Matéria publicada na edição 8 da
Radar Magazine.
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Brasileiros e australianos têm algumas paixões em comum. Uma delas é o churrasco, por aqui também conhecido como
barbecue,
barbie ou
BBQ. Tanto no Brasil quanto na Austrália, assar uma carne no final de semana é um hábito para socializar com a família, os amigos e até com as pessoas do trabalho. Mas se no Brasil os hábitos mudam de região para região, entre os dois países as diferenças são ainda maiores.
Por ordem de importância, a santíssima trindade do churrasco brasileiro traz cerveja, carne e futebol. Churrasco com quantidades industriais de cerveja e apenas uma peça de picanha é normal. Já churrasco com toneladas de picanha e apenas uma garrafa de cerveja é inadmissível. E o futebol, claro, é sempre a melhor desculpa para juntar os amigos e assar uma carninha.
Na Austrália, a santíssima trindade traz esporte, carne e cerveja. Segundo o australiano Todd Ollivier, ex-jogador profissional de rugby, quando se marca um churrasco na Austrália, muitas vezes é para assistir a algum esporte ou mesmo jogar. “Aqui, quando o churrasco é numa casa com quintal ou parque, a gente sempre joga críquete ou rugby.” E isso tem muito a ver com uma das características mais marcantes e atraentes do estilo de vida australiano: a vida ao ar livre, especialmente nas estações mais quentes do ano.
No Brasil, em geral os churrascos são realizados em casas, prédios e chácaras. Ou seja, lugares particulares. Na Austrália, além das casas e dos apartamentos - que tradicionalmente têm churrasqueira na varanda –, as áreas mais comuns são locais públicos como parques e praias. Muitos deles têm churrasqueiras que podem ser usadas gratuitamente ou através de moedas, ou então pode-se levar a própria.
No fogo
O churrasco nada mais é do que o cozimento de uma carne sobre o calor do fogo. Apesar da simplicidade, ele varia bastante nos dois países. A começar pelas churrasqueiras. No Brasil, as mais usadas são de tijolo ou de aço, com grelha e/ou espetos, e funcionam à base de carvão mineral ou lenha. Na Austrália, a mais comum é à gás, seguida pelas elétricas e de carvão sintético, que ao contrário do carvão mineral, confere um sabor não muito agradável à comida.
A churrasqueira do australiano recebe basicamente linguiças. A exemplo do Brasil, o churrasco daqui também varia de região para região, mas de maneira geral, o mais comum é colocar diversas linguiças de uma vez, cortar alguns pães e talvez assar algumas rodelas de cebola. Para acompanhar, molho de tomate (o nosso cat-chup) e de churrasco (
barbecue sauce). Também entram com frequência carnes bovinas como
blade e
rump, de carneiro e porco, sempre cortadas em filés ou pedaços, além de vegetais e camarões.
O churrasco australiano, no Brasil, seria uma espécie de aperitivo. Tércio Raddatz, chef gaúcho radicado há 6 anos na Austrália, explica: “No Brasil, a gente começa com linguiças, costelinha de porco e asinhas e coração de frango, e depois vamos para picanha, alcatra e maminha, sempre assando a peça inteira, com gordura e tudo. De acompanhamento, maionese, salada, farofa, pão e vinagrete”. Para Tércio, o fator preponderante que difere os dois churrascos é a temperatura de cozimento.
“Nas churrasqueiras daqui, à gás ou elétricas, não dá para usar a peça inteira em função do aquecimento, que é bem menor. Levaria horas para qualquer carne ficar pronta. Por isso os australianos usam pedaços bem finos, tipo
cutlets e
chops. Coisa de três, quatro minutos e está pronto. No Brasil, o fogo é muito mais forte, a lenha e o carvão proporcionam temperaturas muito mais elevadas, permitindo assarmos peças inteiras. Ainda mais que usamos sal grosso, que protege a carne do calor”, explica o chef.
E se o assunto é tempo, nada mais pontual do que o churrasco australiano, que tem hora pra começar e terminar. Eles chegam no horário, tomam cerveja, vinho e outros drinks, praticam esporte e colocam tudo para assar de uma vez. Depois que comem, recolhem e vão embora. O brasileiro é diferente. Se marca ao meio-dia, começa a chegar às duas. Inicia com cerveja, caipirinha e vai beliscando. As melhores carnes só começam a sair no final da tarde. Quando acabam, uns vão embora, mas a maioria fica, pois ainda tem cerveja. A noite avança e a cerveja diminui. Mais gente se manda. Ao perceberem que restam apenas duas latas, alguém passa o chapéu, recolhe dinheiro, compra mais cerveja e a “diretoria” fica até terminar a última. Churrasco, no Brasil, sempre acaba em cervejada.