Acabou, agora a pouco, o reality show Australia’s Perfect Couple. Ao todo, 8 casais permaneceram em uma bela mansão durante 6 semanas disputando o prêmio de 25o mil dólares.
Conforme escrevi a um mês e meio, não sou chegado em televisão, muito menos em reality shows, mas este acompanhei porque um dos casais é nosso chapa.
E não é que eles venceram?
Rafael, chef brasileiro do Alto da Boa Vista, em São Paulo, e Gemma, modelo de biquini neozelandesa, faturaram a grana.
Entre choques, furos de olho, drinks, intrigas e risadas, os participantes foram eliminados a cada semana, até que na final, disputando o título de casal perfeito da Austrália, chegaram Raf/Gemma e Dan/Robbie.
Detalhe: além dos dois que não nasceram aqui, o outro casal era de homossexuais.
Isso mesmo! Com certeza, muitos australianos xiitas não gostaram nada, mas e daí? O importante é que a festa no Beach Road já deve ter começado e o quarto de milhão tem dono!
Congratulations Rafa e Gemma, the Australia’s Perfect Couple!
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Pablo Nacer na Copa 2014
Atendendo ao pedido do meu amigo e irmão Rafael Cury, e com base no último post, lanço aqui a campanha Pablo Nacer 2014 - Levantando a bandeira da moral na arbitragem brasileira.
Email do Rafa:
Querido auxiliar Pablo Nacer,
Acho que a atual fase será muito útil em terras tupiniquins. Lanço agora sua candidatura a fazer parte do quadro de árbitros da FIFA. Um bandeira com sua índole, ética e competência é o que falta para moralizar a arbitragem mundial. Sugiro lançar a campanha no seu blog agora mesmo: Pablo Nacer, o bandeira oficial da copa de 2014. Não senhor, não haverá quarto-zagueiro uruguaio que intimide você. Não cairá em faltas cavadas pelo Robinho. Tampouco a Nike poderá fazer conchavos com você lá. Chega de incompetência! Chega de ladroagem. Pablo Nacer levanta a bandeira da moral na arbitragem (belo slogan, hein?).
Grande abraço,
Rafa
Rafael, campanha lançada. E na dúvida:
SAME LINE! SAME LINE!
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segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Bandeirando
Quando o Sydney Brazilians Social Club, o popular Canarinhos, parecia que iria engrenar, a coisa novamente desandou e saímos de campo com mais uma derrota, além de um futuro incerto na competição. O time começou jogando bem, Celê voava na ala esquerda, mas os jogadores não conseguiram empurrar a bola pra dentro. Na segunda etapa (ops, segundo round), nosso goleiro falhou, o ataque não marcou e a vaca foi para o brejo: 1 a 0 Phoenix.
Mas o destaque mesmo foi a minha estréia como linesman. Isso mesmo! Ban-dei-ri-nha! A Austrália nos proporciona coisas fantásticas, entre elas iniciar atividades jamais pensadas anteriormente.
Desde que cheguei, trabalhei um ano como garçom, 2 dias numa obra, 1 dia em uma bakery, virei cartola de futebol e ontem bandeirinha. Cada um, claro, tem as suas manhas e segredos.
Na bakery, por exemplo, o segredo é ficar sempre atento, pois padeiro distraído acaba queimando a rosca. E essa, definitivamente, não é a idéia. Já os segredos de um bom bandeira são 3: ele não pode ficar parado, deve manter um olho no peixe e outro no gato e ter uma cerveja gelada sempre à mão. Explico!
Acompanhar os lances correndo transmite maior credibilidade. Toda vez que o La Cicciolina ou o 4 in Hand atacavam, eu ia junto com a bandeira abaixada. Quando marcava ou deixava de marcar alguma coisa, os jogadores, vendo que eu estava em cima, respeitavam a decisão. Apenas em um lance polêmico, que resultou em gol, tive problemas. Dois zagueiros reclamaram bastante, mas eu mandei um sonoro “Same line! Same line!”, “Keep playing or I’ll report you to the referee”, e os caras ficaram quietos. Fácil!
Foto tirada pelo Tira-Teima
Lance dificílimo, mas não para um bandeira que voa.
O ideal seria que todo bandeira fosse vesgo. Mas aquele vesgo com um olho para cada lado, não os dois para o centro. Só assim ele teria 100% de precisão para marcar os impedimentos decorrentes de lançamentos de longa distância. Fico imaginando que craques como Gérson e Pita eram os terrores dos bandeiras. Eu, que não sou vesgo, tive certa dificuldade, pois os australianos jogam muito na base do chutão. E aí, era sempre um olho no zagueiro que chutava lá de trás e outro nos atacantes lá na frente.
E, claro, uma cervejinha gelada do lado ajuda. Sabem como é, sol forte, aquela solidão danada, pois só o lateral é seu amigo, e o restante do seu time bebendo no campo ao lado (além de cornetar, claro). O jeito era aproveitar os escanteios do lado do Marcone, o bandeira número dois (ou seria o número um?), e dar uma refrescada.
Ao término da partida, nada de dedo em riste, escolta da polícia, copos com xixi ou referências à dona Ana Maria (minha mãe). Fui ao centro do gramado, parabenizei o árbitro pelo bom trabalho – ele fez o mesmo – e embolsei 25 doletas (tchu-tchín!), que horas depois, no ótimo Australia and Brazil Music Festival, viraram Tooheys New. Aliás, texto sobre o festival nos próximos dias.
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sábado, 22 de agosto de 2009
All Blacks - Post para o cunhado
Este post foi especialmente feito para o meu cunhado Rob, que está de férias no Brasil com a minha irmã e os gêmeos, e, por sorte, não viu nada o que aconteceu por aqui. Mas eu vou contar!
Rob, final de semana esportivo literalmente negro para a Austrália. A lambança começou ontem, com a derrota do mala do Lleyton Hewitt para o Federer por 2 a 0 (6-3 6-4), pelas quartas do Cincinnati Masters. Essa foi a 13ª derrota consecutiva do australiano para o suíço. Muito gritinho de come on pra pouco tênis.
Ainda ontem, na Inglaterra, em jogo válido pelo 5º e último Test do Ashes 2009, cricket, a Austrália iniciou bem a segunda entrada, o jogo estava aparentemente sob controle com 70 e poucas corridas e nenhum eliminado, até que o tal do Stuart Broad começou a derrubar tudo quanto é wicket, detonar os rebatedores e, numa sova histórica, fechou a entrada com 10 wickets em apenas 312 bolas. SO-VA!
E agora a pouco, direto do Estádio Olímpico, em Sydney, a Austrália perdeu para os All Blacks, nos minutos finais, por 19 a 18. Este é o jogo de maior rivalidade do Rugby Union, uma espécie de Brasil x Argentina, e com a derrota, os Wallabies, como são conhecidos os australianos, não têm mais chances no Tri-Nations deste ano. O título ficará entre Nova Zelândia e África do Sul.
Bem, Rob, vou dormir pois aqui já é tarde. No momento, o placar no cricket é 5/168 para a Inglaterra, que lidera com 340.
Para quem não acompanha o esporte, sei que este placar não quer dizer absolutamente nada, mas em bom português significa que, pelo andar da carruagem, a coisa está tão feia, mas tão feia, que como a última esperança para salvar o final de semana é o Mark Webber na Fórmula-1, vai dar Rubinho!
Have a good day mate!
Rob, final de semana esportivo literalmente negro para a Austrália. A lambança começou ontem, com a derrota do mala do Lleyton Hewitt para o Federer por 2 a 0 (6-3 6-4), pelas quartas do Cincinnati Masters. Essa foi a 13ª derrota consecutiva do australiano para o suíço. Muito gritinho de come on pra pouco tênis.
Ainda ontem, na Inglaterra, em jogo válido pelo 5º e último Test do Ashes 2009, cricket, a Austrália iniciou bem a segunda entrada, o jogo estava aparentemente sob controle com 70 e poucas corridas e nenhum eliminado, até que o tal do Stuart Broad começou a derrubar tudo quanto é wicket, detonar os rebatedores e, numa sova histórica, fechou a entrada com 10 wickets em apenas 312 bolas. SO-VA!
E agora a pouco, direto do Estádio Olímpico, em Sydney, a Austrália perdeu para os All Blacks, nos minutos finais, por 19 a 18. Este é o jogo de maior rivalidade do Rugby Union, uma espécie de Brasil x Argentina, e com a derrota, os Wallabies, como são conhecidos os australianos, não têm mais chances no Tri-Nations deste ano. O título ficará entre Nova Zelândia e África do Sul.
Bem, Rob, vou dormir pois aqui já é tarde. No momento, o placar no cricket é 5/168 para a Inglaterra, que lidera com 340.
Para quem não acompanha o esporte, sei que este placar não quer dizer absolutamente nada, mas em bom português significa que, pelo andar da carruagem, a coisa está tão feia, mas tão feia, que como a última esperança para salvar o final de semana é o Mark Webber na Fórmula-1, vai dar Rubinho!
Have a good day mate!
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Orange Taste e a Primavera
Bronte Beach, 15/ago
Ainda vai esfriar? Sim, vai! Teremos intermináveis dias gelados com chuviscos? Teremos. O inverno acabou? Definitivamente, não. Podemos com Obama? Yes we can. Mas o fato é que o pior já passou e a primavera está batendo na porta.
Isso significa que em breve começa a temporada oficial de feiras e eventos ao ar livre em Sydney e toda Austrália.
Aliás, na próxima semana, entre os dias 24 e 30 de agosto, teremos o Taste Orange Bondi, que traz vasta programação com comida, bebida, música e arte, fechando no domingão, 30, com ótima feira de vinho no pavilhão de Bondi Beach.
Importante: quando se fala em Orange, não estamos falando da fruta, e sim, da região vinícola (até porque, se fosse da fruta, não estaria no meu blog), aqui mesmo em New Sotuh Wales, na encosta do Mount Canobolas, um vulcão extinto (espero que realmente esteja), a oeste de Sydney.
Alta e fria, Orange produz alguns exemplares muito bons dos vinhos Shiraz, Cabernet, Merlot, Pinot Noir e Chardonnay. Nada de grandes canhões, mas botejinhas bem honestas. Caso a Printhie Wines esteja por lá, cole no stand deles e peça o Swift Family Heritage Cabernet Sauvignon 2005 e o Orange Cabernet Merlot 2006.
Outro sinal de que dias melhores chegaram foi o calor que rolou na semana passada, marcando oficialmente o primeiro final de semana de praia. Basta ver as chapas que tirei aqui em Bronte.
Conforme disse acima, vai ser assim até o verão? Não! Teremos finais de semana irritantemente frios e chuvosos? Com certeza! Podemos com Barack? Yes we can. Mas que volta e meia vai dar praia, isso vai! E praia na primavera com um vinhozinho esfriado de Orange (a região, não a fruta), é perfeita!
Que venha a primavera!
Bronte Beach, 15/ago
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sábado, 15 de agosto de 2009
World Peace
Como todos sabem, este blog é relacionado a tudo o que acontece na Austrália e no terceiro continente à sua escolha - também conhecido como Oceania.
Porém, ao ver essa foto com 85 gatas (84 candidatas e a vencedora do ano passado), tive que colocá-la no blog. E pra fazer algum sentido, pegunto:
Onde estão as candidatas a Miss Universo da Austrália, Estados Federados da Micronésia, Fiji, Ilhas Marshall, Ilhas Salomão, Indonésia, Quiribáti, Nauru, Nova Zelândia, Palau, Papua-Nova Guiné, Samoa, Timor-Leste, Tonga, Tuvalu e Vanuatu?
Porém, ao ver essa foto com 85 gatas (84 candidatas e a vencedora do ano passado), tive que colocá-la no blog. E pra fazer algum sentido, pegunto:
Onde estão as candidatas a Miss Universo da Austrália, Estados Federados da Micronésia, Fiji, Ilhas Marshall, Ilhas Salomão, Indonésia, Quiribáti, Nauru, Nova Zelândia, Palau, Papua-Nova Guiné, Samoa, Timor-Leste, Tonga, Tuvalu e Vanuatu?
Ah! Eu gostaria de um mundo melhor, justiça social e WORLD PEACE!
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Austrália
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
2 anos de Vegemite (ops, de Austrália)
Pra comemorar 2 anos na Ozzyland, completados na última sexta-feira, 7 de agosto, passei por uma das maiores provas de fogo para medir se o estrangeiro está se integrando ou não à cultura local: o famoso teste do VE-GE-MI-TE.
Quando cheguei na Austrália, eu sabia que existia um tal de Vegemite, mas não fazia a menor idéia do que se tratava. Nas primeiras semanas na escola de inglês, volta e meia um professor comentava e os amigos japoneses, coreanos e colombianos faziam cara feia e torciam o nariz. Eu não entendia, mas ria.
Até que um belo dia, ao abrir o armário de casa, me deparei com um pote de Vegemite. Na verdade, ele sempre esteve lá, mas eu jamais reparara. Porém, naquela bela e ensolarada tarde, ele sorriu pra mim e não tive dúvida.
Sem saber que é uma pasta feita a partir do extrato da levedura da cerveja, quando abri, gostei do que vi. Com coloração escura de chocolate, ele lembrava o finado “Ioiô Crem”. Me empolguei! Eu, enquanto grande tomador de vinho, aproximei-o do nariz e a empolgação imediatamente baixou. Mas àquela altura eu já havia ido longe demais e, retroceder, jamais.
Com certa timidez, mas sempre em nome do jornalismo, peguei uma pequena quantidade com a faca e passei no pão. A cor estava bonita, e eu ainda nutria certa esperança de que haveria algo de chocolate. Mas quando comi, descobri que eu falava muito mais palavrões em inglês do que imaginava. Aquilo foi uma das piores coisas que eu havia espalhado em um pão em toda a minha vida.
O tempo passou, obviamente não mais comi, e sempre que alguém comentava, eu cornetava. Até que um dia, uma professora australiana, ao ouvir eu desfilar uma tese de 5 minutos sobre o quão horroroso era, me explicou que em geral não se come diretamente no pão, o ideal é passar uma camada de manteiga antes, e depois sim espalhar o Vegemite. Apesar do trauma, aquilo fez sentido, mas não a ponto de me sensibilizar a um novo teste-drive. Isso foi até a sexta passada.
Como eu estava na casa do meu brother-in-law (ele é gente fina demais pra ser chamado de cunhado), australiano em estado bruto, algo me disse que chegara a hora. Afinal, eu completava dois anos no país e precisava saber na escala Vegemite como estava a minha integração com a cultura local. Já tenho as minhas cervejas australianas preferidas, os meus vinhos, os meus parques, praias, stakes, jornal, time de rugby, jogadores de cricket, fish and chips, coffee shops e, principalmente, musas (a atual é polonesa). Mas nada teria valor se eu, mais uma vez, rejeitasse o “Vegê”.
Para o grande teste, contei com a colaboração de um profissional. E com a maior boa vontade, Rob, o brother-in-law, fez as vezes da casa. Primeiro, tostou o pão. Na sequência, sapecou manteiga. E, completando o ritual, espalhou o Vegemite. Arte pura!
Nervoso, peguei uma fatia. A mão não parava de tremer. Ao aproximar do nariz, um flash-back de dois anos de Austrália veio como uma pasta feita de extrato de cerveja. Lembrei de todas as fases que passei até aqui: Chegada, Fanfarra, Falência número 1, Subindo, Abrasileirando, Brincando de escritor falido, Rompimento com a zona de conforto, Falência número 2, Imersão, Volta, Chamando o escritor e Jornalista na Ozzyland.
Falar que o Vegemite é a coisa mais gostosa do mundo, é mentira. Mas que dá uma amaciada com a manteiga e é totalmente comestível duas vezes por semana, pela manhã, é. Ainda mais seguida por uma ampolinha de 750 ml de VB. Tremendo café da manhã.
E o melhor mesmo, é comer ao lado das duas coisas (sim, são coisinhas) mais sensacionais que vi acontecer nestes dois anos de Austrália, Georgia e Patrick, os dois maiores criadores de anti-corpos do planeta e futuros grandes comedores de Vegemite.
Em homenagem, um pouco de "Vegê" com o Men at Work:
Buying bread from a man in brussels
He was six foot four and full of muscles
I said, do you speak-a my language?
He just smiled and gave me a VEGEMITE sandwich
And he said,
I come from a land down under
Where beer does flow and men chunder
Cant you hear, cant you hear the thunder?
You better run, you better take cover.
Quando cheguei na Austrália, eu sabia que existia um tal de Vegemite, mas não fazia a menor idéia do que se tratava. Nas primeiras semanas na escola de inglês, volta e meia um professor comentava e os amigos japoneses, coreanos e colombianos faziam cara feia e torciam o nariz. Eu não entendia, mas ria.
Até que um belo dia, ao abrir o armário de casa, me deparei com um pote de Vegemite. Na verdade, ele sempre esteve lá, mas eu jamais reparara. Porém, naquela bela e ensolarada tarde, ele sorriu pra mim e não tive dúvida.
Sem saber que é uma pasta feita a partir do extrato da levedura da cerveja, quando abri, gostei do que vi. Com coloração escura de chocolate, ele lembrava o finado “Ioiô Crem”. Me empolguei! Eu, enquanto grande tomador de vinho, aproximei-o do nariz e a empolgação imediatamente baixou. Mas àquela altura eu já havia ido longe demais e, retroceder, jamais.
Com certa timidez, mas sempre em nome do jornalismo, peguei uma pequena quantidade com a faca e passei no pão. A cor estava bonita, e eu ainda nutria certa esperança de que haveria algo de chocolate. Mas quando comi, descobri que eu falava muito mais palavrões em inglês do que imaginava. Aquilo foi uma das piores coisas que eu havia espalhado em um pão em toda a minha vida.
O tempo passou, obviamente não mais comi, e sempre que alguém comentava, eu cornetava. Até que um dia, uma professora australiana, ao ouvir eu desfilar uma tese de 5 minutos sobre o quão horroroso era, me explicou que em geral não se come diretamente no pão, o ideal é passar uma camada de manteiga antes, e depois sim espalhar o Vegemite. Apesar do trauma, aquilo fez sentido, mas não a ponto de me sensibilizar a um novo teste-drive. Isso foi até a sexta passada.
Como eu estava na casa do meu brother-in-law (ele é gente fina demais pra ser chamado de cunhado), australiano em estado bruto, algo me disse que chegara a hora. Afinal, eu completava dois anos no país e precisava saber na escala Vegemite como estava a minha integração com a cultura local. Já tenho as minhas cervejas australianas preferidas, os meus vinhos, os meus parques, praias, stakes, jornal, time de rugby, jogadores de cricket, fish and chips, coffee shops e, principalmente, musas (a atual é polonesa). Mas nada teria valor se eu, mais uma vez, rejeitasse o “Vegê”.
Para o grande teste, contei com a colaboração de um profissional. E com a maior boa vontade, Rob, o brother-in-law, fez as vezes da casa. Primeiro, tostou o pão. Na sequência, sapecou manteiga. E, completando o ritual, espalhou o Vegemite. Arte pura!
Nervoso, peguei uma fatia. A mão não parava de tremer. Ao aproximar do nariz, um flash-back de dois anos de Austrália veio como uma pasta feita de extrato de cerveja. Lembrei de todas as fases que passei até aqui: Chegada, Fanfarra, Falência número 1, Subindo, Abrasileirando, Brincando de escritor falido, Rompimento com a zona de conforto, Falência número 2, Imersão, Volta, Chamando o escritor e Jornalista na Ozzyland.
Falar que o Vegemite é a coisa mais gostosa do mundo, é mentira. Mas que dá uma amaciada com a manteiga e é totalmente comestível duas vezes por semana, pela manhã, é. Ainda mais seguida por uma ampolinha de 750 ml de VB. Tremendo café da manhã.
E o melhor mesmo, é comer ao lado das duas coisas (sim, são coisinhas) mais sensacionais que vi acontecer nestes dois anos de Austrália, Georgia e Patrick, os dois maiores criadores de anti-corpos do planeta e futuros grandes comedores de Vegemite.
Em homenagem, um pouco de "Vegê" com o Men at Work:
Buying bread from a man in brussels
He was six foot four and full of muscles
I said, do you speak-a my language?
He just smiled and gave me a VEGEMITE sandwich
And he said,
I come from a land down under
Where beer does flow and men chunder
Cant you hear, cant you hear the thunder?
You better run, you better take cover.
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