - verde dólar em estado bruto. Já os sacanas, sabendo que esta erva de origem asiática é uma trepadeira, fazem a inevitável alusão ao triunvirato que move o mundo: sexo, dinheiro e poder (não necessariamente nesta ordem).
Independentemente do real motivo e sempre pensando na prosperidade geral dos leitores, convoquei o amigo e chef Tercio Raddatz, grande parceiro etílico-gastronômico, para prepararmos uma receita especial com lentilha que fosse fácil para qualquer pessoa fazer em casa e, acima de tudo, deliciosa.
Igualmente empenhado na prosperidade geral dos leitores, Chef, não contente em fazer uma, preparou duas receitas, uma vegetariana e outra bem brasileira, com porco à vontade como ele chamou.
A seguir, as duas receitas. Aproveitem!
Lentilha de final de ano
Para 8 a 10 pessoas
Ingredientes
1kg de lentilha
3 folhas de louro
Preparo
Em uma panela, coloque a lentilha de molho por uma hora. Troque a água, acrescente as folhas de louro e cozinhe. Deixe levantar fervura, baixe o fogo e deixe cozinhar por uma hora ou até a lentilha ficar ao dente.
A partir daí, dividiremos a lentilha em dois pratos, um vegetariano e outro ao mais puro estilo brasileiro com “porco à vontade”.
Vegetariana
1 cebolinha francesa bem picadinha (com a parte branca cortada em rodelas e a verde na diagonal para apresentação)
100ml de azeite de oliva
1 cenoura picada em cubos
1 talo de salsão picado em cubo
100ml vinagre balsâmico
20g salsa picadinha
Sal e pimenta
2 cenouras baby para decorar
Salteie uma cebolinha francesa em azeite de oliva (use uma boa quantidade, aproximadamente 3 colheres), adicione a cenoura, o salsão, a parte branca da cebolinha e deixe cozinhar até os aromas começarem a aparecer. Levante o fogo e acrescente o vinagre balsâmico - quanto melhor o aceto balsâmico melhor ficará o prato - e reduza por um minuto. Escorra uma concha de lentilha cozida anteriormente e acrescente à frigideira. Misture bem e reserve.
Para servir
Acrescente a salsa picadinha, acerte o sal e a pimenta, coloque um pouco mais de azeite de oliva e decore com as cenouras baby e a cebolinha cortada na diagonal.
À brasileira
2 cebolinhas francesas bem picadinhas (com a parte branca cortada em rodelas e a verde na diagonal para apresentação)
1/2kg de toucinho defumado
1/2kg de costelinha de porco defumada
Em uma frigideira, salteie a cebolinha francesa, o toucinho e as costelinhas até seu ponto aromático. Acrescente esse salteado à panela da lentilha, deixe levantar fervura, baixe o fogo e deixe cozinhar por mais ou menos meia hora ou até as costelinhas ficarem macias.DicaPara engrossar o caldo, retire uma concha da lentilha e bata no liquidificador. Acrescente o batido à panela da lentilha e deixe cozinhar por mais alguns minutos.
Sirva como parte da ceia de final de ano.
Vinho
Para acompanhar, depois de conversar com Jana Rodrigues, mulher do Chef que recentemente terminou seu primeiro curso de vinho, fechamos em torno de um espumante feito com a uva Shiraz. Espumante porque é reveillon, Shiraz porque é a cara da Austrália e, claro, combina perfeitamente com as duas receitas.
Se estiver sobrando um pouco de dinheiro, vai no Seppelt Original Sparkling Shiraz 2006 ($27), à venda na Vintage Cellars. Caso não esteja, escolha qualquer outro sparkling Shiraz e coma uns três pratos de lentilha para poder comprá-lo no ano que vem.
Happy New Year do Chef e do Pablito!
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