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domingo, 14 de setembro de 2008

Sou um The Rocker



Domingo passado só não foi perfeito porque a Nicole Kidman não apareceu, pois caso desse o ar da graça...

Quem mora em Sydney e nunca fez a dobradinha Lord Nelson / The Hero of Waterloo em The Rocks não vai para o céu. É sério (em tom de ameaça)!

The Rocks, para o homem branco ocidental, é o bairro mais antigo da Austrália. Habitado originalmente pelos aborígenes conhecidos como Cardigal, a partir de 1788 passou a ser dominado pelos primeiros europeus (leia-se prisioneiros ingleses) que desembarcaram por aqui.



As ruas seculares e as construções em pedra, mais a proximidade com a Harbour Bridge e a Baía de Sydney, criam uma atmosfera colonial com ares boêmios e interioranos à beira-mar que é apaixonante. Não por acaso sou um the rocker.



The Lord Nelson Brewery Hotel é um dos pubs/hotéis mais antigos da cidade. Fundado em 1836, ele não só serve uma das melhores cervejas de Sydney, como também a produz lá mesmo, artesanalmente. A Old Admiral é simplesmente sen-sa-cio-nal. É praticamente uma bomba escura com 6.1% de álcool, toques de caramelo e um fundo cítrico. Pra quem gosta de cerveja escura, é incrível.



De lá andamos uns dois quarteirões e entramos no The Hero of Waterloo, outro clássico e antigo pub, todo de pedra, que aos sábados e domingos oferece um serviço exclusivo: “alimento pra alma”. É verdade! No pequeno palco escondido no final do balcão, 4 músicos com idades que, somadas, têm bem mais do que a Austrália branca ocidental, simplesmente arrebentam no jazz.

Destaque para uma simpática senhora que canta muito, toca sax e trompete, e não tem menos de 78 anos. Gênia!!! O melhor foi ver, em um dos intervalos, um guitarrista mais jovem, que estava de passagem, dedilhar Californication do Red Hot e ela se interessar. Vai ter cabeça aberta assim lá na... Austrália.



Em uma das entradas, das cinco músicas, duas eram do Tom Jobim. Como ninguém da banda sabia que éramos brasileiros (não usávamos boné, regata e corrente de prata no pescoço), e pensando que era domingão e que estávamos em algum lugar próximo ao Oceano Pacífico - com no máximo 30 pessoas na casa - a conclusão foi uma só: Tom Jobim é, disparado, o cara!



No final, após interagir com o baterista (essa é pra você, Fafau) e ter uma das tardes de domingo mais e-p-e-t-a-c-u-l-a-r-e-s dos últimos anos, saímos com a alma lavada e devidamente alimentada com jazz da melhor qualidade.

Seguimos para mais alguns drinks que nos levaram, sem querer (e claro, sem convite), para a festa de encerramento da Bienal de Artes de Sydney. Por favor, não me perguntem como chegamos lá e nem como entramos, mas o fato é que fechamos a noite cercado por “sydneysiders” absolutamente “cool” - que na real não damos a mínima - tomando mais algumas cervejotas e apenas aguardando o que viria na quarta-feira: a grande festa dos 50 anos da Bossa Nova na Opera House. E dá-lhe mais Tom!

quarta-feira, 26 de março de 2008

Sábado de aleluia – Consegui!



Sábado pela manhã, um dia depois da Sexta-feira Santa, a popular Good Friday, consegui! Pela primeira vez, desde que cheguei na Austrália há 7 meses, 15 dias e, até aquele momento, 2 horas, pude permanecer os douze segundos de praxe sentindo no rosto a corrente de ar que entrava pela janela e saía pela porta (sim, meus amigos, pela porta). Sensação de vitória pascal e liberdade em estado bruto! Se tivesse trilha sonora, seria We Are the Champions, Glory Day, Born to be Wild ou o clássico Coelhinho da Páscoa que trazes pra Mim?.

A demora para realizar tamanho feito se deve à cultura australiana do mate (pronuncia-se “mêit” ou “máit” – dependendo de onde o cara é e de quantas cervejas ele bebeu). Aqui tudo é mate: Thanks, mate! Cheers, mate! Sorry, mate! G’day, mate! Daí passamos para schoolmate, workmate, até chegar na razão de todo o problema: flatmate.

Não sei o motivo, mas australiano não gosta de morar sozinho. Talvez por preguiça, talvez pelos aluguéis serem caros, talvez por medo do bicho-papão, mas o fato é que, à exceção dos casados (e não todos), o restante quando deixa a casa dos pais vai morar com os mates, ou seja, com os amigos ou simplesmente com pessoas que não conhecem mas que vão rachar uma casa, um apartamento ou um quarto (neste caso, roomate).

E, claro, isso se estende a todos os imigrantes solteiros e alcoholics overseas students – que é o meu caso. Desde que cheguei, no apartamento onde moro com a minha irmã e uma escocesa (sim, é tecnicamente um pub) já passaram três brasileiras, uma australiana e uma irlandesa (sim, já foi um pub, agora é só tecnicamente). Com isso, privacidade é algo que só existe quando fechamos a porta do quarto ou do banheiro, e, paciência para aguentar pessoas que a gente mal conhece e namorodo espaçoso de flatmate, é algo que exercitamos budicamente todos os dias.



Mas como era final de semana pascal, minha irmã viajou com o namorado para a Central Coast, e a escocesa embarcou para Darwin, onde o namorado foi morar com parte do exército local (sim, em tempos de presença australiana no Iraque, o campeão se alistou). Com isso, livre de flatemates, livre de namorado de flatmate e sabendo que ninguém entraria em casa ou sairia de algum dos quartos, pude, pela primeira vez desde que cheguei na Austrália há 7 meses, 15 dias e, até aquele momento, 2 horas, fazer xixi de porta aberta. Aleluia!