domingo, 19 de outubro de 2008

Sculpture by the Sea



O australiano adora atividades ao ar livre. Não sei se por descenderem de prisioneiros britânicos, por viverem cercados de lugares e paisagens maravilhosas, pelo clima agradável, por terem muitas baratas na casa ou por todos estes fatores juntos. Mas o fato é que, quando chega a primavera, por todo o país pipocam shows, concertos, feiras enogastronômicas, cinemas, teatros e dezenas de outros eventos ao ar livre.



Uma das mais tradicionais, que marca o início da estação em Sydney e, propositalmente, coincide com o começo do nosso horário de verão (o popular daylight saving), é a Sculpture by the Sea, que este ano vai até 2 de novembro.



Durante 3 semanas, 107 esculturas e instalações de artistas de vários países do mundo ficam espalhadas por um trecho de aproximadamente 2 km entre as praias de Bondi e Tamarama, em uma trilha e-p-e-t-a-c-u-l-a-r que beira a costa do Pacífico (ou seria do Mar da Tasmânia?). É simplesmente fantástica. Não só as obras em si mas, principalmente, o passeio e as obras inseridas no passeio (tentei dar um ar “cabeça” para o texto).


Sim! Porque na Sculpture by the Sea a própria natureza serve de moldura para as obras. Seja o céu, a grama, o mar, as pedras, não importa (vejam nas chapas acima). Outra particularidade é a possibilidade de vermos as obras de diferentes ângulos e distâncias, o que dá formas e dimensões completamente diferentes para o mesmo objeto (chapas abaixo).




Mais esculturas!


















E lembram da pergunta do post anterior, sobre a bolha no oceano? Então, eis ela aí, que nada mais é do que uma das esculptures by the sea, em pleno Oceano Pacífico (ou seria Mar da Tasmânia?).






A experiência é tão intensa, a caminhada é tão azul em função do céu e do mar que, no final, comecei a ver alguns seres azuis bem familiares. Até agora não sei se eram reais ou imaginários.


Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá...

sábado, 18 de outubro de 2008

O que seria esta bolha em pleno oceano?



a) uma baleia mascando um Bubble Gum
b) o Volponi curtindo um dia de sol
c) parte de um objeto voador não-identificado (que passou a ser um objeto flutuante não-identificado)
d) NDA

Resposta em breve...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

50 years of Bossa Nova

Só pra constar: aqui também festejamos os 50 anos de Chega de Saudade. E se por um lado não tivemos o homem em pessoa, a origem de tudo em estado bruto, João Gilberto, nem Rei e Caê dividindo o palco, por outro tivemos a presença de ningiuém menos do que Roberto Menescal, o professor, um dos mais altos cardeais logo atrás da Santíssima Trindade João-Tom-Vinicius.



Com ele vieram João Donato e Marcos Valle, o primeiro, quase um cubano ao piano, o segundo, o Rio de Janeiro de outrora. Também participaram Vinicius Cantuária, o amazonense de Lua e Estrela, e Wanda “Vagamente” Sá, a diva que aos 13 anos começou a tocar violão com o próprio Menescal. Em suma, timaço de craques que se apresentou na excelente acústica da Opera House, o "Darth Veidão".



Quando se anuncia um show, em Sydney, homenageando os 50 anos da Bossa Nova, a única certeza é a execução de Garota de Ipanema. Aliás, não só na Austrália, como em qualquer canto do planeta. No dia do concerto, à tarde, ao comentar com um amigo alemão casado com uma brasileira, ele me disse que adoraria ir, mas não pagaria $ 70 para ouvir Garota de Ipanema. Achei engraçado e tecnicamente concordei.

À noite, 76,8% do público que chegava na Opera Houese nascera no Brasil. O restante era formado por entusiastas da nossa cultura nascidos em diferentes países, além de um grupo muito peculiar que não só me chamou a atenção como me preocupou: os namorados (e maridos) australianos das brasileiras. E eles não eram poucos.

As brasileiras não perceberam que seria um show de Bossa Nova e não de MPB. Parece detalhe, mas não é. Bossa Nova é sofisticada, é a prima carioca do Jazz, com letras simples, melodias complexas e a batida única. Ela também é Música Popular Brasileira, mas não como a mulherada esperava e queria ouvir.



Além de Garota de Ipanema, pedida insistentemente, e outras músicas do Tom Jobim, o público achou que ouviria Caetano, Chico, Gil, Tim Maia e outros grandes da MPB. Mas não foi bem assim. O show pendeu muito mais para o Jazz do que para o Samba. Ele começou banquinho e violão com o Vinicius Cantuário, teve um ótimo dueto entre ele e o Roberto Menescal e seguiu com uma excelente banda acompanhando todos os músicos que passavam pelo palco.


No repertório, cada um tocava alguns de seus principais sucessos, além de outros clássicos da Bossa Nova. Tudo com uma pegada mais jazzística, mas sem improvisos, exageros na execução das notas e quebradeira constante do ritmo. Apenas Bossa Nova, o que é bom demais.

Mas parte do público, claro, não gostou. Se a mulherada, que nasceu no Brasil e cresceu com essas músicas, achou um tédio, imaginem os namorados (e maridos) australianos que não conhecem nada da nossa música, exceto Garota de Ipanema e... Garota de Ipanema. Certamente não faltaram caras feias e reclamações na volta pra casa. A Bossa Nova, romântica por natureza, desta vez teve efeito contrário.

E pra vocês terem uma idéia do pesadelo que deve ter sido, atrás da gente, uma simpática senhora que chegou empolgada e ansiosa para o show, no final soltou: “Isso não é Bossa Nova, se era pra fazer isso, que ficassem no Brasil”.

Pergunto: será mesmo que são eles que deveriam ter ficado no Brasil?

Após um concerto memorável, pra variar, terminamos em uma festinha com os músicos no bar da Opera House que quebrou absolutamente tudo. Vista fantástica, ótima atmosfera, comes e bebes e nada de... Garota de Ipanema. É verdade! Em nenhum momento da noite ouvimos a canção e, durante o bizz, ainda tivemos a pachorra de torcer para não tocá-la. Nada contra, óbvio, mas foi só pra ver as pessoas ainda mais irritadas. Ganhamos!

Fotos tiradas pelo meu chapa Raphael Brasil e mulher Charlotte.

domingo, 14 de setembro de 2008

Sou um The Rocker



Domingo passado só não foi perfeito porque a Nicole Kidman não apareceu, pois caso desse o ar da graça...

Quem mora em Sydney e nunca fez a dobradinha Lord Nelson / The Hero of Waterloo em The Rocks não vai para o céu. É sério (em tom de ameaça)!

The Rocks, para o homem branco ocidental, é o bairro mais antigo da Austrália. Habitado originalmente pelos aborígenes conhecidos como Cardigal, a partir de 1788 passou a ser dominado pelos primeiros europeus (leia-se prisioneiros ingleses) que desembarcaram por aqui.



As ruas seculares e as construções em pedra, mais a proximidade com a Harbour Bridge e a Baía de Sydney, criam uma atmosfera colonial com ares boêmios e interioranos à beira-mar que é apaixonante. Não por acaso sou um the rocker.



The Lord Nelson Brewery Hotel é um dos pubs/hotéis mais antigos da cidade. Fundado em 1836, ele não só serve uma das melhores cervejas de Sydney, como também a produz lá mesmo, artesanalmente. A Old Admiral é simplesmente sen-sa-cio-nal. É praticamente uma bomba escura com 6.1% de álcool, toques de caramelo e um fundo cítrico. Pra quem gosta de cerveja escura, é incrível.



De lá andamos uns dois quarteirões e entramos no The Hero of Waterloo, outro clássico e antigo pub, todo de pedra, que aos sábados e domingos oferece um serviço exclusivo: “alimento pra alma”. É verdade! No pequeno palco escondido no final do balcão, 4 músicos com idades que, somadas, têm bem mais do que a Austrália branca ocidental, simplesmente arrebentam no jazz.

Destaque para uma simpática senhora que canta muito, toca sax e trompete, e não tem menos de 78 anos. Gênia!!! O melhor foi ver, em um dos intervalos, um guitarrista mais jovem, que estava de passagem, dedilhar Californication do Red Hot e ela se interessar. Vai ter cabeça aberta assim lá na... Austrália.



Em uma das entradas, das cinco músicas, duas eram do Tom Jobim. Como ninguém da banda sabia que éramos brasileiros (não usávamos boné, regata e corrente de prata no pescoço), e pensando que era domingão e que estávamos em algum lugar próximo ao Oceano Pacífico - com no máximo 30 pessoas na casa - a conclusão foi uma só: Tom Jobim é, disparado, o cara!



No final, após interagir com o baterista (essa é pra você, Fafau) e ter uma das tardes de domingo mais e-p-e-t-a-c-u-l-a-r-e-s dos últimos anos, saímos com a alma lavada e devidamente alimentada com jazz da melhor qualidade.

Seguimos para mais alguns drinks que nos levaram, sem querer (e claro, sem convite), para a festa de encerramento da Bienal de Artes de Sydney. Por favor, não me perguntem como chegamos lá e nem como entramos, mas o fato é que fechamos a noite cercado por “sydneysiders” absolutamente “cool” - que na real não damos a mínima - tomando mais algumas cervejotas e apenas aguardando o que viria na quarta-feira: a grande festa dos 50 anos da Bossa Nova na Opera House. E dá-lhe mais Tom!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

est. - Enogastronomia em estado bruto



Cinco brasileiros, em plena segunda-feira, chegando em um dos melhores (e mais caros) restaurantes da Austrália, só pode ser:

a) Para trabalhar
b) Para pedir trabalho
c) Para jantar, mas com algum tipo de gambiarra

No nosso caso, opção “C”.

Na última semana de agosto, mês em que o est., do chef Peter Doyle, manteve a cotação máxima de 3 estrelas no guia anual da revista Australian Gourmert Traveller, fui conhecê-lo com 4 amigos. Um deles, Tercio, chef do Mad Cow, restaurante do mesmo grupo, que conseguiu uma reserva com... 50% de desconto (eis a gambiarra).



Fomos colocados em uma confortável mesa no canto, levemente separada das demais, entre a cozinha e a imensa janela para a George Street, uma das principais de Sydney. Me lembrou aquela velha história do copo com água pela metade. Para uma pessoa negativa, aquilo seria total preconceito, pois sabendo que só pagaríamos 50% da conta, o maître resolveu nos isolar (“vai saber como essa gente 50% off come”, ele pode ter pensado). Para o cara positivo, era o melhor lugar da casa, ao lado da janela e, principalmente, longe das demais pessoas, onde poderíamos manter o tom de voz “braziliano” naquela altura naturalmente acima da média mundial.

O lugar, como não poderia ser diferente, era de tremendo bom gosto, mas nada ultra-sofisticado. Grandes colunas brancas, belíssimos lustres, muita madeira, estofados bege-claro e mais branco. Ou seja, um típico restaurante moderno de cozinha contemporâea.

O primeiro garçom a nos atender era uma versão introvertida, metida à francesa e absolutamente afrescalhada do Zé Simão (da Folha). Juro! Quando olhei o cara e comentei com o Alê, meu amigo, não acreditamos. Sabem aquela bichinha australiana que, trabalhando em um restaurante top, a cada noite vai se enviadando e se tornando mais francesa? É ele! Com pitadas de arrogância e superioridade, ouviu que jantaríamos o “est. tasting menu with selected wine” ($ 255 por pessoa), que incluía 6 pratos, todos harmonizados com um vinho. Resumindo: alta gastronomia em estado bruto!

É claro que o Joseph-Pierre Simon (Zé Simão em franco-australiano) ficou decepcionado com a nossa escolha, uma vez que torcia para pedirmos algo como steak e batata-frita para nos dar um esporro. Antes de deixar a mesa, fizemos uma solicitação médica, pois um dos nossos convivas não poderia comer crustáceos. Com ares de “é óbvio que eu já sabia que um dos seus convivas não pode comer crustáceo” ele jogou a cabeça para trás (quase encostando a nuca nas costas) e retirou-se.

IMPORTANTE: escreverei o nome dos pratos em inglês, como está no cardápio do restaurante, pois alguns ingredientes não temos no Brasil, porque muitos dos nomes são universais e, principalmente, porque hoje é domingo e estou com preguiça de traduzir (e não porque fiquei metido a anglo-saxão depois que vim para a Austrália ).



Pouco antes de chegar o primeiro prato, o sommelier serviu o primeiro vinho, um Dom Pérignon safrado (2000) que abriu a noite com tudo. Em poucos minutos cinco garçons se aproximaram, cercaram a mesa e, após um sinal do líder (imperceptível aos nossos olhos de meros mortais), colocaram os pratos ao mesmo tempo. Cheguei até a pensar que eram agentes do Departamento de Imigração disfarçados, tamanha sincronicidade da ação.

Pratos na mesa, quatro garçons se retiraram e um permaneceu, na verdade, um emo-garçom (isso mesmo, para quem não sabe, “emo” é uma tribo de meninos e meninas sensíveis que não sabem se são meninos ou meninas, muito menos porque são tão sensíveis. Eles adoram usar uma gravatinha fina e uma franjinha invocada para esconder a expressão sensível do rosto). O emo-garçom explicou o que era o prato com uma sensibilidade ímpar. Apesar dele quase chorar, é bacana ficar sabendo do que se trata e qual é a “proposta” do chef (sim, desde os anos 70 os pratos passaram a ter “propostas”). Explicações dadas, taças cheias e pratos lindamente apresentados com porção reduzida, colorida e absolutamente perfumada, vamos à razão de tudo: CO-MER!



Começamos com um ocean trout carpaccio, cucumber, pink grapefruit, ponzu and white sesame oil que resume bem toda a influência da comida oriental, em especial da japonesa, na gastronomia (não só na alta) australiana. O Champagne se mostrou, mais uma vez, que é o vinho que melhor combina com comida japonesa.

A segunda entrada foi um tranche of duck foie gras, shaved pear, cresses, sauternes jelly, toasted brioche servida com um Gewürztraminer da Alsace, o Domaine Marcel Deiss 2005. O vinho, levemente adocicado, casou bem com o foie gras, e seus aromas e sabores florais, típicos da uva Gewürztraminer, encontraram na cress, uma simpática plantinha muito usada em saladas, seu par ideal.

Lembram da solicitação médica? Então! É óbvio que o nosso Joseph-Pierre Simon esqueceu de avisar o chef. Sendo assim, quando a brigada fez toda a pose para sincronizar e colocou cinco raviolo of prawns on snow peas, lemongrass and shellfish vinaigrettes, entendemos com uma tentativa de gastro-homicídio através de camarões escondidos dentro de raviólis e shellfish camuflado em vinagrete. Não preciso dizer que o Joseph-Pierre Simon passou o resto do jantar pedindo desculpas para 5 brasileiros 50% off, o que certamente foi a situação mais humilhante da vida dele. Para acompanhar, o Bodega Castro Martin Rías Baixas 2006, espanhol da região da Galícia feito com a Albariño, uva branca que lembra a Riesling e é uma das melhores da Espanha.

Na sequência veio o prato que mais gostei: Steamed snapper fillet, grilled scallop, leek and asparagus, shaved manjimup truffle butter sauce. E não pela trufa, mas pelo scallop (vieira), o mais perfeito que comi na vida (não que eu tenha comido muitos). Consistência, grau de cozimento e, principalmente, a maneira que desmanchou na boca. Sensacional! Apenas o ótimo Kumeu River Mates Vineyard Chardonnay pecou, pois veio um pouco mais frio do que deveria.

Para o prato principal tínhamos duas opções: roasted, boned squab pigeon, king mushroom and asparagus, pan juices ou pan roasted lamb rib eye, jerusalem artichokes, green peas, potato galette, salad of herbs. Ou seja: pombo ou carneiro. Optei pelo pombo, que veio acompanhado de um Châteauneuf du Pape, o Réserve Auguste Favier 2004, vinho seríssimo que foi prejudicado por um sério problema do tinto na Austrália: eles não o esfriam. Nunca! Pode estar 40 graus que sempre servem na temperatura ambiente, jamais dão uma esfriadela, mesmo de 5 minutinhos. E isso faz diferença.

Pouco antes do pombo chegar, vimos através da janela um cara no topo de uma escada trabalhando num poste. Na hora veio aquela sensação bucólica que sentimos quando vamos a um restaurante à beira-mar e comemos um peixe pescado na hora. Achei que o cara trabalhava para o restaurante e fosse fazer o mesmo, mas felizmente não foi o caso.

Fechando a degustação, escolhemos entre um passion fruit soufflé e um vanilla latte cotto, queensland strawberries, spice wafer, deliciosas sobremesas acompanhadas por um Jaboulet Muscat 2006 de Beaumes de Venise, no Vale do Rhône, ou um Riesling australiano da Tasmânia, respectivamente. Antes, um amargo e desnecessário shaved pineapple, pine nut sorbet, lime and cardamom sauce, que não passa de um limpador de boca.

Não preciso dizer que foi um jantar sensacional e valeu cada centavo (mesmo se pagássemos 100% valeria). O est. não foi eleito o Melhor Restaurante de 2006 pela publicação citada acima por acaso, muito menos manteve este ano os 3 chapéus no Good Food Guide, cotação máxima no mais influente guia de gastronomia da Austrália.

E após deixarmos uma gorjeta acima da média praticada no país, e o nosso chef entrar na cozinha para cumprimentar toda a brigada, a cena final foi o glorioso Joseph-Pierre Simon conduzindo 5 brasileiros 50% off até o elevador, dizendo o quão simpáticos éramos, pedindo desculpas pela enésima vez e nos convidando para voltarmos em breve.

Tercião, Jana, Lecão e Mari Garotinha, valeu!

est. 252 George Street, Sydney 2000
Reserva: 9240 3000
Segunda a sexta: almoço e jantar
Sábado: jantar

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Onde está o Wally?



Vocês se lembram do Wally, aquele intrépido mala que surgiu nos anos 90 desaparecendo no meio de multidões? Pois bem, esses dias ele reapareceu numa versão "cartola verde e amarelo" em Beijing. Na verdade, ele andou bem escondido durante os Jogos, até que no penúltimo dia, ao ver uma oportunidade de ouro, C. A. Wally N. (seu nome completo) não aguentou tamanha quantidade de holofote e deu o ar de sua graça. Vamos ver se vocês conseguem encontrá-lo nas imagens abaixo.



Basquete feminino: atuação patética. Nenhuma vitória. Alguém viu o Wally?



Diego Hypólito, o Daiano: erra no final de sua apresentação, fica em sexto, chora, dá um pití, chora mais um pouco, entra em depressão e pede desculpas ao Brasil (essa última foi demais - Quem se importa???). Alguém viu o Wally?



Fabio Luiz e Marcio (nomes de dupla de vôlei de prédio, daquelas que passam o domingo jogando contra Franja e Gu e Marcão e Paulão): não conseguiram atravessar a muralha careca norte-americana e acabaram tomando uma sova no terceiro set. Alguém viu o Wally?



Natália Falavigna: taekwondo. Ficou em quarto em Atenas, foi campeã mundial em 2005 e conquistou o bronze em Beijing por puro mérito próprio, pois se dependesse do apoio do governo... Alguém viu o Wally?



Futebol masculino. A menina dos olhos do país. Na verdade, as meninas, pois não passam de 22 primas-donas que jogam muito menos do que acham que jogam (sem contar o comandante). Tomaram um vareio da Argentina, venceram a Bélgica e amargaram o bronze (pelo menos apareceram pra receber, ao contrário de douze anos atrás). Alguém viu o Wally? Aliás, imaginem o Wally caso tivessem conquistado o inédito ouro.



Vôlei masculino. Geração que ganhou tudo e, como todo time no esporte, vive ciclos. Já não está lá em cima e mais uma vez perdeu uma final olímpica para os Estados Unidos. Nenhuma surpresa. Alguém viu o Wally na entrega das pratas?



Futebol feminino: (literalmente) pobres meninas. Só de terem chegado à idade adulta com saúde, já foram longe demais. O que dizer de mais uma final olímpica? Alguém viu o Wally para consolá-las?



Vôlei feminino: ouro!!! E não é que o Wally finalmente apareceu!!! Vejam que sorriso de campeão no alto à esquerda. Carlos Arthur Wally Nuzman: o cartola de ouro!!!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Pablito in China (town)



A partir de hoje, começo a minha heróica e confuciana cobertura dos Jogos Olímpicos direto de China (leia-se Tchaina, in english). Na verdade, de Chinatown, o bairro onde estudo aqui na Austrália (lá é praticamente um genericão de Beijing – sem muralha).



Em Chinatown é assim: chineses por tudo quanto é lado, lojas, lojinhas e mais lojinhas amontoadas em todos os cantos, patos avermelhados pendurados nas vitrines, cheiro de simpáticos quitutes como o “sonho do imperador” misturados com o aroma de incensos e produtos da milenar medicina local, além das melhores grifes do planeta – com ótimos preços – na versão Made in China.



E aproveitando que em Sydney tem gente do mundo inteiro (mas do mundo inteiro mesmo, incluindo lugares nanicos e longínquos como Liechtenstein, Granada e Acre), tentarei (sempre que possível, por questão de tempo) acompanhar as competições em um dos 2.467 pubs da cidade, ao lado das mais diferentes torcidas, tomando quantidades industriais de cerveja, tirando várias chapas e relatando para vocês. Tudo, claro, em nome do jornalismo pubiano (que usa os pubs como matéria-prima).



Que comecem os XXIX Jogos Olímpicos da Era Moderna, e que o espírito do Barão de Coubertin não venha dar o ar da graça, pois se o importante não é vencer, mas competir, então que fique em casa e não vai fazer feio no país do nosso saudoso Zheng He – o imperador.



Viva Chinatown!