terça-feira, 18 de maio de 2010

Pitanga Project em prol do Câncer + entrevista exclusiva com Rafaela Nardi


Essa quinta, 20 de maio, acontece a segunda edição do The Pitanga Project, festa da Vibez Brazil em parceria com a Baluart 03 Productions (e apoio do blog, claro). E dessa vez por uma boa causa. Na verdade, uma ótima causa!

Toda verba arrecadada será doada para a Associação Paulista Feminina de Combate ao Câncer*, de São Paulo, que tem como voluntária a digníssima senhora Maria Nilce Gimenez, mãe do nosso glorioso Balu.

A festa será no M'ocean (1/34 A Campebell Parade - Bondi Beach), a partir das 19h30, serão cobrados simbólicos $5 de entrada e terá apresentação ao vivo de ninguém menos do que Geléia (ou Jam Leia, se preferirem) e Rogério Pulga, que tem o acompanhado na Tropical Jam. Durante a noite, eles contarão com algumas participações, entre elas uma convidada mais do que especial: Rafaela Nardi!



Para quem não a conhece, em 7 de julho de 2009, aos 29 anos, Rafaela foi diagnosticada com câncer de mama, aqui na Austrália. Ela voou para o Brasil, passou por seis sessões de quimioterapia, uma cirurgia, um mês de radioterapia e em fevereiro de 2010 já estava de volta à Austrália, tendo vencido o câncer.

A seguir, entrevista exclusiva com a Rafa.

Quando chegou na Austrália?
Em agosto de 2007, vim para estudar inglês e tentar viver de música. No Brasil é difícil, nunca deu muito certo, mas aqui é diferente, a gente tem mais espaço, os músicos são mais profissionais e estudam música pra valer. Sem contar que adoram Bossa Nova.

Faz tempo que você canta? Conseguiu achar espaço por aqui?
Eu estudo música desde criança, sempre cantei e é o que gosto de fazer. Após quase dois anos na Austrália, as coisas estavam começando a rolar legal pra mim. Estava me apresentando em functions, bares e, pela primeira vez, havia agendado shows para 3 finais de semana seguidos. Eu estava muito feliz! Até que veio a notícia.

Como você descobriu o câncer? Qual foi a reação?
Eu estava com um caroço no seio, um nódulo, que foi diagnosticado como câncer de mama. Malígno. Pensei: como assim? Eu tinha 29 anos, tudo estava indo tão bem na minha vida, imaginei que os caras se enganaram, que os médicos australianos estavam errados, essas coisas. Mas era sério. Felizmente, sou muito forte por natureza, muito positiva, comunicativa, coloquei na minha cabeça que chegaria no Brasil e iria me curar.

Como foi o anúncio para a família no Brasil?
Eu simplesmente não conseguia ligar. Demorei um dia e meio para criar coragem e mesmo assim não consegui. Decidi que ligaria na manhã seguinte, por conta do fuso-horário, e quando ia pegar o telefone, minha mãe ligou. Falei que tinha algo sério para convesar, e ela já mandou: “Tá grávida!”. Quem me dera, respondi. Contei, foi muito difícil, cheguei a pedir desculpas, que é um padrão que as mulheres repetem quando descobrem que estão com câncer de mama. Aliás, os pensamentos, o que passei, as reações da família, foi tudo exatamente igual a um livro sobre o assunto que uma amiga me deu.

Como foi no Brasil?
Descobri no dia 7 de julho de 2009, no dia 16 já estava no Brasil. Aí foi aquela coisa pesada, pois a quimioterapia é muito forte, exige muito fisicamente. Quanto mais jovem é a pessoa, mais agressivo é o câncer. Fui para a primeira sessão, e a segunda só faria em 15 dias. Acontece que no décimo dia simplesmente acordei sem o nódulo. Sumiu 100%! O médico falou que nunca tinha visto aquilo na vida, ele ficou muito impressionado. A sensação que senti foi indescritível! Mas, claro, continuei o tratamento até o final, foram 6 sessões de quimio no total, fiquei totalmente careca, aquelas coisas. Depois fiz a cirurgia, foi de boa, e na sequência mais 1 mês de radioterapia. Dia 11 de fevereiro de 2010 eu já estava de volta à Austrália.

O que você tirou de toda essa experiência?
Hoje sou uma pessoa 40 mil vezes melhor. Agradeço por ter passado por tudo isso, foi uma questão de evolução minha, de valorização da vida, de mudança de valores, eu já tinha uma ligação muito boa com a minha família, depois então ficou fantástica. Posso falar que dentro do possível tirei de letra, numa boa, vivendo dia após dia. Agora, a cada 3 meses faço novos exames, pois nos dois primeiros anos há sempre o risco de voltar. Mas eu nem penso nisso, só quero viver, cantar e ser feliz.



Para mais detalhes e informações sobre a festa, ouça hoje à noite, a aprtir das 21h30, o programa Vibez Brazil na 89.7 Eastside FM. Caso tenha acabado a pilha do radinho, ouça pela internê mesmo: http://eastsidefm.org/listen-online/

*ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE COMBATE AO CANCER
Razão Social: Associação Paulista Feminina de Combate ao Câncer
R. General Jardim, 618 cj. 52
Vila Buarque - São Paulo - SP
CEP 01223-010
CNPJ 00219822/0001-68
Insc. Estadual: isenta

Jessica 17

Muitos duvidaram que hoje ela pudesse estar em casa comemorando os 17 anos. Mas está, e após ter escrito o nome na história.



Happy Birthday

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Luto, uma vitória, uma derrota e o Ganso de Chuquinha

Estou de luto!



Começar a semana recebendo a notícia de que Ronnie James Dio, um dos papas do Heavy Metal, passou dessa para uma melhor, é triste. Mas faz parte da vida. Resta saber para onde ele foi: Heaven or Hell?

Tenho certeza de que para o lugar mais infernalmente musical do Céu. Felizmente tive a chance de assistir a dois grandes shows em SP, um solo e outro com o Deep Purple. Gênio! Três "Enter´s" em homenagem.

ENTER
ENTER
ENTER

A vitória fica por conta do nosso Mark Webber, o primeiro australiano a vencer o GP de Mônaco desde 1951, e o primeiro aussie a liderar o mundial de Fórmula 1 desde Alan Jones, em 1981. Se ele tem bala pra conquistar o título da temporada, difícil dizer, mas impossível não é. Seria Mark Webber (os sapos adoram pronunciar o nome dele: U-ééé-ber! U-ééé-ber) o Jessico das pistas?



A derrota fica para o nosso escrete de cricket, que tomou um vareio da arqui-rival Inglaterra na final do Twenty20Twenty World Cup, em Barbados, confirmando a freguesia para a matriz nos últimos anos.

E hoje à noite sai a convocação mais aguardada. Não estou falando da seleção australiana de futebol para a Copa do Mundo, mas do time de New South Wales que disputará o State of Origin de Rugby League contra Queensland, o confronto mais esperado do primeiro semestre.

A grande expectativa é pela convocação de Jamal Idris, o maior homem da Terra, como é chamado, o popular Chuquinha. O cara, uma jamanta, é uma espécie de Ganso (o do Santos, não o primo do pato). Está jogando muito, é um atleta diferenciado, mas é novo (19 anos) e tem pouca experiência.

A dúvida: leva para esquentar o banco, ganhar cancha, talvez entrar e até fazer um grande jogo, ou chama alguém mais experimentado? Até a hora da convocação, nos dias seguintes e após o jogo, só vão falar nisso. Dunga que o diga!

sábado, 15 de maio de 2010

Jessica Watson - Home Sweet Home



Há 3 dias de completar 17 anos, após quase 7 meses no mar e com 3 horas de atraso em relação ao combinado com as dezenas de milhares de pessoas que foram até a Sydney Harbour e demais baías adjacentes, Jessica Watson pisou em terra firme, sã e salva.



Para terem ideia do feito, estavam presentes Kevin Rudd, primeiro-ministro da Austrália, Kristina Keneally, primeira-ministra de New South Wales, e Jess Martin, o australiano detentor do recorde que Jessica tentou quebrar (a pessoa mais jovem a dar uma volta ao mundo sozinha e sem assistência).



Escrevi “tentou” porque oficialmente não vão reconhecer o feito (vide posts anteriores). Mas quem se importa? Para a multidão que foi a loucura quando o Ella’s Pink Lady despontou na Harbour escoltada por dezenas de barcos, ali estava uma garota de 16 anos que acabara de dar uma volta no planeta, sozinha e sem assistência. Basta!







Recebida pelos pais no deck improvisado entre a Opera House e o Botanic Gardens, Jessica não apenas se tornou heroína nacional (mesmo dizendo que não se considera) e provável Australian of the Year em 2011, como também inspiração para milhões de pessoas em todo o mundo que diariamente registravam mais de 100 mil acessos ao blog da nossa Amyr Klink de saias.



Como Jessica disse, essa viagem diz respeito a correr vários riscos para realizar um sonho. E é isso que dá sentido a vida.



Well done!!!



Fotos: Pablo Nacer

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Férias tardias às Havaianas (Al Gore?)

Deixa eu fazer as devidas apresentações: aquecimento global -terráqueos / terráqueos - aquecimento global.

Ontem, quinta-feira, 13 de maio, pendurei as chuteiras (no caso, as Havaianas). Mas de maneira tardia, se comparada aos anos anteriores. Seria o aquecimento global, Al Gore?

Não que não seja mais possível usá-las, ainda é, mas somente entre às 10h17 e 15h48, e em dias de sol. Antes e depois disso, é pedir pra passar frio.

Mas demorou!


Reparem nas marcas de dedo. Heavy user eu?

Desde que cheguei na Austrália, há quase 3 anos, não tinha visto um outono tão quente. Lembro que tanto em 2008 quanto em 2009, em abril o scaaarrrrf (com sotaque carioca mesmo), o popular cachecol, já estava fora do armário, enquanto as Havaianas eram usadas mais moderadamente.

Claro, sou suspeito por ser um heavy user de chinelos, mas até a última terça-feira à noite, quando iniciei a minha Cruzada Jazzística, ainda estava com elas nos pés praticamente em tempo integral. Era chinelo de manhã pra ir à escola, em casa trabalhando, à tarde seja lá onde ia (com exceção da Ozzy, claro) e à noite nos pubs, bares, restaurantes ou onde quer que fosse. Porém, na noite de terça os primeiros ventos que trarão o inverno finalmente sopraram, a temperatura baixou e, pela primeira vez em 2010, senti fio. Tardiamente, não Al Gore?

Na quarta, tivemos o primeiro dia realmente de outono, com frio na sombra, vento gelado e temperatura sem sofrimento apenas no sol. À noite, friaca! Mas scaaarrrrf ainda no armário.

Neste exato momento, em Sydney, 18 graus em um belo dia ensolarado. Mais! Máxima de 21 e alerta de ventos fortes de sul a sudoeste, atingindo de 25 a 30 nós offshore.

Resumo da ópera: demorou mas chegou. Havaianas descansam, scaaarrrrf vai para a máquina de lavar para matar os ácaros e, em breve, chega ao blog a primeira relação Pablito Austrália com 40 vinhos para o brasileiro tomar no inverno australiano (o que significa diferentes categorias a no máximo $25). Aguardem!

Enquanto isso, que os ventos fortes tragam Jessica Watson com total segurança para casa. Amanhã estaremos lá (com frio, é verdade, mas talvez de chinelo, pois ela deve chegar às 11h30)!


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quinta-feira, 13 de maio de 2010

E se o Kaká tiver uma disenteria?

Raramente, o Brasil não tem ao menos um corte dramático por contusão às vésperas da Copa do Mundo. Foi assim em 1994, quando Ricardo Rocha deu lugar a Ronaldão; em 1998, com Romário chorando ao ser trocado por Emerson; em 2002, com o mesmo Emerson dando lugar a, se não me engano, Kleberson ou talvez Gilberto Silva (alguém lembra quem foi?).



Não, não quero ser o asa negra, mas há menos de um mês do início, algo me diz que ainda vai ter reviravolta e Ganso herdará um lugar entre os 23. Meu nome não é Pablito Dinah, mas é algo que sempre acontece.

No mais, conforme escrevi no post anterior sobre a convocação, ela não me surpreendeu (o que não significa que adorei). No gol, o Suzano é o cara e o Doni tem um grande empresário. Na lateral-direita estamos tranquilos, miolo de zaga idem e a lateral-esquerda é um grande problema. Deixa eu frizar: gran-de-pro-ble-ma! No meio, temos muitos volantes e poucos meias, o que não é surpresa tratando-se do Dunga, ex-volante que só não passava os 90 minutos olhando para o gramado pois de vez em quando levantava a cabeça para esculhambar um companheiro ou xingar o juiz. O que nos faz voltar ao ponto central do post anterior:

E SE O KAKÁ TIVER UMA DESENTERIA?

Na frente, sou suspeito para falar pois não acompanho o campeonato alemão. Mas Gra-fi-te? E olha que sou são-paulino! Na boa, ele tem muita vontade, é esforçado, faz uns gols, mas tecnicamente é muito fraco. Claro, pode ter evoluído muito nesses anos de Alemanha, assim espero. De resto, Luis Fabiano terá a chance da vida para se consagrar como um dos grandes jaquetas 9 da seleção (ou se queimar para sempre - vou na alternativa "a"), gostei da convocação do Nilmar, e Robinho é Robinho, uma das maiores "focas" do planeta (traduzindo: joga pra ele e para o público, não para o time). Mas vamos torcer para que tome um chá de coletividade ou, caso comece com as firulas sem objetividade, um chá de cadeira no banco de reservas.

Mas o melhor mesmo foi ver Neymar, a maior neo-foca do futebol brasileiro, fora da lista. Vai ter muito tempo para aprimorar as dancinhas, dar um tapa no cabelo e até criar novos passos. Bola ele joga, mas é muito mala!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Pra não dizer que não falei de... Perth (A Cruzada Jazzística)

Roberta Toneto, filha da futura prefeita de Perth, sempre reclama que só falo de Sydney e, mais recentemente, de Melbourne, mas nunca de Perth. Pior! Nas poucas vezes que escrevo sobre a cidade, refiro-me como a capital mais distante de outra capital do planeta.

Para não me tornar persona non-grata por aquelas bandas, aqui vai uma dica para os perthianos (ou perthsiders, como provavelmente dizem lá).


Perth, a capital mais distante de outra capital do planeta.

Ontem à noite, iniciei a minha cruzada jazzística por Sydney. É verdade! Não me conformo com o fato da noite musical de Melbourne ser infinitamente superior a daqui. Por ora, parece ser, mas quero acreditar que não. E a melhor maneira de descobrir isso é através das casas e bandas de jazz (ou "jáixxzz" - como os entusiastas pronunciam no Brasil).

Seguindo dica do meu amigo Julio Araujo Albuquerque Figueroa Mattarazzo Diniz da Cunha, batera do Vote For Mary, fiquei sabendo da Jazzgroove Association, associação de músicos de jazz que lança álbuns, organiza shows, eventos, enfim, gente do meio espalhando a palavra. E ao me cadastrar no site, vi que realizam apresentações às terças (ainda não sei a frequência) numa casa em Surry Hills chamada 505. Fui!

A casa é simplesmente perfeita: acústica, localização (portinha pequena numa biboca) e ótima visão para o palco. A primeira banda de ontem, Jackson Jive, era formada por músicos dessa associação que estudam ou ensinam em um dos conservatórios mais renomados de Sydney. Fizeram um jazz tradicional, com sax alto, trombone, piano, contrabaixo acústico e batera. Sonzeira e já valera os $10 da porta! Mas na sequência...

Confesso que não esperava muito da segunda banda. Quando vi que era um trio de guitarra, baixo e batera que fazia um jazz bem moderno, já imaginei 3 doidos eletronicamente ensandecidos desfilando notas pra eles mesmo. De fato, foi mais ou menos isso, mas os caras, naturais da minha Perth, eram fantásticos.



O nome da banda é the grid (perthianos, quando verem esse nome, vão!). O batera era simplesmente o melhor que vi ao vivo desde que cheguei na Austrália. Na verdade, o segundo melhor, já que fui ao show do Stevie Wonder, mas o cara era um monstro. Técnico, ligeiro, alterava várias vezes a afinação dos ton-tons durante a música, tinha um estilo totalmente próprio e fazia ótimas piadinhas nos intervalos. Craque! O baixista, outro monstro. Tocava como se fosse guitarra e grande parte das músicas saíam das melodias criadas para o baixo. Já o guitarra também era grande músico mas não tão absurdo quanto os outros dois. O som partia do jazz moderno, ia na direção do Radiohead (isso mesmo), trilhando uma pegada oitentista, bem na onda daqueles beats marcados pela batida contínua da batera e dos sintetizadores que se fazia no início dos 80, e depois retornava ao modern jazz. Noite para sair com o ouvido feliz e a alma lavada.

E foi somente a primeira noite da cruzada jazzística. Melbourne, se cuida!