terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Tubarão e tênis - É janeiro!

Agora sim é janeiro. Mesmo nublado, calor insuportável, cricket e tênis na tv, filas loiras nos mercados de Bondi e, claro, os bichanos chegando.



A foto é de ontem, segunda-feira, em Matarangi Beach, na ilha norte da Nova Zelândia. Na parte de cima, surfistas, na parte de baixo, três simpáticos tubarões de três metros.

Daqui a pouco as aparições começam na Austrália.

E já que o assunto é janeiro, hoje à noite acontece o primeiro grande embate do tênis 2011 por estas bandas. Pela Hopman Cup, disputada em Perth, o sérvio Novak Djokovic, número 3 do mundo e em grande forma, enfrenta o australiano Lleyton Hewitt, ex-número 1 do mundo, atualmente 54 e grande mala.



Vai ser um jogaço (às 21h30 AEDT no Channel Ten)!

E, claro, janeiro, verão e terça-feira são sinônimos de reggae nos Eastern Suburbs. Hoje à noite, o Tropical Heat estreia a temporada 2011 com Errol e Caribbean Soul no Cock n' Bull, a partir das 19h, em Bondi Junction. Entrada grátis!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Fanfarra Day

Gilberto Gil, em música de Stevie Wonder, escreveu:

Não é Natal / Nem ano bom / Nem um sinal no céu / Nenhum armagedom / Nenhuma data especial / Nenhum ET brincando aqui / No meu quintal

Depois o ex-ministro continua:

Nem carnaval / Nem São João / Nenhum balão no céu / Nem luar no sertão / Nenhuma foto no jornal / Nenhuma nota na coluna social / Nenhuma múmia se mexeu / Nenhum milagre da ciência / Aconteceu / Nenhum motivo nem razão

Uso as palavras de Gil (pegaram o sotaque?) para perguntar: por que cargas d'água hoje é feriado na Austrália?

Não que eu esteja reclamando, longe disso, mas não faz o menor sentido, principalmente pelo fato de chamarem o feriado de New Years Day.

Que eu saiba, New Years Day é o primeiro dia de janeiro, o dia mundial da ressaca. Mas os australianos aproveitam o dia primeiro para curar a ressaca da véspera, depois tomam tudo novamente no dia dois, usam o dia três - hoje, plena segunda-feira - para curar a ressaca de ontem, e somente iniciam o ano de labuta na terça-feira, dia quatro. Pra mim, só há uma explicação: fanfarrice total!

Viva o Fanfarra Day!

domingo, 2 de janeiro de 2011

Happy New Year








Chapas com moldura de Geraldo Maribondo e sem moldura de Romina Rojo @ Green Point Reserve!

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Top five 2010

Aproveitando que ninguém quer trabalhar e todo mundo só faz retrospectiva, também fiz a minha. O critério foi simples: os 5 grandes momentos do blog em 2010, seja em termos de audiência, de satisfação pelo trabalho, ou ambos. Para ser justo, separei cronologicamente.

No iníico de 2010, fui pela primeira vez à Melbourne. E amei aquela cidade. Fui com três amigos e quebramos absolutamente tudo. O ponto alto, claro, foi o jantar que o Alex Atala fez no restaurante do Jacques Raymon, durante o Melbourne Food and Wine Festival. Além disso, meses antes tive a oportunidade de entrevistá-lo para a Radar Magazine. A conclusão foi uma só: Alex Atala é o cara! Leiam aqui a entrevista e sobre o jantar.

Em maio, fui convidado pela Beatriz Wagner, produtora executiva da Rádio SBS em português, para ser comentarista dos jogos do Brasil durante a Copa da África do Sul. Esse foi o meu primeiro Mundial e simplesmente amei. Não só trabalhar na transmissão da Copa, mas fazer rádio. Bia, Raphas, Miltão, Lloyd e toda equipe, muito obrigado! Leiam aqui entrevista que fiz com um produtor de vinho português na véspera de Brasil x Portugal. Eno-vuvuzela em estado bruto!

Falando em vinho, em junho, eu e a minha eno-parceira Izabella Rodrigues lançamos o I Guia de Vinho para o brasileiro tomar no inverno australiano. A ideia era simples: vinhos de até $25 encontrados facilmente na Austrália. O Guia foi sucesso total e ano que vem tem mais!

Em julho, realizamos uma exposição de fotos no blog com o tema Inverno em Sydney que foi muito bacana. Convidei 4 fotógrafos e publicamos 25 chapas, 5 cada (eu também particpei), e o resultado pode ser visto aqui. Desta exposição surgiu a Primavera na Austrália, ideia mais abrangente que resultou em cerca de 60 trabalhos entre fotos, vídeos, quadros, música, escultura etc etc etc. A coisa ficou tão grande que adiamos para o final do ano, depois para janeiro e agora mais uma vez para abril ou maio. Difícil, mas sairá. E o evento já tomou forma e agora atende pelo nome de Octopus Garden (saiba mais aqui). A todos vocês que enviaram trabalho, muito obrigado. Em 2011 trago mais informações.

Agora em novembro, recebi a grande notícia de que Os Mutantes, a maior banda de rock da história do Brasil, vem para a Austrália. E com isso terei a oportunidade de rever o amigo Dinho Leme, baterista da formação clássica que vem com Sergio Dias e companhia. Obviamente irei não apenas em Sydney, como também em Melbourne, a minha Melba, onde eles também tocarão. Para saber tudo sobre a vinda dos Mutantes e a minha passagem com eles, clique aqui.

Não posso deixar de fazer uma menção honrosa ao nosso saudoso Geleia e ao fotógrafo Guilherme Infante. Fizemos um trabalho que gerou certa polêmica por aqui, mas no meu ponto de vista - sem falsa modéstia - ficou sensacional. Segue aqui a entrevista com o Geleia e o ensaio fotográfico.

A todos você que acompanharam o blog, apareceram no blog, divulgaram o blog, comentaram no blog, seguem o blog, se informaram no blog, riram no blog e choraram no blog (esse é pra minha mãe), muito obrigado. Ano que vem tem muito mais!

Tenham uma excelente noite hoje e que em 2011 vocês realizem tudo o que desejam.

Feliz 2011!!!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Lentilha de final de ano (receita)



Quem, em 31 de dezembro, nunca foi obrigado por uma tia a comer um prato de lentilha (ou ao menos dar uma colherada), que estoure a primeira Champagne!

Lentilha está para o reveillon assim como o perú está para o Natal. Ou seja, estão lá, todo mundo tem uma ideia do porquê, mas no fundo ninguém sabe o real motivo.

A única certeza é o fato de que a nossa gloriosa leguminosa da subfamília Faboideae atrai dinheiro, o que, independentemente do gosto, já é garantia de popularidade.

Algo absolutamente questionável é a geografia da crendice. Numa rápida pesquisa, descobri que o hábito de comer pratos à base da Lens culinaris restringe-se a alguns poucos países sulamericanos como Brasil, Venezuela e Chile. Pensando na renda per capita dessas três simpáticas nações, é para duvidar se realmente lentilha atrai dinheiro. De fato, se ainda der tempo, perguntarei à minha flatmate chocólatra da Finlândia o que se come no dia 31 na Escandinávia. Faz muito mais sentido!

Agora, a pergunta que não quer virar o ano: mas por que cargas d'água lentilha atrai dinheiro (se é que atrai)?

Os mais simplistas dizem que é em função do formato dela, muito semelhante a uma moeda. Os norte-americanizados afirmam veementemente que é por causa da cor - verde dólar em estado bruto. Já os sacanas, sabendo que esta erva de origem asiática é uma trepadeira, fazem a inevitável alusão ao triunvirato que move o mundo: sexo, dinheiro e poder (não necessariamente nesta ordem).

Independentemente do real motivo e sempre pensando na prosperidade geral dos leitores, convoquei o amigo e chef Tercio Raddatz, grande parceiro etílico-gastronômico, para prepararmos uma receita especial com lentilha que fosse fácil para qualquer pessoa fazer em casa e, acima de tudo, deliciosa.



Igualmente empenhado na prosperidade geral dos leitores, Chef, não contente em fazer uma, preparou duas receitas, uma vegetariana e outra bem brasileira, com porco à vontade como ele chamou.

A seguir, as duas receitas. Aproveitem!



Lentilha de final de ano
Para 8 a 10 pessoas

Ingredientes
1kg de lentilha
3 folhas de louro

Preparo
Em uma panela, coloque a lentilha de molho por uma hora. Troque a água, acrescente as folhas de louro e cozinhe. Deixe levantar fervura, baixe o fogo e deixe cozinhar por uma hora ou até a lentilha ficar ao dente.

A partir daí, dividiremos a lentilha em dois pratos, um vegetariano e outro ao mais puro estilo brasileiro com “porco à vontade”.

Vegetariana
1 cebolinha francesa bem picadinha (com a parte branca cortada em rodelas e a verde na diagonal para apresentação)
100ml de azeite de oliva
1 cenoura picada em cubos
1 talo de salsão picado em cubo
100ml vinagre balsâmico
20g salsa picadinha
Sal e pimenta
2 cenouras baby para decorar



Salteie uma cebolinha francesa em azeite de oliva (use uma boa quantidade, aproximadamente 3 colheres), adicione a cenoura, o salsão, a parte branca da cebolinha e deixe cozinhar até os aromas começarem a aparecer. Levante o fogo e acrescente o vinagre balsâmico - quanto melhor o aceto balsâmico melhor ficará o prato - e reduza por um minuto. Escorra uma concha de lentilha cozida anteriormente e acrescente à frigideira. Misture bem e reserve.

Para servir
Acrescente a salsa picadinha, acerte o sal e a pimenta, coloque um pouco mais de azeite de oliva e decore com as cenouras baby e a cebolinha cortada na diagonal.



À brasileira
2 cebolinhas francesas bem picadinhas (com a parte branca cortada em rodelas e a verde na diagonal para apresentação)
1/2kg de toucinho defumado
1/2kg de costelinha de porco defumada

Em uma frigideira, salteie a cebolinha francesa, o toucinho e as costelinhas até seu ponto aromático. Acrescente esse salteado à panela da lentilha, deixe levantar fervura, baixe o fogo e deixe cozinhar por mais ou menos meia hora ou até as costelinhas ficarem macias.DicaPara engrossar o caldo, retire uma concha da lentilha e bata no liquidificador. Acrescente o batido à panela da lentilha e deixe cozinhar por mais alguns minutos.

Sirva como parte da ceia de final de ano.

Vinho
Para acompanhar, depois de conversar com Jana Rodrigues, mulher do Chef que recentemente terminou seu primeiro curso de vinho, fechamos em torno de um espumante feito com a uva Shiraz. Espumante porque é reveillon, Shiraz porque é a cara da Austrália e, claro, combina perfeitamente com as duas receitas.

Se estiver sobrando um pouco de dinheiro, vai no Seppelt Original Sparkling Shiraz 2006 ($27), à venda na Vintage Cellars. Caso não esteja, escolha qualquer outro sparkling Shiraz e coma uns três pratos de lentilha para poder comprá-lo no ano que vem.


Happy New Year do Chef e do Pablito!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A notícia da virada 2010/11

Essa é a continuação da rua de casa, o que significa que logo ali está o Mar da Tasmânia, no trecho conhecido como Bondi Beach.



Viver pertinho da praia foi um dos objetivos que me trouxe à Austrália, mas desde que voltei a morar em North Bondi, em junho deste ano, algo estava faltando.

Quando morava aqui, no mesmo chatêau, entre 2008/09, tínhamos a pouquíssimos metros de casa o que chamamos de local bottle shop, estabelecimento vital para qualquer vizinhança.

Porém, em uma das medidas mais egoístas, anti-democráticas e injustas que se tem notícia, ele veio abaixo juntamente com boa parte do quarteirão, já que o proprietário do terreno subiria um prédio novinho para valorizar seu patrimônio.



Ben Buckler, um simpático senhor que, juntamente com a família, alugava uma das lojas para oferecer o serviço vital para qualquer vizinhança, recebeu uma compensação e foi cuidar dos passarinhos por intermináveis meses.

Mas é com mesopotâmica alegria que informo que... Ben está de volta.



É verdade! Ben Buckler voltou ao antigo endereço - agora em prédio novo - e com isso a alegria está de volta à North Bondi. Sim, meus amigos, brasileiros, artistas, locais e artistas locais voltaram a sorrir.



O prédio, como podemos ver, ainda não está pronto, mas tratando-se de um serviço vital para qualquer vizinhança, já funciona improvisadamente.

E, claro, continuemos a prestigiar o Nirvana do nosso Luis, a Vintage Cellars que vinha nos salvando, mas para aquela cervejinha local ou vinhozinho de última hora, é andar alguns passos, falar com um dos Buckler's e abrir o sorriso.



Sem dúvida, a grande notícia da virada. Feliz 2011!

domingo, 26 de dezembro de 2010

Conto de Natal - O melhor chocolate da Finlândia

Elvira, a filandesa que mora em casa, é chocólatra assumida. Ela simplesmente ama chocolate!

Esses dias, um sujeito bateu à porta. Ele carregava um presente embrulhado em papel vermelho, mas não era o Papai Noel.

Na parte da frente, o nome da minha flatmate. Como estamos em 2010, ou seja, pós-2001, conferi o remetente para ter certeza de que não se tratava de anthrax. Quem assinava era a senhora mãe dela, o que fez o meu coração ser inundado pelo o espírito natalino... NOT! Deixei no quarto dela e fui para o meu trabalhar.

Uma hora depois, Elvira chegou em casa, toda serelepe, e avisei que chegara um presente. Ela ficou ainda mais serelepe. Ao abrir, escutei: Oh my Gosh! Oh my Gosh! Contei na cabeça: 5, 4, 3, 2, 1... e nesse exato momento ela apareceu na porta do meu quarto. Conheço minha flatmate.

Pablo, Pablo, você não vai acreditar, a minha mãe me mandou o melhor presente do mundo, adivinha o que é?

Importante: essa é uma tradução livre, uma vez que ela falou em finlandês e não em português.

Pensei em tudo, menos chocolate. Chutei umas 14 coisas, até que ela falou é uma caixa do melhor chocolate da Finlândia, você vai ter que experimentar. Claro que irei, respondi, quando você abrir eu experimento. Não, não, você não está entendendo, é o melhor da Finlândia, vou abrir agora e você vai experimentar agora. Mas são 11 horas da amanhã, acabei de tomar café e ainda nem almocei. Não interessa, pega alguns e guarda para mais tarde.

C
onforme ela abria, o meu lado Grinch veio à tona e perguntei se tinha realmente vindo da Finlândia. Por que? Elvira, olha pra janela, veja o calor que está. A chance do chocolate ter derretido em algum momento é grande. Mais, a chance dos cães farejadores de cocaína da Imigração terem comido metade da caixa do melhor chocolate da Finlândia é igualmente grande. Ela nem se abalou com as minhas investidas de Grinch e continuou abrindo com uma velocidade e sorriso assustadores. Mas o pior, de fato, acontecera.

Com cara de quem viu fantasma ou mesmo o Grinch em pessoa, ela arregalou os olhos, fechou o sorriso, olhou pra mim e não disse nada, apenas mostrou o presente (no caso, o que restou do presente).

A caixa deveria ter umas 30 unidades do melhor chocolate da Finlândia. Mas após deixar o país, atravessar o Mar Báltico, o leste da Europa, o Oriente Médio, o Oceano Índico e adentrar no terceiro continente à sua escolha, tudo o que restou foram 4 unidades intactas e uma imensa massa de chocolate derretido.

Apesar de Grinch, fui tomado pelo espírito natalino, vooei até a cozinha, peguei duas colheres e, no melhor estilo brigadeiro caseiro, sentamos no chão às 11 e pouco da manhã de Natal e comemos com furiosas colheradas o melhor chocolate (derretido) da Finlândia.