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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

2 anos de Vegemite (ops, de Austrália)

Pra comemorar 2 anos na Ozzyland, completados na última sexta-feira, 7 de agosto, passei por uma das maiores provas de fogo para medir se o estrangeiro está se integrando ou não à cultura local: o famoso teste do VE-GE-MI-TE.

Quando cheguei na Austrália, eu sabia que existia um tal de Vegemite, mas não fazia a menor idéia do que se tratava. Nas primeiras semanas na escola de inglês, volta e meia um professor comentava e os amigos japoneses, coreanos e colombianos faziam cara feia e torciam o nariz. Eu não entendia, mas ria.



Até que um belo dia, ao abrir o armário de casa, me deparei com um pote de Vegemite. Na verdade, ele sempre esteve lá, mas eu jamais reparara. Porém, naquela bela e ensolarada tarde, ele sorriu pra mim e não tive dúvida.

Sem saber que é uma pasta feita a partir do extrato da levedura da cerveja, quando abri, gostei do que vi. Com coloração escura de chocolate, ele lembrava o finado “Ioiô Crem”. Me empolguei! Eu, enquanto grande tomador de vinho, aproximei-o do nariz e a empolgação imediatamente baixou. Mas àquela altura eu já havia ido longe demais e, retroceder, jamais.

Com certa timidez, mas sempre em nome do jornalismo, peguei uma pequena quantidade com a faca e passei no pão. A cor estava bonita, e eu ainda nutria certa esperança de que haveria algo de chocolate. Mas quando comi, descobri que eu falava muito mais palavrões em inglês do que imaginava. Aquilo foi uma das piores coisas que eu havia espalhado em um pão em toda a minha vida.



O tempo passou, obviamente não mais comi, e sempre que alguém comentava, eu cornetava. Até que um dia, uma professora australiana, ao ouvir eu desfilar uma tese de 5 minutos sobre o quão horroroso era, me explicou que em geral não se come diretamente no pão, o ideal é passar uma camada de manteiga antes, e depois sim espalhar o Vegemite. Apesar do trauma, aquilo fez sentido, mas não a ponto de me sensibilizar a um novo teste-drive. Isso foi até a sexta passada.

Como eu estava na casa do meu brother-in-law (ele é gente fina demais pra ser chamado de cunhado), australiano em estado bruto, algo me disse que chegara a hora. Afinal, eu completava dois anos no país e precisava saber na escala Vegemite como estava a minha integração com a cultura local. Já tenho as minhas cervejas australianas preferidas, os meus vinhos, os meus parques, praias, stakes, jornal, time de rugby, jogadores de cricket, fish and chips, coffee shops e, principalmente, musas (a atual é polonesa). Mas nada teria valor se eu, mais uma vez, rejeitasse o “Vegê”.

Para o grande teste, contei com a colaboração de um profissional. E com a maior boa vontade, Rob, o brother-in-law, fez as vezes da casa. Primeiro, tostou o pão. Na sequência, sapecou manteiga. E, completando o ritual, espalhou o Vegemite. Arte pura!





Nervoso, peguei uma fatia. A mão não parava de tremer. Ao aproximar do nariz, um flash-back de dois anos de Austrália veio como uma pasta feita de extrato de cerveja. Lembrei de todas as fases que passei até aqui: Chegada, Fanfarra, Falência número 1, Subindo, Abrasileirando, Brincando de escritor falido, Rompimento com a zona de conforto, Falência número 2, Imersão, Volta, Chamando o escritor e Jornalista na Ozzyland.



Falar que o Vegemite é a coisa mais gostosa do mundo, é mentira. Mas que dá uma amaciada com a manteiga e é totalmente comestível duas vezes por semana, pela manhã, é. Ainda mais seguida por uma ampolinha de 750 ml de VB. Tremendo café da manhã.

E o melhor mesmo, é comer ao lado das duas coisas (sim, são coisinhas) mais sensacionais que vi acontecer nestes dois anos de Austrália, Georgia e Patrick, os dois maiores criadores de anti-corpos do planeta e futuros grandes comedores de Vegemite.



Em homenagem, um pouco de "Vegê" com o Men at Work:

Buying bread from a man in brussels
He was six foot four and full of muscles
I said, do you speak-a my language?
He just smiled and gave me a VEGEMITE sandwich
And he said,

I come from a land down under
Where beer does flow and men chunder
Cant you hear, cant you hear the thunder?
You better run, you better take cover.

terça-feira, 7 de julho de 2009

E continuam afundando!



A capa do Wentworth Courier, nosso simpático jornal do bairro, trouxe, na semana passada, a seguinte manchete na capa: Roosters em desgraça... de novo.

Rooster, pra quem não sabe, é o Sydney Roosters, time de Bondi Junction que disputa a liga mais importante de Rugby League da Austrália.

Ainda na capa, 4 fotos de 4 momentos recentes do time, entre 29 de março e 29 de junho, envolvendo jogadores e o próprio técnico que, entre outras coisas, se meteram em confusão por beberem em dia que não podiam, por beberem e assediarem sexualmente uma mulher em uma boate, por beberem e tentarem invadir o quarto de duas mulheres em um hotel, ou simplesmente por beberem e dirigirem embrigados.

O olho da matéria dizia:

Outra semana, outro incidente. Fans dizem que estão perdendo a paciência com o time que tem coinstruído reputação por perder jogos e ficar bêbado.



E anteontem, domingo, Nate Myles, jogador dos Roosters, não contente em ficar bêbado e andar pelado em um hotel, também defecou nos corredores. Isso mesmo, fez "to-tô" no corredor de um hotel na Central Coast. Detalhe: na noite anterior, ou seja, na origem da bebedeira, ele estava em um evento de jogadores de rugby... juniores.

O cara, que seria hoje convocado para disputar o próximo jogo do State of Origin, um dos mais importantes daqui, foi banido da partida e suspenso por 6 jogos. Já o time, que vinha nesta ótima sequência de problemas alcoólicos, recebeu uma multinha de $50 mil. Não por acaso são os lanternas do campeonato com 4 vitórias e 12 derrotas.

Pior: estão afundando e, literalmente, cagan%$ e andando.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

VB - Perdemos 1%!



Victoria Bitter, a popular VB, é a cerveja favorita da Austrália. Eu gosto, já tomei um bocado, principalmente quando cheguei por aqui, mas das cervejas do dia-a-dia, prefiro a Tooheys New e a Carlton. Especialmente as negras delas, Old e Black, respectivamente.

Mas hoje levei um baque ao ver que por uma questão puramente econômica, a VB, a cerveja número 1 do meu novo ídolo local, Todd Farrawell, vai perder 0.1% de álcool. Isso mesmo, de 4.7%, vai para 4.6%, 0.3% a menos em relação ao valor original de 4.9%, quando foi criada há 50 anos.



Segundo a Foster's Group Limited, dona da VB e de várias outras marcas como Carlton, Pure Blond e Cascade, com a redução de 0.1% do álcool a companhia economizará cerca de 20 milhões de dólares por ano.

Entenderam como funciona a coisa? É igual a banco, que de centavo em centavo pego da gente, faz lucros exorbitantes. No caso da VB, de 1% em 1% que tira da cerveja nossa de cada dia, vai economizar milhões. O mundo, definitivamente, está perdido.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Afundando (e não são poucos)

No início de maio foi o ex-jogador de rugby e comentarista Matthew Johns. No começo de junho foi a vez do polêmico jogador de cricket Andrew Symonds. E hoje, mal iniciou julho e já tivemos 3 naufrágios.



O primeiro foi literal e aconteceu na cidade de Scarborough, em Perth, quando um motorista perdeu o controle do carro, invadiu a casa do simpático Don Robins e afundou na piscina do homem. Era só o começo.

No final da tarde, Lote Tuqiri, jogador de Rugby Union que por muitos anos foi o jaqueta 10 da seleção australiana, os famosos Wallabies, teve o seu lucrativo contrato encerrado pela Australian Rugby Union. Ao que tudo indica, a exemplo de Symonds, ele também quebrou o código de conduta dos jogadores em alguma fanfarra envolvendo álcool. Não foi a primeira dele.



E no time de Rugby League Cronulla Sharks, que há meses vem afundando no melhor estilo Titanic (sem uma intervenção divina vai desaparecer em breve), anunciou que o jogador Brett Seymour quebrou pela terceira vez este ano o código dos jogadores – problemas com álcool, claro – e teve o seu contrato de AU$150 mil anuais também cancelado. Já tomei alguns porres que me custaram caro, mas este...



Com tudo isso (e antes de abrir uma cerveja), preciso fazer a pergunta que não quer se calar:

Estaria o nosso motorista/náufrago de Perth, provavelmente mais um australiano fanfarrão, submergido em álcool no momento em que afundou na piscina?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

VB nele!



Eu tenho alguns ídolos na Austrália. Uns eu conheço pessoalmente, como Captain Kevin, Larry Shuttes, John Fordham e o meu cunhado Rob. Outros, como Peter Garrett (ministro e Midnight Oil), ainda não tive a oportunidade. Mas o fato é que ontem, antes dos Canários, lendo o The Sunday Telegraph, encontrei o meu grande ídolo australiano.

Ele atende pelo nome de Todd Farrawell e tem 38 anos. Profissão? Pedreiro especialista em subir paredes, o popular bricklayer. Com sua caminhonete anos 1970, CDs do AC/DC no porta-luvas e cabelo comprido em volta da careca, ele é uma espécie de herói da resistência dos subúrbios do Oeste, que, segundo o próprio, estão sendo invadidos pelos metrossexuais.



A filosofia do homem é simples:

- Tanto no trabalho quanto em ocasiões sociais só usa shorts. Se precisa comprar jeans, vai na Lowes (loja de produtos baratos).
- Anda sempre com um cachorro na caçamba da caminhonete.
- Não tem tempo para o David Beckham.
- Uma torta de carne no trabalho conta como refeição.

E o mais importante:
- Não toma cerveja low-carb (essas com baixa quantidade de carboidrato).

É ou não é o cara? Aliás, também sou absolutamente contra Pure Blonde, Super Dry, Extra Dry e outras cervejas low-carb. Tomo, claro, mas se posso escolher, sem chance!

E falando nisso, outro ídolo, mas não australiano, está em Sydney. É o ator inglês Sacha Baron Cohen, que veio promover Bruno. VB (Victoria Bitter - a cerveja da foto acima) nele!!!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Programa bem australiano



Sábado passado foi o aniversário da minha irmã, a mãe dos gêmeos. A idéia original era comemorar no Randwick Racecourse, o principal palco de corridas de cavalos de Sydney. Programa bem australiano, principalmente aos sábados, quando a mulherada nas tribunas usa vestidos longos e chapéus coloridos, enquanto os homens tentam parecer mafiosos.



A festa da minha irmã não seria nas tribunas, mas num gramado dentro do racecourse, com acesso ao bar, às apostas e podendo levar quitutes e toalhas para fazer piquenique. Coisas dos gêmeos e, mais uma vez, programa bem australiano.

Não sei se por descenderem de prisioneiros, por viverem em um paraíso ou ambos, mas o fato é que australiano adora toda e qualquer atividade ao ar livre, entre elas um bom piquenique. Eu adoro! Com algumas botejas de vinho, queijinhos, pães e boa companhia, passa-se um dia perfeito em parques, praias, cliffs ou seja lá onde estiver.

Mas no sábado o tempo estava horrível, o que nos levou ao plano B: RSL. O Returned and Services League of Australia, o popular RSL, surgiu em 1916 como programa do governo para receber os homens e mulheres que voltavam da I Guerra Mundial, oferecendo um lugar para eles se reunirem, confraternizarem, enfim, beberem.



Os RSL’s estão espalhados por toda a Austrália, são frequentados não só por veteranos de guerras, mas também por famílias, jovens, estudantes brasileiros e quem mais quiser. Além do bar, que é a atração principal, em geral eles também têm restaurante, área para apostas, jogos e outros entretenimentos.

O grande lance do RSL é se tornar membro. Por $5, $6, $10 por ano, você ganha a sua carteirinha e tem ótimas vantagens como cerveja mais barata, desconto no restaurante e acesso a vários sorteios, promoções etc. Em um dos que eu era sócio, em Coogee, às segundas-feiras um honesto steak + cerveja saía por apenas $5,50. Praticamente de graça e já pagava a anuidade!



E todo santo dia, às 6 em ponto da tarde, quem está nos RSL’s mais tradicionais é obrigado a se levantar, olhar para uma espécie de altar onde estão algumas referências militares e fazer um minuto de silêncio em homenagem aos aussies que morreram na guerra. Como eu disse, programa bem australiano, mas que todo mundo gosta!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sábado em Manly - Dica de Vinho

Sábado passado, em Manly - linda praia do outro lado da Harbour Bridge, tomada por brasileiros - aconteceu a 23ª edição do Manly Food and Wine Festival. Aqui na Austrália, essas feiras de vinho e comidas ao ar livre rolam durante o ano inteiro, aos montes, e são muito boas (principalmente esta, à beira-mar e com a lua quase cheia surgindo sobre o oceano). A atmosfera é sempre bacana, em geral tem som ao vivo e, a 5 dólares a taça, é possível tomar e descobrir alguns ótimos vinhos que passam despercebidos no dia-a-dia.



Como este 2005 Cold Soaked Cabernet Sauvignon, da Briar Ridge, um canhãozinho que passou 12 meses descansando em tonéis de carvalho francês e está prontinho pra ser tomado. O vinho apresenta ótima estrutura, taninos devidamente amaciados por conta do estágio nos tonéis, frutas negras e notas de canela. É a cara deste frio que está chegando de maneira rascante e cruel E a 23 doletas está excelente!



Aliás, ele é tão bom que fui tomando, tomando, depois, quando a feira acabou, entrei no Steyne, pub ali de frente pra praia, lareira acesa, cervejinha escura, banda ao vivo e, quando me dei conta, já não havia mais ferry boat pra voltar. Culpa do canhãozinho!



Ressacas às parte, ainda não sei onde está sendo vendido por aqui, mas assim que descobrir, aviso. Pra quem for visitar o Hunter Valley, a região vinícola aqui do lado, a Briar Ridge fica na Mount View Road, em Cessnock. Fácil, perto e deve ter lareira!

Obs: fotos roubadas do Facebook da Ana Duarte (a popular Aninha).

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sexo, álcool, pancadaria e uma boa notícia esportiva

Há algumas semans, uma história ocorrida em 2002 voltou à tona, destruindo, parcialmente (ou totalmente), a carreira de uma das principais figuras do rugby australiano. Matthew Johns, ex-jogador, irmão do melhor jogador da história e ótimo comentarista, perdeu quase tudo por conta de uma orgia envolvendo ele, outros atletas do Cronulla Sharks (seu time na época), duas girafas, um anão de jardim e uma mulher.



Agora a pouco, Andrew Symonds, polêmico jogador de cricket que estava na Inglaterra com a seleção australiana, foi mandado de volta pra casa. Motivo? Ele, pra variar, quebrou algumas regras de conduta estabelecidas pelo próprio time sobre bebedeira, e mais uma vez sua carreira está por um fio. Comparado ao Symonds, o Edmundo é praticamente uma Madre Teresa de Niterói.



Um exemplo já clássico das recentes confusões no esporte australiano é o nadador Nick D’arcy, que em março de 2008 bateu o recorde mundial dos 200 m borboleta, garantindo vaga para os Jogos Olímpicos de Pequim. Pra comemorar o feito, ele bebeu tanto, mas bebeu tanto que acabou brigando com um companheiro de equipe, destruiu a cara do “amigo”, foi suspenso pela federação australiana e não pôde disputar as Olimpíadas.



Mas, conforme anunciado, finalmente uma boa notícia esportiva! Pelas quartas-de-final de Roland Garros, a tenista Samantha Stosur atropelou a romena Sorana Cirstea por 6-1, 6-3, classificando-se para as semifinais - feito que não acontecia com uma australiana desde 1988.

Pra ser sicenro, em quase 2 anos de Austrália nunca ouvi falar da moça, não sabia que tínhamos uma aussie (leia-se ozzy - por isso ozzyland) avançando no torneio e não faço a menor idéia de como é o jogo dela. Mas a julgar pelo tamanho do bracinho, a russa Svetlana Kuznetsova, próxima adversária, vai ter problemas!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Matou a mãe (twice) por uma rodada de cerveja

Ontem à noite, fui a um irish pub com alguns amigos dos Canarinhos (time de futebol local). Um deles, 62 anos, velho de guerra, já tinha tomado todas, quando foi pegar mais uma rodada.

Por lei, não é permitido vender cerveja pra quem está “intoxicado” - como dizem aqui. E o barman se recusou a servi-lo.



Macaco véio e carioca, ele não teve dúvida. Fez um drama, falou que estava muito triste e passando por um momento difícil, pois acabara de perder a mãe, que falecera no Brasil. Do balcão e com cara de choro (na verdade, trêbado), ele ainda apontou pra gente e falou pro barman: Great guys!

Sem muito o que fazer, o irlandês do bar encheu 4 copos, serviu e, com a mão no ombro esquerdo, ainda demonstrou todo o seu sentimento.

Cinco minutos depois, apareceu um chileno na mesa, amigo do nosso “recém-órfão”. Seguiu-se o diálogo (traduzido):

- Acabei de ficar sabendo que você perdeu alguém da sua família, é verdade?
- É, infelizmente minha mãe morreu hoje cedo.
- De novo? Ela já não havia morrido no ano passado?

terça-feira, 26 de maio de 2009

Vivid Sydney 2009



De hoje até 14 de junho, alguns cartões postais de Sydney como a Opera House e o Museum of Contemporary Art ganharão luzes transadas, musiquinhas bacanas e outras modernices politicamente corretas, incluindo aí luzes que consomem pouca energia. Tudo faz parte do Vivid Sydney – A Festival of Music, Light & Ideas (é a cara da cidade!).

Sinceramente, não sei exatamente o que é, como vai ser e pra onde vai, mas o responsável pela concepção artística é o renomado músico e produtor britânico Brian Eno (ouçam o álbum Here Comes The Warm Jets), que entre outros trabalhos já produziu ótimos álbuns dos grandes David Bowie e Talking Heads. Ou seja, no fundo vai ser legal!


Museum of Contemporary Art

Mesmo assim, se vocês ainda não se animaram para sair de casa, a PablitonaOzzylandTour preparou um roteirinho especial, o Vivid Sydney The Rocks – A Festival of Jazz, Fun & Lots of Beers.

Primeiro, desçam na Circular Quay e vão até a Opera House. Vejam, admiram e depois sigam para o lado oposto. Antes de chegarem na Harbour Bridge, vejam e admiram o Museum of Contemporary Art, façam o mesmo nas “instalações” (detesto este termo usado em arte) que estão ao lado e subam a escadinha da felicidade (também conhecida como degraus da boemia), que vai para a George Street. Pronto! Bem-vindos à The Rocks, o mais antigo e melhor bairro da Austrália.


Argyle Cut

Na George, entrem à direita, passem pelo Orient Hotel – um perigo – e entrem à esquerda na Argyle. Quando passarem pelo Argyle Cut, vejam e admiram, pois também estará iluminado. Continuem subindo a rua, entrem à direita e depois novamente à direita. BINGO!

Bem-vindos ao The Hero of Waterloo – o primeiro e melhor pub da Austrália. Lá, esqueçam a Opera House e o Museum of Contemporary Art, e peçam uma cerveja para o Steve. Se for sábado ou domingo, das 14h às 18h, esqueçam também o Brian Eno, pois estará rolando jazz da melhor qualidade com a banda Old Time Jazz, dos meus chapas Valda Marshall e Brad “Fafau” Madigan. Aí é só relaxar, beber e se divertir!



Para maiores informações sobre a verdadeira: http://vividsydney.com/

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Tempestade, cerveja e surf na cidade



Ontem, entre o final da tarde e o início da noite, o céu literalmente desabou. São Pedro (ou Saint Peter, como o zelador celestial deve ser conhecido por aqui), não teve dó e abriu as porteiras do céu.

O resultado foram ventos ensurdecedores e inundações por quase toda a costa de New South Wales (incluindo Sydney), além de muita confusão, mais de 600 chamados de emergência e ondas de quase 5 metros na praias.



Eu e meu amigo Tércio, o chef, estávamos seguros no subsolo da Moncur Cellars, loja de vinhos em Woollahra, participando de uma degustação de cerveja conduzida pelo mestre Neil Whittorn, o cervejeiro da Matilda Bay Brewery, tremenda cervejaria de Western Australia.

Das 7 que tomamos, destaques para a Redback Original, cerveja absolutamente perfumada e com um gostinho de banana (isso mesmo, banana!) sensacional; e para a incrível Fat Yak Pale Ale, que tem uma pegada cítrica e é simplesmente fantástica.



Além disso, tivemos a oportunidade de cheirar diversos maltes como Pale, Cascade e Wheat, e foi assustador descobrir que o aroma destes parceiros do lúpulo - que dão origem à nossa gloriosa cerveja - é o mesmo das rações de cachorro.

Mas o mais impressionante mesmo ocorreu agora a pouco, quando vi que a chuva foi tanta, mas tanta, que as águas da Sydney Harbour estavam com ótimas ondas para o surf.

É verdade! Às 8 da matina, tecnicamente dentro da cidade (e cercados por tubarões), havia gente pegando onda. Isso é Austrália!


Photo by Aquabumps

segunda-feira, 30 de março de 2009

The Rocks to Bondi – A Maratona dos Pubs



Matéria publicada na edição 3 (fev/mar 09) da Radar Magazine, em Sydney e Gold Coast.

Existem várias maneiras de se conhecer uma cidade. Entre elas, uma das mais divertidas é percorrer os principais bairros e avenidas à pé, parando em alguns dos pubs mais emblemáticos de cada área. Em Sydney, uma epopéia dessas deve começar obrigatoriamente em The Rocks, o bairro mais antigo da cidade, e terminar em Bondi Beach, a praia mais popular e badalada da Austrália.



Apesar da distância – aproximadamente 15 km – a missão não exige muitos preparativos. Apenas uma idéia do itinerário, tênis confortáveis, amigos que não bebem leite, alguns dólares na carteira e um domingo ensolarado. Nem mesmo garrafinha d’água é necessário, uma vez que em New South Wales os pubs são obrigados a fornecer água aos clientes.

Para não queimar a maratona logo na largada, adotamos uma única regra: beber somente uma cerveja por pub. Caso contrário, não sairíamos de The Rocks.

O mais antigo
Sim! The Rocks é o lugar. É lá que estão, não só os pubs mais tradicionais e agradáveis, como a história da cidade, o início da colonização na Austrália e a polêmica mais importante desde a chegada do Captain Cook: qual é o pub mais antigo de Sydney (talvez da Austrália)?



A resposta, a princípio, é encontrada no Fortune of War, o pub em que propositalmente fizemos o primeiro brinde às 11h37 da manhã. Fortune of War e Lord Nelson brigam há mais de 100 anos pelo posto, tendo o Fortune vencido a última batalha ao provar que sua licença para vender bebida alcoólica é a mais antiga, datada de 1828. Mas se no quesito “idade” ele leva a melhor, na categoria “sentar e beber” o Lord está anos-luz à frente.



Com uma pequena linha de produção dentro do pub, eles fabricam a própria cerveja. E que cerveja! A segunda gelada do dia foi a Old Admiral, um canhão escuro com 6.1% de álcool. O lugar, construído em 1836 com pedras das redondezas, preserva a atmosfera colonial do início do século XIX, período em que The Rocks cresceu rapidamente ao lado da principal baía de acesso a Sydney, tornando-se o epicentro da boemia com tavernas, pubs, bordéis, gangues e muita confusão.



Um pouco desta época veio à tona na terceira cerveja, tomada no The Hero of Waterloo, pub que guarda muita história no subsolo. Basta uma descida para encontrar túneis por onde era contrabandeado rum, e correntes usadas para amarrar bêbados. Quanto à secular polêmica, reza a lenda que este sim é o pub mais antigo, uma vez que foi aberto em 1801 e até hoje está no mesmo lugar, só não sendo reconhecido porque nos primeiros 40 anos vendia bebida sem licença.




O escolhido pra fechar The Rocks foi o Australian Hotel, pub grande, de esquina, com mesinhas na calçada e notório pela enorme variedade de cervejas. Experimentei a Sebastian Reserve, ótima escura produzida pela Matilda Bay Brewing, empresa do oeste australiano.

Por uma questão de logística, seguimos pela George St, a rua mais antiga da Austrália. Establishment e Forbes, dois pubs que faziam parte dos planos, estavam fechados, o que ajudou a evitar os efeitos de, até então, 1845 ml de cerveja. Localizados no centro financeiro da cidade, próximos de Martin Place, eles lotam nas happy hours de segunda a sexta.



Seguindo pela George, paramos no Three Wise Monkeys, pub onde rola som ao vivo todos os dias. Como o relógio se aproximava das três, decretamos hora do almoço. Em vez do tradicional steak com mash potato, clássico dos pubs, fomos de lamb shank e beef pie. Bons, mas nada especiais. Serviram mais para manter o corpo em condições de prosseguir, e para quebrarmos a única regra do dia sapecando duas cervejas enquanto esperávamos os pratos.



Do outro lado da George St, um quarteirão a frente, fizemos a parada mais divertida: Scruffy Murphy’s, irish pub onde centenas de irlandeses se acotovelavam com seus tênis brancos para acompanhar uma decisão de boxe. Por motivos óbvio, fomos de Guiness, até então a cerveja mais barata: $ 5 a pint (copo de 570 ml). As outras, além de mais caras, eram schooner (475 ml) – exceto a Old Admiral.



Subindo
A idéia original era terminar a tour no mesmo dia e, de preferência, vivos. Para isso, decidimos otimizar o percurso seguindo para Bondi via Oxford St, eliminando pubs como Crown Hotel, em Surry Hills, e Coogee Bay e Palace Hotel, em Coogee. A essa altura o placar marcava cerca de 5.2 km percorridos, 6 pubs e 7 cervejas, num total de 3265 ml.


A subida começou em Darlinghurst, bairro bastante colorido. Na verdade, um arco-íris de cores, já que é um dos principais redutos da grande população GLS de Sydney. A diversidade étnica, cultural e sexual é uma das marcas da cidade, o que nos levou ao The Colombian, um dos mais famosos. Duas coisas nos chamaram a atenção: o preço da cerveja – apenas 4.70 – a mais barata de toda a jornada; e o isqueiro temático do barman, que trazia a foto de um “princeso” nu.



Continuamos na Oxford St, agora em Paddington, uma das áreas residenciais mais antigas da Austrália. O bairro possui forte herança colonial, mas assume ares modernos e cosmopolita nas lojas de grife e restaurantes estrelados. Exemplo deste contraste está nos pubs que visitamos. O The 3 Weeds, que eu nunca ouvira falar, foi batizado pelos ex-prisioneiros ingleses e irlandeses que o frequentavam no final do século XIX. Experimentei uma cerveja à base de mel chamada Beez Neez que, por pouco, não a incorporei no meu café da manhã diário (acompanhada de iogurte e cereais deve ser uma delícia).



Já o Fringe Bar, como o próprio nome diz, está mais pra bar do que pra pub, tanto que foi o único a cobrar entrada: $ 8 com direito a uma cerveja e banda ao vivo (que tocava para os pais, irmãos e amigos bem próximos). Na travessa de cima, Glenmore Rd, fomos ao Durty Nelly's, típico pub irlandês frequentado por gente do bairro. O lugar, além de muito bacana, tem o segurança mais simpático (o que é raro).



Fechando a subida da Oxford St, paramos no Paddington Inn e no The Light Brigade, este segundo já em Woollahra. Os dois são no estilo do Fringe Bar, moderninhos e mais bar/balada do que pub. Quando deixamos o Brigade, o céu já havia escurecido e o placar apontava cerca de 10.2 km percorridos, 11 pubs e 12 cervejas, num total de 5960 ml. Agora andaríamos uns 2 km até Bondi Junction para iniciarmos a conclusão da jornada.

Saideira
O primeiro pub que tentamos entrar foi o Cock n’ Bull, ponto de encontro de irlandeses, ingleses e milhares de estudantes internacionais que vivem e estudam nos arredores. Infelizmente, fomos barrados pois uma de nossas convivas estava sem documento com foto. Seguimos então para o Tea Gardens, outro popular pub irlandês onde tomamos a última cerveja antes da descida final.

A dúvida era: Old South Road ou Bondi Road? Optamos pela segunda e encaramos mais 3 km de caminhada com a idéia de passarmos primeiro no Beach Road, pub frequentado principalmente por quem mora em Bondi (incluindo dúzias de brasileiros). Mas conforme nos aproximamos, vimos que a tradicional procissão Beach Road/Bondi Hotel já havia começado, o que significa que o pub estava fechando e restara somente um destino.



Nossa fotógrafa

Passava das 23 horas quando brindamos na parte de fora do Bondi Hotel, de frente para o mar. Das 6 pessoas que iniciaram a jornada, 3 chegaram. A fotógrafa Fernanda Cury e o casal Tércio Raddatz e Jana Rodrigues só puderam nos acompanhar até o The Colombian. À mesa, eu e os heróicos Alexandre Monteiro e Mariana Peres, mais uma vez, quebramos a única regra do dia pedindo a tradicional saideira (afinal, ninguém é de ferro). Com a sensação de dever cumprido, passamos a régua na maratona de quase 12 horas, 14 pubs, 15 km e 16 cervejas, numa bagatela total de 7235 ml. Cheers!