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terça-feira, 26 de maio de 2009

Vivid Sydney 2009



De hoje até 14 de junho, alguns cartões postais de Sydney como a Opera House e o Museum of Contemporary Art ganharão luzes transadas, musiquinhas bacanas e outras modernices politicamente corretas, incluindo aí luzes que consomem pouca energia. Tudo faz parte do Vivid Sydney – A Festival of Music, Light & Ideas (é a cara da cidade!).

Sinceramente, não sei exatamente o que é, como vai ser e pra onde vai, mas o responsável pela concepção artística é o renomado músico e produtor britânico Brian Eno (ouçam o álbum Here Comes The Warm Jets), que entre outros trabalhos já produziu ótimos álbuns dos grandes David Bowie e Talking Heads. Ou seja, no fundo vai ser legal!


Museum of Contemporary Art

Mesmo assim, se vocês ainda não se animaram para sair de casa, a PablitonaOzzylandTour preparou um roteirinho especial, o Vivid Sydney The Rocks – A Festival of Jazz, Fun & Lots of Beers.

Primeiro, desçam na Circular Quay e vão até a Opera House. Vejam, admiram e depois sigam para o lado oposto. Antes de chegarem na Harbour Bridge, vejam e admiram o Museum of Contemporary Art, façam o mesmo nas “instalações” (detesto este termo usado em arte) que estão ao lado e subam a escadinha da felicidade (também conhecida como degraus da boemia), que vai para a George Street. Pronto! Bem-vindos à The Rocks, o mais antigo e melhor bairro da Austrália.


Argyle Cut

Na George, entrem à direita, passem pelo Orient Hotel – um perigo – e entrem à esquerda na Argyle. Quando passarem pelo Argyle Cut, vejam e admiram, pois também estará iluminado. Continuem subindo a rua, entrem à direita e depois novamente à direita. BINGO!

Bem-vindos ao The Hero of Waterloo – o primeiro e melhor pub da Austrália. Lá, esqueçam a Opera House e o Museum of Contemporary Art, e peçam uma cerveja para o Steve. Se for sábado ou domingo, das 14h às 18h, esqueçam também o Brian Eno, pois estará rolando jazz da melhor qualidade com a banda Old Time Jazz, dos meus chapas Valda Marshall e Brad “Fafau” Madigan. Aí é só relaxar, beber e se divertir!



Para maiores informações sobre a verdadeira: http://vividsydney.com/

segunda-feira, 30 de março de 2009

The Rocks to Bondi – A Maratona dos Pubs



Matéria publicada na edição 3 (fev/mar 09) da Radar Magazine, em Sydney e Gold Coast.

Existem várias maneiras de se conhecer uma cidade. Entre elas, uma das mais divertidas é percorrer os principais bairros e avenidas à pé, parando em alguns dos pubs mais emblemáticos de cada área. Em Sydney, uma epopéia dessas deve começar obrigatoriamente em The Rocks, o bairro mais antigo da cidade, e terminar em Bondi Beach, a praia mais popular e badalada da Austrália.



Apesar da distância – aproximadamente 15 km – a missão não exige muitos preparativos. Apenas uma idéia do itinerário, tênis confortáveis, amigos que não bebem leite, alguns dólares na carteira e um domingo ensolarado. Nem mesmo garrafinha d’água é necessário, uma vez que em New South Wales os pubs são obrigados a fornecer água aos clientes.

Para não queimar a maratona logo na largada, adotamos uma única regra: beber somente uma cerveja por pub. Caso contrário, não sairíamos de The Rocks.

O mais antigo
Sim! The Rocks é o lugar. É lá que estão, não só os pubs mais tradicionais e agradáveis, como a história da cidade, o início da colonização na Austrália e a polêmica mais importante desde a chegada do Captain Cook: qual é o pub mais antigo de Sydney (talvez da Austrália)?



A resposta, a princípio, é encontrada no Fortune of War, o pub em que propositalmente fizemos o primeiro brinde às 11h37 da manhã. Fortune of War e Lord Nelson brigam há mais de 100 anos pelo posto, tendo o Fortune vencido a última batalha ao provar que sua licença para vender bebida alcoólica é a mais antiga, datada de 1828. Mas se no quesito “idade” ele leva a melhor, na categoria “sentar e beber” o Lord está anos-luz à frente.



Com uma pequena linha de produção dentro do pub, eles fabricam a própria cerveja. E que cerveja! A segunda gelada do dia foi a Old Admiral, um canhão escuro com 6.1% de álcool. O lugar, construído em 1836 com pedras das redondezas, preserva a atmosfera colonial do início do século XIX, período em que The Rocks cresceu rapidamente ao lado da principal baía de acesso a Sydney, tornando-se o epicentro da boemia com tavernas, pubs, bordéis, gangues e muita confusão.



Um pouco desta época veio à tona na terceira cerveja, tomada no The Hero of Waterloo, pub que guarda muita história no subsolo. Basta uma descida para encontrar túneis por onde era contrabandeado rum, e correntes usadas para amarrar bêbados. Quanto à secular polêmica, reza a lenda que este sim é o pub mais antigo, uma vez que foi aberto em 1801 e até hoje está no mesmo lugar, só não sendo reconhecido porque nos primeiros 40 anos vendia bebida sem licença.




O escolhido pra fechar The Rocks foi o Australian Hotel, pub grande, de esquina, com mesinhas na calçada e notório pela enorme variedade de cervejas. Experimentei a Sebastian Reserve, ótima escura produzida pela Matilda Bay Brewing, empresa do oeste australiano.

Por uma questão de logística, seguimos pela George St, a rua mais antiga da Austrália. Establishment e Forbes, dois pubs que faziam parte dos planos, estavam fechados, o que ajudou a evitar os efeitos de, até então, 1845 ml de cerveja. Localizados no centro financeiro da cidade, próximos de Martin Place, eles lotam nas happy hours de segunda a sexta.



Seguindo pela George, paramos no Three Wise Monkeys, pub onde rola som ao vivo todos os dias. Como o relógio se aproximava das três, decretamos hora do almoço. Em vez do tradicional steak com mash potato, clássico dos pubs, fomos de lamb shank e beef pie. Bons, mas nada especiais. Serviram mais para manter o corpo em condições de prosseguir, e para quebrarmos a única regra do dia sapecando duas cervejas enquanto esperávamos os pratos.



Do outro lado da George St, um quarteirão a frente, fizemos a parada mais divertida: Scruffy Murphy’s, irish pub onde centenas de irlandeses se acotovelavam com seus tênis brancos para acompanhar uma decisão de boxe. Por motivos óbvio, fomos de Guiness, até então a cerveja mais barata: $ 5 a pint (copo de 570 ml). As outras, além de mais caras, eram schooner (475 ml) – exceto a Old Admiral.



Subindo
A idéia original era terminar a tour no mesmo dia e, de preferência, vivos. Para isso, decidimos otimizar o percurso seguindo para Bondi via Oxford St, eliminando pubs como Crown Hotel, em Surry Hills, e Coogee Bay e Palace Hotel, em Coogee. A essa altura o placar marcava cerca de 5.2 km percorridos, 6 pubs e 7 cervejas, num total de 3265 ml.


A subida começou em Darlinghurst, bairro bastante colorido. Na verdade, um arco-íris de cores, já que é um dos principais redutos da grande população GLS de Sydney. A diversidade étnica, cultural e sexual é uma das marcas da cidade, o que nos levou ao The Colombian, um dos mais famosos. Duas coisas nos chamaram a atenção: o preço da cerveja – apenas 4.70 – a mais barata de toda a jornada; e o isqueiro temático do barman, que trazia a foto de um “princeso” nu.



Continuamos na Oxford St, agora em Paddington, uma das áreas residenciais mais antigas da Austrália. O bairro possui forte herança colonial, mas assume ares modernos e cosmopolita nas lojas de grife e restaurantes estrelados. Exemplo deste contraste está nos pubs que visitamos. O The 3 Weeds, que eu nunca ouvira falar, foi batizado pelos ex-prisioneiros ingleses e irlandeses que o frequentavam no final do século XIX. Experimentei uma cerveja à base de mel chamada Beez Neez que, por pouco, não a incorporei no meu café da manhã diário (acompanhada de iogurte e cereais deve ser uma delícia).



Já o Fringe Bar, como o próprio nome diz, está mais pra bar do que pra pub, tanto que foi o único a cobrar entrada: $ 8 com direito a uma cerveja e banda ao vivo (que tocava para os pais, irmãos e amigos bem próximos). Na travessa de cima, Glenmore Rd, fomos ao Durty Nelly's, típico pub irlandês frequentado por gente do bairro. O lugar, além de muito bacana, tem o segurança mais simpático (o que é raro).



Fechando a subida da Oxford St, paramos no Paddington Inn e no The Light Brigade, este segundo já em Woollahra. Os dois são no estilo do Fringe Bar, moderninhos e mais bar/balada do que pub. Quando deixamos o Brigade, o céu já havia escurecido e o placar apontava cerca de 10.2 km percorridos, 11 pubs e 12 cervejas, num total de 5960 ml. Agora andaríamos uns 2 km até Bondi Junction para iniciarmos a conclusão da jornada.

Saideira
O primeiro pub que tentamos entrar foi o Cock n’ Bull, ponto de encontro de irlandeses, ingleses e milhares de estudantes internacionais que vivem e estudam nos arredores. Infelizmente, fomos barrados pois uma de nossas convivas estava sem documento com foto. Seguimos então para o Tea Gardens, outro popular pub irlandês onde tomamos a última cerveja antes da descida final.

A dúvida era: Old South Road ou Bondi Road? Optamos pela segunda e encaramos mais 3 km de caminhada com a idéia de passarmos primeiro no Beach Road, pub frequentado principalmente por quem mora em Bondi (incluindo dúzias de brasileiros). Mas conforme nos aproximamos, vimos que a tradicional procissão Beach Road/Bondi Hotel já havia começado, o que significa que o pub estava fechando e restara somente um destino.



Nossa fotógrafa

Passava das 23 horas quando brindamos na parte de fora do Bondi Hotel, de frente para o mar. Das 6 pessoas que iniciaram a jornada, 3 chegaram. A fotógrafa Fernanda Cury e o casal Tércio Raddatz e Jana Rodrigues só puderam nos acompanhar até o The Colombian. À mesa, eu e os heróicos Alexandre Monteiro e Mariana Peres, mais uma vez, quebramos a única regra do dia pedindo a tradicional saideira (afinal, ninguém é de ferro). Com a sensação de dever cumprido, passamos a régua na maratona de quase 12 horas, 14 pubs, 15 km e 16 cervejas, numa bagatela total de 7235 ml. Cheers!



quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

32 no The Hero - Viva The Rocks!



Para comemorar 32 anos a passeio, escolhi o meu pub preferido de Sydney, The Hero of Waterloo, no dia em que toca a minha banda preferida da Oceania, a Old Time Jazz (AC/DC vem em seguida). Tudo, claro, em The Rocks, o bairro número 1 da Austrália.

Em um dos posts de setembro, além de afirmar que sou um the rocker, também disse que o Lord Nelson é o pub mais antigo da cidade (talvez do país). Bobagem! Oficialmente, ele é o segundo, o primeiro é o Fortune of War, que provou ter a licença de funcionamento mais antiga, datada de 1841. Porém, ao visitarmos o The Hero of Waterloo há algumas semanas para fins jornalísticos (texto na íntegra em janeiro), descobrimos que este sim é o mais antigo, pois foi fundado em 1801 e, durante os primeiros 40 anos, vendia bebida sem licença. Gênios!



Mas descobrimos mais! Com ajuda do meu chapa Steve, o melhor barman de New South Wales, descemos para o subsolo e vimos túneis que ligam o pub à Baía de Sydney (por lá que o rum era contrabandeado). Também vimos correntes em que os bêbados ficavam presos e, quando não eram levados pela polícia, eram jogados, ainda de porre, nos navios. Ao acordarem no meio do nada, tinham duas opções: se juntarem à tripulação e trabalhar, ou serem jogados aos tubarões (acreditem, as águas daqui fazem o litoral do Recife parecer aquário de criancinha).







Infelizmente, os tempos são outros, mas o pub ainda guarda muita história. A principal delas é esta simpatissísima senhora, Valda Marshall, 81 anos, cantora, saxofonista e trompetista da Old Time Jazz. Até os 19, 20 anos, quando se casou, música nunca fizera parte da vida dela. Mas o matrimônio não deu certo, a dor foi imensa e a saída para o sofrimento foi a música. Valda começou a aprender aos 25 anos e está até hoje, fazendo uma sonzeira incrível, tomando sua tacinha de vinho nos intervalos e lecionando diariamente a matéria “Envelhecendo com Arte - Avançado”.



Ela é um dos últimos elos de um passado boêmio e musical que infelizmente já não existe mais por aqui. Primeiro porque na Austrália não se passa mais a noite bebendo em bares e pubs – só em clubs de música eletrônica, o que é um inferno – segundo porque todas as pessoas desta época já morreram ou não estão mais na ativa.

Mas, claro, um pub e uma banda como esta sempre atraem figuras inusitadas, daquelas de cinema, e no último domingo não foi diferente. Eles eram uma espécie de Gordo & Magro que faziam um pouco de tudo: cantavam, dançavam, não tomavam leite e tiravam sarro um do outro. Em resumo, roubaram a festa. Como de praxe, interagimos com as peças, viramos amigos de pub e descobrimos que um deles (o mais magrinho) é um escocês pai de um australiano tricampeão mundial de boxe. Só isso!





Fechamos a festa com eu falando para a nobre senhora que, assim que começar a escrever em inglês com propriedade, farei a biografia dela, enquanto o escocês passava de mesa em mesa oferecendo wedges com sour cream e sweet chilli sauce para todo mundo. Quem é louco de recusar um petisco oferecido pelo pai de um tricampeão mundial de boxe?



Isso é The Rocks, o bairro mais antigo da Austrália, lugar onde, por décadas, bêbados, prostitutas, ex-prisioneiros britânicos, artistas, gangues e piratas conviviam da maneira mais desarmônica possível, ou seja, mais divertida. Portanto, nada como The Rocks para celebrar 32 anos no mundo a passeio.



Valeu, galera, por terem ido e pelo canhão!



Lecão, valeu por ter escolhido o canhão (tremendo vinho e o senhor não vai tomar)!


domingo, 14 de setembro de 2008

Sou um The Rocker



Domingo passado só não foi perfeito porque a Nicole Kidman não apareceu, pois caso desse o ar da graça...

Quem mora em Sydney e nunca fez a dobradinha Lord Nelson / The Hero of Waterloo em The Rocks não vai para o céu. É sério (em tom de ameaça)!

The Rocks, para o homem branco ocidental, é o bairro mais antigo da Austrália. Habitado originalmente pelos aborígenes conhecidos como Cardigal, a partir de 1788 passou a ser dominado pelos primeiros europeus (leia-se prisioneiros ingleses) que desembarcaram por aqui.



As ruas seculares e as construções em pedra, mais a proximidade com a Harbour Bridge e a Baía de Sydney, criam uma atmosfera colonial com ares boêmios e interioranos à beira-mar que é apaixonante. Não por acaso sou um the rocker.



The Lord Nelson Brewery Hotel é um dos pubs/hotéis mais antigos da cidade. Fundado em 1836, ele não só serve uma das melhores cervejas de Sydney, como também a produz lá mesmo, artesanalmente. A Old Admiral é simplesmente sen-sa-cio-nal. É praticamente uma bomba escura com 6.1% de álcool, toques de caramelo e um fundo cítrico. Pra quem gosta de cerveja escura, é incrível.



De lá andamos uns dois quarteirões e entramos no The Hero of Waterloo, outro clássico e antigo pub, todo de pedra, que aos sábados e domingos oferece um serviço exclusivo: “alimento pra alma”. É verdade! No pequeno palco escondido no final do balcão, 4 músicos com idades que, somadas, têm bem mais do que a Austrália branca ocidental, simplesmente arrebentam no jazz.

Destaque para uma simpática senhora que canta muito, toca sax e trompete, e não tem menos de 78 anos. Gênia!!! O melhor foi ver, em um dos intervalos, um guitarrista mais jovem, que estava de passagem, dedilhar Californication do Red Hot e ela se interessar. Vai ter cabeça aberta assim lá na... Austrália.



Em uma das entradas, das cinco músicas, duas eram do Tom Jobim. Como ninguém da banda sabia que éramos brasileiros (não usávamos boné, regata e corrente de prata no pescoço), e pensando que era domingão e que estávamos em algum lugar próximo ao Oceano Pacífico - com no máximo 30 pessoas na casa - a conclusão foi uma só: Tom Jobim é, disparado, o cara!



No final, após interagir com o baterista (essa é pra você, Fafau) e ter uma das tardes de domingo mais e-p-e-t-a-c-u-l-a-r-e-s dos últimos anos, saímos com a alma lavada e devidamente alimentada com jazz da melhor qualidade.

Seguimos para mais alguns drinks que nos levaram, sem querer (e claro, sem convite), para a festa de encerramento da Bienal de Artes de Sydney. Por favor, não me perguntem como chegamos lá e nem como entramos, mas o fato é que fechamos a noite cercado por “sydneysiders” absolutamente “cool” - que na real não damos a mínima - tomando mais algumas cervejotas e apenas aguardando o que viria na quarta-feira: a grande festa dos 50 anos da Bossa Nova na Opera House. E dá-lhe mais Tom!