quarta-feira, 26 de março de 2008

Sábado de aleluia – Consegui!



Sábado pela manhã, um dia depois da Sexta-feira Santa, a popular Good Friday, consegui! Pela primeira vez, desde que cheguei na Austrália há 7 meses, 15 dias e, até aquele momento, 2 horas, pude permanecer os douze segundos de praxe sentindo no rosto a corrente de ar que entrava pela janela e saía pela porta (sim, meus amigos, pela porta). Sensação de vitória pascal e liberdade em estado bruto! Se tivesse trilha sonora, seria We Are the Champions, Glory Day, Born to be Wild ou o clássico Coelhinho da Páscoa que trazes pra Mim?.

A demora para realizar tamanho feito se deve à cultura australiana do mate (pronuncia-se “mêit” ou “máit” – dependendo de onde o cara é e de quantas cervejas ele bebeu). Aqui tudo é mate: Thanks, mate! Cheers, mate! Sorry, mate! G’day, mate! Daí passamos para schoolmate, workmate, até chegar na razão de todo o problema: flatmate.

Não sei o motivo, mas australiano não gosta de morar sozinho. Talvez por preguiça, talvez pelos aluguéis serem caros, talvez por medo do bicho-papão, mas o fato é que, à exceção dos casados (e não todos), o restante quando deixa a casa dos pais vai morar com os mates, ou seja, com os amigos ou simplesmente com pessoas que não conhecem mas que vão rachar uma casa, um apartamento ou um quarto (neste caso, roomate).

E, claro, isso se estende a todos os imigrantes solteiros e alcoholics overseas students – que é o meu caso. Desde que cheguei, no apartamento onde moro com a minha irmã e uma escocesa (sim, é tecnicamente um pub) já passaram três brasileiras, uma australiana e uma irlandesa (sim, já foi um pub, agora é só tecnicamente). Com isso, privacidade é algo que só existe quando fechamos a porta do quarto ou do banheiro, e, paciência para aguentar pessoas que a gente mal conhece e namorodo espaçoso de flatmate, é algo que exercitamos budicamente todos os dias.



Mas como era final de semana pascal, minha irmã viajou com o namorado para a Central Coast, e a escocesa embarcou para Darwin, onde o namorado foi morar com parte do exército local (sim, em tempos de presença australiana no Iraque, o campeão se alistou). Com isso, livre de flatemates, livre de namorado de flatmate e sabendo que ninguém entraria em casa ou sairia de algum dos quartos, pude, pela primeira vez desde que cheguei na Austrália há 7 meses, 15 dias e, até aquele momento, 2 horas, fazer xixi de porta aberta. Aleluia!

segunda-feira, 24 de março de 2008

Mulherada de aço - Parte II



Ontem à noite, enquanto eu fazia um delicioso arroz cozido na laranja com fatias de cogumelo para acompanhar um suflê de espinafre e um porco feito pela mãe croata do meu cunhado (tomando uma botejinha de Grenache do Barossa Valley, claro, o Gramp's 2005 - um show de estrutura e taninos macios), na tv as nadadoras australianas continuavam voando durante as seletivas para os Jogos Olímpicos de Pequim.



E se na sexta a estudante de 15 anos Emily Seebohn havia quebrado o recorde mundial dos 50m costas, nadando abaixo dos 28s, ontem a nadadora de Loxton (SA) Sophie Edington não deixou para menos e cravou 27s67 na final da prova, quebrando o terceiro recorde mundial da competição.

Um arrozinho cozido na laranja com a Sophie não seria nada mal...

domingo, 23 de março de 2008

Mulherada de aço (e à prova d'água)

Ontem à noite, duas nadadoras australianas quebraram o recorde mundial durante as provas classificatórios para os Jogos Olímpicos de Pequim 2008, que estão sendo disputadas aqui em Sydney.



A primeira foi a atleta de Brisbane Stéphanie Rice, 19 anos, que superou a marca da norte-americana Katie Hoff nos 400m medley com 4min31s46. Na sequência, Emily Seebohm, estudante de apenas 15 anos da St John Fisher College – escola católica só para meninas –, cravou 27s95, tornando-se a primeira nadadora a completar os 50m costas abaixo dos 28s.

Detalhe: em 8 de março deste ano ela já havia nadado 28s09 no campeonato do Brisbane Catholic Schoolgirls, provavelmete disputado na hora do recreio, entre as aulas de Estudos Sociais e Língua Inglesa.



Com 34.218 km de costa litorânea (o Brasil tem 8.000 km), não é de se estranhar que historicamente a Austrália sempre teve um time forte de natação, seja no feminino, no masculino e, pelo andar da carruagem, na coluna do meio. Mais de 130 nadadores já conquistaram pelo menos uma medalha olímpica desde os Jogos de Paris, em 1900 (ao todo foram 52 de ouro, o que coloca o país atrás somente dos Estados Unidos).



Aqui é assim: quando o relógio bate quatro, cinco da tarde, é comum ver australianos e australianas com roupa de banho, toalha no ombro e óculos e touca de natação na mão, indo para as praias. Muitas vezes é só para um refrescante “tchibum” vespertino, mas na maioria é para nadar de verdade, mil, dois mil, três mil metros.



Há alguns domingos rolou uma etapa do Kellogg’s Nutri-Grain Iron Man Series aqui em Coogee Beach, e eu fui lá acompanhar a etapa feminina. Além de nadar, elas também corriam e remavam. Vejam que impressionante!







Terminada a primeira bateria, 10 minutinhos de intervalo para tomar um café e ver umas gatas (afinal, ninguém é de ferro)...


... enquanto a mulherada de aço se preparava para voltar!


Detalhe da tiazona varrendo - nem aí pra prova.




Vejam que chegada!!!

Cabeça a cabeça!


Isso foi tudo o que vi na hora.

Mas nada como o tira-teima na foto "emprestada" do jornal da cidade, que confirmou a vitória da nossa gloriosa Alicia Marriott, de amarelo!


domingo, 16 de março de 2008

Queen Victoria em Sydney



Há dois domingos a Rainha Vitória esteve em Sydney. Obviamente não estou falando da gloriosa Vitória do Reino Unido (1819-1901), também conhecida como Imperatriz da Índia, a filha do príncipe Eduardo, o Duque de Kent, e neta do rei Jorge III, o Jorginho, que apaixonou-se por seu primo-irmão, o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, e casou-se com ele por... amor (prática absolutamente incomum nas rodinhas imperiais da época).



Vitória teve o reinado mais longo do Reino Unido (1837-1901) e, até hoje, influencia não só a Inglaterra e todo o Reino Unido, como também as ex-colônias penais Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, entre tantas outras (especialmente na arquitetura – somos vitorianos em estado bruto, meus amigos).



Mas voltando ao foco central deste texto, há dois domingos esteve em Sydney o Queen Victoria, o segundo maior navio turístico do mundo. Batizado em 11 de dezembro de 2007 em homenagem à Vossa Majestade, nosso Queen Victoria pesa 90 mil toneladas, possui 294 metros de comprimento, 36 de largura e 62,5 de altura. Ele navega a aproximadamente 24 nós (ou 44 km/h – é praticamente uma mobilete), transporta 2014 passageiros (com 2015 ele afunda), 900 tripulantes e custou cerca de UK£ 270 milhões.



Infelizmente não pude vê-lo, mas minha amiga fotógrafa Claudia Marquezi esteve na Baía de Sydney e fez essas belas chapas!

Portentoso, não??? (Como diriam as bichinhas asiáticas da minha classe).




terça-feira, 4 de março de 2008

Princesão do cricket - As perguntas que não querem calar



Esta noite não foi das melhores para a seleção australiana de cricket. Em mais uma partida da polêmica temporada 2007/2008 (ver O tal do cricket), a Austrália perdeu para os indianos num final eletrizante. Mas como brasileiro não está nem aí pra cricket – eu só acompanho por ofício, uma vez que convivo diariamente com australianos, nepaleses e bengaleses, todos apaixonados pelo esporte – vou parar por aqui e seguirei direto para o que interessa.

Vejam a ombrada que o nosso glorioso Andrew Symonds, um dos pivôs de toda a polêmica da temporada, deu no invasor australiano que mais parecia um queijo minas em má fase. Sen-sa-cio-nal! Mas vamos às perguntas que não querem calar:



Primeiro:
por que gringo (especialmente europeu no inverno) adora invadir praças esportivas completamente nu?

Segundo: o que leva uma pessoa a invadir uma praça esportiva completamente nua?

Terceiro: o que leva uma pessoa a invadir uma praça esportiva completamente nua, sabendo que terá que pagar 5 mil dólares australianos de multa? Isso mesmo! Cinco pau (sem trocadilho) e ainda levará umas bordoadas, seja dos atletas (na verdade, estes não podem, Symonds provavelmente será punido), ou dos tiras!

Quarto (e não menos importante): o que leva uma pessoa a invadir uma praça esportiva completamente nua, sabendo que será ridicularizada por milhares de espectadores no estádio, por milhões que assistem pela TV e pelo resto da vida na Internet?



Eu não entendo! Mas vejam a sequência da ombrada que o princesão do cricket levou!