Aquele diálogo jamais vou esquecer. Aconteceu em algum momento de um final de semana de julho de 2005, em Paúba, Litoral Norte de São Paulo, regado a muito vinho. Presentes, estavam Dinho Leme, então ex-baterista do lendário Os Mutantes e anfitrião, Joanna Leme, a filha, Juliana Pinheiro, a amiga, Thiezinho, o herdeiro, entre outros.
Pausa para reflexão
Os Mutantes, pra mim, era um daqueles casos de bandas que a gente cresce ouvindo sem saber que está ouvindo. Ou seja, faz parte da nossa vida, está na nossa memória musical, mas não sabemos exatamente como e nem porquê. Até que finalmente passamos a barreira dos 13, a idade em que passamos a escutar música por conta própria, e a partir daí a gente começa a entrar no mundo.
Foi nessa época, enquanto fazia tratamento intensivo com Deep Purple, Led Zeppelin, Rush, Van Halen e Kiss, só para citar os mais tocados, que comecei a descobrir quem eram Os Mutantes e tentava entender porque músicas como “Balada do Louco”, “Bat Macumba”, “Panis et Circenses”, “Ando Meio Desligado”, “Desculpe, Babe”, “Virgínia”, “El Justiceiro” e “Jardim Elétrico” eram tão familiares e faziam tanto sentido pra mim.
Voltando ao diálogo que jamais esquecerei
Tendo a oportunidade de estar na casa de um Mutante, num paraíso como Paúba e sapecando várias botejas, obviamente tentei saber o máximo possível sobre tudo o que envolvia a banda, mas com o extremo cuidado de não encher o saco. E o que mais me chamou a atenção foi o fato de que Dinho não tocava bateria pra valer desde o início dos anos 1980. Perguntei sobre a possibilidade de uma volta, até algo como gravar um “Acústico MTV”, encher o bolso de dinheiro e viver feliz para sempre, mas pelas palavras dele tinha certeza de que jamais aconteceria.
Porém, como a vida é a coisa mais lógica do universo – o que não significa que dois mais dois são quatro –, meses depois, Joanna Leme, a filha, me falou que Os Mutantes iriam voltar. Não acreditei! Mas em maio de 2006, com os irmãos Sérgio Dias e Arnaldo Baptista, Dinho Leme, a cantora Zélia Duncan no lugar da Rita Lee - que recusou e até debochou do retorno -, e outros excelentes músicos, Os Mutantes estavam no palco do Barbican Theatre, em Londres, fazendo o concerto que resultou no e-p-e-t-a-c-u-l-a-r
Mutantes Live - Barbican Theatre London 2006. Sucesso total de público e crítica.
No ano seguinte, após turnê
sold out nos Estados Unidos, Os Mutantes tocaram em São Paulo pela primeira vez em 30 anos. Foi aquele show antológico para mais de 100 mil pessoas em frente ao Museu do Ipiranga, no dia do aniversário da cidade.
Desde então, eles não saíaram mais da estrada, ano passado gravaram o maravilhoso
Haih or Amortecedor, álbum com metade das músicas compostas por Sérgio Dias e Tom Zé, neste exato momento estão em turnê nos Estados Unidos e é com mesopotâmica alegria que escrevo que a
Popfrenzy Records, juntamente com a
Radar Magazine, estão trazendo Os Mutantes para a Austrália.
É verdade! A banda mais importante que já surgiu em terras brasileiras, que desconsertou o que havia na época para criar uma sonoridade única juntando psicodelia e tropicalismo, que há 40 anos vêm influenciando músicos como David Byrne, Kurt Cobain e Beck, desembarca em março para 5 shows.
Vejam abaixo as datas, onde comprar e, claro, quem não for não vai para o Céu. Viva Os Mutantes!
Datas e ingressos
6 de março
Perth International Arts Festival
perthfestival.com.au
9 de março
Sydney - Enmore Theatre
ticketek.com
11 de março
Melbourne - The Forum
ticketek.com
12-14 de março
Meredith - Golden Plain Festival
2011.goldenplains.com.au/ticket-info
Ingressos à venda a partir de 18 de novembro.
Mais informações em
http://www.radarmagazine.com.au/.