quarta-feira, 1 de abril de 2009

Tempestade, cerveja e surf na cidade



Ontem, entre o final da tarde e o início da noite, o céu literalmente desabou. São Pedro (ou Saint Peter, como o zelador celestial deve ser conhecido por aqui), não teve dó e abriu as porteiras do céu.

O resultado foram ventos ensurdecedores e inundações por quase toda a costa de New South Wales (incluindo Sydney), além de muita confusão, mais de 600 chamados de emergência e ondas de quase 5 metros na praias.



Eu e meu amigo Tércio, o chef, estávamos seguros no subsolo da Moncur Cellars, loja de vinhos em Woollahra, participando de uma degustação de cerveja conduzida pelo mestre Neil Whittorn, o cervejeiro da Matilda Bay Brewery, tremenda cervejaria de Western Australia.

Das 7 que tomamos, destaques para a Redback Original, cerveja absolutamente perfumada e com um gostinho de banana (isso mesmo, banana!) sensacional; e para a incrível Fat Yak Pale Ale, que tem uma pegada cítrica e é simplesmente fantástica.



Além disso, tivemos a oportunidade de cheirar diversos maltes como Pale, Cascade e Wheat, e foi assustador descobrir que o aroma destes parceiros do lúpulo - que dão origem à nossa gloriosa cerveja - é o mesmo das rações de cachorro.

Mas o mais impressionante mesmo ocorreu agora a pouco, quando vi que a chuva foi tanta, mas tanta, que as águas da Sydney Harbour estavam com ótimas ondas para o surf.

É verdade! Às 8 da matina, tecnicamente dentro da cidade (e cercados por tubarões), havia gente pegando onda. Isso é Austrália!


Photo by Aquabumps

segunda-feira, 30 de março de 2009

The Rocks to Bondi – A Maratona dos Pubs



Matéria publicada na edição 3 (fev/mar 09) da Radar Magazine, em Sydney e Gold Coast.

Existem várias maneiras de se conhecer uma cidade. Entre elas, uma das mais divertidas é percorrer os principais bairros e avenidas à pé, parando em alguns dos pubs mais emblemáticos de cada área. Em Sydney, uma epopéia dessas deve começar obrigatoriamente em The Rocks, o bairro mais antigo da cidade, e terminar em Bondi Beach, a praia mais popular e badalada da Austrália.



Apesar da distância – aproximadamente 15 km – a missão não exige muitos preparativos. Apenas uma idéia do itinerário, tênis confortáveis, amigos que não bebem leite, alguns dólares na carteira e um domingo ensolarado. Nem mesmo garrafinha d’água é necessário, uma vez que em New South Wales os pubs são obrigados a fornecer água aos clientes.

Para não queimar a maratona logo na largada, adotamos uma única regra: beber somente uma cerveja por pub. Caso contrário, não sairíamos de The Rocks.

O mais antigo
Sim! The Rocks é o lugar. É lá que estão, não só os pubs mais tradicionais e agradáveis, como a história da cidade, o início da colonização na Austrália e a polêmica mais importante desde a chegada do Captain Cook: qual é o pub mais antigo de Sydney (talvez da Austrália)?



A resposta, a princípio, é encontrada no Fortune of War, o pub em que propositalmente fizemos o primeiro brinde às 11h37 da manhã. Fortune of War e Lord Nelson brigam há mais de 100 anos pelo posto, tendo o Fortune vencido a última batalha ao provar que sua licença para vender bebida alcoólica é a mais antiga, datada de 1828. Mas se no quesito “idade” ele leva a melhor, na categoria “sentar e beber” o Lord está anos-luz à frente.



Com uma pequena linha de produção dentro do pub, eles fabricam a própria cerveja. E que cerveja! A segunda gelada do dia foi a Old Admiral, um canhão escuro com 6.1% de álcool. O lugar, construído em 1836 com pedras das redondezas, preserva a atmosfera colonial do início do século XIX, período em que The Rocks cresceu rapidamente ao lado da principal baía de acesso a Sydney, tornando-se o epicentro da boemia com tavernas, pubs, bordéis, gangues e muita confusão.



Um pouco desta época veio à tona na terceira cerveja, tomada no The Hero of Waterloo, pub que guarda muita história no subsolo. Basta uma descida para encontrar túneis por onde era contrabandeado rum, e correntes usadas para amarrar bêbados. Quanto à secular polêmica, reza a lenda que este sim é o pub mais antigo, uma vez que foi aberto em 1801 e até hoje está no mesmo lugar, só não sendo reconhecido porque nos primeiros 40 anos vendia bebida sem licença.




O escolhido pra fechar The Rocks foi o Australian Hotel, pub grande, de esquina, com mesinhas na calçada e notório pela enorme variedade de cervejas. Experimentei a Sebastian Reserve, ótima escura produzida pela Matilda Bay Brewing, empresa do oeste australiano.

Por uma questão de logística, seguimos pela George St, a rua mais antiga da Austrália. Establishment e Forbes, dois pubs que faziam parte dos planos, estavam fechados, o que ajudou a evitar os efeitos de, até então, 1845 ml de cerveja. Localizados no centro financeiro da cidade, próximos de Martin Place, eles lotam nas happy hours de segunda a sexta.



Seguindo pela George, paramos no Three Wise Monkeys, pub onde rola som ao vivo todos os dias. Como o relógio se aproximava das três, decretamos hora do almoço. Em vez do tradicional steak com mash potato, clássico dos pubs, fomos de lamb shank e beef pie. Bons, mas nada especiais. Serviram mais para manter o corpo em condições de prosseguir, e para quebrarmos a única regra do dia sapecando duas cervejas enquanto esperávamos os pratos.



Do outro lado da George St, um quarteirão a frente, fizemos a parada mais divertida: Scruffy Murphy’s, irish pub onde centenas de irlandeses se acotovelavam com seus tênis brancos para acompanhar uma decisão de boxe. Por motivos óbvio, fomos de Guiness, até então a cerveja mais barata: $ 5 a pint (copo de 570 ml). As outras, além de mais caras, eram schooner (475 ml) – exceto a Old Admiral.



Subindo
A idéia original era terminar a tour no mesmo dia e, de preferência, vivos. Para isso, decidimos otimizar o percurso seguindo para Bondi via Oxford St, eliminando pubs como Crown Hotel, em Surry Hills, e Coogee Bay e Palace Hotel, em Coogee. A essa altura o placar marcava cerca de 5.2 km percorridos, 6 pubs e 7 cervejas, num total de 3265 ml.


A subida começou em Darlinghurst, bairro bastante colorido. Na verdade, um arco-íris de cores, já que é um dos principais redutos da grande população GLS de Sydney. A diversidade étnica, cultural e sexual é uma das marcas da cidade, o que nos levou ao The Colombian, um dos mais famosos. Duas coisas nos chamaram a atenção: o preço da cerveja – apenas 4.70 – a mais barata de toda a jornada; e o isqueiro temático do barman, que trazia a foto de um “princeso” nu.



Continuamos na Oxford St, agora em Paddington, uma das áreas residenciais mais antigas da Austrália. O bairro possui forte herança colonial, mas assume ares modernos e cosmopolita nas lojas de grife e restaurantes estrelados. Exemplo deste contraste está nos pubs que visitamos. O The 3 Weeds, que eu nunca ouvira falar, foi batizado pelos ex-prisioneiros ingleses e irlandeses que o frequentavam no final do século XIX. Experimentei uma cerveja à base de mel chamada Beez Neez que, por pouco, não a incorporei no meu café da manhã diário (acompanhada de iogurte e cereais deve ser uma delícia).



Já o Fringe Bar, como o próprio nome diz, está mais pra bar do que pra pub, tanto que foi o único a cobrar entrada: $ 8 com direito a uma cerveja e banda ao vivo (que tocava para os pais, irmãos e amigos bem próximos). Na travessa de cima, Glenmore Rd, fomos ao Durty Nelly's, típico pub irlandês frequentado por gente do bairro. O lugar, além de muito bacana, tem o segurança mais simpático (o que é raro).



Fechando a subida da Oxford St, paramos no Paddington Inn e no The Light Brigade, este segundo já em Woollahra. Os dois são no estilo do Fringe Bar, moderninhos e mais bar/balada do que pub. Quando deixamos o Brigade, o céu já havia escurecido e o placar apontava cerca de 10.2 km percorridos, 11 pubs e 12 cervejas, num total de 5960 ml. Agora andaríamos uns 2 km até Bondi Junction para iniciarmos a conclusão da jornada.

Saideira
O primeiro pub que tentamos entrar foi o Cock n’ Bull, ponto de encontro de irlandeses, ingleses e milhares de estudantes internacionais que vivem e estudam nos arredores. Infelizmente, fomos barrados pois uma de nossas convivas estava sem documento com foto. Seguimos então para o Tea Gardens, outro popular pub irlandês onde tomamos a última cerveja antes da descida final.

A dúvida era: Old South Road ou Bondi Road? Optamos pela segunda e encaramos mais 3 km de caminhada com a idéia de passarmos primeiro no Beach Road, pub frequentado principalmente por quem mora em Bondi (incluindo dúzias de brasileiros). Mas conforme nos aproximamos, vimos que a tradicional procissão Beach Road/Bondi Hotel já havia começado, o que significa que o pub estava fechando e restara somente um destino.



Nossa fotógrafa

Passava das 23 horas quando brindamos na parte de fora do Bondi Hotel, de frente para o mar. Das 6 pessoas que iniciaram a jornada, 3 chegaram. A fotógrafa Fernanda Cury e o casal Tércio Raddatz e Jana Rodrigues só puderam nos acompanhar até o The Colombian. À mesa, eu e os heróicos Alexandre Monteiro e Mariana Peres, mais uma vez, quebramos a única regra do dia pedindo a tradicional saideira (afinal, ninguém é de ferro). Com a sensação de dever cumprido, passamos a régua na maratona de quase 12 horas, 14 pubs, 15 km e 16 cervejas, numa bagatela total de 7235 ml. Cheers!



domingo, 29 de março de 2009

Apagão de 1 bilhão



Ontem à noite, ficamos no escuro. Das 20h30 às 21h30 (horário local), até mesmo nossa gloriosa Harbour Bridge e a emblemática Opera House apagaram as luzes. Mas ao contrário do que aconteceu no Brasil há uns doze anos, quando tivemos aquele vergonhoso apagão, este foi por uma boa causa.



Participamos do Earth Hour, evento que começou aqui mesmo em Sydney, em 2007, com cerca de 2.2 milhões de pessoas apagando as luzes durante uma hora. Hoje, na terceira edição, a iniciativa se tornou um evento global com participação de 1 bilhão de pessoas em mais de 80 países (tipo Tang).

Para se ter uma idéia, ícones como a Torre Eiffel, o Vaticano, o estádio olímpico de Beijin e as pirâmides de Giza também ficaram no escuro. Não sei se no Brasil grandes monumentos como o Borba Gato – o nosso Colosso de Rodes – por exemplo, aderiu, mas deveriam. A idéia do Earth Hour não é economizar energia, mas conscientizar as pessoas sobre as mudanças climáticas do planeta.



A única coisa que me preocupa é o fato de Melbourne ter participado. Como todos sabem, daqui a pouco será aberta a temporada 2009 da Fórmula 1, com o Rubinho largando na segunda posição, e o Massa na sétima. Conhecendo as duas feras, a chance de um apagão brasileiro no circuito de Albert Park, é muito grande. Principalmente se estiverem na frente.







quarta-feira, 25 de março de 2009

Melhores amigos



Declaração de Hillary Clinton, secretária de estado dos Estados Unidos, após encontro com nosso primeiro-ministro Kevin Rudd, em Washington:

"Os Estados Unidos não têm amigo melhor no mundo do que a Austrália."

Sinceramente, não sei se este grau de amizade é bom ou ruim.

Na semana passada, dois soldados australianos foram mortos no Afeganistão, e agora a pouco, mais 3 soldados e 1 intérprete foram gravemente feridos pelo Taliban.

Ainda bem que tenho trazduzido para o português!

Assim Caminha a Humanidade

Washington, 24 de março de 2009

Kevin Rudd, nosso primeiro-ministro, e Barack Obama conversam. O encontro, segundo o presidente dos Estados Unidos, foi um "meeting of the minds".


Salvador, 24 de março de 2009

sexta-feira, 20 de março de 2009

Papelão jornalístico à vista

Este caso tem tudo para virar objeto de estudo em 10 entre 10 faculdades de jornalismo em todo o mundo. Por aqui, editor deve perder a cabeça - e talvez vá em cana - assim como jornal grande deve perder credibilidade e milhões de dólares. Tudo por conta de algumas fotos de uma parlamentar seminua que, na verdade, não era ela (entenderam? Tipo novela mexicana – ops, australiana).



Pauline Hanson, ex-vendedora de fish n´ chips, é uma polêmica parlamentar que está em campanha no estado de Queensland. Conhecida por suas posições radicais (sem trocadilho) em relação a questões como imigração (ela é contra) e aborígenes (ela odeia os silvícolas), Hanson volta e meia está metida em encrenca.

A última foi no final de semana passado, quando o jornal The Sunday Telegraph publicou supostas fotos dela seminua, tiradas no início da década de 1970 por um ex-namorado, quando Pauline tinha 19 anos. A repercussão foi imediata, não só aqui como na Nova Zelândia, na Inglaterra e em países asiáticos outrora atacados por ela como Singapura.



Porém, na quarta-feira, o jornal concorrente The Sydney Morning Herald divulgou o parecer de um renomado perito em anatomia que analisou as fotos publicadas e as fotos dela da época.

A boa notícia para o jornal é que as chapas não foram alteradas em Photoshop ou em algum outro programa de computador. Já a má notícia é o fato de não se tratar da mesma pessoa. Segundo Meiya Sutisno, o perito, o pescoço muito curto e o nariz estreito são as principais diferenças.

Polêmicas e processos à vista. A mídia agradece!

quarta-feira, 18 de março de 2009

ESTRATÉGIA



Domingo passado fez 11 anos que o grande Tim Maia gritou “ESTRATÉGIA” pela última vez. Para quem não sabe, toda vez que ele proferia a palavra, os músicos paravam no acorde que estavam, guardavam os instrumentos e puxavam o carro, pois Tim Maia havia pressentindo calote no ar. Não foram poucas as vezes que ele gritou “ESTRATÉGIA” e fugiu com a banda do palco.



Terça-feira passada, como havia dito em um dos posts anteriores, participei de um programa de rádio em homenagem ao homem. Raphael e Mau, dois chapas que apresentam o Vibez Brazil, ótimo programa de música brasileira na East Side FM (89.7), me convidaram para falar e levar algumas músicas. Topei na hora! Foi a primeira vez que estive em um programa de rádio, ao vivo, e em inglês.

A experiência foi fantástica e após uma hora e meia de muitos clássicos, algumas raridades e muita diversão, fechamos o programa da única maneira que podíamos (vejam o vídeo abaixo):



Viva Sebastião Rodrigues Maia, o gordinho mais simpático da Tijuca!