sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Ilha dos caranguejos (e do cemitério indígena)



Conforme escrevi no item "risco e segurança" do post anterior, na Austrália tenho mais medo de bicho do que de gente. E olha que não é aquele meeeedo, é, digamos, receio e respeito. Estão aí esses simpáticos monstrinhos vermelhos que não me deixam mentir.

Dão medo? Não! Receio? Sim! E são a cara da Austrália, país que abriga 21 das 25 cobras mais letais do planeta.

A questão é a seguinte. Todo ano, os caranguejos deixam as florestas tropicais da famigerada Christmas Island e seguem para o oceano, onde vão se reproduzir. É o que chamamos de summer love (ou amor de verão).



Famigerada porque a ilha provavelmente guarda um cemitério indígena, tamanho karma. Explico!



Christmas Island está localizada a 2.600 km a noroeste de Perth, que é considerada a cidade grande mais distante de outra cidade grande do mundo. Para terem uma idéia, Perth fica a 4.110 km a oeste de Sydney, na cara do Oceano Índico. Agora imaginem uma ilha a 2.600 km a noroeste de Perth. Se pensaram em Marte, chegaram perto!



Aproveitando o isolamento quase cósmico da ilha, o governo australiano a transformou numa espécie de colônia penal de férias, construindo um centro de detenção para asylum seekers. Não sei a tradução literal, mas asylum seekers são espécie de refugiados que tentam entrar ilegalmente no país, via barco. Como são persona non grata, xilindró!



A Austrália possui 2.500 asylum seekers, sendo que 1.156 estão presos no centro de detenção da ilha, cuja população é de 1.200 moradores. Ou seja, Christmas Island tem praticamente um pirata pra cada habitante.

E pra piorar o karma ilhéu por conta do cemitério indígena, por lá vivem de 50 a 120 milhões de caranguejos. Destes, no melhor estilo paulistano na Rodovia do Imigrantes em 23 de dezembro, cerca de 500 mil cruzam a ilha para passar o verão no mar (sim, os bandeirantes e jesuítas tambéms construíram um imenso cemitério indígena em São Paulo).

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Austrália e a qualidade de vida (é vice!)



A revista norte-americana International Living acaba de divulgar o seu tradicional ranking de qualidade de vida. O trabalho envolve 194 países e leva em consideração os seguintes critérios: custo de vida, diversão e cultura, economia, meio ambiente, liberdade, saúde, infra-estrutura, risco e segurança e clima.

A Austrália aparece na vice-liderança, atrás somente da França, enquanto a nossa simpática Nova Zelândia surge na quinta colocação. Ou seja, não optei em morar no terceiro continente à sua escolha por acaso.



Pra mim, viver bem, respirando, contemplando e com qualidade de vida, é muito mais importante do que ter duas contas bancárias transbordando dinheiro, carro do ano, status ou qualquer outra coisa que traz úlcera, entope as artérias ou acelera o envelhecimento.

E a Austrália, Sydney no meu caso, me proporciona respirar, contemplar e desfrutar a vida.

A seguir, no melhor estilo Twitter (máximo de 140 caracteres), comentarei item por item da Austrália/Sydney:

Custo de vida - o que pesa é o aluguel. Mas isso tem nome: Eastern Suburbs! É o preço pra morar com vista pro mar, ao lado da praia e cercado por parques.



Diversão e cultura - no sábado assistirei ao show do grande Al Green, de graça e em praça pública. E é só o começo do Sydney Festival 2010.



Economia - em abril do ano passado, pouco antes do ápice da crise mundial, Kevin Rudd, o meu primeiro-ministro, depositou $900 na minha conta.

Meio ambiente - aqui você se sente constrangido quando o caixa pergunta se vai precisar de sacola plástica. Cada um leva a sua própria, ecologicamente correta.



Liberdade - cada um é o que é e se veste como quer, sem dar a mínima para os outros. Só quem repara e comenta é o brasileiro, que ainda vive na "cultura do vizinho".



Saúde - Atchim! Saúde! Talvez um dos pontos fracos. Eu nunca tive problema nas poucas vezes que precisei ser atendido. Mas essa cultura do Panadol...

Infra-estrutura - é possível sair de Sydney, no Oceano Pacífico, e ir até Perth, no Oceano Índico, de trem, atravessando o país de costa a costa (4.352 km).



Risco e segurança -
como sempre digo, aqui tenho mais medo de bicho do que de gente. E olha que não é aquele meeeedo, é, digamos, receio e respeito.



Clima -
talvez a melhor coisa de Sydney. Clima temperado com dias ensolarados e céu azul ímpar, mas sem calor insuportável (com exceções, claro).

Os 10 primeiros colocados no ranking foram:
1. França
2. Austrália
3. Suíça
4. Alemanha
5. Nova Zelândia
6. Luxemburgo
7. Estados Unidos
8. Bélgica
9. Canadá
10. Itália


O melhor latino-americano, claro, foi o meu Uruguai, que aparece na 19a colocação. O Brasil ficou na 38a.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Tênis, tennis, tênis, tennis...



Esse post foi especialmente feito para o brasileiro que está na Austrália ou em qualquer outro país do mundo (como se os outros não fossem).

O fato é que o brasileiro que está em qualquer outro país do mundo, ao abrir a internet, vê um monte de tenistas avançando em torneios na Austrália, e não faz idéia do que está acontecendo. Afinal, o Australian Open nem começou.

Já o brasileiro que está na Austrália, ao ver um monte de tenistas avançando todo santo dia, acha que o Australian Open já começou e liga para o pai avisando que esse ano o torneio está acontecendo na cidade onde ele mora.

Pra evitar confusões, explico!



O Australian Open, que tem sede em Melbourne (pelo menos até 2016), reúne os principais tenistas do planeta e é estrategicamente chamado de o Grand Slam da Ásia/Pacífico, só começa no dia 18 de janeiro.

Até lá, como Austrália, Ásia, Pacífico, enfim, tudo aqui é longe pra caramba e ninguém gosta de perder viagem - muito menos dinheiro -, os atletas vão disputando torneios na Índia, no Catar e, claro, nas maiores cidades australianas.

O primeiro é o Hyundai Hopman Cup, que tem uma fórmula bem peculiar e acontece em Perth entre os dias 2 e 9 de janeiro. Nele, só entram convidados. Na verdade, apenas tenistas de 8 países que são divididos em 2 grupos. Todos jogam contra todos do mesmo grupo, em partidas de simples no masculino e no feminino, e de duplas mistas. O país campeão de cada grupo se classifica para disputar a grande final (parece complicado, tipo regulamento do campeonato carioca com octagonal decisivo com 7 times, mas não é).


Dupla britânica: Murray e Laura Robson.

O segundo torneio, que também já começou, é o Brisbane International, que vai de 3 a 10 de janeiro. Nessa manhã, Bernard Tomic, australiano de 17 anos que despontou no Australian Open do ano passado e é o xodozinho da torcida, foi eliminado. Quem se deu bem foi o brasileiro Thomaz Bellucci, que venceu o argentino Juan Chela mas, infelizmente, deverá cair na próxima rodada pois a chave dele é bem complicada.


Bernard Tomic, o teenager que é a cara do Alexandre Pato.

No domingo é a vez de recebermos o Medibank International Sydney, e eu não perderei por nada. O torneio vai de 10 a 16 de janeiro e já tem confirmados nomes como Serena Williams, Jelena Jankovic, Elena Dementieva, Gael Monfils, o mala do Lleyton "come on" Hewitt, Marcos Baghdatis e Richard Gasquet.

E, claro, fechando a overdose de top spin, backhand e match point, de 18 a 31 de janeiro, Rafael Nadal e Serena Williams defenderão o título do Australian Open, enquanto Federer e a deusa Sharapova, por quem sou russo desde pequenininho, vão tentar reconquistá-lo.



Dica: em todos os torneios há ingressos bem baratos, a partir de $10 ou coisa do tipo. Vale a pena!

E não esqueçam deste nome: Mia Lines

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Toca Jorge no The Basement

O Toca Jorge é, sem dúvida, a melhor banda de samba-rock de Sydney. E o The Basement é, disparado, uma das melhores casas de música ao vivo da cidade. Esta quinta, 7 de janeiro, será uma ótima oportunidade para ver se o que acabei de escrever é verdade ou bobagem.



O show começa às 8h30, e quem abre é o gaúcho Fernando Aragones, o cabeça do Toca Jorge, mas que tocará sozinho, apresentando algumas músicas de seu trabalho solo.



Na sequência, os outros sete integrantes sobem ao palco para tocar o melhor de Jorge Ben Jor (ou seja, não necessariamente só o lado A do cantor), além de sucessos de outros grandes do gênero.


Mattoli e o Clube

O samba-rock, pra quem não sabe, é um ritmo que surgiu nos anos 70 eletrificando o samba com guitarra e muito suingue. Depois, voltou com tudo no início de 2000, resgatado pelo incansável Marco Mattoli e seu Clube do Balanço nas alamedas de Pinheiros e Vila Madalena, em São Paulo.

O The Basement fica na 29 Reiby Pl, ali na Circular Quay. A entrada é somente 10 doletas!



E falando em Jorge Ben Jor, Babulina vem aí...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

E o zelador da ilha quase morreu


Keppel Beach, foto do próprio Ben Southall

Lembram que há praticamente um ano, o governo de Queensland lançou a campanha do "melhor emprego do mundo"?

Então, Ben Southall, esse inglês fanfarrão de 34 anos foi o grande vencedor e se mudou para Hamilton Island em primeiro de julho deste ano.



Não é que o homem quase morreu aos 43 minutos do segundo tempo?

É verdade! Curtindo uma sessão de jet ski no último domingo - há 4 dias de terminar o trabalho e receber $ 150 mil - ele foi picado no cotovelo por uma água-viva. Na verdade, pela pequena e periculosa Irukandji jellyfish, mais um monstrinho letal da incrível fauna australiana.



Minutos depois de ser picado e ter deixado a água, o síndico provisório sentiu que o movimento dos pés e das mãos estavam ficando lentos. Ao identificar os sintomas, membros do staff da ilha o levaram para o ambulatório, enquanto a temperatura do inglês elevava, o corpo transbordava suor, a cabeça explodia e um grande enjôo embrulhava o estômago. Se não tivesse sido prontamente assistido, tomando injeção e uma série de remédios, teria morrido.

Sempre digo que na Austrália não tenho medo de gente, só de animal, o que pra nós, brasileiros, não tem preço (ops, tem sim, a escola). Basta tomar alguns cuidados e torcer para não ter chegado a hora. No caso do Ben Southall, ele não tomou cuidado, pois nas águas daquela região de Queensland é impensável entrar sem roupa de proteção, mas por sorte não havia chegado a hora. Mas que bateu na trave, bateu.



O fato é que com roupa ou sem roupa, com água-viva ou sem água-viva, o importante é lembrar o que mamãe dizia: "água no umbigo, sinal de perigo; água no pescoço, sinal de sufoco".

E Feliz Ano Novo e Vida Nova pro Ben Southall!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Sunset at Château

Penúltimo pôr-do-sol de 2009 aqui no Château Elle Macpherson (onde moro).



Para um ano que começou "um passo pra trás para dar dois pra frente"...



... e seguiu "if you build it they will come" (e de fato, eles estão vindo)...


... só tenho a agradecer.

Thank God and Happy New Year to everyone!!!