quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

God Saved the Queen - Ou teria sido o Sean?



E não é que, há 40 anos (39 para ser exato), tentaram assassinar a avó dos “princesos” William e Henry na Austrália? Pelo menos é o que o detetive aposentado Cliff McHardy revelou ontem.

Segundo ele, a idéia, no melhor estilo 40 anos atrás, era descarrilhar o trem que levaria a Rainha Elizabeth II e o Príncipe Phillip para Blue Mountains, famosa região de montanhas não-azuis a uma hora e meia de Sydney.

O atentado foi realizado em 29 de abril de 1970, na altura de Orange, área aqui perto onde tem sido feito vinhos bem simpáticos (experimentem o Orange Cabernet Merlot 2006 da Printhie Wines - $16.95). Bem, mas não vamos perder o foco.



Ao contrário dos filmes do James Bond, a complexa operação não envolveu mísseis nucleares, bombas atômicas, aviões supersônicos, mulheres casadas, nem mesmo Martini (Martinis talvez). Apenas uma tora de madeira colocada no trilho por um aussie gatuno na noite anterior.

Mas o plano genial falhou porque o trem estava tão devagar, mas tão devagar que, ao passar a menos de 100 km/h, a tora entalou, e ele foi perdendo velocidade, foi ficando lento, bem lento, muito mais lento, até que parou. Entre mortos e feridos, apenas a tora de madeira, que foi transformada em um toquinho. De resto, nem susto Sua Altez Real e o Duque de Edimburgo levaram.



Segundo Cliff McHardy, essa história ficou todo esse tempo em segredo para não constranger o governo australiano da época. Mas a pergunta que há 40 anos (39 para ser exato) não quer se calar, é:

Estaria Sean Connery disfarçado de maquinista no vagaroso trem?

De qualquer maneira: God Saved the Queen!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Austrália: não deforma, não tem cheiro e não solta as tiras



Esta é a praia mais famosa da Austrália: Bondi Beach. E hoje é um dos feriados mais importantes do país: Australia Day. Sabem quem roubou a cena?



Lembram, no final dos anos 80 (ou seria no início dos 90?), quando o Chico Anysio falava de um chinelo que não deformava, não tinha cheiro e não soltava as tiras?

Pois bem, não falarei a marca para não fazer propaganda de graça, mas o fato é que as Havaianas são muito mais do que um campeão de vendas por aqui. Elas são um fenômeno cultural, uma revolução fashion que caiu no gosto popular, tornando-se peça obrigatória para 10 entre 10 australianos e forasteiros que vivem por aqui.



Jeans, camisa social e Havaianas? Cool! Shorts, chapéu e Havaianas? Artista! Havaianas, Havaianas e solamente Havaianas (ou seja, nu)? Sexy! Não importa o figurino, a estação do ano, a ocasião ou a hora do dia, mas calçou o chinelo está na moda.



No Brasil, temos, no máximo, dois despretenciosos e confortáveis pares para usarmos no dia-a-dia. Por aqui, cada australiano tem, pelo menos, 8 pares, um para cada dia da semana, e outros reservas para casos de chuva, neve, tempestade ou tubarão.



E desde não sei quando, todo dia 26 de janeiro, data em que se comemora o Australia Day (vide post), os chinelos nos quais me recuso a divulgar o nome invadem Bondi Beach e fazem todo mundo se divertir em verde e amarelo, as cores do Bras... ops, as cores nacionais da Austrália.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Efeito Obama?



Não sei se tem a ver com a posse do nosso glorioso Barack, mas parece que o mundo já mudou. E pra melhor! Eu, que até terça passada estava totalmente descrente com os rumos do planeta e da humanidade, acabo de viver uma situação absolutamente YES WE CAN!

Fui na casa de uns amigos assistir ao show do nosso apache espanhol Rafael Nadal. O homem tá jogando muito! Acho que vai ser difícil alguém bater o apache neste Australian Open.



Pois bem, eu voltava de Paddington, a pé, em direção a Bondi Junction, quando vi o meu ônibus se aproximar do outro lado da rua. Corri. De fato, voei. E o alcancei. Tirei uma moedinha de 2 dólares do bolso, paguei o motorista e caminhei para o fundo. Quando fui sentar, ainda ofegante, notei que algo estava errado. Na verdade, algo não estava. Minha carteira havia desaparecido. Procurei, procurei, e nada. Senti um frio na espinha e um gelado na barriga que certamente resultaram em uma úlcera. Tudo em fração de pouquíssimos segundos. De repente, um estalo: deve ter caído na rua quando voei para alcançar o 380 (e olha que eu não estava usando o tênis acima).

No mesmo momento, vi um japonês de camiseta verde correndo do lado de fora. O motorista deu partida, eu já estava de pé e o japa, ninja, deu uma sequência de knock knock no vidro, mostrando a minha carteira, e assustando o ônibus inteiro. O motorista se ligou mas, como já estava andando, continuou e desceu a rua devagar. Eu corri para frente e o japa ninja da camiseta verde acompanhou o ônibus até a estação. Com certeza não era o caminho dele, mas em tempos de Obama...



O motorista abriu a porta e ficou me esperando. Fui lá fora e o anjo da guarda em forma de ninja me devolveu a carteira, com um baita de um sorriso, enquanto dois bêbados irlandeses (sabia que eram irlandeses pelos tênis brancos) aplaudiram o cara. Mandei 34 “Thank you very very much”, seguidos por 72 “Arigato Sayonara”, e voltei para o 380. Ao abrir a carteira, senti um grande alívio por estar com todos os meus documentos, e uma grande alegria ao ver os meus suados $ 120 absolutamente intactos. Não sei como a coisa anda no Brasil, mas por aqui já é possível ver a luz no fim do túnel e acho que é o efeito Obama: YES WE CAN!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Australian Obama Open 2009



Por motivos mais do que óbvios, comecei a semana com a absoluta certeza de que o Australian Obama Open 2009 ficaria nas mãos dos norte-americanos. Não com o Nebraska-boy Andy Roddick, muito menos com a loira da Georgia, Melanie Oudin. Mas com outros sobrinhos do Tio Sam. Fiz até uma fezinha apostando alguns simbólicos dólares neles.



Infelizmente, uma das minhas apostas já era. Venus Williams, número 6 do mundo, foi derrotada agora a pouco por 2 sets a 1 pela espanhola Carla Suarez Navarro. Porém, a irmã Serena continua viva. E as duas, juntas, também disputam o torneio de duplas. Já no masculino, fechei com o número 9 do planeta.

Vamos acompanhando!

Feminino simples
Serena Williams $10 (TCHU-TCHIN!)
Venus Williams $10 (FORA!)



Feminino duplas
Serena/Venus Williams $10 (TCHU-TCHIN!)


Masculino simples
James Blake $10 (TCHU-TCHIN!)


Yes we can!



Fez história e foi pra escola



Bernard Tomic fez história. Na segunda-feira, 19 de janeiro, ao despachar o italiano Potito Starace por 3 sets 1, o adolescente de apenas 16 anos e 103 dias se tornou o tenista mais jovem de todos os tempos a vencer uma partida no Australian Open.

Mais! Joagando de óculos escuros numa marra tremenda, o rapaz, que é a cara do Pato (o do Milan, não o animal), derramou algumas lágrimas no final da partida e entrou no rol dos heróis nacionais.



A atenção sobre ele cresceu ainda mais com a eliminação do compatriota Lleyton Hewitt, que perdeu para o chileno Fernando González e disse adeus ao torneio na primeira rodada. Ainda bem, pois não tem nada mais insuportável do que os gritinhos mascarados de Come on!.



Já o nosso Alexandre Pato do Outback voltou à quadra nesta noite (quarta-feira) para enfrentar o luxemburguês (acho que é isso) Gilles Müller, e perdeu por 3 sets a 1. O jogador, nascido na Alemanha, filho de pai croata e praticante do esporte desde os 7 anos, tem um futuro imenso no tênis, mas ainda vai precisar comer muito fish n´ chips pra chegar lá.

Logo após a derrota, A-Tomic (como já está sendo chamado pelos reis dos trocadilhos locais), deixou a quadra rapidamente e correu para a casa. Afinal, amanhã cedo tem aula e com esta farra em Melbourne ele tá estouradão de faltas.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Com o "cooler" virado pra lua



Falando em milagre, no último dia 23 de dezembro, dois simpáticos pescadores birmaneses (naturais da Birmânia) navegavam próximos ao Torres Strait, norte do estado de Queensland (onde no Wars tem aquela linha pontilhada entre a Austrália e a Papua-Nova Guiné), quando o barco virou.



A embarcação era de madeira, tinha 10 metros e 20 tripulantes. Aqui na Austrália, ninguém ficou sabendo do naufrágio, até que ontem, terça-feira, um cooler (aquelas geladeiras de isopor) de menos de 2 metros de cumprimento por menos de 1 de largura e 1 de altura apareceu em Cape York Peninsula, a parte mais setentrional da Austrália, com os dois simpáticos pescadores birmaneses dentro. E vivos! Eles estavam desidratados e exaustos, mas vivos.



Durante os 25 dias, os dois simpáticos pescadores birmaneses se alimentararm de água da chuva que juntava no chão do isopor e restos de peixes que também apareciam por lá. MI-LA-GRE! Mas o grande feito foi passar quase um mês à deriva nas periculosas águas australianas e não serem engolidos por esfomeados tubarões. Ainda mais embalados pra viagem dentro de um isoporzão.

Não tenho dúvida de que os dois simpáticos pescadores birmaneses estavam com o cooler, cabalisticamente, virado pra lua.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Milagre em Sydney – O Iluminado



Sou do tempo em que para atingir a iluminação divina, era preciso anos, talvez décadas, de muita dedicação, devoção e altruísmo. Sidarta Gautama, por exemplo, renunciou todos os seus bens materiais e, por anos, seguiu práticas ascéticas extremas e meditou debaixo de uma figueira para atingir a iluminação total, o chamado nirvana (o estado, não a banda), e tornar-se o Buda.

Já John Smith, um rapaz de Sydney que há tempos vivia num perrengue danado e rezando por um sinal divino, seguiu o caminho contrário e só precisou adquirir um bem material: uma simpática lâmpada de lava, daquelas que fizeram muito sucesso nos apês "transadões" dos anos 70.



É verdade! Num belo dia, o quase descrente John Smith ligou a sua recém-comprada lâmpada de lava e, quando viu, uma espantosa e miraculosa imagem da Virgem Maria segurando Baby Jesus apareceu e congelou. Mesmo mexendo, a imagem não se alterava.

Desde então, Mr. John Smith, o iluminado, mantém a ex-lâmpada pagã escondida e, em vez de fundar uma religião, sair pelo mundo com o sagrado abajour propagando o milagre ou mesmo construir um templo para demonstrar toda a sua devoção, ele cultua a santa imagem através de um website: http://holymarylamp.com/. Nada mais moderno!

John afirma que sua vida mudou após a grande reveleção. Não como a de Adriane Galisteu, que certa vez falou que a dela deu um giro de 360º. Mas a de John realmente saiu do lugar. Além de não parar de receber ótimas ofertas de trabalho e de chover dinheiro (não literalmente), ele simplesmente encontrou sua alma gêmea, “a mulher mais incrível, meu anjo na Terra”, segundo o próprio.

Se Jesus disse “Eu sou a luz do mundo”, nada como ter o Filho do Homem nos braços da Santa Mãe, dentro de uma lâmpada de lava e no sagrado conforto do lar. Isso que é iluminação divina no melhor estilo CasaCor2007 (o provável ano da revelação)!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Oferta de trabalho – Síndico de um Paraíso



Se você mora fora da Austrália, gosta de sol e praia, sabe mergulhar, nadar, não é tímido, comunica-se bem e fala e escreve em inglês fluentemente, Queensland quer você.

Na última terça-feira, o governo da costa mais ensolarada da Austrália ofereceu o que eles chamam de “o melhor trabalho do mundo”. O candidato escolhido receberá AU$ 150 mil (105.00 US dollars) para labutar durante 6 meses na paradisíaca Hamilton Island, localizada na Grande Barreira de Corais da Austrália, a maior do mundo. Função? Caseiro da ilha.

Entre as obrigações estão passear pelas areias brancas (tipo Caê), cuidar da fauna e da flora locais, mergulhar na Grande Barreira, fazer periódicas conferências com a mídia e manter um blog atualizado com fotos, vídeos e as últimas notícias da ilha (“Tartaruga faz 100 metros em 3 dias”, “Hoje fez sol e a previsão para os próximos 6 meses é de mais sol”, “Esta manhã o mar estava fraco, vi somente 74 tubarões” e assim por diante).



As inscrições estão abertas até 22 de fevereiro. Em maio, 11 pré-selecionados voarão para a ilha para o processo final de seleção. O escolhido começa a trabalhar em 1º de julho.

Isso, claro, faz parte de uma campanha de marketing. Em meio à crise financeira mundial, que obviamente afetou o turismo em todo o planeta, o Governo de Queensland criou esta vaga de trabalho internacional para promover e proteger a indústria do turismo do estado, que gira cerca de AU$ 18 bilhões por ano.

Tratando-se de uma ilha na Austrália, acho que entre os requisitos para ganhar a vaga, faltou dizer que o candidato deve ser graduado em Artes Marciais Aplicada com Tubarões, Jiu-jitsu no Fundo do Mar, Caça e Pesca de Tubarões, Inglês Nível: The Shark is on the Table e Primeiros-Socorros Marítmos para Si Próprio.

Mas o melhor de tudo é que o nosso Seu Antônio do paraíso não terá que carregar aquele tradicional e insuportável molho de chaves que todo zelador tem pendurado na calça.



Foto ilustrativa, princesão, não pense que esta gata estará o esperando na ilha!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Treino mais prático, impossível!

Desta vez ele estava apenas a passeio.



Foto tirada pelo fotógrafo Silvio Rodriguez no último domingo, em Blueys Beach, praia ao norte de Sydney (mais de 3 horas de carro). Ao fundo, um tubarão branco de 3 metros – disparado, a grande celebridade do verão 2009. No primeiro plano, a cerca de 30 metros, adolescentes tem ("tem" novo, seguindo a última revisão ortográfica) aula de surf. Isso que é aula prática!

Gary Hughes, 50 anos, ex-surfista profissional e professor, percebeu a presença do tubarão Albert (como são tantos, a partir deste começarei a batizá-los em ordem alfabética, como acontece com furacões).

Para não causar pânico na molecada, Hughes monitorou Albert mas não alertou a turma, pois percebeu que o tubarão estava apenas de passagem, não demonstrando comportamento de ataque.

Professor com 50 anos de praia é outra história!

Pelo mar, pelo ar...


Mr e Mrs Harvey, e praia de Fiji antes e durante.

O perigo está em todo lugar. Se não são os tubarões atacando pelo mar, são as tempestades de verão destruindo pelo ar. Desta vez foi em Fiji, onde Jason e Rachel Harvey, simpático casal de australianos, havia programado o casamento dos sonhos: a noiva seria carregada para os braços do noivo por guerreiros locais, um coro fijiano animaria a entrada, enquanto cerca de 50 convidados se divertiriam com jogos aquáticos. Era praticamente um Hopi Hari do Pacífico – Versão Sagrado Matrimônio!

Mas tudo foi por água abaixo (desculpem o trocadilho) quando no último final de semana, tempestades e dilúvios passaram pela gloriosa República das Ilhas Fiji, fechando rodovias, isolando ilhas (temos mais de 300 por lá) e matando 8 pessoas (ninguém do casório). O governo decretou estado de emrgência.



Os pombos desembarcaram em Tokoriki Island no início da semana passada, e aguardavam os convidados que viajariam da Austrália e os encontrariam lá. Porém, ao saírem do centro turístico de Nadi, já em Fiji, o barco enfrentou muitos problemas e não pode seguir até Tokoriki Island, pois todos os portos das proximidades estavam, literalmente, debaixo d´água. O jeito foi voltar para Nadi.

Sem alternativa, o casal pegou o vestido da noiva, juntou o resto dos trapos e seguiu para Nadi. O problema agora era onde fazer o casamento. Após conseguirem um lugar, dois novos empecilhos surgiram: não haveria comida suficiente para todos, muito menos um padre para realizar a cerimônia. Não foi fácil, mas graças ao trabalho insano da brigada do Novotel, o casal conseguiu se casar no centro de conferência do hotel, na frente dos 50 convidados e sob os auspícios de um ministro fijiano arrumado de última hora.

Moral da história: pra quê passar meses planejando um casamento, se é possível começar a organizar às 9 da manhã e realizá-lo às 7 da noite? Foi o que aconteceu ontem (segunda-feira).



A situação em Fiji ainda é dantesca, pois parece que um ciclone passaria por lá. Mas pelo menos Mr e Mrs Harvey, desde ontem, vivem felizes para sempre.

THE END

Era pra ter sido assim.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Mais tubarões



Não sei se no horóscopo chinês este é o ano do tubarão, mas no australiano com certeza! Enquanto os cientistas neozelandeses dissecam um grande tubarão branco para conscientizar as pessoas sobre o perigo de extinção da espécie (post anterior), por aqui tivemos três ataques nos últimos dois dias.

Essa manhã, um rapaz de 24 anos mergulhava próximo a Windang Bridge, no Lake Illawarra (ao sul de Sydney), quando um tubarão que acredita-se ser o touro (bull shark) mordeu-lhe a perna. Ele nadava por volta das 10h50 e notou uma sombra marrom atrás. Quando foi ver, era tarde. O jovem ainda teve forças para nadar até uma área raza, onde se deitou em um barco. Chegando em terra, foi levado para o hospital em condições estáveis.

Ontem, por volta das 9h30, Jonathon Beard, surfista de 31 anos de Brisbane, pegava onda em Fingal Beach (ao norte de Sydney), quando foi mordido na coxa esquerda. Já Hannah Mighall, 13 anos, nadava no nordeste da Tasmania e foi salva de um branco de 5 metros por um primo que acertou o tubarão (não me perguntem onde, como e com o quê), levando-a para terra firme em sua prancha.

Não sei se em virtude da crise mundial, do El Niño ou por estarmos no terceiro continente à sua escolha, mas o fato é que os tubarões estão cada vez mais próximos e famintos. Look out!

sábado, 10 de janeiro de 2009

Dissecaram o predador

Importante: não façam isso em casa.



Se a Austrália, ilha de proporções continentais com 7,741,220 km2 de área, vive cercada de tubarões e se preocupa com eles, imaginem a nossa simpática Nova Zelândia, país de apenas 268,680 km2 e ainda dividido em duas ilhas.



Na última quinta-feira (8/1), o Auckland Museum realizou uma concorrida dissecação pública de um grande tubarão branco, um dos principais predadores do país, para conscientizar as pessoas sobre o perigo de extinção da espécie. A necrópsia a céu aberto contou com a presença de 1.500 espectadores in loco (para usar um termo científico) e 30 mil ao redor do mundo acompanhando pela Internet - além de dezenas de moscas e insetos que sobrevoavam o local.


Sob sol forte, o público viu, inicialmente, o bicho ser virado de um lado para o outro, tomar esguichada, ser medido (3 m de comprimento), pesado (300 kg) e ter centenas de crustáceos removidos da pele. Enquanto isso, as pessoas podiam chegar perto, tirar fotos, passar a mão e fazer perguntas aos cientistas.



Terminado os preparativos, chegara a hora tão aguardada: a faca. Com um corte cirúrgico de açougueira do mar, nosso glorioso dr. Clinton Duffy, cientista marinho do Department of Conservation, iniciou a dissecação cortando a barriga, seguida pelo estômago.

O público tinha certeza de que veria bolas de golf, bonés do New York Yankees, galocha amarela de pescador, restos mortais de um guarda-chuva, além, é claro, de focas, pinguins, golfinhos e baleias. Mas o que se viu foi uma massa melequenta (tipo pirão) com músculos, ossos e outras partes de peixes não-identificáveis. No clássico do Spielberg de 1975, o dr. Richard Dreyfuss teve mais sorte.



O tubarão (na verdade, uma "tubarôa"), era uma jovem fêmea que fora encontrada morta em uma rede em Kaipara Harbour, na última segunda, por um pescador que notificou o Department of Conservation – como manda a lei. A fêmea, que ainda teve vários órgãos internos dissecados, ficará em exposição no museu, enquanto partes servião para estudos científicos e outras serão devolvidas ao mar.


Cássio, o vídeo completo está no site do museu.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Tudo por uma boa causa (rosa)



Quando, no Brasil, mais de 30 mil pessoas vestiriam rosa para ir a um estádio? Já sei, os torcedores que não são 6-3-3 diriam que é só realizar um jogo do São Paulo no Morumbi. Bobagem! Piadinhas sem graça à parte, isso aconteceu ontem, em um jogo de cricket aqui em Sydney, no dia que entrou para a história como Jane McGrath Day.

Na arquibancada, 90% dos espectadores vestiam rosa ou usavam lenço, fita, chapéu, boné ou outro apetrecho com a cor. No gramado, jogadores usavam algum detalhe rosa na luva, no bastão ou no uniforme. Os stumps, aqueles 3 pedaços de madeira verticais atrás do rebatedor, eram rosas, assim como as placas publicitárias do principal patrocinador. Narradores e comentaristas também trajavam rosa, a exemplo dos juízes, que tinham pulseiras rosas, e do viúvo e grande responsável por tudo, o ex-astro do cricket australiano Glenn McGrath, que vestia uma elegante camisa... rosa.



Tudo por uma boa causa: conscientizar e arrecadar fundos para a McGrath Foundation, instituição de caridade co-fundada em 2002 por Glenn McGrath com sua mulher Jane McGrath, que faleceu de câncer em junho do ano passado, aos 42 anos, após mais de uma década de luta contra um câncer na mama, um no quadril e um tumor no cérebro.

A atmosfera no Sydney Cricket Ground era algo arrepiante. Dentro do complexo do estádio, uma enorme tenda cor-de-rosa foi armada para as pessoas comprarem souvenirs e ajudarem com doações. Dentro do estádio, um oceano rosa. E no gramado, o terceiro dia do terceiro duelo entre Austrália e África do Sul, válido pelo Test 2008/09.



Eu ganhei um ingresso para o setor de membros, o único lugar do estádio onde é vendido cerveja normal (sem ser light) em dia de cricket. É verdade! Como esses jogos do Test duram cinco dias, começando por volta das 10 horas da manhã e terminando somente às 6 da tarde, eles vendem cerveja light para tentar controlar os excessos etílicos do público. Mas com o calor que faz nesta época do ano, não conseguem.



Ontem era segunda-feira, a princípio o primeiro dia oficial de labuta do ano, e no estádio milhares de pessoas chegaram de manhã para acompanhar a partida e começar a beber cedo. O cricket, além de ser o esporte número 1 da Austrália (está ali com o rugby), é também uma excelente desculpa para não trabalhar e encher a cara.

Eu cheguei às 15 horas, após o trabalho, e as 3 horas que permaneci no estádio foram suficientes para entrar no espírito do jogo. Principalmente porque um dos meus amigos, captain Kevin, havia chegado às 10h11 e estava tomando desde às 10h12 da matina. Quando o vi, Captain estava mais preocupado em pagar rodadas de cerveja pra todo mundo e apostar nas corridas de cavalo do que propriamente em sentar e assistir ao jogo.



Sim! Porque o setor de membros, além de vender cerveja normal, também oferece todas as facilidades de um TAB (organização que monopoliza os jogos de aposta por aqui), o que transforma o lugar em um verdadeiro pub: cerveja, apostas, um monte de mates se esbarrando e cocotas desfilando por todos os lados. Não só me senti em casa, como acho que toda semana deveria começar com cricket. Em vez de acordar e ir para o trabalho, poderíamos seguir para o estádio, tomar algumas cervejas, ver umas rebatidas e deixar para iniciar a semana na terça.

Mas independentemente da quantidade industrial de cerveja consumida no Sydney Cricket Ground, o exemplo dado por todos, incluindo os patrocinadores, meios de comunicação, atletas, público e, principalmente, do nosso glorioso Glenn McGrath, foi fantástico. Somente ontem foram arrecadados $ 320 mil, tudo, claro, destinado a uma belíssima causa.



Ah! E saindo do estádio, é obrigatório uma parada num pub para tomar cervejas servidas em um taco de cricket rosa desenvolvido especialmente para isso. That´s Australia, mate!