terça-feira, 16 de novembro de 2010

Conselho de Representantes - Resultado final

Povo de Sucupira, sucupiranos, neste exato momento, a Austrália possui pouco mais de 22.5 milhões de habitantes, sendo que 1/4 não nasceu aqui. Destes 5.5 milhões que foram paridos fora, apenas 1.1% veio da Américas, algo em torno de 242 mil.

No ranking dos 50 países com mais habitantes vivendo na Austrália, somente 3 são das Américas: Estados Unidos, Canadá e Chile, cada um com, respectivamente, 81, 43 e 28 mil habitantes.

O Brasil, com cerca de 20 mil pessoas down under, algo em torno de 0.1%, em termos populacionais não faz nem cócega. Quando falam que a Austrália está cheia de brasileiros, é porque nos concentramos em Bondi e arredores, Manly e arredores, e mais algumas pouquíssimas cidades, o que dá a impressão de sermos em grande número. Mas não somos!

Há poucos meses, ao sermos informados de que haveria aquela eleição para o Conselho de Representantes de Brasileiros no Exterior, estava claro, conforme escrevi algumas vezes no blog, que a única maneira de elegermos alguém seria juntarmos as forças em torno de um candidato de consenso e trabalharmos arduamente na divulgação para que o maior número de brasileiros que vivem aqui votassem.

Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu. Dezenas de candidaturas foram lançadas sem se preocuparem em formar uma base de apoio e divulgação. Resultado:

A Austrália não conseguiu nenhuma das quatro vagas do grupo IV, que incluia países repletos de brasileiros como Japão e Líbano. Não sapecou nem mesmo vaga de suplente!

Que fique a lição para a próxima vez pois, se os brasileiros daqui não se unirem em prol do coletivo, da construção de uma comunidade brasileira de verdade, seremos sempre isso aí, uma meia-dúzia de brasileiros vivendo do outro lado do mundo com irrisória representatividade interna e nenhuma externa.

Parabéns a Siham Hussein Harati (Líbano), Ângelo Akimitsu Ishi (Japão), Carlos Sussumo Shinoda (Japão) e Newton Takahiro Sonoki (“Sonoki”, Japão), os representantes eleitos da Ásia, África, Oriente Médio e Oceania; e também aos suplentes Khaled Hamad Haymour (Líbano), Roberto Khatlab (Líbano), Sandra Mieko Kudeken (“Professora Sandra”, Japão) e Wilson Hayashida (Japão).

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Qantas Flight 17 (Argentina e Brasil)

Se você, no Brasil, tem parentes ou amigos no vôo QF17 da Qantas, que embarcou essa manhã de Sydney para Buenos Aires, mas precisou regressar, a situação é a seguinte.

O avião decolou às 11h11 desta segunda-feira (horário de Sydney), mas uma hora depois deu meia-volta, permaneceu no ar para esvaziar o tanque de combustível, até que pousou sem maiores problemas em Sydney, às 13h22.

Os 199 passageiros, entre eles muitos brasileiros, já que Buenos Aires é conexão para o Brasil, receberam voucher de $30 para se alimentarem no aeroporto, onde permaneceram até às 18h20 (5h20 horário de Brasília), quando aconteceu o novo embarque.

O motivo do retorno foi problema no painel de controle, que resultou em pane elétrica na aeronave e fumaça na cabine. Esse foi o quinto incidente envolvendo a companhia em onze dias.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Os Mutantes na Austrália



Aquele diálogo jamais vou esquecer. Aconteceu em algum momento de um final de semana de julho de 2005, em Paúba, Litoral Norte de São Paulo, regado a muito vinho. Presentes, estavam Dinho Leme, então ex-baterista do lendário Os Mutantes e anfitrião, Joanna Leme, a filha, Juliana Pinheiro, a amiga, Thiezinho, o herdeiro, entre outros.

Pausa para reflexão
Os Mutantes, pra mim, era um daqueles casos de bandas que a gente cresce ouvindo sem saber que está ouvindo. Ou seja, faz parte da nossa vida, está na nossa memória musical, mas não sabemos exatamente como e nem porquê. Até que finalmente passamos a barreira dos 13, a idade em que passamos a escutar música por conta própria, e a partir daí a gente começa a entrar no mundo.

Foi nessa época, enquanto fazia tratamento intensivo com Deep Purple, Led Zeppelin, Rush, Van Halen e Kiss, só para citar os mais tocados, que comecei a descobrir quem eram Os Mutantes e tentava entender porque músicas como “Balada do Louco”, “Bat Macumba”, “Panis et Circenses”, “Ando Meio Desligado”, “Desculpe, Babe”, “Virgínia”, “El Justiceiro” e “Jardim Elétrico” eram tão familiares e faziam tanto sentido pra mim.

Voltando ao diálogo que jamais esquecerei
Tendo a oportunidade de estar na casa de um Mutante, num paraíso como Paúba e sapecando várias botejas, obviamente tentei saber o máximo possível sobre tudo o que envolvia a banda, mas com o extremo cuidado de não encher o saco. E o que mais me chamou a atenção foi o fato de que Dinho não tocava bateria pra valer desde o início dos anos 1980. Perguntei sobre a possibilidade de uma volta, até algo como gravar um “Acústico MTV”, encher o bolso de dinheiro e viver feliz para sempre, mas pelas palavras dele tinha certeza de que jamais aconteceria.

Porém, como a vida é a coisa mais lógica do universo – o que não significa que dois mais dois são quatro –, meses depois, Joanna Leme, a filha, me falou que Os Mutantes iriam voltar. Não acreditei! Mas em maio de 2006, com os irmãos Sérgio Dias e Arnaldo Baptista, Dinho Leme, a cantora Zélia Duncan no lugar da Rita Lee - que recusou e até debochou do retorno -, e outros excelentes músicos, Os Mutantes estavam no palco do Barbican Theatre, em Londres, fazendo o concerto que resultou no e-p-e-t-a-c-u-l-a-r Mutantes Live - Barbican Theatre London 2006. Sucesso total de público e crítica.

No ano seguinte, após turnê sold out nos Estados Unidos, Os Mutantes tocaram em São Paulo pela primeira vez em 30 anos. Foi aquele show antológico para mais de 100 mil pessoas em frente ao Museu do Ipiranga, no dia do aniversário da cidade.



Desde então, eles não saíaram mais da estrada, ano passado gravaram o maravilhoso Haih or Amortecedor, álbum com metade das músicas compostas por Sérgio Dias e Tom Zé, neste exato momento estão em turnê nos Estados Unidos e é com mesopotâmica alegria que escrevo que a Popfrenzy Records, juntamente com a Radar Magazine, estão trazendo Os Mutantes para a Austrália.

É verdade! A banda mais importante que já surgiu em terras brasileiras, que desconsertou o que havia na época para criar uma sonoridade única juntando psicodelia e tropicalismo, que há 40 anos vêm influenciando músicos como David Byrne, Kurt Cobain e Beck, desembarca em março para 5 shows.

Vejam abaixo as datas, onde comprar e, claro, quem não for não vai para o Céu. Viva Os Mutantes!



Datas e ingressos
6 de março
Perth International Arts Festival
perthfestival.com.au

9 de março
Sydney - Enmore Theatre
ticketek.com

11 de março
Melbourne - The Forum
ticketek.com

12-14 de março
Meredith - Golden Plain Festival
2011.goldenplains.com.au/ticket-info

Ingressos à venda a partir de 18 de novembro.

Mais informações em http://www.radarmagazine.com.au/.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Beach Samba Summer 2010/11

Se as terças-feiras em Sydney virou sinônimo de reggae, o domingo vai voltar a ser de samba. E naquele mesmo esquema pé na areia do ano passado, de sair da praia e fechar a semana no Coogee Bay Hotel.

Estou falando do Beach Samba, festa do Balu que voltou no domingo, 14 de novembro, e quebrou absolutamente tudo. No palco, Samba Groove e convidados. Antes e no intervalo, ninguém menos do que o DJ Leo Chaibún, o uruguaio que mais conhece de música brasileira na Austrália.



O Beach Samba acontece semana sim semana não, das 17h à 22h no Selina's, dentro do Coogee Bay Hotel. Ó próximo será neste domingo, 28 de novembro. A entrada é $10, sendo que mulher não paga até às 19h.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Bob Dylan no Byron Bay Bluesfest 2011



Eleito o melhor evento da Austrália de 2010, pelo visto o Byron Bay Bluesfest vai ser bicampeão em 2011, pois é pouco provável que algum outro evento em todo país, na verdade, em todo hemisfério sul, reúna dois papas como Bob Dylan e B.B. King.

É verdade! Bob Dylan, o homem, a lenda, que se recusa a tocar em cidade cujo nome nunca ouvira falar, finalmente aceitou se apresentar em Byron Bay. Os produtores vinham tentando há quase uma década, em 2003 estava quase tudo certo, mas Dylan desistiu na última hora - provavelmente não encontrou Byron Bay no mapa.

Mas agora é mais do que oficial! Ele será a atração principal da 22ª edição do Bluesfest, que tradicionalmente acontece no feriadão da Easter, a Páscoa local.



Byron Bay, o ponto mais a nordeste da Austrália, ainda em New South Wales mas com cara de Queensland, já foi tudo o que Bob Dylan pregava e cantava nos idos de 1960 e 70, uma vez que era um dos berços da contra-cultura australiana, ponto de encontro de hippies, surfistas, mochileiros, baureteiros e tantos outros que por lá passaram e acabaram ficando.

Obviamente, Byron Bay não é mais um lugar alternativo, um ponto de resistência ao sistemão com pé na areia, porém, ainda possui a aura de outrora. Até porque o mundo mudou, a Austrália mudou e o próprio Bob Dylan.

Músicas compostas por Dylan na primeira metade dos 60's como Blowin' in the Wind, The Times They Are A-Changin' e Like a Rolling Stone influenciaram o que Byron Bay viria a se tornar nos anos seguintes, e a vinda do homem em persona tem tudo para ser o encontro de um dos possíveis pais (tratando-se de hippies o pai é sempre em potencial) com um dos filhos bastardos, após 40 anos.



Elvis Costello fecha a trindade do Byron Bay Bluesfest 2011 ao lado de Bob Dylan e B.B. King, seguido por Ben Harper, nomes locais como The Cat Empire, entre tantos outros.

Em breve serão anunciados outras bandas e artistas, mas os ingressos já estão à venda e, tratando-se de Dylan e Austrália, se você pensa em ir, corra! Não só para adquirir o seu ticket, mas para reservar lugar em camping, estacionamento para a sua kombi...

O festival acontece de 21 a 25 de abril de 2011. Todas as informações e ingressos estão aqui, Mr. Tambourine.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Abrasileirando o canguru

Receita de Estrogonofe de canguru com mandioca palha e purê de batata com fundo de palmito publicada na edição 12 da Radar Magazine.

A ideia inicial era simples. Escolher algum ícone da Austrália e abrasileirá-lo. Tratando-se de comida, não foi difícil, já que poucos animais no planeta representam tanto um país como o simpático canguru. Quando se pensa em abrasileirar um prato, as possibilidades são muitas, uma vez que a nossa terra produz uma gama incontável de frutos, raízes, sementes e demais alimentos. Mas como partimos do princípio que a receita deve ser executada na Austrália e na casa do leitor, sempre buscamos ingredientes fáceis de serem encontrados e feitos através de métodos simples.

Mais uma vez, a receita foi concebida e realizada em parceria com o amigo chef Tercio Alexandro. Após escolhermos o canguru, precisávamos definir a maneira como faríamos. E por sugestão de outra amiga, veio a ideia do estrogonofe, que originalmente é russo, mas ganhou variações em diversos países, incluindo o Brasil, onde faz parte do nosso cardápio diário.


Chef Tercio Alexandro, do Mad Cow.

Em geral, o estrogonofe é servido com arroz e batata palha, sendo mais comum o de carne, mas também podendo ser de frango e até camarão. Na nossa receita, o arroz entra somente como opção de acompanhamento, já que fizemos alguns remanejamentos e ficaria muito carboidrato. Para trazer um sabor bem brasileiro, substituímos a batata palha pela mandioca palha, raíz há séculos cultivada pelos índios no Brasil, e também para homenagear o chef Alex Atala, que tivemos a honra de conhecê-lo no início do ano em uma viagem gastronômica à Melbourne e, entre outros pratos, apresentou uma costela de porco com mandioca palha cortada bem fininha e crocante que estava sensacional. Para não ficarmos sem a batata, fizemos um purê, totalmente familiar a brasileiros e australianos, mas acrescido de palmito, alimento produzido em larga escala no Brasil que, devido ao risco de extinção, nas últimas décadas foi sendo substituído pela pupunha, que tem formato e sabor semelhantes.

A mandioca é encontrada em embalagem congelada no bairro de Petersham, em Sydney, sob o nome de cassava, mas também é possível encontrá-la fresca. Você acha tanto nos açougues e lojas portuguesas como nas brasileiras. O canguru está à venda nas grandes redes de hipermercado. Para o estrogonofe, o corte de canguru mais indicado é o fillet. Já o palmito pode ser encontrado em lojas de bairro e também nos grandes mercados. Em geral são importados de Portugal, não do Brasil. E, uma vez em Petersham, vale uma passada no bottle shop para comprar algum vinho português. Para o nosso estrogonofe, fomos de Vinho da Defesa Tinto 2007, produzido pela Herdade do Esporão na região do Alentejo, que traz corte de Touriga Nacioal com Syrah e Aragonês.



Receita
Para 4 a 5 pessoas

Estrogonofe
2 cebolas médias
3 dentes de alho
1kg de filé de canguru cortado em tiras
1 colher (sopa) de extrato de tomate
1 colher (sopa) rasa de mostarda Dijon
100ml de catchup
1 colher (sopa) de molho inglês
1 lata de cogumelos
2 latas de reduced cream (o mais próximo do creme de leite)
Sal e pimenta a gosto

Purê
4 batatas rosa médias cortadas em 4
5 bastões de palmito cortados em rodela e sem a fibra interna
150ml de thickened cream
100g de manteiga
100ml de leite
Sal e pimenta a gosto

Mandioca palha
200g de mandioca cortada em bastões bem fininhos
Óleo para fritar

Preparo

Estrogonofe
Em uma panela, refogue a cebola e o alho em fogo baixo por alguns minutos ou até a cebola começar a ficar transparente. Já em fogo alto, acrescente a carne e refogue por mais 5 minutos mexendo a cada minuto. Adicione o extrato de tomate à mistura da carne e cozinhe até alcançar consistência cremosa. Acrescente então a mostarda, o catchup, o molho inglês, os cogumelos e, em fogo baixo, cozinhe com a panela tampada por 5 minutos. Por fim, incorpore delicadamente o reduced cream, acerte o sal, a pimenta e reserve.

Purê
Depois que as batatas estiverem cozidas, acrescente os palmitos na mesma água. Deixe ferver por um minuto e escorra. Reserve. Em outra panela, ferva o thickened cream com a manteiga e o leite. Desligue. Amasse bem a batata e o palmito e volte essa mistura para a mesma panela. Acrescente, aos poucos, o creme fervido. Cozinhe em fogo baixo até alcançar a consistência cremosa de purê. Acerte o sal e a pimenta.

Mandioca palha
Por ser mais comum encontrar mandioca congelada na Austrália, deixe-a em papel absorvente após cortá-la em bastões bem fininhos. Cozinhe em água fervente com sal por 30 segundos, não mais do que isso, e escorra. Na sequência, frite em óleo quente (180º C) durante máximo de 2 minutos ou até ficar crocante com coloração amarela-ouro.


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sábado, 6 de novembro de 2010

Inferno astral ou falta de manutenção?

Exceto para um grupo de descrentes de toda e qualquer natureza esotérica, é sabido que nós, seres humanos nascidos sob as influências de um signo e um ascendente, sofremos com o chamado inferno astral, aquela sequência quase ininterrupta de maus agouros que nos persegue, anualmente, durante os 30 ou 31 dias anteriores ao dia do nosso aniversário.



O que eu não sabia, e tenho certeza de que vocês também não, é que o referido período também afeta máquinas, principalmente voadoras, talvez pelo fato de estarem mais próximas do astral, não sei, mas o fato é que a Qantas, a principal companhia aérea australiana, a empresa que se autodenomina The Spirit of Australia (não entrarei no mérito aborígene da questão), enfrentou o seu.

Hoje, 6 de novembro, a companhia que voa com um canguru na rabeta completa 90 anos e, para celebrar, recebeu até a visita de seu embaixador hollywoodiano, John Travolta, um dos melhores amigos da Oprah, que desembarcou em Sydney a bordo do seu Qantas particular.



O que os executivos da companhia não esperavam eram dois reversos seguidos na véspera, um ocorrido na quinta-feira e assunto do post anterior deste blog, e outro ontem, em Singapura, quando um Boeing 747 carregando 400 passageiros precisou retornar para o aeroporto 6 minutos após alçar vôo, pois fumaças e faíscas saíam do motor número um.

A exemplo de quinta-feira, ontem, graças ao Bom Deus (ou aos astros, como preferirem) ninguém se feriu, e, (mais uma vez) graças ao Bom Deus (ou aos astros, como preferirem), finalmente chegou o dia do aniversário, o que automaticamente acaba com o inferno astral, devolvendo à empresa que tanto se orgulha de nunca ter tido um grave acidente, e que tanto brasileiro transporta, a liberdade para voar longe desta influência infernal, ou então fazendo-a rever a política de manutenção de suas aeronaves.