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terça-feira, 29 de junho de 2010

Rápidos updates

Rafael Aiolfi acaba de me ligar dizendo que sexta-feira estamos de volta. Isso mesmo! Essa manhã não transmitimos Brasil e Chile uma vez que a Radio SBS priorizou a comunidade espânica, que é muito maior, mas sexta, a partir das 23h30, estaremos de volta na SBS 2 com Brasil x Holanda. É ganhar, ganhar ou, no máximo, empatar e depois ganhar nos pênaltis. Mais detalhes na sexta.

Igor, Fernando e Balu já confirmaram: a festa de Brasil x Holanda será novamete no Coogee Bay Hotel, no Selina's, a partir das 20h. Portanto, corra até a Ozzy Study Brazil para garantir o seu ingresso, pois na semana passada foi sold out.

Amanhã, quarta-feira, a partir das 20h, tem Abuka Trio no Robin Hood Hotel. Imperdível! Você encontra todas as informações no site da Radar, que também traz texto meu sobre Brasil 3 x 0 Chile.

Por último, mas não menos importante, estou indo neste instante fazer a Vibez Brazil. Hoje o programa está massa. Além de informações sobre Copa do Mundo, festa no Coogee Bay e Abuka Trio, tô levando 3 sonzeiras, incluindo Dadi, o Primo na época de A Cor do Som; homenagem aos bandeirinhas de ALE x ING e ARG x MEX; e, claro, a melhor banda brasileira de todos os tempos tocando um clássico para Diego Maradona, Marcelo Bielsa e outros treinadores com cojones! Estaremos no ar das 21h30 às 23h (8h30 às 10h no Brasil) e, para ouvir, clique aqui ou sintonize em 89.7 FM (Sydney).

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Queda livre - de seleção a primeiro-ministro

Não só a Austrália foi derrubada essa manhã na Copa do Mundo, como também Kevin Rudd, o meu até então primeiro-ministro. Uma pena! Na verdade, duas! Leiam em português no site da Radar Magazine.

E não esqueçam que hoje à noite tem The Pitanga Project, em Bondi, por uma ótima causa. Mais informações no post anterior.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Fabuloso desencanta

Clique aqui para ler texto sobre Brasil 3 x 1 Costa do Marfim que publiquei no site da Radar Magazine.

E, Fernando Jatobá, parabéns, champ! O senhor acertou o resultado em cheio no bolão da SBS e faturou este belíssimo óculos comprado pelo nosso âncora, Rafael Aiolfi, em alguma loja de grife de Porto Alegre.



I-RA-DO!!!

terça-feira, 15 de junho de 2010

Coordenadas verde-amarela (das ondas do rádio à Darling Harbour)



Enquanto nosso intrépido ditador Kim Jong Il se prepara para medir forças com mais uma nação capitalista, por aqui entro nos preparativos para a jornada dupla de hoje à noite, que começa às 21h e só termina às 7h da manhã. Tudo, claro, em nome do World Game, como o futebol é chamado por essas bandas.

Antes de mais nada, para que os amigos parem de bombardear o meu email com piadinhas sobre a humilhante sapecada que a seleção australiana tomou da Alemanha, segue texto que escrevi na Radar Magazine com alguns sinais que antecederam a goleada.



Bem, mas a minha jornada particular começa às 21h30 na 89.7 Eastside Jazz FM, onde participarei do Vibez Brazil de hoje. No programa semanal de música brasileira, apresentado esta noite pelo Mau, comentarei sobre a Copa do Mundo, trazendo, entre outros assuntos, o jogo de amanhã, a situação de alguns grupos, o vexame dos Socceroos e Diego Armando Maradona. No Brasil, o programa vai ao ar das 8h30 às 10h30 da manhã desta terça e vocês podem ouvir por aqui.

De lá, conforme falei em posts anteriores, sigo para a SBS, onde vou me juntar à equipe da rádio que trabalhará em Brasil x Coreia do Norte. O negócio é o seguinte: a partir das 4h da matina, o time liderado pela Beatriz Wagner vai a campo com Rafael Aiolfi como âncora, Raphael Brasil como repórter em Darling Harbour (Rapha, leva casaco) e Milton Rocha e yo como comentaristas.



Conversaremos até às 4h30, quando entra a transmissão da Rádio Bandeirantes, provavelmente na voz do grande José "eeee queeeee golaaaaaaaço" Silvério. Uma honra! Voltemos no intervalo e ao término da partida, fechando a transmissão.

Para quem está por aqui, poderemos ser ouvidos na Rádio SBS 2, sintonizada em 97.7 FM Sydney, 93.1FM Melbourne e 105.5FM Canberra. Para os amigos e familiares do Brasil, poderemos ser ouvidos ao vivo via internet a partir das 15h da terça-feira (horário de Brasília) aqui (ao clicar, aparecerá um link direto para a transmissão).

Portanto, a dica é: liguem a TV, abaixem o som e vão de SBS/Rádio Bandeirantes, com Vibez de esquenta!



Já para os fanfarrões, duas mesopotâmicas festas acontecerão em Darling Harbour. A primeira é a 100% brasileira organizada pela Fibra/Baluart que acontecerá na Home, a partir das 23h, com samba ao vivo, batucada e dj's. São esperadas mais de 1500 pessoas e o ingresso custa somente $10 na Ozzy Study Brazil.

Ou então, há a opção de ficar ali mesmo em Darling Harbour no International Fifa Fan Fest, evento que está bombando, tem 4 telões gigantes (sendo 3 sobre a água da baía) e que na última segunda juntou 20 mil pessoas. A vantagem: é grátis. A desvantagem: está frio pra caramba.

De qualquer maneira, vejam, escutem, aproveitem e que façamos uma boa estreia!


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terça-feira, 25 de maio de 2010

Novo site da Radar - No ar!

Já está no ar o novo site da Radar Magazine, a revista português/inglês (ou bilíngue como dizem os mais eruditos) para qual escrevo aqui na Austrália.

Se você está no Brasil e não a conhece, a revista aborda diversos aspectos da nossa cultura, não apenas para os brasileiros que vivem aqui no terceito continente à sua escolha, como também para os gringos entusiastas do nosso país. Pra isso, desde o início a Radar tenta fugir do esteriótipo carnaval, samba, bunda e futebol (claro, volta e meia tem carnaval, samba, bunda e futebol, mas o negócio é mostrar que temos muito mais além disso).



No site, vocês encontrarão desde a primeira edição, lançada em agosto de 2008, até a última, que traz na capa ninguém menos do que o jaqueta 10 da seleção brasileira Kaká, o homem que não pode ter desinteria nas próximas 6 semanas.

Aliás, a Radar sempre tem na capa uma personalidade brasileira. Da primeira a décima, tivemos Vanessa da Mata, Falcão (O Rappa), Ivete Sangalo, Marcelo D2, Seu Jorge, Claudia Leitte, Leandra Leal, Zico, Jorge Ben Jor e Kaká. Na próxima será... (ops)



O site reúne muita informação sobre a Austrália, o conteúdo na íntegra das últimas duas edições, os principais textos das edições anteriores, além de notícias sobre o que de melhor rola por aqui, assuntos relacionados aos brasileiros, fotos das baladas e muito mais.

O site é http://www.radarmagazine.com.au/.

A Radar também está no Facebook e no Twitter. Informe-se e divirta-se!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sábado tem banho quente!

Agora é oficial: após quase 7 meses desde que partiu, em 18 de outubro de 2009, Jessica Watson vai tomar seu primeiro banho quente.



Muita coisa pode acontecer, é verdade, afinal estamos falando de uma adolescente de 16 anos navegando sozinha no mar, mas para quem já atravessou praticamente todos os meridianos do globo, a previsão de que chegará nas águas da Sydney Harbour neste sábado, por volta das 11h30, é totalmente viável.

As "otoridades", que esperam cerca de 50 mil pessoas, estão tratando a chegada como class one, ou seja, evento no mesmo nível do Ano Novo e Mardi Grass - porém sem tanta boiolagem. Isso significa que ruas serão fechadas e trânsito desvaviado, especialmente na City, próximo à Circular Quay, e nas baías onde ela poderá ser vista como Double Bay, Mosman e Watsons Bay. Portanto, programe-se caso tenha que se deslocar.

Eu, entusiasta da Amyr Klink de saias, estarei lá. Tentarei, se possível, tirar algumas chapas para o blog, e depois celebrarei o feito durante toda a tarde em algum pub com temática marítima, como o Lord Nelson ou o Captain Cook. Talvez até faça uma tour em homenagem, a Jess Pub Tour. Se ela navegou around the world, por que não posso fazer o mesmo around the pubs? Aliás, já fiz no final de 2008 para a Radar Magazine, que ficou conhecida como The Rocks to Bondi - A Maratona dos Pubs. Estão todos convidados.

Que Jess chegue com total segurança e protegida por Netuno!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Novas Radar e Student Planet Magazine

Já está nas bancas (ops, nas ruas) a edição 10 da Radar Magazine, que traz na capa ninguém menos do que o Kaká, o cara que vai ser decisivo para as pretensões do Brasil na Copa. Se ele estiver bem, as chances são grandes. Mas se estiver mal, dificilmente a coisa vai, já que é o principal articulador das jogadas de ataque. Para quem está na Austrália, ensino a fazer uma feijoada simples e fácil, que ficou uma delícia. Em breve colocarei a matéria do blog.



Quem também está com revista no mercado é a Ozzy Study Brazil. E eu fiz os textos. Destaques para a entrevista com os músicos Fernando Aragones (Dubby, Toca Torge) e Ziggy (and Wild Drums), e para o guia de surfe na costa leste australiana que traz um pouco da história do esporte no país, além das melhores ondas de Bells Beach a Nossa Heads (também no blog em embreve). Estão bem legais!

Foto de Guilherme Jorge


Ambas as revistas podem ser retiradas GRATUITAMENTE nas próprias agências da Ozzy Study em Sydney-City, Sydney-Bondi, Melbourne e Gold Coast. E a Student Planet também é encontrada em todas as agências da Ozzy no Brasil (São Paulo, Campinas, Brasília, Floripa, Porto Alegre e Curitiba).

É isso aí, todo mundo lendo!!!

Foto de Guilherme Jorge

segunda-feira, 29 de março de 2010

Melbourne: parte III - O Jantar (e O Cara)



Os habitantes de New South Wales referem-se aos de Victoria como mexicanos, por estarem ao sul da fronteira. Piadinhas à parte (e essa é boa), a rixa entre os dois estados, principalmente entre as duas capitais, é imensa. E antiga! Uma espécie de Rio-São Paulo down under.

No ano passado, por exemplo, sabendo que o contrato do Australian Open terminaria em 2016, Sydney começou a trabalhar nos bastidores. Melbourne foi mais rápida e prorrogou até dois mil e trinta e pouco. Esse final de semana, New South Wales lançou campanha para tirar a Fórmula 1 de Melbourne e trazer para ser disputada à noite em Sydney. Eles não gostaram! E assim vai ser para sempre.

Mas independentemente das brigas, a certeza é uma só: Melbourne é, de fato, a capital esportiva e gastronômica da Austrália. E não se fala mais nisso!



A razão principal da nossa viagem foi o jantar que aconteceu na segunda-feira passada, 22 de março, no Jacques Reymond, eleito em 2009 o segundo melhor de Victoria pela Australian Gourmet Traveller.

O evento fazia parte da Melbourne Food and Wine Festival, e o convidado mais do que especial da noite era o grande Alex Atala. Grande não só por tudo o que tem feito pela gastronomia brasileira e conquistado, mas pelo que cozinhou (sim, o homem colocou a mão na massa) e pela simplicidade demonstrada. É "O Cara"!



Jacques Reymond é um chef francês radicado há anos na Austrália que, ao lado da mulher e da filha, a sommelier da casa, toca o restaurante. O restaurante, aliás, fica numa casa grande, um casarão aparentemente residencial, se não fosse por uma discreta placa com o nome. Do portão, semi-aberto, passa-se por um belo jardim na frente que termina na varanda. Lá dentro, distribuidos pelas salas, éramos 72 clientes reunidos por uma única razão: Alex Atala.



Fui com dois amigos chefs, um que trabalha no Mad Cow, em Sydney, e outro que é formado, já trabalhou na área, mas não está mais. Sabíamos que seriam 8 pratos e através da entrevista que fiz com o chef para a Radar Magazine, tínhamos uma idéia do que ele apresentaria, mas eu estava realmente curioso para saber como seria a harmonização dos vinhos australianos com os sabores brasileiros. Eles acertaram em cheio!

Como de costume, o jantar foi aberto com uma champa: NV Moet & Chandon Brut Imperial Magnums, que além de dar às boas-vindas, acompanharia as duas primeiras entradas: Sea scallops in coconut milk and aromatic pepper with crunchy mango e Young zucchini and langoustine salad with Brazilian herbs. Ambas perfeitos cartões de visita do que seria o jantar: influência total da cozinha contemporânea espanhola (haja espuma), base francesa e ingredientes brasileiros com toques asiáticos.



Na sequência foi servido Oyster in brioche crust with marinated tapioca com um 2009 Howard Park Riesling, Great Southern (WA). Eu gostaria muito de ter provado a Champagne com essa ostra por conta do sabor do brioche, que é encontrado na champa. Mas, claro, a minha taça já estava vazia.

O quarto prato foi o que mais me chamou a atenção: Liquid coconut risotto with dende oil, mint and nori. Isso mesmo, risoto líquido! A apresentação estava fantástica, parecia uma sopa branca, rasa, sobre duas outras sopas, uma verde quase fosforescente (menta) e a outra laranja avermelhada do dendê. Comia-se de colher, claro, e apesar da consistência líquida, ao fechar os olhos o sabor era 100% de risoto. Fantástico!

Para tomar, 2009 Toolangi "Jacques Reymond Selection" Chardonnay, Yarra Valley Magnum (VIC). Como o próprio nome diz, é uma seleção do próprio restaurante conduzida pela filha do homem (que aliás, estava lá jantando e é uma gata - o melhor "partido" de Melbourne - como diria a minha vó, já que é bonita, sabe tudo de vinho e é herdeira de um dos melhores restaurantes do país).



O Snapper with black curry, snow peas and lemon grass sauce foi uma explosão de sabores e mais espumas. A essa hora nós três já havíamos ido ao banheiro para passar perto da cozinha e ver o homem trabalhando. Quando passei, ele estava debruçado na bancada com todos os outros cozinheiros.

O vinho servido foi o 2009 Region 13 Pinot Noir Bellvale Vineyard, Gippsland (VIC), tremendo Pinot de uma região que até aquela noite eu nunca ouvira falar e tem uma história interessante. Lembram dos incêndios que aconteceram em Victoria em fevereiro do ano passado? Então, esse produtor perdeu 95% da colheita daquele ano e o vinho foi produzido com parte dos 5% que sobreviveram. O Pinot acabara de chegar ao restaurante, está ainda bem fechado e possui um sabor esfumaçado que nada tem a ver com os incêndios.

O último dos pratos prncipais foi um Baby pork ribs with cassava fenomenal. A cassava, para quem não sabe, é a nossa mandioca. Ela foi feita palha, cortada bem fininha e crocante, simplesmente e-p-e-t-a-c-u-l-a-r. E o vinho, um 1997 Plantagenet Shiraz, Mount Baker (WA), foi disparado o mais sério da noite. Canhãozaço no melhor estilo de Shiraz que a Austrália produz!



As sobremesas foram Passionfruit sorbet with priprioca e Banana, lemon and priprioca ravioli servidas com um 2009 Delatite "Catherine" Gewurztraminer, Mansfield (VIC). Se você não faz idéia do que é uma priprioca, não se preocupe. Nós também não fazíamos e, ao perguntarmos para os garçons, eles demonstraram grande dificuldade para explicar. Como jamais voltaríamos para Sydney sem saber que diabo é a tal da priprioca, o jeito foi perguntar para o homem.

De brasileiro no restaurante, só havia nós três, um casal, o chef e provavelmente um assistente que veio com ele. O resto era tudo gringo. Fanfarrões, desde o começo ficamos amigo de todo mundo, em especial do maitre, da sommelier (não a filha) e dos garçons que explicavam cada prato (a brigada, por sinal, afinadíssima e muito gente fina, não tinha nada de arrogante ou o que quer que seja, como acontece em alguns restaurantes de alta gastronomia). Ou seja, o chef já sabia da nossa existência. E eu, como havia o entrevistado, estava com um exemplar da revista para entregá-lo.



No final do jantar, o chef acompanhado do outro chef, o dono da casa, passou em algumas mesas para cumprimentar (na verdade, receber os cumprimentos). Visivelmente cansado, mas sorridente e muito atencioso, de calça jeans e tênis comum, Atala veio com Jacques Reymond até a nossa mesa e, para a nossa surpresa, pudemos falar em português, já que o francês também falava.



Radar Magazine na mão, Atala explicou que a tal da priprioca é uma raiz que ele encontrou na Amazônia juntamente com uma empresa que trabalha em parceria. Como o assunto era pesquisa de ingredientes, falamos sobre o Cerrado, os índios da região e até identificamos alguns conhecidos em comum. E para quem não acredita que o mundo é minúsculo, essas pessoas com quem ele trabalhava não só foram citadas no meu livro, como parte do dinheiro arrecadado em um dos projetos foi doado para a aldeia Wederã, a mesma que fiquei e me adotou quando estive no Mato Grosso, resultando no "Meu Avô Aúwê". Ou seja, o homem, conhecido por ser ex-punk, também é xavante. É O Cara!!!



PS: detesto junkie food, não suporto a cara do Ronald Mcdonald (o palhaço, não o filho do Fenômeno), estou sempre cornetando essas lanchonetes, mas o hotel que ficamos era ao lado de um 24 horas. E bebendo em escala industrial, no domingo, em plena Melbourne Food and Wine Festival, entrei para o Guinness indo 3 vezes ao Mc no mesmo dia, a primeira às 11 da manhã chegando da noite anterior, depois por volta das 19h antes de descobrir um dos melhores bares de música ao vivo de St. Kilda e a terceira após ter descoberto um dos melhores bares de música ao vivo de St. Kilda. Claro, inconformados, os palhaços registraram o momento vergonhoso.

Foto de Alexandre Rubial "Burguer King" Monteiro

sexta-feira, 19 de março de 2010

Exclusiva com Alex Atala



Daqui a algumas horas sigo pra Melbourne, onde desde 12 de março está rolando o Melbourne Food and Wine Festival. Coincidentemente, no sábado à noite, teremos a final da A-League, o campeonato nacional de futebol, com o nosso glorioso Sydney FC enfrentando o atual campeão Melbourne Victory. Vai ser difícil, mas estaremos no estádio pra torcer (e beber, claro, em caso de vitória, derrota, empate, WO...). Prometo texto e fotos no blog assim que der.



Bem, mas o objetivo principal da viagem não é o futebol, e sim o jantar que o grande Alex Atala fará na segunda-feira, no Jacques Reymond, segundo melhor restaurante de Victoria de acordo com a edição 2009 do Australian Gourmet Traveller.

Pouco antes dele vir, entrevistei o chef para a edição 9 da Radar Magazine, que já está circulando na Austrália. Segue a entrevista como foi publicada, acrescida de duas perguntas extras que não couberam.

O chef vem aí

O maior nome da gastronomia brasileira vem à Austrália para cozinhar, comer e realizar alguns sonhos

Alex Atala, o chef paulistano que colocou o Brasil definitivamente no circuito da alta gastronomia mundial, desembarca na Austrália para participar do Melbourne Food and Wine Festival, evento que acontece entre 12 e 23 de março e reúne alguns dos principais nomes da enogastronomia internacional. Atala apresentará aulas nos dias 20 e 21 (esgostadas desde o ano passado) e fará dois jantares no premiado restaurante Jacques Reymond, nos dias 22 e 23.



Com sólida formação clássica, domínio total das técnicas modernas e paixão pela culinária regional brasileira, o chef se tornou mundialmente famoso com o trabalho realizado no D.O.M., seu restaurante na capital paulista que desde 2006 figura entre os 50 melhores do planeta segundo a renomada Restaurant Magazine. Em janeiro de 2009, também em São Paulo, Atala inaugurou o Dalva e Dito, sua declaração de amor à cozinha patrimonial brasileira – como gosta de chamar – que traz pratos como galeto de televisão com risoto caseiro e pirarucu na chapa com vinagrete de castanha-do-Pará e ratatouille do sertão.

Como você vê o primeiro ano do Dalva e Dito?
Está dentro das expectativas. Começar um novo trabalho propõe grandes desafios. E implícitos nesses desafios há um trabalho quase de formiga, ou seja, muitas viagens com poucas quantidades. O Dalva e Dito vem se consolidando e conseguindo o meu primeiro objetivo que era tratar a cozinha tradicional, patrimonial brasileira, e elevá-la ao status de grande cozinha.

A passagem do D.O.M. para o Dalva parece ter sido algo natural. Muito do conceito do Dalva e Dito está ligado à cocção à vácuo em baixa temperatura, é isso mesmo?
De alguma forma sim. Eu sempre fui um grande curioso, um grande pesquisador de novas tecnologias na cozinha. Faço sempre questão de frisar que elas são, e serão sempre, foco da minha atenção, principalmente por me permitirem chegar a resultados que a cozinha tradicional não me permite. É o caso do Dalva. Apesar de estarmos todo o tempo tratando de cozinha patrimonial brasileira, essas tecnologias nos permitem a regularidade nas receitas e precisão nos pontos de cozimento, que realmente são aspectos importantes do Dalva e Dito. Acho que é onde o rústico brasileiro e a tecnologia de ponta convergem num grande momento.



É a primeira vez que vem à Austrália?
É a minha primeira vez e a realização de um sonho de muitos anos. A Grande Barreira de Corais é um sonho de adolescência. Sempre gostei muito de mergulho, de pesca e a Grande Barreira sempre foi uma fascinação. De algumas outras formas, sempre tive curiosidade, sempre gostei muito de música, de Men at Work a Nick Cave. A Austrália, efetivamente, por vários motivos sempre povoou a minha imaginação. É uma experiência que estou muito ansioso para viver. Quero muito conhecer a Austrália, comer o que se come aí, entender quais são as cores e sabores desse sonho que eu tinha na infância. E Melbourne tem um saborzinho especial.

Pode falar sobre o que vai apresentar?
Vou mostrar basicamente o que a gente faz no D.O.M., as receitas do dia-a-dia que compõem os menus-degustação. Mas quero principalmente frisar em Melbourne que o maior elo entre natureza e cultura passa por cima de uma mesa, por dentro de uma cozinha. Que a gastronomia no Brasil vem ganhando uma função a mais que não é só dar prazer, nos entreter, nos divertir ou nos alimentar. É também uma ferramenta da conservação. Ou seja, sustentabilidade e responsabilidade social são quesitos, são novas facetas que uma receita também pode apresentar.

Gosta de vinho austaliano?
Muito! Nós temos uma boa seleção de vinhos australianos. Sou extremamente favorável aos vinhos do novo mundo. Acho que o vinho e a cozinha vêm ganhando o status da música, a pluralidade. Entendo que cartas de vinhos, principalmente no novo mundo, tenham que contemplar os nossos vinhos e os vinhos dos países que compõem esse cinturão.



Qual australiano você indicaria para harmonizar com uma de suas comidas brasileiras?
Eu tenho o Grange, da Penfolds, que é um vinho incrível. As safras mais antigas, em que eles apresentam mais maturidade, podem ser muito convergentes com receitas de carne, com toques amazônicos, em que os aromas são muito pronunciados e muito presentes de acidez. Com boa quantidade de gordura, com muita persistência de sabor, acho que vinhos australianos combinam muito bem com a cozinha que a gente pratica.

A tendência na Austrália é um pouco parecida com a do Brasil: executar ingredientes e pratos locais, com técnicas modernas dentro das bases clássicas. É uma tendência mundial ou apenas dos dois países por serem continentais, terem fauna e flora riquíssimas e estarem localizados distantes do epicentro europeu?
Acho que Austrália e Brasil dividem mais algumas coisas. Climas parecidos, um povo descontraído e aberto à experimentação. Tudo isso compõe um cenário muito favorável a uma cozinha de experimentação. Fato também que outros chefs, por exemplo, os europeus, como o Andoni (Mugaritz-ESP), o Massimo Bottura (Osteria Francescana-ITA) e o Pascal Barbot (L'Astrance-FRA) também têm feito de alguma forma, trabalhando a favor de uma identidade não só de sua cozinha, mas de sua região. Os cardápios acabam refletindo a filosofia do chef, do seu país e do seu entorno.

Em 2006, o Estadão reuniu você, Mara Salles e Edinho Engel para discutirem conceitos e os rumos da gastronomia brasileira. Passados 3 anos do 1º Laboratório Paladar, pergunto: vocês conseguiram dar uma cara à gastronomia brasileira?
Cada vez mais. O Laboratório Paladar passou de uma experimentação de três chefs para um evento composto por uma média de 30 chefs brasileiros, sempre com chefs europeus estrelados do Michelin acompanhando esses passos. Eu acho que para o curto prazo a evolução foi gigantesca, mas ainda temos um grande caminho. A cozinha brasileira reflete essa diversidade do que pode ser a Amazônia e todo o território brasileiro, mas reflete também as nossas influências, os fatores de colonização. O Brasil, apesar de ter como principal colonizador Portugal, recebe grande influência da Itália, da Espanha e São Paulo é a maior colônia japonesa do mundo. Isso indiretamente também nos influencia. Quer dizer, Brasil é um grande mosaico e a gente vem conseguindo plasmar isso, representar na nossa cozinha.

Nos últimos anos, chef no Brasil se tornou muito valorizado, não financeiramente, mas em termos de status. Continua assim?
Há algumas deformações da profissão. Algumas pessoas ainda acham que chefs viraram milionários. Além do glamour, existe uma visão distorcida do que pode ser remuneração de cozinha. E o maior erro que as pessoas ainda cometem: para nós, em português, existe uma palavra que é cozinheiro e outra palavra que é o chef de cozinha. Em inglês, muitas vezes não vemos essa diferença, todo mundo expressa chef, um cozinheiro normal é chamado de chef. No Brasil nós temos uma hierarquia muito clara: o que é um aprendiz de cozinha, o que é um cozinheiro, o que é um chef de partie, o que é um subchef e o que vai ser um chef de cozinha amanhã. Infelizmente todo mundo quer chegar só a ser chef, ou seja, são chefs sem cozinha. Mas há um outro lado dessa moeda que vem sendo bastante positivo: pessoas que realmente se encontraram através da cozinha e vêm ajudando muito o Brasil de um modo geral.

quinta-feira, 4 de março de 2010

CarnaGoogee 2010 - De A a Z

Essa semana me perguntaram se o CarnaCoogee seria sábado ou domingo, qual era o valor da entrada e, acreditem, se a festa seria no Bondi Hotel ou no Beach Road.

As duas primeiras, nomais, mas depois dessa terceira, resolvi escrever o Guia CarnaGoogee 2010 - De A a Z, com tudo o que você quer saber sobre a grande festa de Carnaval que acontece neste sábado, em Sydney, mas não tem o celular do Balu para perguntar.



Abadá - Grátis para as duas mil (na verdade, um pouco menos, para as 1784) primeiras pessoas que chegarem e comprarem uma caipirinha.

Barbiecrew - Um dos patrocinadores. Para fazer churrasco em casa com picanha, maminha, alcatra e coração, é só clicar aqui.

Coogee Bay Hotel - O local (esquina da Coogee Bay Rd com a Arden St).

Dia - Sábado, 6 de março.

Entrada - Free! Grátis! Na faixa! No vassssxxco! Só paga o que consumir.

Feijoada - Sim! Não vai faltar comida típica brasileira (by the way, acabo de ser informado que feijoada ficará de fora, mas vai rolar outras delicinhas tupiniquins).

Gatas - Como em toda boa festa de Carnaval, é certeza de presença em massa.

Horário - Das 13h de sábado às 3 do domingo.

Ilha, ilha do amor, Madagascar - Apenas uma sugestão old fashion para o repertório.

JamLéia (pronuncia-se DjémLéia) - O novo nome artístico do Geléia, nosso popular Léo Paixão. Ele é o responsável pela direção artística do evento (uma espécie de Geleinho 30).

Kmart - Se a grana tá curta, é lá que você pode comprar a sua fantasia.

Luiz Gimenez - O Balu. O homem da Baluart 03 Productions. O dono da festa.

Marchinhas - Sim, vai rolar um pouco de tudo, desde as tradicionais marchinhas carnavalescas e sambas-enredo, até os insuportáveis axés. Em tempo: não é que eu deteste axé, longe disso, só não gosto do que foi produzido desde "O Canto da Cidade", ou seja, nos últimos 18 anos.

Na faixa - Só pra reafirmar que a entrada é free, grátis, no vassssxxco!

Ozzy Study Brazil - Um dos patrocinadores.

Pablito na Austrália - Um dos apoiadores, só não está assinando no cartaz porque ainda não tem logomarca. Alguém se habilita?

Quem não for não vai para o Céu - É sério! Pelo menos uma passadinha tem que dar.

Radar Magazine - Um dos patrocinadores. Aliás, a última edição com o Jorge Ben Jor na capa já está nas bancas (ops, nos pontos de distribuição).

Samba Australia - O grupo vai tocar no Selina's, aquela área interna, a partir das 22h. A programação no Selina's começa às 21h.

Transporte - O ônibus 313, 314 e 353 são as melhores opções para quem vai de Bondi Junction. O 353 também é perfeito para quem for de Maroubra. Já 370, 372, 373 e 374 são as alternativas para quem sai da City. Todos param na porta.

Uh - Tererê (só pra entrar no ritmo)!

Vista para o mar - Sempre! Esse é o melhor do beer garden, a área do lado de fora, onde a festa será concentrada durante o dia com batucada, mulatas, DJ's, caipora, capoeira e afins.

Weather forecast - A temperatura deverá ficar entre 21 a 29oC. A boa notícia: estará quente. A má notícia: possibilidade de chuva. Mas como tem muita área coberta, sem problema.

Year - 2010 (esqueci de colocar na data lá em cima, não é porque não achei nada melhor com "y").

Xenófilo - O oposto do xenófobo, ou seja, aquele que tem grande apreço pelos estrangeiros e sua cultura. Já que o Coogee Bay Hotel abriu esse espaço, vamos respeitar, dar um bom exemplo e mantê-los xenófilos em relação aos brasileiros.

Zzzzzzzzzzzzzzzz -
Domingo

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Vibez Brazil na internêta e nova Radar

Demorou mas chegou!



Finalmente, a melhor rádio de Sydney está na internet. Isso mesmo, basta clicar aqui e apertar play para ouvir a 89.7 Eastside FM com seus petardos de Jazz, Soul e muitas outras pauladas.

Não dá pra falar que a conquista do stream tenha sido um parto, pois demorou muito mais do que nove meses, como pude acompanhar na heróica e mesopotâmica luta da dupla Mau e Rapha, os princesos do Vibez Brazil, o programa que toda santa terça-feira, das 21h30 às 23h, traz o melhor da música brasileira para as ondas de Sydney (e agora do mundo).

No programa de hoje à noite, por sinal, os dois sortearão um par de convites para o Brazilian Festa, evento que acontece no próximo domingo, dentro do Starlight Cinema (aquele mesmo que vou falar sobre os índios xavantes e eles tocarão umas sonzeiras). Ouça e garanta o seu ingresso!



E como o assunto é cultura brasileira, já está circulando a edição 9 da Radar Magazine, que traz o grande Jorge Ben Jor na capa. Motivo? O homem está chegando para se apresentar em Sydney, dia 23 de maio, e o show vai ser imperdível ("é só pedir que eu toco", disse ele pra revista). Saiba tudo clicando aqui!

Aliás, nessa nova edição, entre outras coisas, tem uma entrevista exclusiva que fiz com o mestre Alex Atala, o maior chef brasileiro da atualidade, que também vem para a Austrália, mas em março, para participar do Melbourne Food and Wine Festival. Se você ainda não pegou a sua Radar, veja aqui os pontos de distribuição.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ingresso a $10 para o Brazilian Festa



Somente amanhã, terça-feira, a Ozzy Study Brazil venderá ingresso a $10 (50% off) para o Brazilian Festa, que acontece neste domingo, 28 de fevereiro, dentro do Starlight Cinema.

O ingresso dá direito a participar de todas as atrações, incluindo assistir ao filme "Divã", ao show do Toca Jorge e, claro, ao bate-papo que farei sobre o meu livro a partir das 17h45.

Avise os amigos e aproveite que a promoção é relâmpago (ou promoção-relâmpago, se preferir)!

Em Sydney, os escritórios da Ozzy são:

Ozzy Bondi
Level 2, Suite 22, 175 Oxford St, Bondi Junction
Tel. 9388 0828

Ozzy City
Level 6, Suite 606, 22 Market St Sydney
Tel. 92626287

Economia de $10 no Brazilian Festa pode significar uma feijoada, uma caipirinha e algum salgado, ou então vatapá, churros, churrasco, enfim, vai ter comes e bebes brasileiros a rodo.

Corra!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Churrasco & BBQ - Diferença entre Brasil e Austrália

Matéria publicada na edição 8 da Radar Magazine.

Oferecimento: Barbiecrew (meu anunciante aqui do lado). Pensou em fazer churrasco com cortes brasileiro na Austrália, liga pra eles!



Brasileiros e australianos têm algumas paixões em comum. Uma delas é o churrasco, por aqui também conhecido como barbecue, barbie ou BBQ. Tanto no Brasil quanto na Austrália, assar uma carne no final de semana é um hábito para socializar com a família, os amigos e até com as pessoas do trabalho. Mas se no Brasil os hábitos mudam de região para região, entre os dois países as diferenças são ainda maiores.

Por ordem de importância, a santíssima trindade do churrasco brasileiro traz cerveja, carne e futebol. Churrasco com quantidades industriais de cerveja e apenas uma peça de picanha é normal. Já churrasco com toneladas de picanha e apenas uma garrafa de cerveja é inadmissível. E o futebol, claro, é sempre a melhor desculpa para juntar os amigos e assar uma carninha.



Na Austrália, a santíssima trindade traz esporte, carne e cerveja. Segundo o australiano Todd Ollivier, ex-jogador profissional de rugby, quando se marca um churrasco na Austrália, muitas vezes é para assistir a algum esporte ou mesmo jogar. “Aqui, quando o churrasco é numa casa com quintal ou parque, a gente sempre joga críquete ou rugby.” E isso tem muito a ver com uma das características mais marcantes e atraentes do estilo de vida australiano: a vida ao ar livre, especialmente nas estações mais quentes do ano.

No Brasil, em geral os churrascos são realizados em casas, prédios e chácaras. Ou seja, lugares particulares. Na Austrália, além das casas e dos apartamentos - que tradicionalmente têm churrasqueira na varanda –, as áreas mais comuns são locais públicos como parques e praias. Muitos deles têm churrasqueiras que podem ser usadas gratuitamente ou através de moedas, ou então pode-se levar a própria.



No fogo
O churrasco nada mais é do que o cozimento de uma carne sobre o calor do fogo. Apesar da simplicidade, ele varia bastante nos dois países. A começar pelas churrasqueiras. No Brasil, as mais usadas são de tijolo ou de aço, com grelha e/ou espetos, e funcionam à base de carvão mineral ou lenha. Na Austrália, a mais comum é à gás, seguida pelas elétricas e de carvão sintético, que ao contrário do carvão mineral, confere um sabor não muito agradável à comida.

A churrasqueira do australiano recebe basicamente linguiças. A exemplo do Brasil, o churrasco daqui também varia de região para região, mas de maneira geral, o mais comum é colocar diversas linguiças de uma vez, cortar alguns pães e talvez assar algumas rodelas de cebola. Para acompanhar, molho de tomate (o nosso cat-chup) e de churrasco (barbecue sauce). Também entram com frequência carnes bovinas como blade e rump, de carneiro e porco, sempre cortadas em filés ou pedaços, além de vegetais e camarões.



O churrasco australiano, no Brasil, seria uma espécie de aperitivo. Tércio Raddatz, chef gaúcho radicado há 6 anos na Austrália, explica: “No Brasil, a gente começa com linguiças, costelinha de porco e asinhas e coração de frango, e depois vamos para picanha, alcatra e maminha, sempre assando a peça inteira, com gordura e tudo. De acompanhamento, maionese, salada, farofa, pão e vinagrete”. Para Tércio, o fator preponderante que difere os dois churrascos é a temperatura de cozimento.

“Nas churrasqueiras daqui, à gás ou elétricas, não dá para usar a peça inteira em função do aquecimento, que é bem menor. Levaria horas para qualquer carne ficar pronta. Por isso os australianos usam pedaços bem finos, tipo cutlets e chops. Coisa de três, quatro minutos e está pronto. No Brasil, o fogo é muito mais forte, a lenha e o carvão proporcionam temperaturas muito mais elevadas, permitindo assarmos peças inteiras. Ainda mais que usamos sal grosso, que protege a carne do calor”, explica o chef.

E se o assunto é tempo, nada mais pontual do que o churrasco australiano, que tem hora pra começar e terminar. Eles chegam no horário, tomam cerveja, vinho e outros drinks, praticam esporte e colocam tudo para assar de uma vez. Depois que comem, recolhem e vão embora. O brasileiro é diferente. Se marca ao meio-dia, começa a chegar às duas. Inicia com cerveja, caipirinha e vai beliscando. As melhores carnes só começam a sair no final da tarde. Quando acabam, uns vão embora, mas a maioria fica, pois ainda tem cerveja. A noite avança e a cerveja diminui. Mais gente se manda. Ao perceberem que restam apenas duas latas, alguém passa o chapéu, recolhe dinheiro, compra mais cerveja e a “diretoria” fica até terminar a última. Churrasco, no Brasil, sempre acaba em cervejada.

sábado, 14 de novembro de 2009

O desafio das moquecas



Matéria publicada na edição 7 da Radar Magazine, na Austrália.

Se ainda é difícil definir e dar uma cara à culinária brasileira, identificar a origem através das principais influências é uma tarefa menos complicada. Na verdade, é uma aula de história. Nasce com os nativos indígenas, passa pela chegada dos colonizadores portugueses e segue com os escravos negros levados da África. Um prato que traduz bem estes primeiros séculos do Brasil colonial é a moqueca – seja ela baiana ou capixaba – as duas mais tradicionais.



O nome vem de moquém, moquear, que era o modo como os índios assavam peixes e caças. Ainda dos indígenas vieram a mandioca utilizada para fazer o pirão, o mais famoso dos acompanhamentos, e no caso da moqueca capixaba o azeite de urucum. De assados os ingredientes passaram a ser cozidos, técnica introduzida pelos portugueses, que também levaram a cebola e o alho. Já os negros apresentaram o azeite de dendê e o leite de coco, ingredientes indispensáveis na moqueca baiana.



Mas afinal, qual é a melhor, a baiana ou a capixaba? Para tentar responder, realizamos o I Desafio das Moquecas em território australiano. De um lado, Julia Braga, natural de Salvador, gerente comercial e sócia da Radar Magazine. Do outro, Gel Freire, natural de Vitória, presidente do Sydney Brazilian Social Club (Canarinhos). O desafio: fazer uma moqueca com os peixes daqui, mas bem ao estilo de cada estado.



A primeira a ser testada foi a baiana. Julia optou pela moqueca de camarão e, como não poderia ser diferente, não abriu mão do azeite de dendê, do leite de coco e dos pimentões verdes, três ingredientes que não entram na capixaba. O ideal é sempre cozinhar em panelas de barro, mas como um dos objetivos desta matéria é possibilitar que os leitores façam em casa, Julia cozinhou em panela normal.



Para a capixaba, Gel levou o óleo de urucum e cinco panelas de barro (quatro pequenas e uma grande) produzidas artesanalmente pelas famosas paneleiras de Goiabeiras. As menores eram para o camarão, enquanto a maior para o peixe. Por aqui, o snapper e o kingfish são os melhores peixes para fazer moqueca, pois são firmes e não possuem tanta espinha. No Brasil, os mais utilizados são o badejo, o namorado e o robalo. Já os melhores camarões são o king e o banana.

A execução de ambas é simples e não leva muito tempo. A capixaba demorou um pouco mais porque Gel, além de ter optado por camarão e peixe, também preparou um pirão. Julia fez arroz para acompanhar. Outro tradicional acompanhamento é a farofa de banana-da-terra. As duas moquecas estavam deliciosas. A baiana é mais encorpada, substanciosa, pois traz a doçura do leite de coco com a untuosidade do dendê. Já a capixaba é menos intensa, mais leve e um pouco mais aromática, por conta da cebolinha e da salsinha, que não entram na baiana, e também pela combinação do coentro com o limão, que é muito marcante.



E a vencedora foi...

Bem, isso depende do paladar de cada um. O importante é que as receitas estão nas páginas da Radar Magazine, cada uma com o seu sotaque próprio, ambas bem brasileiras e fáceis de serem feitas – mesmo a milhas de distância de Vitória e Salvador.

terça-feira, 16 de junho de 2009

O tio dos gêmeos

Domingo passado fui à festa junina do BraCCA (Brazilian Community Council of Australia), a principal associação de brasileiros por aqui. Já tradicional, a festa rolou em um clube português e, apesar das filas (brasileiro adora uma fila) e da chuva, estava bem bacana.

Principalmente por eu ter conhecido uma honesta cerveja portuguesa que jamais ouvira falar, a Super Bock, e, claro, por ter encontrado algumas figuraças que só a comunidade brasileira tem. Verdadeiros “engenheiros”!



Mas o engraçado mesmo foi a maneira como uma mulher se referiu a mim, quando me apresentaram a ela:

- Esse aqui é o Pablo, jornalista, trabalha na Ozzy, escreve pra Radar e tem um blog superlegal.

- Ahhhhhhhhhh, você é o tio dos gêmeos!

Lição do dia: anos de jornalismo, uma batalha para conseguir escrever deste lado do Pacífico, litros e mais de litros de café, horas debruçado no computador (seja em casa ou na biblioteca de Waverley), mas desde 30 de outubro do ano passado, nada mais do que o tio dos gêmeos.

Com vocês, as últimas chapas de Patrick e Georgia: