quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Jessica Watson - No Evereste dos Navegadores



Ontem, 13 de janeiro, às 20h4o (horário de Sydney), ela, que não via um pedaço de terra havia 88 dias - desde que partira da Baía de Sydney em 18 de outubro -, não só avistou como contornou.

E não foi qualquer pedaço, mas sim o mítico Cabo Horn, o Monte Evereste dos navegadores, o ponto em território chileno que divide as águas austrais do Pacífico e do Atlântico.



Estou falando de Jessica Watson, a australiana de 16 anos que está tentando, a bordo do seu intrépido Ella's Pink Lady - o barco -, ser a pessoa mais jovem do planeta a circunavegar o globo terrestre sem paradas nem assistência (uma espécie de Amyr Klink de saias).



A previsão inicial para chegar ao Cabo Horn era 11 de janeiro, mas o que são dois dias de "atraso" para uma adolescente que deveria estar numa sala de aula cercada de acnes?



Jessica já navegou 9,800 milhas náuticas até o momento. Saindo de Sydney, ela subiu a sudeste e deu um pulinho no hemisfério norte para validar o feito (é uma das regras); desceu a sudoeste a caminho da Tierra del Fuego, enfrentando as águas mais do que nervosas e os ventos mais do que tresloucados do Pacífico entre a Argentina e a Antárctica (velejou entre 30 a 40 nós nas últimas 24 horas); contornou o Cabo Horn; e agora sobe em direção às Ilhas Malvinas para cumprir a terceira parte da jornada, que é ir de um cabo ao outro (do Horn para o da Boa Esperança, na África).



Como sou fã declarado, a única coisa que posso dizer é: Go Jess!!!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Código dos Surfistas em Manly



As praias da Austrália são mundialmente famosas pelo "swim between the flags", um verdadeiro clássico local que orienta os banhistas onde eles devem entrar e ficar na água.

As duas tradicionais bandeiras vermelhas e amarelas indicam que aquela área não só é a mais segura, como também está sendo vigiada pelos salva-vidas (lembram da Pamela "C. J. Parker" Anderson? É mais ou menos aquilo, só que de amarelo e não tão turbinada).

Com isso, os surfistas automaticamente sabem que devem pegar onda em qualquer outro lugar da água, exceto na área entre as bandeiras.

Charge de Nicholson

Para evitar o que ocorreu no último final de semana, em Byron Bay (NSW), quando um surfista de 10 anos foi atropelado por outro que descia uma onda e ficou seriamente ferido, o council de Manly, praia no norte de Sydney com alta concentração de brasileiros, acaba de lançar o código dos surfistas.



No formato de uma prancha de surfe, eles desenvolveram uma placa com algumas regrinhas e dicas. Coisas do tipo: direito de passagem, o que não fazer para chegar na onda (proibido dropping in ou snake), como remar fora, necessidade de avisar se vai descer pela direita ou esquerda, enfim...



Novatos e turistas, é bom respeitarem as regras, pois não é de hoje que os locais de Manly e de várias outras praias estão irritados com os forasteiros (o que acontece em todo lugar do mundo), e isso inclui muitos brasileiros que chegam em turmas grandes, zoando o barraco e entrando na onda dos outros.



Pior! Se der algum problema, aqui não tem C. J. Parker pra fazer o resgate!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Alguma coisa tá fora da ordem

Ainda na onda das bizzarrices do mundo animal australiano, essa aconteceu em North Mackay, Sunshine Coast (QLD), no final do ano passado.



Acostumado a ver sapos comerem insetos e cobras comerem sapos, no que os cientistas, seguindo a cartilha do Criador, chamam de cadeia alimentar, Ian Hamilton não acreditou quando viu esse simpático sapo invertendo completamente a ordem natutal do planeta e jantando uma cobra (sim, aquilo na boca dele é uma cobra).

Pior, segundo o próprio Hamilton, vários outros sapos que frequentam o seu quintal pararam pra assistir à mais essa aberração ecológica em solo australiano.


El niño? Aquecimento global? Rebaixamento de plutão? Efeito obama?

Independentemente da causa, a certeza é uma só: reparem na cara de deleite do sem vergonha, o novo herói entre os anuros locais!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Ilha dos caranguejos (e do cemitério indígena)



Conforme escrevi no item "risco e segurança" do post anterior, na Austrália tenho mais medo de bicho do que de gente. E olha que não é aquele meeeedo, é, digamos, receio e respeito. Estão aí esses simpáticos monstrinhos vermelhos que não me deixam mentir.

Dão medo? Não! Receio? Sim! E são a cara da Austrália, país que abriga 21 das 25 cobras mais letais do planeta.

A questão é a seguinte. Todo ano, os caranguejos deixam as florestas tropicais da famigerada Christmas Island e seguem para o oceano, onde vão se reproduzir. É o que chamamos de summer love (ou amor de verão).



Famigerada porque a ilha provavelmente guarda um cemitério indígena, tamanho karma. Explico!



Christmas Island está localizada a 2.600 km a noroeste de Perth, que é considerada a cidade grande mais distante de outra cidade grande do mundo. Para terem uma idéia, Perth fica a 4.110 km a oeste de Sydney, na cara do Oceano Índico. Agora imaginem uma ilha a 2.600 km a noroeste de Perth. Se pensaram em Marte, chegaram perto!



Aproveitando o isolamento quase cósmico da ilha, o governo australiano a transformou numa espécie de colônia penal de férias, construindo um centro de detenção para asylum seekers. Não sei a tradução literal, mas asylum seekers são espécie de refugiados que tentam entrar ilegalmente no país, via barco. Como são persona non grata, xilindró!



A Austrália possui 2.500 asylum seekers, sendo que 1.156 estão presos no centro de detenção da ilha, cuja população é de 1.200 moradores. Ou seja, Christmas Island tem praticamente um pirata pra cada habitante.

E pra piorar o karma ilhéu por conta do cemitério indígena, por lá vivem de 50 a 120 milhões de caranguejos. Destes, no melhor estilo paulistano na Rodovia do Imigrantes em 23 de dezembro, cerca de 500 mil cruzam a ilha para passar o verão no mar (sim, os bandeirantes e jesuítas tambéms construíram um imenso cemitério indígena em São Paulo).

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Austrália e a qualidade de vida (é vice!)



A revista norte-americana International Living acaba de divulgar o seu tradicional ranking de qualidade de vida. O trabalho envolve 194 países e leva em consideração os seguintes critérios: custo de vida, diversão e cultura, economia, meio ambiente, liberdade, saúde, infra-estrutura, risco e segurança e clima.

A Austrália aparece na vice-liderança, atrás somente da França, enquanto a nossa simpática Nova Zelândia surge na quinta colocação. Ou seja, não optei em morar no terceiro continente à sua escolha por acaso.



Pra mim, viver bem, respirando, contemplando e com qualidade de vida, é muito mais importante do que ter duas contas bancárias transbordando dinheiro, carro do ano, status ou qualquer outra coisa que traz úlcera, entope as artérias ou acelera o envelhecimento.

E a Austrália, Sydney no meu caso, me proporciona respirar, contemplar e desfrutar a vida.

A seguir, no melhor estilo Twitter (máximo de 140 caracteres), comentarei item por item da Austrália/Sydney:

Custo de vida - o que pesa é o aluguel. Mas isso tem nome: Eastern Suburbs! É o preço pra morar com vista pro mar, ao lado da praia e cercado por parques.



Diversão e cultura - no sábado assistirei ao show do grande Al Green, de graça e em praça pública. E é só o começo do Sydney Festival 2010.



Economia - em abril do ano passado, pouco antes do ápice da crise mundial, Kevin Rudd, o meu primeiro-ministro, depositou $900 na minha conta.

Meio ambiente - aqui você se sente constrangido quando o caixa pergunta se vai precisar de sacola plástica. Cada um leva a sua própria, ecologicamente correta.



Liberdade - cada um é o que é e se veste como quer, sem dar a mínima para os outros. Só quem repara e comenta é o brasileiro, que ainda vive na "cultura do vizinho".



Saúde - Atchim! Saúde! Talvez um dos pontos fracos. Eu nunca tive problema nas poucas vezes que precisei ser atendido. Mas essa cultura do Panadol...

Infra-estrutura - é possível sair de Sydney, no Oceano Pacífico, e ir até Perth, no Oceano Índico, de trem, atravessando o país de costa a costa (4.352 km).



Risco e segurança -
como sempre digo, aqui tenho mais medo de bicho do que de gente. E olha que não é aquele meeeedo, é, digamos, receio e respeito.



Clima -
talvez a melhor coisa de Sydney. Clima temperado com dias ensolarados e céu azul ímpar, mas sem calor insuportável (com exceções, claro).

Os 10 primeiros colocados no ranking foram:
1. França
2. Austrália
3. Suíça
4. Alemanha
5. Nova Zelândia
6. Luxemburgo
7. Estados Unidos
8. Bélgica
9. Canadá
10. Itália


O melhor latino-americano, claro, foi o meu Uruguai, que aparece na 19a colocação. O Brasil ficou na 38a.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Tênis, tennis, tênis, tennis...



Esse post foi especialmente feito para o brasileiro que está na Austrália ou em qualquer outro país do mundo (como se os outros não fossem).

O fato é que o brasileiro que está em qualquer outro país do mundo, ao abrir a internet, vê um monte de tenistas avançando em torneios na Austrália, e não faz idéia do que está acontecendo. Afinal, o Australian Open nem começou.

Já o brasileiro que está na Austrália, ao ver um monte de tenistas avançando todo santo dia, acha que o Australian Open já começou e liga para o pai avisando que esse ano o torneio está acontecendo na cidade onde ele mora.

Pra evitar confusões, explico!



O Australian Open, que tem sede em Melbourne (pelo menos até 2016), reúne os principais tenistas do planeta e é estrategicamente chamado de o Grand Slam da Ásia/Pacífico, só começa no dia 18 de janeiro.

Até lá, como Austrália, Ásia, Pacífico, enfim, tudo aqui é longe pra caramba e ninguém gosta de perder viagem - muito menos dinheiro -, os atletas vão disputando torneios na Índia, no Catar e, claro, nas maiores cidades australianas.

O primeiro é o Hyundai Hopman Cup, que tem uma fórmula bem peculiar e acontece em Perth entre os dias 2 e 9 de janeiro. Nele, só entram convidados. Na verdade, apenas tenistas de 8 países que são divididos em 2 grupos. Todos jogam contra todos do mesmo grupo, em partidas de simples no masculino e no feminino, e de duplas mistas. O país campeão de cada grupo se classifica para disputar a grande final (parece complicado, tipo regulamento do campeonato carioca com octagonal decisivo com 7 times, mas não é).


Dupla britânica: Murray e Laura Robson.

O segundo torneio, que também já começou, é o Brisbane International, que vai de 3 a 10 de janeiro. Nessa manhã, Bernard Tomic, australiano de 17 anos que despontou no Australian Open do ano passado e é o xodozinho da torcida, foi eliminado. Quem se deu bem foi o brasileiro Thomaz Bellucci, que venceu o argentino Juan Chela mas, infelizmente, deverá cair na próxima rodada pois a chave dele é bem complicada.


Bernard Tomic, o teenager que é a cara do Alexandre Pato.

No domingo é a vez de recebermos o Medibank International Sydney, e eu não perderei por nada. O torneio vai de 10 a 16 de janeiro e já tem confirmados nomes como Serena Williams, Jelena Jankovic, Elena Dementieva, Gael Monfils, o mala do Lleyton "come on" Hewitt, Marcos Baghdatis e Richard Gasquet.

E, claro, fechando a overdose de top spin, backhand e match point, de 18 a 31 de janeiro, Rafael Nadal e Serena Williams defenderão o título do Australian Open, enquanto Federer e a deusa Sharapova, por quem sou russo desde pequenininho, vão tentar reconquistá-lo.



Dica: em todos os torneios há ingressos bem baratos, a partir de $10 ou coisa do tipo. Vale a pena!

E não esqueçam deste nome: Mia Lines

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Toca Jorge no The Basement

O Toca Jorge é, sem dúvida, a melhor banda de samba-rock de Sydney. E o The Basement é, disparado, uma das melhores casas de música ao vivo da cidade. Esta quinta, 7 de janeiro, será uma ótima oportunidade para ver se o que acabei de escrever é verdade ou bobagem.



O show começa às 8h30, e quem abre é o gaúcho Fernando Aragones, o cabeça do Toca Jorge, mas que tocará sozinho, apresentando algumas músicas de seu trabalho solo.



Na sequência, os outros sete integrantes sobem ao palco para tocar o melhor de Jorge Ben Jor (ou seja, não necessariamente só o lado A do cantor), além de sucessos de outros grandes do gênero.


Mattoli e o Clube

O samba-rock, pra quem não sabe, é um ritmo que surgiu nos anos 70 eletrificando o samba com guitarra e muito suingue. Depois, voltou com tudo no início de 2000, resgatado pelo incansável Marco Mattoli e seu Clube do Balanço nas alamedas de Pinheiros e Vila Madalena, em São Paulo.

O The Basement fica na 29 Reiby Pl, ali na Circular Quay. A entrada é somente 10 doletas!



E falando em Jorge Ben Jor, Babulina vem aí...